quinta-feira, 14 de agosto de 2025

PRIMAL FEAR - DOMINATION (2025)

 



PRIMAL FEAR
DOMINATION
Reigning Phoenix Music - Importado

O Primal Fear chega ao seu 15º álbum de estúdio com a confiança e a força de quem já viveu todas as fases de uma longa carreira e ainda encontra motivos para soar renovado. “Domination” não é um retorno ao passado, mas a continuação natural da jornada iniciada em “Code Red” (2023) — agora com mais clareza, foco e inspiração. Encontrando o equilíbrio entre agressividade e melodia.

Depois de enfrentar problemas de saúde que quase lhe custaram a vida, Mat Sinner voltou não apenas aos palcos, mas também ao comando criativo da banda. Essa superação se traduz em um disco que não vive no piloto automático. Aqui, o heavy metal é construído faixa a faixa: ora pulsante e veloz, quase beirando o speed metal; ora mais melódico e acessível, com flertes certeiros com o hard rock. Essa variedade é o que mantém "Domination" eficiente — cortando qualquer excesso e entregando um material com alma.

Quando a música pede peso, ele está lá. Quando pede melodia, o refrão cresce e conquista. É a maturidade de uma banda que, prestes a completar três décadas de estrada, sabe exatamente como jogar o jogo. O início com a dobradinha “The Hunter” e “Destroyer” deixa explícito: acelerar quando é hora de atacar, desacelerar quando a emoção pede espaço, equilibrar riffs certeiros com refrãos que grudam na memória. O som é orgânico, é vivo.

Ralf Scheepers entrega uma performance controlada e expressiva, guardando os agudos para quando eles realmente fazem diferença e explorando um vocal mais limpo, mas sem esquecer do habitual rasgado cheio de energia e personalidade.“I Am Primal Fear” é um hino pronto para incendiar, é heavy metal com riffs certeiros da dupla Magnus Karlsson e Thalìa Bellazecca. Os dois dividem riffs e solos com precisão e feeling, criando diálogos de guitarra que sustentam tanto o peso quanto a melodia.

Na bateria, André Hilgers mantém uma pegada firme, direta e implacável, sustentando a dinâmica do álbum com segurança e impacto — “Far Away” é um bom exemplo do trabalho exemplar do baterista no álbum, que mostra muita versatilidade e precisão.

“Tears of Fire” e “Heroes and Gods” são contagiantes. A primeira é mais alegre, tem um instrumental mais pulsante, seria um single perfeito para tocar numa programação normal de rádio. Já a segunda é mais direta, mas com um refrão que gruda instantaneamente. Depois de tanta energia é preciso descansar — A instrumental “Hallucinations” serve quase como uma introdução de luxo para a belíssima “Eden”, que conta com a participação de Melissa Bonny. Belas melodias, uma linha acústica que traz uma grandiosidade, enriquecendo o disco.

“Scream” “The Dead Don't Die” e “Crossfire” e “March Boy March” representam um ataque frontal e pesado, daqueles que podem aniquilar pescoços. Carregam peso, mas mantêm uma textura crua e mais ampla, sem se perder em regras. Inclusive algo que chama bastante na audição é a importância que o grupo deu para que as músicas tenham refrãos de fácil assimilação — É como se eles já pensassem nos seus fãs curtindo e cantando tudo nos shows. Inclusive se alguém me falasse que “Donination” foi gravado com todos tocando juntos na sala e já pensando em tocar o álbum na íntegra na turnê, eu acreditaria fielmente.

Produzido por Sinner e mixado por Jacob Hansen, o álbum soa absolutamente orgânico — com clareza suficiente para destacar cada detalhe, um trabalho que valoriza tanto o caos metálico quanto a nitidez das melodias, permitindo que cada faixa soe completa e convincente. O encerramento com “A Tune I Won’t Forget” revela o lado mais emotivo da banda, piano e voz. Fechando o álbum com sensibilidade ímpar.

Domination” é sobre viver o presente com autoridade, usando a experiência e a maturidade para criar algo que soe clássico e atual ao mesmo tempo. É a prova de que o Primal Fear ainda tem habilidade de equilibrar peso, melodia e atitude.

William Ribas




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