Sejamos sinceros. O Brasil é um país muito estranho. Se não, vejamos: inúmeras bandas com talento muito acima da média acabam sempre deixadas de lado enquanto artistas patéticos e sem nenhuma categoria, circulam pelos meios de comunicação como se fossem baluartes de capacidade criativa. Falem a verdade. Não é de dar raiva? E a banda carioca DANCING FLAME é uma das tantas que acabam entrando no primeiro time. Fôssemos um país decente, o grupo figuraria com o destaque que merece. CARNIVAL OF FLAMES, o segundo trabalho do grupo, traz um hard rock com forte influência de heavy metal, mostrando que seus mais de 15 anos de carreira, serviram para aprimorar a classe que a banda apresenta em suas composições.
Formada por Adriano Oliveira (vocal), Emerson Mello (guitarra e backing vocal), Glaydson Moreira (guitarra e backing vocal), Rafael Muniz (baixo) e Bruno Martini (bateria), o gupo lançou em 2009 seu primeiro trabalho, Dancing Flame, que já dava mostras do que a banda tinha a oferecer, tendo recebido críticas positivas fora do país. Neste novo trabalho, sabedor do que queria, o próprio grupo se encarregou da produção, que ficou com um ótimo nível, onde a sonoridade da banda pode ser percebida em seus mínimos detalhes. Mixado por Lucas Macedo, Diogo Macedo e pelo guitarrista Emerson Mello, o trabalho foi masterizado por UE Nastasi. A bela capa é obra do artista Mark Wilkinson, que já trabalhou com nomes como Judas Priest, Iron Maiden, The Darkness, entre outros.
Após a introdução Carnival of Flames, temos a faixa Dreamweaver, que começa com a bateria de Bruno Martini abrindo caminho para os solos e bases criativas das guitarras de Emerson e Glaydson.. O vocal de Adriano Oliveira tem um belo timbre, pois cai como uma luva no estilo desenvolvido pelo grupo. O baixo de Rafael se encarrega de, ao lado da bateria, prover o peso necessário. Follow The Sun vem na seqüência e tem a participação do vocalista Mark Boals (ex- Yngwie Malmsteen e atual Ring of Fire) e tem uma pegada mais cadenciada, mais heavy, com um instrumental que remete á algumas bandas clássicas dos anos 80. Um belo refrão e solos precisos dão brilho extra á composição. Uma bela homenagem ao maior vocalista da história do heavy metal, nosso eterno Ronnie James Dio, é o que temos em Ronnie. Uma faixa que com certeza, orgulharia o baixinho. Os riffs de guitarra ficaram muito bons, além da bela performance do vocalista. Higher Place começa de forma mais amena, ganhando corpo logo em seguida. ficando com um clima de "hard europeu". Don't Let Me Down segue essa linha, com belos solos e mais uma interpretação caprichada de Adriano Oliveira.
Talvez a faixa mais acessível do cd, Runaway Soul, possui uma levada mais cadenciada, deixando que as melodias das guitarras tragam a harmonia á composição. Destaque para os backing vocals que ficaram bem encaixados. Fortress of Belief é acústica e traz a participação de Angelica Hanks (D'Hanks) e Carol Karpezi nos backing vocals. Dry My Tears é uma balada que conta com a participação do vocalista D.C. Cooper (Royal Hunt). Com um belo instrumental, apesar de ser uma balada, a música possui forte intensidade. Já em Warriors Path, as guitarras se destacam e trazem de volta a influência do heavy metal clássico no som do grupo. Com um andamento mais cadenciado, podemos destacar o bom trabalho da cozinha, que possui versatilidade indo de partes mais "leves" até partes mais pesadas. The Highest Hill possui belas melodias. Com uma levada mais marcada, as guitarras dão suporte até o refrão, onde o hard/heavy do grupo entra com tudo. Queen or Clown (Riddles in the Dark) também conta com a particpação das vocalistas Angélica e Carol. Um solo inspirado de Glaydson é o destaque dessa "power ballad". Kalash encerra o track list regular, com destaque para o baixo de Rafael Muniz. As guitaras tem em sua base, alguma coisa de stoner que acabam por criar um contraste aos solos na linha hard inseridos pelos guitarristas.
Temos ainda duas faixas bônus. Your Heart Must Be Strong e Life Is Like a Wheel. A primeira possui uma levada mais atual (em matéria de hard) enquanto a segunda ganha os ares de uma balada, mas ganha peso e os solos se destacam.
Bandas como a DANCING FLAME são donos de grande talento e criatividade. Instrumental bem trabalhado, arranjos bem estruturados, composições cheias de feeling e melodias de fácil assimilação, mas não piegas ou enjoativas. CARNIVAL OF FLAMES é um belo disco, indicado aos apreciadores da boa música. Seja hard ou heavy!
Sergiomar Menezes
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