segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

THE WHITE BUFFALO - 13/12/2024 - BAR OPINIÃO PORTO ALEGRE/RS

 


THE WHITE BUFFALO
13/12/2024
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE/RS
PRODUÇÃO: POWERLINE

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carolina Capelleti Peres


Numa sexta-feira 13, Porto Alegre teve a sorte de receber uma das vozes mais marcantes do Country/Folk Rock americano. Jake Smith, idealizador do The White Buffalo, trouxe seu show pela primeira vez para solo gaúcho, em sua primeira tour brasileira, e não decepcionou, entregando todos os hits da sua carreira para uma plateia que a muito o aguardava.

Há algum tempo, o show estava com todos os seus ingressos esgotados, uma pena para quem ficou de fora, mas é muito bom ver o Bar Opinião abarrotado de gente. O público também era bem variado: pessoal com pinta de membro de motoclube, os tradicionais rockers com camisetas pretas de diversas bandas (incluindo camisetas do The White Buffalo), e o pessoal apreciador das séries televisivas, principalmente fãs da série “The Sons Of  Anarchy”, série que consagrou o White Buffalo.

Pontualmente as 21h, adentra o palco Jake Smith, apenas ele e violão, e executa “Wish It Was True”, que foi recebida por um coro da plateia cantando a letra da música, e que arrancou um sorriso do simpático e carismático artista. Ali já se sabia que a noite seria “jogo ganho”. Para a segunda música, entram no palco os companheiros de Jake: baixista/tecladista/guitarrista Christopher Hoffee e o baterista Matt Lynott.


A bateria de Matt colocada ao lado direito do palco, a frente, ao lado de Jake e Christopher, nos dava a total noção de quão espetacular é este baterista, batendo forte dando uma ênfase as já energéticas e emotivas canções do trio, enquanto sorria e interagia com o público. O guitarrista Christopher caminhava pelo palco, também distribuía olhares e sorrisos para o público, enquanto sua guitarra, cheia de melodia, dava um clima quase “western” ao show.

Jake Smith é um show a parte, sua voz preenchia e ecoava por todo o bar opinião, enquanto sorria e acenvaa para o público, apesar de não falar muito entre as músicas, deixando as composições “conversarem” com a plateia. As preferidas dos fãs foram quase que todas executadas: “Kingdom For a Fool”, “Problem Solution”, “The Matador”, “Big Guns And Dirt Bikes” e obviamente “The House Of The Rising Sun”, cover do The Animals e destaque máximo na trilha sonora de “The Sons Of Anarchy” . Após uma hora e quarenta minutos, ‘Oh Darlin’ What Have I Done” finaliza uma sensacional apresentação para um Bar Opinião totalmente lotado e com um público em delírio.


A espera valeu a pena, e que esta seja apenas a primeira de muitas apresentações do The White Buffalo em Porto Alegre. Se você perdeu, saiba que perdeu uma grande noite de Rock/Country Rock e numa próxima ocasião, tente não ficar de fora.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

BLIND GUARDIAN - SOMEWHERE FAR BEYOND REVISITED (2024)

 

BLIND GUARDIAN
SOMEWHERE FAR BEYOND REVISITED (2024 - ORIGINAL 1992)
Shinigami Records/ Nuclear Blast -Nacional

Revisitar o passado é perigoso, é sempre de grande responsabilidade, e se tratando de clássicos impecáveis, isso se torna um grande desafio.

Nono disco dos bardos germânicos, Somewhere Far Beyond (1992) colocou de vez a banda no patamar dos grandes nomes do heavy metal, consolidando o que iniciaram em antecessores como "Tales of Twilight World" e o mais speed "Follow the Blind".

O disco é repleto de tudo aquilo que podemos esperar de Blind Guardian: peso, velocidade, refrãos poderosos e melodias únicas. Época em que cada banda de Power metal tinha sua peculiar identidade.

Faixas como "Time What is Time", "Journey Through the Dark" nos fazem parar de bangear para entoar os refrãos, "The Quest of Tanelorn" é empolgante com suas melodias marcantes, "Ashes to Ashes" empolga do início ao fim com sua intensidade e riffs primorosos, e sem contar com um dos pontos altos da banda com a linda "The Bard Song: in the Forest", nascida clássica e entoada até hoje em coro em apresentações da banda… mágica. "Somewhere Far Beyond", fecha o disco com chave de ouro. Soberbo.
.
Ao meu ver, falando agora especificamente da regravação em si, a banda consegue resgatar aquela sonoridade mais clássica embora a polidez das gravações, o que pode incomodar alguns mais ferrenhos fãs, mas quem viu as apresentações na íntegra do álbum pode conferir bastante sangue no olho nas performances, mesmo sendo impossível tentar resgatar uma atmosfera da época. Hansi, Marcus, André e Frederik merecem uma chance nessa. Merece um lugar na prateleira junto ao clássico de época de sua coleção!

Gustavo Jardim





quinta-feira, 28 de novembro de 2024

GLORIA PERPETUA - THE DARKSIDE WE WANNA RIDE (2024)

 


GLORIA PERPETUA
THE DARKSIDE WE WANNA HIDE
Shinigami Records - Nacional

O Gloria Perpetua é um projeto formado em 2023 pelo baixista Daniel Fuchshuber, conhecido por integrar a banda Lord Byron. Junto à ele, estão o guitarrista Bruno Luiz e Raphael Dantas, responsável pela bateria, teclado e vocais. Em abril de 2024, o Gloria Perpetua lançou através da Shinigami Records, “The Darkside We Wanna Ride”, seu trabalho de estreia.

A sonoridade encontrada aqui é o Power Metal clássico, com passagens de Heavy Metal tradicional e que em algumas passagens se torna um tanto quanto mais agressivo do que tradicionalmente se encontra no estilo, o que torna as composições interessantes e diferenciadas. Com uma quantidade de convidados de renome, fica evidente a qualidade de cada faixa, e cada participação eleva o nível do trabalho, sendo cada uma dando um toque especial à “The Dark Side We Wanna Ride”. Luís Mariutti (Sinistra, Shaman, Angra), Vitor Rodrigues (Native Blood, ex-Torture Squad) e o guitarrista Timo Tolkki (ex-Stratovarius) são alguns destes convidados.

Algumas faixas de destaque: “Have You Forsaken The Cross?”, que lembra o Iced Earth com alguns toques de prog metal no seu inicio, enquanto “The Key of Life”, “The Rape Of Gaia” e “The Way of a Warrior”, adicionam velocidade e peso. Daniel Fuchshuber se mostra um compositor de mão cheia, e através todas as faixas é perceptível a sua facilidade em transitar entre o peso e a melodia.

Finalizando, o Gloria Perpetua entrega em sua estréia um excelente trabalho, que acerta no alvo e agradará e muito fãs de Metal Tradicional e Power Metal. Um belo inicio para o que desejamos ser uma longa e produtiva discografia.




KRISIUN - MORTEM SOLLIS TOUR - 22/11/2024 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 


KRISIUN - MORTEM SOLLIS TOUR

Abertura: NEPTUNN, PENTAGRAM (CHILE)
22/11/2024
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE/RS

PRODUÇÃO: ABLAZE PRODUCTIONS

Texto: Gustavo Jardim
Fotos: José Henrique Godoy

Após meses de espera, passadas as grandes tragédias do maldito mês de Maio no Rio grande do Sul, finalmente o grandioso KRISIUN á casa torna trazendo sua Mortem Sollis tour a Porto Alegre, com abertura da Neptunn e dos chilenos do Pentagram.

Aproximadamente as 19h20, os gaúchos da Neptunn sobem ao palco, trazendo um death metal brutal e competente ao crescente público que aos poucos foi preenchendo o bar Opinião.Trazendo um competentíssimo set, a banda apresenta canções de seu mais recente EP, (Re)Existence, que flerta com aquele death metal mais técnico dos anos 90 de bandas como Criptopsy, Suffocation, Beyond Creation, e também com bandas mais antigas como Cannibal Corpse e Benediction em certos momentos. Músicas como “Transmutate”, “Ressignify”, “Onward to Nothingness” e “ Neptunn Rise”, o novo single da banda, agradaram bastante com riffs complexos e certeiros acompanhados de uma bateria matadora e precisa, e um vocal extremamente visceral. O line up experiente é composto por Rafael Giovanoli (In Torment, Diokane, Bloodwork) e Bruno Fogaça (Gory, In Torment, Hateworks) nas guitarras, Matheus Montenegro ( Burn the Mankind) na bateria, Nathalia Ernst no baixo e Larissa Pires (Ethel Hunter, entre outras) nos vocais, e agradou bastante o público, muitos comparecendo com a camiseta da banda inclusive. Particularmente gostei bastante, sendo a primeira vez que vi a banda ao vivo.


Cerca de meia hora depois, entra em cena a lenda chilena do death metal, PENTAGRAM. Confesso que estava ansioso pra ver a banda ao vivo. Remanescentes da primeira safra do death metal mundial, ao lado de Possessed, Massacre, entre outros, a banda literalmente deu uma aula de metal da morte. Após a rápida intro, os primeiros riffs de “El Imbuche”, apresentando o novo álbum dos caras, "Eternal Life of Madness”, soam nos PAs, introduzindo a parte Old School da noite, seguido da clássica “Profaner”, com seu andamento igualmente hipnotizante e cadenciado. A igualmente mórbida e cativante “Demented”, seguida de “La Fiura” do primeiro full lenght de 2013, "The Malefice”, não deixam seu pescoço em paz! Destaques para os riffs de guitarra de Juan Uribe e o carismático frontman Anton Reisenegger, bem na linha de Celtic Frost/ Possessed. Mantendo o clima, "Evil Incarnate” empolga demais os bangers com seu clima cativante e em seguida mais duas do novo disco, a faixa título “Eternal Life of Madness”, com um riff que em momento lembra "Ageless Venomous" do Krisiun, mais marcante, e “Possessor”. Após a intro da citada faixa, que é um dos destaques, uma aula de cozinha infernal e empolgante com Dan Biggin ( aixo) e Juan Donoso ( ateria), com um riff inspirado. Encerram com a igualmente clássica “Demoniac Possession” , outra das antigas, um dos muitos destaques com seu clima totalmente poderoso e velocidade, lembrando Slayer em muitos pontos. Foi soberbo, bati cabeça absolutamente o tempo inteiro. Muito legal foi poder também adquirir no local a camiseta da tour e o novo disco, obrigatório!



Chegamos então ao momento mais esperado da noite, os gigantes do Krisiun ! Após rápidos minutos, já começam a interagir com o cenário, a máquina de guerra chamada Max Kolesne já inicia a “azeitar” seu set de bateria e toda aquela movimentação de palco culmina com a intro aquecendo de vez o público. Após o tradicional cumprimento inicial, a casa vem abaixo com “Kings of Killing”, com todo o seu poder de fogo, seguida de mais um clássico, “Hatred Inherit”, do “Conquerors of Armagedon”. Um empolgado Alex Camargo, relembra os momentos difíceis que passamos e exalta a força e superação do povo, exaltando o orgulho de ser brasileiro e gaúcho. "Serpent Messiah” é a primeira do novo “Mortem Sollis”, funcionando muito bem ao vivo, um dos destaques do novo álbum. "Scourge of the Enthroned” com um peso absurdo de guitarra e uma levada marcante mantém o nível, e então vem a segunda do novo disco, "Necronomical”, com a banda mais uma vez interagindo bem com a galera.

“Soul Devourer” é a segunda do aclamado “Conquerors” e eleva o nível de brutalidade, uma paulada no ouvido ao vivo! Na sequência, a mais cadenciada “ Blood of Lions”, igualmente um ponto alto ao vivo. “Endless Madness Descends” mais uma vez remonta aos velhos tempos de “Conquerors”, com absurda recepção do público que mais uma vez abriu imensas rodas de mosh, e na sequência "Descending Abomination”, dos tempos de “The Great Execution” novamente deixa um clima mais cadenciado, com a missão de acabar com os pescoços dos bangers de vez, com seus riffs inspirados e marcantes.


Um solo interessante do mestre Max Kolesne mostra uma vez mais o poder de fogo e técnica de um dos melhores bateristas do estilo, preciso e brutal, honrando um trono em comum com mestres como Pete Sandoval e Dave Lombardo, pra citar alguns.

Após uma interação calorosa mais uma vez com o público, mandam uma singela homenagem a Paul Di'anno com uma versão matadora de "Wrathchild", causando intensa participação do público, e culminam então com a sempre devastadora “Black Force Domain”, não deixando pedra sobre pedra e encerrando uma noite absolutamente memorável.

O Krisiun é muito necessário, se consolida a cada álbum, a cada show, como o topo do metal extremo. É um grande privilégio que estejam entre nós, e que seja assim para sempre. Um muito obrigado aos sempre humildes e verdadeiros, Alex, Moysés e Max.





segunda-feira, 25 de novembro de 2024

PICTURE - 10/11/2024 - MANIFESTO BAR - SÃO PAULO/SP

 


PICTURE EM SP: UMA VERDADEIRA AULA DE HEAVY METAL NO MANIFESTO BAR


Abertura: JUST HEROES
10/11/2024
MANIFESTO BAR
SÃO PAULO/SP
Produção: OPEN THE ROAD

Texto e fotos: Flávio Soares


Com a informação de que a casa abriria cedo, às 19h, rumamos de aplicativo para o local. Chegando lá, descobrimos que teria uma banda de abertura e que a programação tinha sido postergada em cerca de uma hora. Ficamos ali pela frente do Manifesto Bar, "dando um tempo" e (re)encontrando amigos de longa data. Aqui, abro um adendo neste relato para dizer que depois dos shows em si, este é um dos momentos que mais tenho apreço quando frequento algum tipo de evento na capital paulista ou no interior de São Paulo. Reencontrar amigos e conhecer novos irmãos que o Heavy Metal acaba por me presentear é uma das coisas que mais me motiva a viajar mais de 2.000 km (contando ida volta, temos um pouco mais que isso).

Mas, deixando as divagações pessoais de lado, vamos aos fatos. Logo que a casa abriu suas portas, entrei no famoso Manifesto Bar, pois nunca tinha tido a oportunidade de frequentá-lo. E realmente, é um local super agradável e aconchegante e com uma decoração incrível, onde podemos apreciar fotos e materiais doados pelos mais diversos artistas e bandas que já passaram pelo local. De guitarras dos alemães Michael Schenker e Uli Jon Roth à fotos autografadas de bandas como Megadeth e Satan até merchan e instrumentos de bandas novas como Jinjer. Pode-se passar um bom tempo curtindo, apreciando, descobrindo e fotografando toda esta decoração incrível.
 
Buenas... 20h e sobe ao palco a banda "Just Heroes", que tem uma curiosidade em sua formação atual : o baterista Marcus Castellani, que já foi integrante do Manowar. Mas todos são músicos extremamente competentes e o vocalista é dono de um timbre de voz idêntico ao de Rob Halford. Apresentaram músicas autorais e alguns covers (obviamente, Judas Priest e o já citado Manowar), e fizeram um set que impressionou boa parte dos presentes e esquentou o público para a atração da noite.



Ovacionados assim que saíram do camarim para fazer o trajeto até o palco, os holandeses do Picture estavam ali bem à nossa frente, e com as dimensões reduzidas do Manifesto, ao nosso alcance, literalmente. Começava ali, uma hora de aula de como se faz o mais puro e genuíno Heavy Metal.

Em turnê pela América do Sul, e comemorando incríveis 45 anos de carreira, o quinteto hoje formado pelo "front man" Peter Strykes (ex-Vandenberg), pelo "monstro sagrado" Laurens Bakker na bateria, pelos guitarristas Appie de Gelder e Len Ruygrok e pelo simpático "vovô" Rinus Vreugdenhill no baixo, literalmente "desceu a lenha" e executou clássico atrás de clássico, começando com uma introdução épica seguida de "Griffons Guard The Gold" e passando por músicas que marcaram época como "Message From Hell", "Nighttiger" e "Diamond Dreamer" até "Lady Lightning", última do set "normal" e "Make You Burn" escolhida para o "bis" e para finalizar essa aula incrível de como tocar música pesada com amor e devoção.


E quando pensamos que tudo estava finalizado, saem do camarim para interagirem com o seu público, dando autógrafos, tirando fotos e demonstrando gratidão e respeito por aqueles que os apoiam até os dias de hoje. Mais uma aula, desta vez de humildade e atitude. Enfim, uma banda completa.


Deixamos aqui o nosso total agradecimento à produtora Open the Road e a toda a equipe do Manifesto Bar. Sigam nos acompanhando aqui no Rebel Rock porque a segunda-feira também foi de uma aula riquíssima.



DIE FOR MY SINS - SCREAM (2024)

 


DIE FOR MY SINS
SCREAM
ViciSolum Productions - Importado

Quando peguei em mãos essa preciosidade para ouvir, mal sabia o que me esperava: Die For My Sins é simplesmente um novo projeto capitaneado pelos irmãos Nicolas Calluori (bateria) e Fabio Calluori (guitarras, baixo e teclados), ambos fundadores do Heimdall e que para este novo projeto, contam com a ilustríssima presença de mestre Ralf Scheepers (Primal Fear, ex-Gamma Ray) como convidado em quase todas as faixas, ou seja, em termos de músicos, poucas (ou nada!) coisas a mais precisam ser ditas.
Se colocarmos o disco pra ouvir livres de quaisquer pré-julgamentos, rapidamente podemos perceber que a proposta do Die For My Sins é absolutamente perfeita para Scheepers destilar seu timbre venenoso inconfundível. A banda soa sim, como um novo Primal Fear. Isso é ruim? Claro que não né meus amigos?! Possivelmente, essa faceta foi uma das que mais deve ter atraído Scheepers a entrar de cabeça no projeto e dar de presente ao mundo mais um de seus grandes trabalhos.

A faixa título abre o disco com um peso descomunal, sendo a mais rápida e pesada dando de cara um recado ao ouvinte mais desavisado: não ouse deixar de ouvir o disco até o final! “Time” é tão boa, que poderia estar nos trabalhos iniciais do Gamma Ray. Um refrão pra não se esquecer, além do nervoso baixo de Calluori socar o ouvinte mais desavisado. Essa é meu grande destaque! “Still Alive” segue o perfil mais alegre onde o peso não é tão evidente, mas a faixa se sobressai com uma letra muito legal (assista abaixo o lyric video).

“Waiting for the Hero” tem uma proposta mais cadenciada, “In the Sign of the Cross” tem uma intro “Maideniana” e com uma dose extra de melodia, transforma-se em outro dos grandes destaques do trabalho. “Shades of Grey” é a única faixa do disco que não conta com Scheepers; quem assumiu o microfone foi Ian Perry (Elegy), o que a mim em particular, foi um pouco frustrante, já que ouvir Scheepers cantando em especial, o refrão, seria bom demais.

“Dark Symphony” tem uma levada mais progressiva, ideal para fãs de Angra, por exemplo. “Perfect Land” tem um interessante arranjo orquestral como guia e impressiona a ver a versatilidade de Fabio Calluori que com maestria dosa trechos mais melódicos e progressivos dando a Scheepers um caminho facilitado para que ele brilhe ainda mais, caso seja possível. Sonzeira!

E o que dizer do encerramento com “Kingdoms Rise”? Imagine o Primal Fear juntando ao atual Iron Maiden para um jam? É por aí meus caros! Excelente faixa pra fechar com chave de ouro!

Já que a nova formação do Primal Fear ainda não lançou nada de novo, temos o Die For My Sins pra nos dar um alento de coisas boas a vir! Os irmãos Calluori que são de fato, os cabeças da obra aqui analisada, conseguiram dar um novo rumo a suas carreiras, pois Die For My Sins e Heimdall são bandas completamente diferentes. Quem gosta de Power Metal não pode perder esse grande disco que espero que seja lançado mídia física no Brasil. Adoraria tê-la em mãos!

Mauro Antunes





ASPHYX - 09/11/2024 - CARIOCA CLUB - SÃO PAULO/SP

 


ASPHYX EM SÃO PAULO: O OLD SCHOOL DEATH METAL REINA SUPREMO 

Abertura: EVILCULT, THE TROOPS OF DOOM
09/11/2024
CARIOCA CLUB
SÃO PAULO/SP
PRODUÇÃO: ESTÉTICA TORTA

Texto e fotos: Flávio Soares


O dia 9 de novembro de 2024 será uma data difícil de esquecer ! Por dois motivos: primeiro, por termos assistido o Asphyx, uma das bandas icônicas do Death Metal dos anos 80 e (principalmente) 90; e também por ter sido o primeiro dia de uma série de 7 shows de Metal na capital paulista, o que chamamos de "Maratona Metálica".

Este evento com a banda Asphyx aconteceu no Carioca Club, na região de Pinheiros, em São Paulo, e contou com as bandas Evilcult e The Troops Of Doom. Cast e local perfeitos, sendo que a única (pequena) crítica que temos foi a falta de comunicação dos horários das bandas. Por conta disso, perdemos a apresentação do trio de Old School Black/Thrash Metal "Evilcult", e ficamos devendo as nossas considerações e as fotos da banda. Mas, conversando com quem os assistiu, pudemos ter a certeza de que foi uma apresentação coesa e energética. E o próprio guitarrista/vocalista Lucas From Hell nos resumiu a sua apresentação em apenas duas palavras: "Foi foda!"

Logo que adentramos ao Carioca Club, o quarteto liderado por Jairo "Tormentor" Guedz "The Troops Of Doom" subiu ao palco. Ao lado de Jairo (que por si só, com seu carisma, já arrebata os fãs) na linha de frente, o vocalista e baixista Alex Kafer e o guitarrista Marcelo Vasco agitam bastante e interagem com o público. E atrás deles, lá está Alexandre Oliveira, arrebentando o seu kit de bateria e contribuindo para a massa sonora que faz da The Troops Of Doom uma das bandas brasileiras mais interessantes da atualidade. O ponto alto da apresentação não poderia ser outro senão quando detonam os mega clássicos do Sepultura, que Jairo ajudou a compor, "Morbid Vision" e "Bestial Devastation". Uma apresentação curta mas eficiente e certeira, e o quarteto se despede de todos e deixa aquele clima de expectativa pelo que está para vir.


Quando os holandeses do Asphyx pisaram no palco do Carioca Club, já estavam com o jogo ganho. Quem estava lá queria conferir de perto todo talento desse quarteto para compor e executar músicas que te fazem bater cabeça do início ao fim. Capitaneados pelo vocalista Martin van Drunen, que a todo momento demonstrava claramente que estava emocionado, surpreso e feliz com a resposta interativa da plateia, mostraram como se faz e foram além, pois percebia-se que estavam ali não só profissionalmente, mas também se divertindo junto com o seu público.

Uma apresentação magistral e simples ao mesmo tempo, que fechou uma noite de sábado memorável. E para nós, inesquecível, pois foi o start da nossa "meia maratona metálica", visto que não conseguimos acompanhar os três últimos eventos desta semana incrível que a capital paulista presenciou. Sigam-nos acompanhando aqui no Rebel Rock, pois o próximo evento que aconteceu no domingo, dia 10, foi uma verdadeira aula de Heavy Metal tradicional.


Deixamos aqui um agradecimento especial à produtos Estética Torta e à toda a equipe do Carioca Club.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

IN FLAMES - COME CLARITY (2006 - RELANÇAMENTO 2024)

 


IN FLAMES
COME CLARITY (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Criar um estilo. Poucas bandas podem se dar ao luxo de ostentar isso em seu currículo. Uma dessas bandas, inegavelmente, é o IN FLAMES. COME CLARITY, lançado em 2006, representa um marco na discografia da banda sueca de death metal melódico. O disco traz uma mistura de brutalidade visceral (que de certa forma, remonta às origens da banda) com uma sensibilidade melódica mais compreensível (alguns podem chamar de "comercial"), solidificando sua abordagem híbrida que mescla os elementos do death metal e do metal melódico com elementos contemporâneos do metalcore e do rock alternativo. O que fez com que muitos fãs tenham "virado a cara" para o grupo. Mas esse relançamento, disponibilizado pela Shinigami Records/Nuclear Blast, vem pra elucidar algumas questões que ficaram sem respostas quando de seu lançamento.

Anders Fridén (vocal), Björn Gelotte (guitarra), Jesper Strömblad (guitarra), Peter Iwers (baixo) e Daniel Svenson (bateria), entraram em estúdio sob a produção de Daniel Bergstrand. O álbum traz uma produção limpa e densa, realçando o instrumental sem comprometer a intensidade que define ( ou definia) o estilo. As guitarra de Gelotte e Jesper Strömblad se destacam com riffs intensos e complexos, enquanto os solos melódicos proporcionam um contraponto interessante. A bateria de Daniel Svensson é precisa e cheia de energia, pelo potente baixo de Peter Iwers. Os vocais de Anders Fridén merecem destaque especial, alternando entre gritos intensos e trechos mais suaves e melódicos. Esta versatilidade vocal demonstra a abordagem quase que experimental do álbum, harmonizando de maneira perfeita a brutalidade e a melodia.

O álbum abre com "Take This Life", faixa dotada de velocidade, riffs poderosos e refrãos melódicos. É uma composição típica e perfeita para entender as ideias e peso singulares do In Flames. Já "Come Clarity", fqaixa que saiu como single, é uma "balada" que revela um lado mais introspectivo da banda. A simplicidade de sua composição e arranjos contrasta com o restante do álbum, realçando a performance cheia de feeling de Anders. Podemos destacar ainda fqixas como "Reflect the Storm" e "Crawl Through Knives", que mostram de forma direta a combinação de agressividade e melodia que se estende por todo o álbum, com refrãos cativantes e momentos técnicos, mas ao mesmo tempo pesados e brutais.

COME CLARITY é citado como um dos melhores trabalhos do In Flames da era contemporânea. Mas também, traz aquela aura de mudança (mesmo que isso já viesse sendo apresentado nos trabalhos anteriores do grupo), o que nem sempre é visto com bons olhos pelos "fãs". O fato é que o CD representa um momento crucial de transição. Apesar de dividir opiniões, principalmente entre os adeptos do death metal melódico, o álbum consolidou a posição da banda como uma das mais pioneiras do estilo. Este álbum é essencial para os fãs de metal que apreciam uma mistura de emoção e melodia com brutalidade. Algo que sempre traz a marca do IN FLAMES.

Sergiomar Menezes




THERION - DEGGIAL (2000 - RELANÇAMENTO 2024)



THERION
DEGGIAL (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami records/ Nuclear Blast - Nacional

Algumas bandas tem a capacidade de se ressignificar a cada disco, aprimorar sua sonoridade e manter sua essência nesse processo. O THERION é um bom exemplo disso, e se tratando do seu mentor e fundador Christofer Jonnsson, o mérito da genialidade também é verdadeiro.

Relançado pela Shinigami Records em 2024, o excelente Deggial (2000) traz em suas composições um metal sinfônico de excelência, contando além de Christofer Johnsson (em todas as composições, guitarras, teclados), Kristian Niemann (guitarra), Johan Niemann (baixo), Sami Karpinnen (bateria), Thomas Karlsson (letras), um time completo de orquestra, com coro de vozes, metais, sopros, cordas, um tenor. Tudo absolutamente orgânico, sem efeitos ou sintetizadores em estúdio.

As já referidas composições são permeadas de vozes e arranjos, os riffs inspirados em metal tradicional em diversos momentos fazem uma conexão bem coesa com a proposta lírica nesse caso, que vai do ocultismo a mitologia, característica da banda, e seguindo os passos das obras anteriores como Theli (1996), Vovin (1998) e Crowning of Atlantis(1999).

"Seven Secrets of the Sphynx" abre o disco com riffs e climas bem empolgantes, seguido com a bela "Eternal Return", com belas passagens de voz. "Enter Vril-Ya" traz bastante elementos tradicionais, o riff lembra bastante Accept (Princess of the Dawn) e até mesmo AC/DC (Hell ain’t a bad place to be) e é bem marcante.

Seguindo nessa linha temos as inspiradas "The Invicible" (bem cadenciada e com vocais líricos bem interessantes), "Flesh of the Gods" (com a matadora voz de Hansi Kursch - Blind Guardian), talvez a mais direta metalicamente falando, a faixa "Deggial" com seu clima tétrico e crescente em velocidade e intensidade.

Os momentos de maior erudição culminam na dramática e bem interessante "Via Nocturna" (Pt 01 e 02) e na grandiosa versão de "O Fortuna", parte integrante de "Carmina Burana" de Carl Orff, encerrando em alto nível.

Em resumo é um álbum muito bem construído, complexo em alguns momentos, mas genial no que se propõe. Um grande momento na carreira dos suecos e sem dúvidas, um dos clássicos do estilo.

Gustavo Jardim




quarta-feira, 20 de novembro de 2024

HAMMERFALL - (r)EVOLUTION (2014 - RELANÇAMENTO 2024)


HAMMERFALL
(r)EVOLUTION (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2014, o nono álbum do HAMMERFALL, (r)Evolution, simboliza um retorno às origens que estabeleceram a banda como uma das principais potências do power metal global. Depois da recepção aquém de Infected (2011), que se aventurou por caminhos mais obscuros e experimentais, o quinteto optou por revisitar sua sonoridade clássica, repleta de músicas cativantes que resgatavam a aura mágica do quinteto. Assim, dez anos após seu lançamento, a parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, recoloca no mercado o álbum que devolveu o grupo ao estilo que o tornou um dos nomes mais queridos pelos headbangers a partir do final dos anos 90.

Joacim Cans (vocal), Oscar Dronjak (guitarras, teclados), Pontus Norgren (guitarras), Fredrik Larsson (baixo) e Anders Johansson (bateria) chamaram o produtor Fredrik Nordström que acompanhado de James Michael, deixou o trabalho com uma produção pesada e contemporânea, sem perder a atmosfera "old school" que caracteriza o grupo. A arte da capa, concebida pelo renomado artista Andreas Marschall, representa esse resgate, trazendo de volta Hector, o personagem principal da banda, em uma postura imponente. E confesso que, só por isso, o álbum já desperta aquele desejo de ouvi-lo, sabendo exatamente o que vamos encontrar. Em termos musicais, (r)Evolution apresenta riffs intensos, refrãos grandiosos e uma energia contagiante, elementos que fazem referência a álbuns clássicos como Glory to the Brave (1997) e Renegade (2000). 

A abertura com "Hector's Hymn", já é uma verdadeira declaração de amor aos fãs, fazendo referência a canções e álbuns anteriores. A canção apresenta riffs tipicamente "Hammerfall" e traz um vocal inspirado de Joacim Cans, proporcionando um refrão que merece ser cantado por todos com os punhos erguidos! "Bushido" por sua vez, tarz influências orientais e uma letra que exalta o código de honra samurai. "Live Life Loud" é uma música otimista, perfeita para elevar o ânimo de qualquer fã da banda e do estilo. Ainda podemos destacar "Winter Is Coming", uma balada épica, que apresenta um clima melancólico, com uma interpretação vocal bem interessante de Joacim Cans, além de arranjos orquestrais que conferem certa dramaticidade à faixa.

(r)Evolution é um disco que agrada tanto aos fãs mais saudosistas quanto aos que procuram um power metal produzido com atual mas sem soar moderno demais. Não se trata de uma inovação, mas de uma reafirmação do que HAMMERFALL é uma banda muito acima da média. Com faixas que agregam força e melodia, o álbum reafirma a posição da banda como um dos principais pilares do estilo. Com total justiça, diga-se de passagem.

Sergiomar Menezes