XFEARS
REASONS FOR CHANGE
Metal Relics - Nacional
REASONS FOR CHANGE
Metal Relics - Nacional
Não é novidade pra ninguém que este redator que vos escreve não é um grande apreciador do denominado PROG METAL. O simples uso do termo já me causa uma certa ojeriza, muito pelo que bandas como Dream Theater acabaram por proporcionar a este pobre ouvinte: notas e notas e notas, quebradeiras desconexas e um malabarismo musical que cansava nos primeiros 30 segundos de audição. No entanto, muitas bandas vem quebrando esse paradigma estabelecido por mim por apresentarem trabalhos voltados ao feeling e à musicalidade, colocando sempre a música em primeiro lugar. E a XFEARS, formada em 2002, é uma dessa bandas! Uma mistura perfeita entre o metal tradicional, o já citado prog metal, mas com pitadas de thrash metal em alguns momentos, faz de REASONS FOR CHANGE, segundo álbum do trabalho do grupo, lançado pela Metal Relics, um álbum fácil de ouvir, que cativa desde os primeiros momentos de sua audição.
Gabriel Carvalho (voz e teclados), Nando Cavaccini (guitarras), Murilo Barim (baixo) e Douglas Polents (bateria), apresentam um trabalho coeso, maduro e muito bem estruturado, tanto tecnicamente quanto qualificado. Gabriel possui um timbre que foge um pouco dos vocalistas do estilo, pois traz melodia e agressividade ao mesmo tempo em sua voz, navegando facilmente pelos dois extremos. Além disso, oferece linhas de teclados que não cansam o ouvinte, mostrando classe e bom gosto. A guitarra de Nando, por sua vez, se mostra pesada, com rifs inspirados pelo que de melhor o heavy metal nos proporciona. Já a cozinha composta por Mutilo e Douglas, criam bases muito interessantes, por vezes intrincadas, mas nem por isso, deixar de prestar serviço à musicalidade da banda. Muito bem produzido, fato que deve ser creditado ao vocalista Gabriel, o álbum foi mixado e masterizado por Benhur Lima (ex-baixista da Hibria). Sonoridade na medida, sem exageros, mostrando uma banda que vem se firmando como uma das grandes representantes do estilo, liberando espaço para criatividade e versatilidade, algo bastante raro hoje em dia.
"Overture" é muito mais do que uma introdução, pois de cara mostra toda a técnica e dinâmica da banda, com passagens climáticas e pesadas num casamento equilibrado entre guitarra e teclado, deixando baixo e bateria livres para desfilar suas estruturas bem trabalhadas. Logo na sequência, "When We Die", ótima composição, que navega com facilidade pelo metal e pelo prog, dosando de forma consistente essas duas vertentes. A voz de Gabriel, com seu timbre característico, se encaixa com consistência, agregando um diferencial à banda, ainda que isso não seja o maior destaque do trabalho, uma vez que, como citado anteriormente, a coesão e entrosamento do grupo se mostram bastante evidentes. Fato esse que vem a se firmar ainda mais em "Don't Wait", onde Nando cria linhas de guitarras muito bonitas, e a banda cria uma singela aproximação com a música pop (mas não pense na música pop que toca nas rádios hoje em dia), o que em outros tempo, levaria um clipe dessa faixa a ser exibido na programação da MTV (vejam bem, na "falecida" MTV). O que não é demérito algum, ou esqueceram que "Symphony of Destruction", "Enter Sandman", "Heaven's a Lie", entre outras faziam parte da grade b=normal da extinta emissora?
No entanto, "Fix it All" traz um dose extra de peso, num andamento mais cadenciado e carregado de energia e emoção. A interpretação de Gabriel ganha ares de sentimentos mais intensos, onde as passagens mais limpas trazem à tona a musicalidade do excelente cantor. "Redemption", é uma bela balada, e se na faixa anterior tínhamos sentimento e energia, aqui essa dupla aparece em maior dose, carregando em sua melodia um clima de suavidade paz. Que bela composição! "Changes", em seguida, põe o metal tradicional em sua essência, ainda que o prog metal se faça presente, muito pelas linhas de teclado de Gabriel. Há momentos em que a guitarra se aproxima de riffs thrash, mas nada que soe forçado ou deslocado dentro da criatividade do grupo. O peso continua dominando o cenário em "Reason to Stay", faixa que antecede "The Show Must Go On", uma das mais belas músicas compostas pelo Queen. Fiquei curioso, muito pela voz de Gabriel ser muito diferente da voz de Freddie Mercury. Mas o resultado final ficou muito bom, pois a banda soube imprimir sua personalidade na faixa, dando uma cara toda própria. Parabéns ao grupo pela escolha e pela excelente execução! Pra fechar o álbum, "Peace Within", a mais longa faixa do trabalho, com seus mais de 7 minutos, onde o grupo desfila suas mais diversas influências, tendo por base o peso e a melodia.
REASONS FOR CHANGE é um trabalho maduro, coeso e verdadeiro. Um álbum que servirá para que a XFEARS venha a consolidar sua posição dentro do concorrido cenário nacional, de forma firme e consistente. Qualidade e técnica o grupo possui de sobra. Só falta os fãs de heavy metal no Brasil (e no mundo) dispensarem maior atenção à banda!
Sergiomar Menezes
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