sexta-feira, 1 de setembro de 2023

REBEL ROCK RESEARCH - GUNS N' ROSES

 

Por Sergiomar Menezes

Falar sobre a discografia do GUNS N' ROSES não é uma tarefa tão árdua assim afinal, o grupo possui trabalhos bastante distintos em sua carreira, passando por bobagens irremediáveis assim como tendo lançado um dos maiores álbuns da história do Rock. O temperamento (ou seria birra) explosivo de Axl Rose, a técnica de Slash, o talento de Izzy Stradlin, a postura e atitude de Duff McKagan e  apegada visceral de Steven Adler, colocaram a banda num patamar altíssimo logo em sua estreia. Mas a carreira do grupo foi cercada de polêmicas, troca de integrantes, brigas intermináveis, shows medonhos, turnês bem sucedidas, discos de platina, mais escândalos, 15 anos de espera por um trabalho que... Uma verdadeira montanha russa! Mas aqui, no REBEL ROCK RESEARCH, coube a mim ranquear os álbuns de estúdio do grupo (exceção feita aos EPs e Greatest Hits lançados). Sem muito mais a dizer, ou melhor, a escrever, segue minha lista do pior ao melhor álbum da banda que mudou minha vida!


CHINESE DEMOCRACY - 2008


Não é preciso muito esforço para colocar esse trabalho do Guns n' Roses como o pior de sua curta discografia. Por mais fã que alguém seja do grupo, é impossível alguem relatar, ainda que esteja longe de sua sanidade mental, que este álbum seja o seu preferido ou que ocupe uma posição que não seja a de sexto lugar nesse imaginário ranking. Se não, vejamos: mais de 15 anos para ficar pronto; um entra e sai infinito de músicos, apresentações abaixo da média (isso quando aconteciam) e muito pouca imspiração. O resultado não poderia ser outro. Faixas bastante desprezíveis como "If The World" (uma das maiores atrocidades cometidas por Axl Rose), "Scraped" (um verdadeiro disparate musical), "Riad and the Bedouins" (era pra tentar soar como o Mötley Crue do Generation Swine?), "Sorry" (título auto explicativo), "Madagascar" (vai por mim, assista a animação da DreamWorks que é um milhão de vezes mais divertida) , "This I Love" (impossível ouvir mais que 20 segundos ) e "Prostitute" (eu ainda não consigo acreditar que essa música saiu sob o nome do GN'R). Mas, é possível salvar quatro faixas. "Chinese Democracy", "Shackler's Revenge" (muito mais pelo refrão), "Better" (uma das melhores músicas do grupo, digna de figurar em qualquer "best of") e "Street of Dreams" (que chegou a se chamar "The Blues" durante um tempo e que ganhou aqui uma interpretação cheia de emoção por parte de Axl). Ou seja, se você um EP, ainda que tivesse demorado essa infinidade de tempo, seria algo bem mais interessante pra levar a chancela Guns n' Roses.

THE SPAGHETTI INCIDENT ? - 1993


Você deve estar se perguntando: o quê um álbum de covers faz aqui? Simples: apesar de ser um trabalho nesse formato, o CD foi durante muito tempo, o último álbum oficial do grupo. E, afinal de contas, ele consta na discografia oficial da banda, então vamos a ele... Obviamente que um álbum de cover nem sempre agrada, uma vez que ou a banda faz por pressão da gravadora (musicando faixas mais comerciais) e outras faz por vontade própria (criando versões de músicas que realmente fizeram parte das influências do grupo). Aqui podemos ver que o disco foi muito mais focado mais nas influências punk do quinteto. Apesar disso, trabalho apresenta versões bem interessantes como "Since I Don't Have You" (The Skyliners - grupo vocal norte americano do final dos anos 50) e "Hair of the Dog" (Nazareth), onde a voz de Axl casou muito bem, e "Buick Makane (Big Dumb Sex)" , um mix de T.Rex e Soundgarden. Indo pro lado mais "vagabundo" da coisa, "Attitude" (Misfits), "New Rose" (The Damned), "Down on the Farm" (Uk Subs), "Raw Power" (Stooges), "Ain't it Fun" (Dead Boys) , numa versão sensacional - talvez a melhor música do álbum, "You Can't Put Your Arms Around a Memory" (Johnny Thunders) e "I Don't Care About You" (Fear). Albuns pontos importantes sobre o CD: a maioria das faixas foi cantada por Duff; é o único trabalho de estúdio do guitarrista Cilby Clarke com o grupo; e após a última faixa, temos "Look at Your Game Girl", composição de Charles Manson. Não acrescentou nada a banda musicalmente, mas rendeu uma boa polêmica...

USE YOUR ILLUSION II - 1991


Você pode pensar: como assim? O Illusion II em quarto lugar? Sim, na minha opinião, que é o que está sendo escrito aqui, Use You Illusion II, não figura no pódio dos três melhores álbuns do grupo. Apesar de contar com faixas espetaculares como "Civil War", "14 Years" (cantada por Izzy Stradlin - que deixou a banda pouco tempo depois), "Breakdown", um belo exemplo de como soar comercial e verdadeiro numa canção, "Pretty Tied Up", uma das melhores músicas do grupo (e como esquecer da abertura do show no Rock in Rio II em 1991?), "Locomotive" , nervosa e um tanto quanto ledzeppeliana, "Estranged", uma das mais belas músicas da história, top 10 da carreira do grupo e "You Could be Mine", um Hard Rock visceral, que tempos depois veio a ser assassinada pelo atual baterista do grupo, o horrendo Frank Ferrer, o álbum traz faixas um tanto quando desnecessárias como "Yesterdays", "Knockin1 on Heaven's Door" (cover de Bob Dylan), "Shotgun Blues" (bem chatinha), "Get in the Ring" (ao vivo que ganhou mais notoriedade pela letra do que pela estrutura em si), a versão com letra alterada de "Don't Cry" e a mais medonha de todas as composições do GN'R: " My World", que deveria ter sido guardada para o Chinese Democracy. Um bom álbum, mas que à época, poderia ter sido um álbum simples e não duplo.

GN'R LIES - 1998


Aproveitando a boa onda e receptividade que o quinteto vinha recebendo da mídia e do público, a gravadora (Geffen) decidiu relanças o EP "Live!?* LIke a Suicide!" (que continha 04 faixas ao vivo - sendo 2 covers e duas faixas autorais) somado À mais 04 faixas acústicas gravadas pelo grupo e que figuram, ainda que nesse formato, com a crueza e capacidade de polemizar que o grupo veio a perder com o passar dos tempos. Iniciando o lado A (Ô saudade desse tempo) tínhamos as faixas ao vivo. "Reckless Life" E "Move to the City", autorais. Enquanto a primeira caminhava prum lado mais sleaze da coisa, a segunda tinha uma pegada mais Hard tradicional. Já "Nice Boys" e "Mamma Kin", eram as covers, do Rose tattoo e Aerosmith, respectivamente. Se não acrescentam muito, ao menos servem para mostrar as influências mais antigas da banda. Mas o grande destaque fica com o lado B, onde as faixas acústicas aparecem. "Patience", que ficou conhecida por ser a "música do assobio", é uma bela canção, onde podemos notar um Axl bom vocalista, sem exageros ou buscando algo que não consiga executar, "Used to Love Her", que hoje, muito provavelmente não seria lançada, tamanha a babaquice e demência que atingiram não apenas a indústria musical, como também a capacidade cognitiva de boa parte do público. Uma música divertida e irônica, dificil de entender pra quem possui menos de dois neurônios funcionando. "You're Crazy", faixa do magnânimo Appetite for Destruction, que ganhou uma bela versão acústica, com letra um pouco alterada, o que também ofenderia áqueles que querem mudar u mundo mas que não se prestam a rrumarem suas próprias camas, e a cereja do bolo: "One in a Million". "Police and niggers That's right Get out of my way Don't need to buy none of your Goldchains today I don't need no bracelets Clamped in front of my back" "Immigrants and faggots They make no sense to me They come to our country And think they'll do as they please Like start some mini Iran Or spread some fucking disease"... Acho que não preciso dizer mais nada, não é mesmo? Mas pau que bate em Chico, bate em Francisco: "Radicals and racists Don't point your finger at me I'm a small town white boy Just tryin' to make ends meet Don't need your religion Don't watch that much TV Just makin' my livin', baby, Well that's enough for me". A estrutura musical beira a perfeição, mostrando uma banda pura em sua essência. Uma pena que hoje, a música seja renegada pelo próprio grupo...

USE YOUR ILLUSION I - 1991


E chegamos ao segundo lugar desse ranking do GN'R baseado apenas no meu gosto pessoal. E Use Your Illusion I, figura como o vice-campeão dessa "competição". Um álbum mais voltado às raízes cruas da banda, com músicas mais viscerais, com toques de sleaze e uma pegada bastante próxima (não igual) ao do trabalho de estréia. Apesar de conter faixas mais antigas do grupo, o disco soa bastante homogêneo se comparado ao UYI II, criando uma maior identidade e personalidade no álbum. O que dizer da faixa de abertura, a seminal "Right Next Door to Hell"? Uma porarda direta e seca na cara dos detratores do grupo, que diziam que a banda estava deslocada do contexto. Um Hard/Sleaze cheio de energia e visceral como só os gunners sabiam fazer. "Dust and Bones", a segunda faixa que, assim como em UYI II, foi cantado por Izzy, com uma peda meio bluesy. Faixas como "Perfect Crime", Back off Bitch" (composição bem antiga), "Double Talkin' Jive", "The Garden of Eden", "Don't Damn Me" e "Dead Horse" (que contém o melhor solo de Slash em toda sua carreira no grupo), mostram a essência Hard Rock do grupo, de uma forma consistente ebastante objetiva. Mas também temos algumas experimentações que surtiram efeitos positivos como "Bad Obssession" trazendo metais, numa linha quase Rolling Stones (cabe lembrar que o grupo serviu de opening act para os ingleses durante um bom tempo), "You Ain't the First", também cantada por Izzy e com um refrão pra galera cantar junto, bêbada e feliz, "The Garden", que traz a participação de ninguém mais ninguém menos que Alice Cooper (ídolo de Axl e  Slash), "Bad Apples", e sua levada guiada pelo piano de Dizzy Reed e a espetacular "Coma", que segundo o próprio Izzy, era muito difícil de ser tocada ao vivo, tamanha a troca de andamentos. pesada e densa, a música é um dos grandes destaques do álbum. Infelizmente, nem tudo são flores. A versão de "Live and Let Die", de Paul McCartney não traz nada de diferente, sem acrescentar nada ao trabalho, enquanto "November Rain" consegue ser irritante com sua pretensão de se tornar clássica, conseguindo no máximo, matar as lombrigas de Axl com um clipe tão sem fundamento quanto a faixa em questão. Tirando isso, é um álbum verdadeiro de uma banda verdadeira!

APPETITE FOR DESTRUCTION - 1987


Surpreendendo 0 pessoas, o primeiro lugar fica, com uma ótima vantagem sobre o segundo colocado, com a obra prima chamada APPETITE FOR DESTRUCTION. Não existem muitas palavras para expressar toda a grandiosidade desse trabalho. Estupendo, magnífico, sensacional, sublime, de outro mundo. Um dos melhores álbuns de estréia de todos os tempos. Uma banda com sangue no zóio, querendo seu lugar ao sol de qualquer jeito, mas com um talento para a música, como para a ´destruição (como o nome do álbum entrega), poucas vezes visto antes. A banda que estava no lugar certo, na hora certa. Um disco perfeito? Para muitos sim, ainda que eu tenha apenas uma pequena, para não dizer quase inexistente, ressalva. Axl, Slash, Izzy, Duff e Adler conseguiram sintetizar a fúria do hard/metal/punk/sleaze em um trabalho único, seminal e verdadeiro. Como não simpatizar com esses cinco desordeiros que queriam ganhar dinheiro, beber, fazer sucesso e pegar muita mulher? Bom, essa era a essência do hard Rock, só que o Guns n' Roses conseguiu elevar isso à décima potência trazendo cla´ssicos atrás de clássicos num álbum que beira a perfeição. "Welcome to the Jungçle" dá as boas vindas à selva, trazendo toda a fúria do grupo, numa interpretação visceral de Axl, numa das faixas mais icônicas da banda. Não á toa, a faixa foi a escolhida para a minha formatura no curso de Direito (If you got the money, honey...)... "It's So Easy", um soco na boca do estômago, com Slash e Izzy mostrando que foram, uma das duplas mais fodas do hard Rock americano. Adler, que teve sério problemas com drogas tempos depois (à época ela já tinha um relacionamento com elas), tinha a pegada certa pra bateria, enquanto Duff trazia seu jeito punk de ser. "Nightrain" um vinho dos mais vagabundos, ganhou fama e se tornou um clássico do grupo, tocada até hoje pela banda em suas apresentações.

"Outta Get Me". Que riff! Que riff! que timbre de guitarra! Que música desgraçada de boa! Mais uma vez, Slash e Izzy destruíram tudo num entrosamento digno de nota máxima. Mais uma vez, que puta timbre fudido nessas guitarras! A heroína, tão cara aos membros da banda nessa ´poca, surge sendo "homenageada" em "Mr. Brownstone", onde são narradas as peripécias da banda da hora de acordar até o momento em que ninguém sabe a hora que vai voltar a dormir. Um clássico indiscutível que retrata um momento bem complicado vivido por todos naquele período. E então, temos uma daquelas músicas em que os compositores são iluminados por uma luz de outro mundo na hora de criá-la: "Paradise City". Incrível o poder que essa música emana quando é executada. É impossível passar despercebida ou alguém se mostrar indiferente perante ela. Riffs, solos, mudanças de andamento. Peso, energia e um refrão que até minha falecida vó cantaria se estivesse por aqui hoje em dia. Guardadas as devidas proporções, é a "Rock n' Roll All Nite" do grupo. Em seguida, outra faixa que relata um lado mais sombrio e pesado do grupo é "My Michelle". Uma letra forte e um instrumental carregada de peso, fazem dela um momento único no álbum, que antecede uma das faixas mais injustiçadas da banda "Think About You". Música espetacular, um Hard revigorante, cheio de nuances sexuais (algo bem corriqueiro durante o decorrer do disco), e com guitarras sensacionais, a composição também consegue passar todo um cliam de diversão no refrão enquanto Axl conta que "pensa na garota" e que bem no fundo, ele é aquele que a "ama" melhor... Ah, que saudade dessa banda sacana e sem pudor! "Sweet Child O'Mine" foi durante muito tempo, uma faixa que eu "esqueci" de tanto que insistiam com essa música, seja nas rádios, seja na TV, seja nas propagandas. Mas hoje, ouvindo com atenção, redescobri uma bela canção de amor e que trouxe à banda uma popularidade incrível. Além de conter um riff que todo mundo sabe qual é. Aquela ressalva, que eu citei lá atrás, vem com "You're Crazy". Apesar de ser aquele Sleaze sujo, visceral e direto, prefiro a versão presente em GN'R Lies, ams ainda assim, a faixa é um petardo! "Anything Goes" uma das primeiras composições do grupo é outra verdadeira ode à putaria, num linha instrumental totalemente insana. "Rocket Queen" encerra esse trabalho esplêndido, com uma música mais uma vez polêmica, seja pela letra, seja pelas incursões (gemidos) presentes em determinados momentos. Incursões essas que causaram mal estar entre os membros da banda...

Bom, era isso. APPETITE FOR DESTRUCTION não é apenas o melhor álbum do GUNS N' ROSES, mas também, um dos melhores álbuns já lançados neste planeta. Se você ainda não conhece (é mais fácil eu começar a falar TODES do que isso ser verdade), procure conhecer. Tenho a mais absoluta certeza que você não vai se arrepender!









Um comentário: