THE TOY DOLLS - TOUR DE 40 ANOS
Abertura: Rotentix
Local: Bar Opinião - Porto Alegre/RS
13/09/2023
Produção: Ablaze Productions
Agenciamento: PowerLine Music & Books
Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: Uillian Vargas (exceto foto de capa: Christian Haag)
Acredito que ainda no ano passado, estava eu procurando algum show pra assistir no You Tube, quando me deparei com uma apresentação do TOY DOLLS no HellFest. Não lembro se era atual (mas acredito que sim), só sei que ao término dos pouco mais de 45 minutos de apresentação cheguei numa simples, mas honesta conclusão: Ás vezes, tudo que a gente precisa é de um show do Toy Dolls! Ainda que o grupo seja muito mais conhecido pela turma do punk/HC, o grupo foi um daqueles pilares fundamentais da infância/adolescência. e porque não dizer, vida adulta de muita gente. Álbuns como "Dig That Groove Baby" (1983), "Idle Gossip" (1986), "Bare Faced Cheek" (1987) e "Wackey Wackey" (1989) fizeram e ainda fazem a alegria de muitos fãs por aí. Ainda que o grupo tenha trocado de formação algumas vezes, Michael "Olga" Algar, único remanescente da formação original (e alma da banda), manteve viva a chama da alegria e diversão que a música e as apresentações do grupo sempre proporcionaram. E a ABLAZE Productions em parceria com a POWERLINE Music & Books, trouxe a segunda passagem do trio à capital gaúcha.
A abertura do show ficou sob a responsabilidade do quarteto gaúcho ROTENTIX, mas se quiser, pode chamar de Ramones... hehehe. Brincadeiras a parte, a sonoridade da banda lembra e muita a da maior banda de punk rock de todos os tempos! Inclusive o visual do vocalista Douglas Wyse, que encarnou o espírito e atitudes do saudoso e inesquecível Joey Ramone. Na guitarra, Thiago Kamming trouxe aquele timbre característico enquanto a dupla Felipe Bittencourt e Alex Lamarque (baixo e bateria, respectivamente) se encarregaram de marcar com precisam a velocidade e dinamismo que o estilo precisa. Músicas curtas, mas repletas de energia como "Assustador", "Cemitério" e "Tudo Antigão", mostraram a força e capacidade do grupo em agitar o público presente. Em pouco menos de 01 hora, a quarteto trouxe 24 músicas próprias, incluindo a sensacional "Ouvindo Ramones" e encerram a apresentação com "Blitzkrieg Bop" e "Somebody Put Something in my Drink", covers do... RAMONES! Um show curto, porém visceral e que serviu para animar o público que ainda chegava ao Opinião.
Passava um pouco das 21h, quando "My Way", na versão cantada por Sid Vicious começou a tocar no sistema de som do Opinião. Logicamente que pra galera mais velha, isso trouxe boas recordações, lembrando de uma época que não volta mais... Em seguida, a luz do palco reflete no backdrop que estampa a imagem clássica do "mascote" do grupo e "Hello! Is it me you're looking for?", clássico de Lionel Ritchie dos anos 80 antecede a entrada do trio. O já citado "Olga" (vocal e guitarra), Tom Gubber (baixo) e The Amazing Mr. Duncan (bateria), colocam o bom público presente (mas abaixo da expectativa e do que a banda merece) a cantar suas músicas de forma uníssona! Era nítida a alegria da banda por estar ali, fazendo um show dinâmico, alegre e acima de tudo divertido! E afinal de contas, esse não é o espírito do Rock n' Roll?
O que tivemos a seguir, foi um dos shows mais empolgantes e cheios de energia que eu já tive a oportunidade de assistir nesses bons bons 40 de rock. Sem desmerecer nenhuma outra banda, mas poucas vezes vi uma interação e troca de energia tão grande entre público e músicos como nesse show. E o mais importante, a banda estava feliz em cima do palco, se divertindo. Após o tema de abertura (emendado com um sonoro Happy Birthday), "Fiery Jack" iniciou o espetáculo colocando todo mundo pra cantar e pular junto! Olga é uma simpatia enquanto Tom não para um único minuto sequer, interagindo com o vocalista/guitarrista a todo momento. Já o batera Mr. Duncan toca com uma naturalidade que nem parece que as músicas do grupo são repletas de velocidade, na maioria das vezes. O desfile de clássicos não parou pois tivemos "Cloughy is a Bootboy!" e "Bitten by a Bed Bug", numa sequência de tirar o fôlego! Infelizmente, cortaram do set aqui em Porto Alegre a espetacular "Fistcuffs in a Frederic Street", o que me deixou um tanto quanto chateado, uma vez que "Bare Faced Cheek" foi um dos discos que mais ouvi lá pelo fim dos 80/início dos 90... Mas pra compensar, "The Death of Barry the Roofer with the Vertigo", "Benny the Boxer" e "Up the Garden Path" vieram pra suprir tal ausência.
"Dougy Giro" e "I've Got Asthma", duas das músicas mais icônicas do grupo, fizeram a galera tirara a poeira do corpo (apenas um afigura de linguagem, afinal, a chuva castigava o RS há dias) e abriram espaços generosos em meio a pista do Opinião. Aliás, "Dougy", presente em "Dig That Groove Baby", é daquelas faixas que não podem faltar em uma coletânea que venha a resgatar o sinônimo de punk rock. Ainda que não seja uma música anticomercial ou dotada de cunho político, traz o espírito e a essência do estilo. "Spider in the Dressing Room" e "El Cumbanchero" nos preparam para outro momento inesquecível: "The Lambrusco Kid". Todos, mas realmente, todos os presentes cantando com a banda, pulando... sem palavras para definir um momento tão único como esse. E, ainda que isso fosse difícil, o que veio a seguir, deixou todo o público ainda mais "vivo": "Nellie The Eplephant"! Ah meu amigo... Se você é fã do grupo, já imagina o que aconteceu, não é mesmo?
"She Goes do Finos" veio antes do momento "Dream Theater" do show (risos). "Toccata and Fugue in D Minor, BWV 565", cover de ninguém menos que Johan Sebastian Bach, mostrou a qualidade técnica de Olga, que na minha opinião, acabou sendo ao longo da história, um músico bastante subestimado, pois sempre criou melodias e harmonias cativantes, além de executar sempre com perfeição suas passagens. É preciso citar aqui também , a qualidade de Tom Gubber, até porque, como já citado anteriormente, o cara não pára um segundo de agitar! A elétrica "Alec's Gone" antecedeu o "solo" de bateria de Mr Duncan. Solo entre aspas porque nada teve a ver com aqueles que estamos acostumados a assistir, quais sejam, viradas infindáveis, quebradeiras infinitas ou apenas aquela necessidade que alguns músicos tem de mostrar que "compraram um carro grande"... "Harry Cross (A Tribute to Edna)" e "Wipe Out", cover clássico do The Surfaris, encerraram a primeira parte do show. A banda se despede, mas até os leitores de QR Code do bar do Opinião sabiam que não acabaria dessa forma...
O grupo retorna para executar um de seus maiores clássicos. "Dig That Groove Baby" coloca todos novamente para cantar e pular com o grupo de forma magistral. Impressionante a energia do grupo, pois como eu disse lá atrás, Olga e Tom não param um minuto sequer durante a apresentação! O final do show estava se aproximando e "When the Saints Go Marching In" e "Glenda and the Test Tube Baby" vieram para nos preparara para o encerramento, que não poderia ser outro que não "Idle Gossip", outro daqueles clássicos que o tempo se encarregou de transformar em eterno. A banda agradece e deixa o palco. Ah... ainda no final do show, vários balões caíram sobre o público num clima de festa e diversão, como só um show do Toy Dolls pode proporcionar!
Eu não tenho dúvidas, ainda que o ano não tenha acabado, que esse show estará entre os meus escolhidos como o show do ano aqui em Porto Alegre! Empolgação, energia, diversão e música boa. Como eu escrevi no primeiro parágrafo desse texto, às vezes, tudo que a gente precisa é de um show do Toy Dolls. E essa é uma verdade incontestável!
Fica aqui o nosso agradecimento ao Leonardo e a Ablaze Productions e ao Erick Tedesco e a PowerLine pela cordialidade e tratamento dispensado a quem realizou a cobertura do show. Felizmente, o profissionalismo de pessoas como vocês nos dão a certeza de que nosso trabalho vai ser bem feito.
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