sexta-feira, 4 de março de 2016

SEU JUVENAL - ROCK ERRADO



              ROCK ERRADO. SEU JUVENAL. A primeira impressão é que, tanto o nome do álbum (lançado exclusivamente em vinil), quanto o nome da banda, não são atrativos que nos façam ter interesse pelo trabalho do grupo. E, felizmente, essa impressão cai por terra quando ouvimos esse grande disco lançado pelo quarteto de Uberaba (MG). Não dá pra classificar o som do grupo de forma simples. Há influências de muitos gêneros musicais aqui. Claro que a predominância é mais "visível" daquilo que convencionamos chamar de rock clássico. Mas pode se ouvir algo de punk, metal, grunge, indie, stoner, além é claro, do bom e velho rock n' roll eu seu estado mais bruto.

             Formado em 1997, o grupo formado por Bruno Bastos (vocal), Edson Zacca (guitarra/violão), Alexandre Tito (baixo) e Renato Zaca (bateria), possui mais dois trabalhos em sua discografia. Guitarra de Pau Seco (2004) e Caixa Preta (2008). Sem se prender á rótulos e tendências impostas pelo mercado, o SEU JUVENAL explora seus limites trazendo uma sonoridade bastante peculiar, que os torna donos de uma identidade única. A produção do trabalho ficou sob a responsabilidade de Ronaldo Gino (guitarrista do grupo Virna Lisi) e que já havia trabalhado com a banda no álbum de 2004. Ou seja, já conhecia as características do grupo e como desenvolvê-las de forma correta. Fazendo "um rock errado para os padrões do politicamente corretos", segundo o baterista Renato Zaca, a banda consegue colocar em seu caldeirão musical Free, Butthole Surfers, New York Dolls, Jards Macalé, Titãs e Pixies. Duvida?

            Homem Analógico abre o disco de forma forte e intensa. Mas é preciso que se diga, se você procura algo na linha mais metal, esqueça. O grupo explora de forma correta sua influência num mix que traz sons que remetem aos anos 70 ( principalmente pela cozinha composta por Alexandre e Renato) e sons mais alternativos. Free Ordinária tem uma levada mais pesada, com um baixo encorpado. O vocal de Bruno Bastos possui uma característica bem natural, sem efeitos. Com uma levada bem punk rock, Antropofagia Disfarçada traz um som sujo e cheio de distorção. Asfalto, que possui um belo video clipe, é uma faixa mais "cabeça", que nos lembram os trabalhos das bandas de rock brasileiras dos anos 80. A pesada, Louva A Deus encerra o lado A. Com guitarras á la Soundgarden, a faixa nos remete aos grupos que fizeram a abeça de muitos nos anos 90.

            Um Dia de Fúria traz sujeira e distorção. A guitarra se destaca com uma timbragem que se encaixa na direção seguida pela faixa. Baixo e bateria sintonizados em proporcionar o peso necessário. A faixa título, Rock Errado, é mais simples e direta, bem rock n'roll. Sem abrir mão da "sujeira" na guitarra, a veia mais rocker do grupo dá as caras. Refrão simples, direto e empolgante! Moleque Dissonante tem aquela atmosfera bem típica ao que os  Pixies faziam de forma sublime. Já em A Chuva Não Cai, podemos perceber a importância e relevância da música brasileira na formação musical do Seu Juvenal. Cheia de mudanças de ritmo e variações no seu andamento, um dos mais belos arranjos do disco. Burca, encerra o trabalho . Essa faixa também ganhou um video e possui um andamento mais introspectivo. Com uma letra bem interessante, a música mostra bem a variação de composições que o grupo explora em seu trabalho. Do meio pro final, a bateria entra metralhando de forma hardcore enquanto a guitarra de Edson Zacca deixa a distorção tomar conta.

            Personalidade. Se fôssemos definir a principal característica do SEU JUVENAL neste ROCK ERRADO, seria a palavra que melhor se encaixaria. Mas também, não poderíamos deixar de citar qualidade, espontaneidade e principalmente, liberdade. Sim, liberdade de fazer o som que lhe convém se se preocupar com o mercado. Música é arte. E arte não se fabrica. Se cria. E o grupo, tem, e muita, criatividade!


 

         
       Sergiomar Menezes
         

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