terça-feira, 26 de setembro de 2023

NERVOSA - JAILBREAK (2023)

 

NERVOSA
JAILBREAK
Shinigami Records/Napalm Records - Nacional

Quantas vezes Prika Amaral vai precisar ressurgir para calar a boca de invejosos? Para alguns, a brasileira é a versão de saias de Dave Mustaine. Seria demérito ser comparada a um músico espetacular? Eu vejo tudo como um grande elogio, e, a partir da primeira audição de “Jailbreak”, podem comparar Mustaine, e tantos outros — A “mina” deixou a banda mais forte do que nunca.

O que mais um thrasher ama no seu estilo favorito? A resposta é óbvia — Riff! Prika e sua nova parceira no crime, a guitarrista Helena Kotina, não brincaram em serviço e apresentaram uma enxurrada deles. O quinto trabalho de estúdio da Nervosa é o melhor de todos. Criatividade no alto, letras afiadas e filosóficas, uma banda que se reinventou quase que por completo, trazendo um trabalho agressivo, mas sem se perder nas fórmulas de sua discografia.

O quarteto fantástico ainda conta com as talentosas Hel Pyre (Baixo) e Michaela Naydenova (Bateria), as duas apresentam uma timbragem forte e “na cara”. As “marteladas” certeiras de Michaela, as notas cheias de groove e punch de Hel formam uma massa sonora indestrutível, trazendo mais brutalidade para a Nervosa.

A abertura com o míssel “Endless Ambition”, as meninas chegam já chutando a porta, a cara e fazendo ouvidos sensíveis sangrarem, se o caro leitor não aguenta brincadeira, não siga no play, pois “Suffocare” mantém o inferno na terra e o pescoço balançando. A faixa trata de pessoas tóxicas, onde opressores nunca mostram um real face, Prika berra:

“How far can it go?
How close can it be?
Soothing words
to feel at home
Protection, Oppression, Disguised”

A inquietude é inevitável, a timbragem das guitarras são como um ataque mortal de abelhas assassinas. “Ungrateful” e “Seed and Death” nasceram para desgraçar o moshpit — violentas como ataques de elefantes, possivelmente não deixarão pedras sobre pedras nos shows em pouco mais de 7:30 minutos, ambas foram concebidas clássicas.

Por algumas vezes, enxerguei a simplicidade do Rock N Roll sujo do Motörhead, com o jeitinho “romântico” do Exodus e Kreator e uma influência aqui e ali de Arch Enemy (período Angela Gossow), inclusive, a faixa-título, se encaixa muito bem no que é descrito acima — Lemmy Kilmister deixa seu Jack & Coke de lado para aplaudir as meninas.“Sacrifice” e “Behind The Wall” são quebradas, um “prog thrash metal”, rápidas, “modernas”, pulsantes e com solos com diversas notas por segundos (risos). Aliás, vale destacar os momentos de Helena, a menina se mostra uma guitar-hero de mão cheia, os solos são daqueles que o filho chora e a mãe não vê, simplesmente nostalgia regada do espírito de Jeff Hannemann (Slayer) — Um feeling perfeito alinhando muito bem melodia quando necessário e “fritação” cheio de efeitos mostrando que ela trabalha para a música e não para seu próprio ego.

O anúncio da saída de Fernanda Lira pegou todos de surpresas. Do mesmo modo aconteceu com Diva Satânica, quando todos digitavam: “Oh e agora?” Prika deu uma cartada triunfal assumindo “a gritaria” da banda para todo sempre, a identidade da Nervosa seria mantida, a voz da líder não mais será atrás das cortinas do palco, e quer saber? Mandou bem demais! Um peso descomunal com guturais versáteis.

O espírito livre e aventureiro aparece em “Kill or Die”, simples e certeira, com um refrão para se cantar com os punhos erguidos, mais que obrigatória no setlist da turnê, clássica! Sim, eu disse isso novamente.

“On the highway of life
A promise you make
Choices you take
To be who you are
Not living to die
Living to kill
Be who you are”

Participações especiais incrementam o disco, e nada mais, nada menos que Gary Holt aparece em “When The True Is A Lie”. A música é um ataque frenético, mostrando que a agressividade presente no disco foi uma escolha 100%, mostrando que o pensamento foi de não ter dó e piedade, o fã sairá desnorteado e ponto final. Em “Superstition Failed”, a banda flerta entre death metal mais atual, com o thrash metal alemão e adicionando passagem mais densas e carregadas, deixando o clima perfeito para Lena Scissorhands (Infected Rain) e Prika trabalharem de forma ímpar.

A trinca final — “Gates To The Hell”, “Elements of Sin” e “Nail The Coffin” fechando trabalho de forma que começou — Destruição sem limite de velocidade.

Jailbreak”, é o ápice da banda. É um trabalho feito de fã para fã. O moshpit é a única lei na vida de Prika Amaral e da Nervosa.

William Ribas






Nenhum comentário:

Postar um comentário