terça-feira, 21 de junho de 2022

RUNNING WILD - BLOOD ON BLOOD (2021)

 


RUNNING WILD - BLOOD ON BLOOD (2021)
Shinigami Records - Nacional

E a banda que possui uma das discografias mais consistentes do Heavy metal volta à carga com um novo álbum: o espetacular BLOOD ON BLOOD, lançado no ano passado e que saiu aqui pela Shinigami Records, numa parceria com a Sound City Records, SPV e SteamHammer. Se desde a "volta" a banda vinha ensaiando um retorno às suas origens (exceção ao fraco ShadowMaker de 2012), aqui ela finalmente mostrar sua verdadeira essência, num trabalho recheado de grandes riffs de guitarra, com aquelas melodias tão caras e peculiares ao grupo, acrescidos de um Rock n' Rolf cheio de vontade e determinação. Sim, o RUNNING WILD está definitivamente de volta e com um dos seus melhores trabalhos desde The Rivalry (1998).

O mestre Rock n' Rolf (vocal e guitarra) está muito bem assessorado por Peter Jordan (guitarra e backing vocal), Ole Hemplemann (baixo e backing vocal) e Michael Wolpers (bateria), grupo que está junto desde 2016, o que deu uma coesão e entrosamento nítidos logo nos primeiros acordes. O álbum foi gravado, produzido e mixado pelo próprio Rolf Kasparek, afinal, quem mais pode saber como o Running Wild deve soar do que o próprio Running Wild? A verdade é que o 17º álbum de estúdio dos alemães vem para sacramentar ainda mais a posição do então quarteto como um dos principais nomes do cenário, ainda que não tenha, como muitos dos seus conterrâneos, tanta popularidade e reconhecimento. A capa, belíssima como 98% das capas do grupo, é obra de Jens Reinhold, da Zen-Zart. Mas chega de papo e vamos ao que interessa: o disco!

A faixa título dá início à aula de Heavy metal que teremos pela frente ao longo das faixas presentes. "Blood on Blood" traz riffs "tipicamente" Running Wild, com um daqueles refrãos que fazem a gente cantar junto e tocar aquela air guitar sem olhar pros lados. De verdade, que baita música! E o curioso é que ela foi escrita durante a finalização do álbum anterior, o ótimo Rapid Foray de 2016. "Wings of Fire" vem na sequência e traz aquela atmosfera "hard n' heavy" que sempre permearam a carreira dos piratas, com uma linha de baixo e bateria bem características. Se o clima da faixa anterior já nos remetia aos anos 80, "Say Your Prayers" segue essa mesma linha, mas com uma dose maior de peso na guitarras. Mas, é necessário enfatizar: peso no que diz respeito ao Running Wild! Em seguida, um dos grandes destaques do álbum: "Diamonds and Pearls"! Sem muito o que escrever sobre, preste atenção nas guitarras da faixa e entenda o que quero dizer. Ainda mais no excelente solo, que mostra toda a classe e categoria do Rock n' Rolf. E o refrão... bom, escute aí me diga: não é um novo clássico? E tome mais metal clássico e direto em "Wild and Free". Se o álbum terminasse aqui, já estaríamos diante de um clássico...

Mas, para nossa sorte e felicidade, "Crossing the Blades", faixa título do EP lançado em 2019, vem para trazer o clima de pirataria em alto mar de volta, com aqueles vocais peculiares e tão próprios de Rock n' Rolf. "One Night, One Day" começa com um clima de canção, suave, quase uma balada, mas ganha intensidade e peso na medida, pra manter a qualidade lá em cima, sem deixar o clima cair. Essa é aquela faixa pra galera cantar junto e bêbada nos shows, com punhos cerrados (pra ficar mais próximo, é uma espécie de "United" do Judas Priest ou "In Union We Stand" do Overkill, mas na linha melódica e não na proposta lírica). "The Shellback" tem uma pegada mais próxima da somnoridade que a banda praticava nos anos 90, tanto que o próprio Rolf disse que ela poderia facilmente estar em Black HAnd Inn (1994). Já em "Wild, Wild Nights", temos aquele clima fantástico de "Diamonds on the Black Chest", do clássico Under Jolly Roger (1987). O encerramento vem com a épica "The Iron Times (1618-1648), onde a capacidade criativa de Rolf mostra que ainda pode surpreender.

BLOOD ON BLOOD é mais um marco na carreira do RUNNING WILD. Um álbum de uma banda que deveria ter um maior reconhecimento dentro do estilo e não ficar restrita apenas aqueles fãs que a acompanham há muito tempo. Voltar com a banda após a pausa nas atividades foi muito mais que um acerto. Foi a certeza de que o mundo precisa, e muito, do RUNNING WILD!

Sergiomar Menezes




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