Gravar um álbum no exterior. Com certeza, esse é um dos sonhos de muitas bandas brasileiras. E se for um álbum ao vivo então... Formada em 1992 e há mais de 20 anos contando com a mesma formação, a banda POP JAVALI, que pratica um hard/heavy com uma boa dose de classic rock, realizou uma turnê européia que abrangeu Inglaterra, Alemanha, Suíça, Itália e Holanda. E neste último, registrou seu primeiro registro no formato ao vivo. LIVE IN AMSTERDAM traz 8 faixas, com as quais o grupo mostrou aos holandeses que no Brasil se faz música de qualidade. E bota qualidade nisso!
Marcelo Frizzo (vocal/baixo), Jaéder Menossi (guitarra) e Loks Rasmussen (bateria) gravaram o show realizado no dia 19 de outubro de 2015 na casa The Waterhole, na cidade de Amsterdam e o resultado é uma apresentação cheia de energia e virtuosismo. Além de excelentes músicos, os integrantes do grupo sabem que apenas técnica não leva á lugar nenhum e imprimem em cada composição uma pegada e felling que faz toda a diferença. A captação do som foi feita por Onno Postma, que já trabalhou com nomes como Metal Church, Angra e Circle II Circle. Produzido, mixado e masterizado por Andria Busic (DR. SIN), o álbum conseguiu captar com clareza a sonoridade da banda.
Apesar de ter dois álbuns de estúdio lançados, LIVE IN AMSTERDAM traz apenas músicas do segundo trabalho do trio, The Game of Fate, lançado em 2015. Após a Intro, faixas como Road to Nowhere (um excelente hard/heavy), Free Men (mais pesada e com grande trabalho de baixo/bateria), Lie To Me (um daqueles rocks caprichados e com uma guitarra com um pé nos anos 70), A Friend That I've Lost (a mais metal de todas), Wrath Of The Soul (com arranjos bem interessantes, e mais uma vez, outra grande performance do batera Loks Rasmussen), Time Allowed (com uma pegada mais hard) e I Wanna Choose ( pesada e com aquele groove que só quem conhece sabe como fazer) compõem o álbum e mostram uma banda entrosada e coesa, mostrando ao público sua categoria.
A banda já tem agendado o lançamento do próximo álbum de estúdio que deve sair no ano que vem. Produtividade e efetividade aliadas à técnica e dedicação á música fazem do POP JAVALI uma das grandes bandas do estilo no país. e LIVE IN AMSTERDAM só vem a comprovar isso.
Formada em 2013, a banda INSANE DRIVER chega ao seu primeiro álbum. Apostando num metal moderno, pesado e vibrante, o quinteto de São Paulo (SP), mostra que mesmo com pouco tempo de estrada, a técnica e qualidade apresentadas aqui superam as expectativas, com composições intensas e bastante variadas, usando o peso das guitarras de forma eficiente. Buscando inspiração em nomes dos mais variados estilos, como por exemplo, Iron Maiden Metallica, Pantera, Alter Bridge, Killswitch Engage e Dream Theater, o grupo molda sua identidade própria com personalidade. E tudo isso pode ser ouvido no excelente INSANE DRIVER, lançado de forma independente agora em 2016.
Marcos Bolsoni (vocal - que gravou o álbum, mas não está mais na banda, dando lugar à Eder Franco), Danilo Bigal (guitarra/backing vocal), Deivid Martins (guitarra), Nei Souza (baixo/ backing vocal) e Wagner Neute (bateria e teclados) trazem 11 faixas carregadas de peso e uma pegada bastante atual. E vejam, quando eu falo atual, me refiro a uma sonoridade moderna, com guitarras pesada e uma levada mais cadenciada, com mudanças de andamento e músicas muito bem trabalhadas. E a produção do álbum, que ficou sob a responsabilidade de Tiago Oliveira soube valorizar isso de forma excelente, pois temos tudo limpo e cristalino mas ao mesmo tempo pesado e intenso. Aliados a mixagem e masterização realizadas por Denis Salgado e Victor Salgado da Rua D. Produções, que ressaltou ainda mais esse lado da banda. A capa e arte gráfica também ficaram muito boas e são obras de Fabíola Russo e Alexandre Santos.
Endless Path é uma introdução acústica e antecede The Edge Of Life, uma faixa que de início já deixa clara a proposta da banda. Riffs muito bem trabalhados, uma cozinha pesada e muito técnica e uma melodia que consegue soar agressiva em alguns momentos sem se perder. O que impressiona logo na primeira faixa é o esmero com que o grupo trata suas composições. Timbragem perfeita e uma linha mais cadenciada (algo que se repete ao longo do álbum), mas que apresentam mudanças de andamento. O baixo cheio de groove de Nei Souza dá início a pesada Firstly My Breakfast. O vocal de Marcos se mostra bem competente, pois vai do mais rasgado em alguns momentos á passagens mais limpas sem perder a qualidade. O bom trabalho de backing vocals aqui também é percebido. Com quase sete minutos de duração Tide Of Tears é uma faixa bem mais "suave", com um apelo mais prog metal. Bem executada, a faixa mostra que o grupo é versátil, não se limitando á uma única linha de composição. Buried Thoughts tem um começo mais introspectivo, melancólico até, mas ganha peso quando as guitarras de Danilo e Deivid formam uma parede densa, mas tudo isso aliados á uma melodia que se mantém durante a execução da faixa. E o refrão ficou perfeito pois ganha intensidade e ainda, temos um belo solo para abrilhantar ainda mais essa grande faixa. Fallen Dreams tem uma cara mais próxima do metal tradicional, onde as influências de Metallica que o grupo possui acabam falando mais alto em alguns momentos, mas as mudanças de andamento mostram mais uma vez a personalidade do grupo.
Change possui muito peso e mais vez temos aqui, o lado mais heavy metal do grupo. O que a dupla de guitarristas faz aqui é sensacional, pois temos uma pegada forte e o baixo/bateria trabalham de forma uniforme. Talvez, a faixa mais pesada do álbum, a composição deve ficar excelente ao vivo. Em Today Is Sunday a banda cria melodias mais agressivas e o vocal de Marcos soa um pouco diferente fugindo um pouco do que o vocalista apresenta durante a execução do álbum, arriscando até mesmo alguns agudos e tendo um bom resultado. Faithless Breath tem uma linha mais cadenciada, mas não esquecendo do peso. A melodia do refrão soa bastante melancólica sem com que isso torne a faixa "pra baixo", se é que me faço entender. Em Make Decisions temos a volta do lado mais "heavy" do grupo. Grande trabalho de baixo/bateria (impressionante o entrosamento da dupla Nei e Wagner) e as guitarras, como em todo o álbum, expressam muito peso e técnica. O trabalho se encerra com a bonita Tears of Blood, onde o teclado cria um clima para a interpretação cheio de felling de Marcos. Na metade da faixa, as guitarras aparecem para deixar tudo mais pesado, fechando o álbum em grande estilo.
Ouvindo esse trabalho de estréia do INSANE DRIVER podemos ficar na dúvida se realmente a banda tem apenas três anos de estrada e que recém tenha lançado seu primeiro álbum, tamanha a qualidade e profissionalismo apresentados aqui. Uma banda que tem um futuro ( e porque não dizer, um presente) brilhante e que tem tudo para figurar entre os grandes nomes do metal brasileiro. Personalidade, uma sonoridade atual e pesada e muita qualidade aliada à técnica. Tudo isso fazem do auto intitulado álbum do grupo um dos destaques desse 2016.
Um thrash metal agressivo e calcado no que de melhor o estilo ofereceu durante os anos 80. Pode soar um tanto quanto simples classificar a sonoridade apresentada pelo grupo JAILOR de Curitiba (PR). Formada em 1998 a banda busca inspiração no que bandas como Destruction, Sodom e Kreator fizeram (e ainda fazem), mas apresenta também, influências do que bandas como o Slayer por exemplo. Dessa mistura de estilos, temos uma banda bastante intensa, com riffs certeiros e muita brutalidade. Ou seja, thrash metal como ele tem que ser! É isso que ouvimos em STATS OF TRAGEDY, segundo trabalho do grupo, lançado em 2015.
Flávio Wyrma (vocal), Alessandro Guima (guitarra/backing vocal), Daniel Hartkopf (guitarra), Emerson Niederaurer (baixo) e Jefferson Verdani (bateria) apresentam 9 faixas (sendo uma delas é uma pequena introdução) onde as guitarras ditam a ritmo, imprimindo muito peso ao trabalho. Baixo e bateria precisos e agressivos também ganham destaque pois criam bases rítmicas bastante intensas. O vocal, mais rasgado, traz as influências do thrash alemão de forma mais latente. O álbum foi gravado e mixado por Maiko Thomé Araújo e conseguiu passar a agressividade e violência do som do grupo mantendo o peso e sujeira que são característicos do estilo. Além disso, a capa é uma verdadeira obra de arte, muito bem elaborada e desenvolvida por Anderson L.A., retratando o conceito por trás do título.
G.O.D. é uma introdução, até certo ponto desesperadora, que antecede Human Unbeing, uma paulada com riffs ríspidos e bateria veloz e pesada. Sem se prender á rótulos ou limites a banda, mesmo tendo traços de suas influências, acaba criando sua identidade, pois imprime personalidade a cada nota da composição. Stats of Tragedy já começa com riffs insanos e metendo um chute na boca do estômago! A brutalidade e violência proporcionados pela dupla Emerson e Jefferson (baixo e bateria) encontram nas guitarras de Alessandro e Daniel um encaixe perfeito. Throne of Devil é mais variada, com mudanças de andamento, o que mostra a versatilidade do grupo na hora de compôr. Isso acaba por mostrar que o Jailor tem convicção do que quer, pois não segue a "cartilha", buscando sempre criar sua própria dinâmica. Merciless Punishment traz outro grande trabalho da cozinha, enquanto os riffs variam entre a agressividade e a melodia (dentro da proposta da banda, que fique claro).
E tome mais riffs old school em Jesus Crisis. Muito peso e brutalidade, mas com um nível de técnica acima da média garante bons momentos de headbanging, algo comum durante toda a execução do álbum. The Need Of Perpetual Conflict tem guitarras muito boas, principalmente em seu início, lembrando um pouco o Slayer. O baixo pesada e bem trabalhado de Emerson dá início á Ephemeral Property, que ganha intensidade e peso quando as guitarras despejam seus riffs brutais. O vocal aqui ganha contornos mais diretos o que dá um destaque à faixa. O encerramento vem com Six Six Sickness, uma faixa bem trabalhada, com variações de seu andamento e com guitarras mais sujas e intensas.
STATS OF TRAGEDY mostra uma banda com forte personalidade e muita disposição em praticar um thrash metal brutal, agressivo, pesado e sujo. Poucas bandas conseguem passar para a música a violência e brutalidade dos dias atuais com tanta precisão. E com toda a certeza, o JAILOR é uma delas!
E a máquina alemã de fazer thrash metal está de volta! Três anos após Epitome of Torture, o SODOM volta a nos presentear com o mais puro thrash germânico com o excelente DECISION DAY, lançado por aqui pela Shinigami Records. Sempre citado como um dos baluartes do estilo (ao lado do Kreator e do Destruction), o trio sempre se caracterizou por ser o mais "cru", e até mesmo mais agressivo que seus compatriotas. Mantendo-se fiel ao estilo que sempre norteou seus trabalhos, o grupo traz neste novo álbum, 11 faixas repletas de riifs, solos, velocidade, peso e muita brutalidade.
Tom Angelripper (baixo e vocal), Bernemann (guitarra) e Makka (bateria) formam o grupo desde 2010. E desde o lançamento de In War and Pieces (que saiu neste ano), os alemães vem mantendo uma regularidade, seja no intervalo entre um álbum e outro seja na qualidade do material apresentado nesses trabalhos. Mas DECISION DAY consegue superar os anteriores! O tempo passa e a banda parece não "envelhecer". Toda a brutalidade e agressividade do grupo permanecem intactas! A produção de Cornelius Rambadt em parceria com a banda deixou a sonoridade na medida certa: suja, pesada e brutal! A capa, pra fechar o pacote, é mais uma obra de arte do mestre Joe Pentagno. em resumo, temos em mãos um dos melhores álbuns da banda. E um dos melhores do ano!
In Retribution abre o álbum com os dois pés na porta! Como manda a tradição, o grupo arregaça com guitarras nervosas, com riffs agressivos e bateria brutal, além da voz de Angelripper que parece não sofrer desgaste com a passagem do tempo. Aliás, a forma como ele canta (mais rasgada), deixa a música ainda mais violenta. Assim como na sensacional Rolling Thunder! Que música! E tome riffs e mais riffs! Cortesia de Bernemann que capricha nas seis cordas. Essa é aquelas faixas que a gente não sabe se bate cabeça ou sai quebrando tudo pela casa! Decision Day já possui um riff mais característico, voltado a um andamento mais moderado, mas nem por isso menos pesado. E destaque para Makka que estando há seis anos no grupo, já incorporou o "way of life" do Sodom. O baixo nervoso de Tom Angelripper anuncia mais uma porrada: Caligula, com toda a certeza, deve figurar nos sets do grupo ao vivo. Sem deixar pedra sobre pedra, a faixa transborda agressividade e rispidez e conta com um refrão de fácil assimilação. Who is God? é outra faixa veloz e direta. Não tão pesada, a composição busca nas influências do punk rock sua estrutura. Mas sem perder a identidade única da banda.
Strange Lost World é mais cadenciada, arrastada até, mas tem nas guitarras de Bernemann seu destaque. O solo presente aqui também merece ser mencionado, pois foge daquele padrão estabelecido, buscando um pouco de melodia (sem exageros). Em Vaginal Born Evil, temos um início mais ameno mas que logo em seguida ganha uma velocidade absurda e acaba sendo um dos destaques do trabalho também. E por falar em velocidade, Belligerence parece ter uma metralhadora comandando a bateria em seu inicio, ganhando peso e uma alteração no andamento, o que confere um clima diferente à faixa. Essa variação mostra que o Sodom é uma banda que não parou no tempo. Escute a faixa com atenção que você entenderá o que quero dizer. Já Blood Lions mostra um lado mais típico do grupo, com riffs diretos e insanos. Outra grande faixa! Sacred Warpath, que já havia saído em um EP lançado pelo grupo em 2014, traz um Tom Angelripper não apenas cantando bem, mas mostrando (o que não é novidade) tratar-se também de um grande baixista. O fechamento vem com Refused to Die, que possui bons riffs, mas não acrescenta muito ao que o álbum como um todo representa.
DECISION DAY mostra que o SODOM não vive apenas do seu passado. Aliás, esse trabalho pode ser considerado como um dos melhores do grupo em muitos anos. Quem acompanha a carreira do trio alemão irá concordar comigo. Não á toa, o álbum está na lista de melhores de 2016 desse blog. E podem anotar: estará em todas (ou na maioria delas) listas da mídia especializada!
Ódio. O mais puro e simples. É sobre esse sentimento tão inerente ao ser humano que o grupo SIOD, de Avaré (SP), canta em meio a guitarras carregadas de peso, destilando em cada nota uma forte dose de raiva. Se auto denominando os "profetas malditos do ódio", os músicos investem em uma sonoridade bastante peculiar agregando ao som influências diversas que vão do metal ao hardcore e criam o que eles mesmo chamam de Hate Metal. Difícil imaginar? Escutando, essa dificuldade acaba em segundos. esSIODio foi lançado em agosto desse ano e traz oito composições.
SIOD é derivado de "esse ódio" (essSIODio). O grupo é formado por Umberto Buldrini (vocal e guitarra), Fabiano Gil (baixo) e André Silva (bateria). Originalmente, o grupo foi formado pelo vocalista, guitarrista e compositor Umberto Buldrini em 2013, embora algumas composições tenham surgido ainda em 2006. Nesses dez anos, o "ódio" amadureceu e veio a se consolidar de vez com essa formação. Produzido pelo próprio guitarrista e pelo baixista Fabiano Gil o trabalho possui uma boa dose de peso e ficou com uma sonoridade adequada à proposta da banda. Além disso, o trabalho vem em um belo digipack, o que acaba dando maior destaque ainda, provando que mesmo sendo independente, dá pra colocar no mercado trabalhos com qualidade.
Maldade abre o álbum e de certa forma consegue resumir bem o estilo musical adotado pelo grupo. Temos algo de stoner nas guitarras mas ao mesmo tempo, aparecem riffs pesados com um pé no thrash e no metal mais atual, enquanto a cozinha, busca no punk/hardcore repassar a fúria contida nas letras do grupo. Traumatismo Moral é mais cadenciada, mas mantém a atmosfera pesada e densa e entra ainda mais dentro do stoner metal. Já a faixa título tem uma pegada fortemente influenciada pelo hardcore, chegando a virar um crossover (guardadas as devidas proporções) em alguns momentos. Paranóia é mais próxima do heavy metal e possui guitarras ríspidas e intensas. Com uma levada mais amena, a faixa transpassa bem o clima mais sombrio em certas passagens, e se diferencia exatamente por isso. Além disso, a bateria de André Silva ganha um maior destaque, por imprimir muito peso à composição.
Buraco da Fé tem um baixo "gordo", e podemos dizer que tem um certo groove, mas sem exageros. Arrastada, a faixa ganha peso e intensidade durante sua execução e mostra bem que a produção acertou a mão em deixar tudo cru, ressaltando a sujeira presente nas composições. Em Coragem Amigo é a faixa mais diferente do álbum, pois as guitarras aqui ganham contornos mais "suaves" e contrastam com a letra que destila ódio sem olhar para os lados. O crossover hardcore/metal volta a aparecer em Não Tira Não. Variando entre a velocidade e o peso mais arrastado, o vocal aqui soa mais agressivo que no restante do trabalho. O encerramento vem com Cercado de Vermes, outra faixa que faz esse mix entre o metal e o hardcore.
Com esse trabalho de estréia, o grupo do interior de SP mostra, acima de tudo, personalidade. Em meio a um cenário onde muitas bandas soam iguais, ou tentam copiar os medalhões, o SIOD chega para revigorar e dar uma sacudida na cena. esSIODio, em suas oito faixas, transforma o trio em propagadores do Hate Metal. Tá aí... Criaram um estilo!
E o site O SUBSOLO (www.osubsolo.com), completa 01 ano de atividade em prol da música underground e quem ganha o presente somos nós! Para comemorar seu primeiro ano, é lançada a COLETÂNEA O SUBSOLO, contendo 22 bandas e como não poderia deixar de ser, temos os mais variados estilos presentes aqui. Punk/hardcore, thrash, death, rock n' roll, metal tradicional... Tudo aquilo que temos em nosso underground pode ser encontrado aqui.
Simples mas eficiente, o trabalho foi elaborado de forma independente. A capa é obra do criador do site, o brother Maykon Kjellin. E segundo o próprio, após esse primeiro ano, chegou a hora de levar adiante o objetivo do site que já fazia matérias e resenhas para a divulgação das bandas, mas que com o lançamento da coletânea, ganha ares maiores.
Como toda coletânea, temos sempre algumas bandas que acabam se destacando. Temos também aquele "desnivelamento" entre uma produção e outra, algo bem comum tendo em vista o formato de projeto. Podemos destacar o In Soulitary (SP), que pratica um som bem trabalhado com influências de death metal melódico, mas que também navega pelo power, com vocais guturais e limpos, o Demolition (MG) com um thrash metal trabalhado e um vocal cheio de raiva e agressividade, o Dust Commando (RS) com seu stoner com as guitarras bem pesadas, o Bad Gnomo (RS) com seu hardcore agressivo e violento, o heavy metal moderno do V8 Corporation (SC), o hardcore com uma pegada mais leve do Holiday Nice (SP), o Incerto HC (PE), com um hardcore mais direto, na mesma praia o N.O.A.R.F. (SP) mantém a pegada punk. Temos também aquele thrash old school, com guitarras cortantes, cortesia do Red Razor (SC) e o death metal brutal do Deadpan (SC).
De forma geral, a coletânea merece destaque e reconhecimento, uma vez que é mais um veículo em prol da divulgação do underground brasileiro. Fica aqui os parabéns do REBEL ROCK ao SUBSOLO pelo primeiro ano de atividades e pelo lançamento deste projeto. Que venham mais pela frente!
Sem muita enrolação: à essa altura do campeonato, não é preciso escrever aqui quem é Kai Hansen, não é mesmo? Se você está lendo este blog, com toda certeza sabe que o veterano guitarrista alemão não apenas foi um dos fundadores do Helloween , como do próprio metal melódico. Dito isto, vamos ao que interessa. HANSEN & FRIENDS -XXX THREE DECADES IN METAL é um álbum solo de Kai Hansen para comemorar seus 30 anos de heavy metal (a contar do lançamento do clássico Walls of Jericho, do Helloween em 1985), e que chega por aqui em mais uma bela empreitada da Shinigami Records. Nesta "celebração", o alemão fez um verdadeiro quem é quem dentro do metal alemão entre seus convidados, além de contar com a participação de outros músicos de fora do seu país natal.
Para a gravação do trabalho, além do próprio Hansen nos vocais e guitarras, temos a presença de Eike Freese nas guitarras (e que vem fazendo um belo trabalho na remasterização dos antigos álbuns do Gamma Ray), de Alexander Dietz no baixo (guitarrista do Heaven Shall Burn) e de Dan Wilding (bateria, Carcass). Ou seja, músicos mais extremos que que aqui incorporam bem o espírito mais power metal do trabalho. E o resultado final, ficou muito bom. E não poderia deixar de ser, afinal estamos falando de um dos maiores compositores do estilo. A produção, ficou sob a responsabilidade do próprio guitarrista, de Eike Freese e de Alexander Dietz. Resumindo: tudo em casa. E ficou tudo em seu lugar. Com um grande número de convidados, o trabalho soa bastante uniforme, e temos desde músicas mais rápidas que nos remetem ao melódico, até músicas mais pesadas, além, é claro, de não esquecer do hard rock, estilo ao qual o velho Kai nunca esquece de inserir em seus trabalhos. A capa, simples mas bonita ficou bem interessante trazendo o nome de Hansen com a fonte utilizada pelo Helloween... Nunca é demais de lembrar que tanto ele quanto Michael Kiske (que participa do álbum) voltaram ao grupo alemão para uma "Reunion" tour...
Born Free abre o álbum com uma cara totalmente power metal. A única faixa que não conta com convidados especiais, mostra que Hansen não perdeu a mão (e parece que nuca perderá), quando o assunto é heavy metal. Fazendo um mix entre o que o Helloween fazia no início de sua carreira e o que o Gamma Ray vem fazendo ultimamente, a faixa passeia pelos dois mundos (que na realidade são um só) com extrema desenvoltura. Na sequência, Enemies of Fun traz as participações de Ralph Scheepers (Primal Fear e ex parceiro de Kai no Gamma Ray) e de Piet Sielk (Iron Savior, banda que teve Hansen entre seus membros no início da carreira). E temos aqui uma interpretação mais enérgica e intensa de Scheepers, algo não tão comum junto ao Primal Fear. Um dos destaques do trabalho, sem dúvidas! Contract Song, por sua vez traz ninguém mais ninguém menos do que Dee Snider nos vocais e de Steve McT. E confesso que apesar de interessante, esperava mais da composição. Um bom refrão e nada mais. Já a participação de Tobias Sammet (Edguy, Avantasia) em Making Headlines pode ser mais destacada. Com uma levada mais power, lembrando o que o Edguy fazia em um passado nem tão distante assim, a faixa tem um quê de hard rock em sua estrutura. Algo que Tobias Sammet faz também com o Edguy. Então temos Stranger In Time. Contando com as participações de Michaels Kiske Frank Beck, Tobias Sammet e Roland Grapow, a faixa é um belo exemplo de como uma composição do estilo deve soar. Intensa, por vezes mais lenta, acompanhada de backing vocals muito bem encaixados, a música é o grande destaque do trabalho.
A pesada Fire and Ice mostra aquela veia Judas Priest que sempre influenciou a forma de compôr do guitarrista. E conta com a participação de Clémentine Delauney (vocalista,Visions of Atlantis), Marcus Bischoff (vocal, Heaven Shall Burn), Richard Sjunnenson (vocal, The Unguided) e do seu antigo parceiro e fundador do Helloween, Michael Weikath (guitarra). E também podemos destacar como um dos grandes momentos do disco! Left Behind é uma faixa "estranha" dentro do trabalho. Com os vocais de Clementine e de Alexander Dietz, a faixa soa deslocada por não trazer linhas que venham a se assemelhar com o restante do trabalho. All or Nothing, que também conta com os vocais da bela Clémentine, tem uma linha que nos remete aos trabalhos da banda da vocalista em alguns momentos. Nao acrescenta muito ao disco também. Já Burning Bridges, lembra um pouco o Gamma Ray e tem nos vocais a participação do guitarrista Eike Freese. O encerramento vem com Follow The Sun, que tem a participação do filho de Kai, Tim Hansen na guitarra solo e de Hansi Kürsch (vocal, Blind Guardian)e é puro power metal alemão. bateria forte, guitarras pesadas e melódicas e um duelo vocal entre Kai e Hansi que ficou muito legal! Fecha o álbum de forma bem interessante.
KAI HANSEN é uma das figuras mais emblemáticas de todo o Heavy Metal. Não á toa, é convidado para participar de inúmeros projetos, além de integrar o Gamma Ray, Unisonic e agora de volta ao Helloween. XXX - THREE DECADES IN METAL é um belo álbum que serve para comemorar de forma "festiva" os 30 anos de carreira dessa lenda do Heavy Metal. E que venham mais 30. No mínimo!
Nunca havia me interessado o suficiente por nada feito pelo Stryper e seu líder MICHAEL SWEET, até hoje de manhã e confesso que me arrependi após escutar o excelente ONE SIDED WAR, que chega por aqui via Shinigami Records. Que disco legal de se escutar, cheio de canções energéticas e com muitas guitarras, cortesia do dono da bola, Ethan Brooks e o grande Joel Hoekstra (Whitesnake) além do destaque absoluto do álbum, o baterista Will Hunt, ex-Black Label Society e atual Evanescence. O cara simplesmente destrói, principalmente nas faixas mas rápidas, como Bizarre e Golden Age, esmerilhando nos bumbos e com levadas que elevaram o jogo por aqui.
Uma das coisas que me impressionaram em One Sided War, foi o peso das bases de guitarra, que foram totalmente feitas por Michael. Com um timbre gordo ao mesmo tempo definido, não foi nem preciso fazer aquela parede de guitarras para o troço funcionar no play, apenas uma guitarra de cada lado das caixas, fizeram um primoroso e efetivo serviço... palmas para o produtor, ops, é o Michael Sweet também!
Meus destaques são as ótimas Only you, Can't Take This Life (pesadíssima) e um dos singles do álbum, Radio, que traz uma crítica aos artistas de rock pesado que debandaram para a Country Music para conseguirem fazer mais sucesso (Bon Jovi, Steven Tyler, entre outros), com Joel Hoekstra tocando banjo e dando um solo de guitarra insano! Mr. Coverdale não erra nunca meus amigos...
Um grande álbum e ainda bem que não finalizei minha lista de melhores do ano. Estou achando que vou ter que colocar One Sided War no meu Top 10 de 2016. Graças a Deus... ops...
2016 trouxe grandes trabalhos de bandas internacionais. Desde nomes consagrados à nomes mais recentes, o ano mostrou que muitas bandas que já estavam sendo consideradas ultrapassadas, têm muito ainda à oferecer. Não á toa, bandas veteranas do Thrash Metal, lançaram os melhores álbuns em anos. Dos álbuns presentes aqui, alguns ainda não foram resenhados e outros ainda, acabaram saindo em outras publicações. Nunca é demais lembrar que essa lista reflete única e exclusivamente a opinião do REBEL ROCK. Sendo assim, seguem os 15 melhores álbuns de 2016:
2016 foi um ano atípico. Se levarmos em consideração os rumos tomados pela política e economia, talvez tenhamos vivido um dos piores anos nos últimos 20, 30 anos. Mas o HEAVY METAL nacional... Bem, esse está cada vez melhor. Confesso que foi tarefá árdua montar essa lista nacional. No ano passado, a lista teve 10 álbuns. Dessa vez, não consegui montar apenas 10 e acabei escolhendo 15 (mas poderiam ser 20...). Dos mais variados estilos, o metal brasileiro, por mais que algumas mentes fechadas ainda insistam naquela velha ladainha de que está morto, não deve nada á muitas das bandas de fora do Brasil. E quem acompanha esse blog, deve ter percebido que essa frase é quase que recorrente em meus textos. Bom, chega de papo e vamos á lista. São 15 álbuns excelentes e preferi também, não colocar em ordem de melhor para o "menos" melhor (rsrs). Claro que alguns acabaram se destacando mais, mas todos estão num excelente nível e os escolhidos estão logo abaixo. LONGA VIDA AO METAL NACIONAL!!!!!!
Cada vez mais eu me certifico de uma coisa: o metal brasileiro não deve nada ao metal lá de fora. NADA. E não estou forçando a barra. Basta dar uma pesquisada em muitos blogs, sites e revistas especializadas que você verá que muitos corroboram da mesma opinião que eu. Exemplos não faltam para que essa afirmação seja verdadeira. E um deles se chama NARCOHELL, novo trabalho do grupo carioca LACERATED AND CARBONIZED. Completando 10 anos de atividades, o grupo lança um álbum onde o seu death metal brutal, agressivo e técnico, se mostra mais uma vez eficiente, além de demonstrar que a banda não parou no tempo, buscando uma constante evolução.
O grupo é formado por Jonathan Cruz (vocal), Caio Mendonça (guitarra), Paulo Doc (baixo/backing vocal) e Victor Mendonça (bateria) e traz nesse novo petardo, 13 composições fortes e intensas onde a guitarra possui um papel fundamental, pois muito do peso que é apresentado aqui é de sua responsabilidade. Mas, obviamente, que a cozinha também merece destaque pois além de muito bem trabalhada e técnica, explora outras influências, criando variações que fogem ao lugar comum. Produzido por Felipe Eregion e pela própria banda, o álbum teve sua mixagem e masterização realizada por Andy Classen, o que por si só, já é garantia de extrema qualidade e peso. Com uma temática voltada ao que acontece no dia a dia da Cidade Maravilhosa, o grupo de certa forma escancara a realidade da situação atual do Rio de Janeiro, o que para muitos não é novidade. Mas que muitas vezes, acaba sendo vendido como não é. E a capa deixa isso bem claro.
Spawned In Rage abre o álbum deixando explícito o que teremos pela frente: death metal brutal, agressivo e técnico, carregado de peso e rispidez. Uma banda coesa e entrosada, despejando riffs brutais e um solo que se encaixa perfeito na execução da faixa. Grande trabalho de baixo/bateria, aliados ao vocal de Jonathan que possui uma agressividade natural, sem soar forçado. Narcohell, a faixa título é outra amostra de agressividade. Aqui, podemos destacar o baixista Paulo Doc, pois as linhas de baixo "crescem" de forma intensa e se completam com uma execução cheia de peso do batera Victor. Em Bangu 3 temos a participação de Marcus D'Angelo (Claustrofobia) e tem uma letra que mistura o inglês e o português, criando um diferencial, além de possuir um instrumental bem trabalhado. Severed Nation tem guitarras mais diretas, mas possui uma estrutura interessante, principalmente no solo bem técnico e "melódico" que ficou bem encaixado. The Urge traz influências do thrash, principalmente nos riffs, enquanto o gutural de Jonathan não deixa dúvidas sobre a agressividade do death metal da banda. Broken traz a participação de Mike Hrubovcak (Monstrosity) e faz um contraste interessante nos vocais com Jonathan. Além disso, a estrutura da faixa apresenta variações que dão um clima diferente à composição.
Terminal Greed mantém o clima brutal e pesado, com guitarras mais típicas do death metal. A bateria também ganha esse contorno pois aposta em alguns momentos em blast beats, o que ajuda nessa dinâmica. Condition Red é mais cadenciada, perfeita para bangear. Riffs fortes e uma levada de bateria mais simples são os destaques da faixa. Ruinous Breed é outra faixa que tem uma pegada mais death em alguns momentos mas possui um andamento diferenciado, onde a bateria mostra versatilidade e o vocal apresenta-se de forma mais gutural. Decree Of Violence me chamou a atenção por deixar bem nítidas as influências do thrash no som do grupo. E mesclar o death e o thrash de forma correta não é tarefa das mais fáceis. Mas o Lacerated and Carbonized faz parecer simples. Grande faixa! Parallel State é uma faixa instrumental e traz ritmos brasileiros em sua execução. não há aqui, como não lembrar do Sepultura dos bons tempos, principalmente do álbum Chaos A.D. E isso não é demérito, muito pelo contrário. Já em Hell de Janeiro, a banda traz uma letra em português rteratando de forma real o que acontece na Cidade Maravilhosa. Intensa e pesada, a faixa deixa a brasilidade da banda mais latente. O fechamento do trabalho vem com Mass Social Suicide, uma porrada na orelha, death metal pesado e sem concessões!
NARCOHELL coloca o LACERATED AND CARBONIZED de vez no rol das grandes bandas do metal nacional. Ou melhor, reafirma essa posição. Um álbum repleto de peso, agressividade e brutalidade, mas ao mesmo tempo técnico e bem trabalhado é prova mais do que cabal disso. Minha lista de melhores do ano já estava pronta. Depois dessa audição tive que refazer...
Formada em 2008, a banda carioca VOCIFERATUS lança agora em 2016 seu primeiro full lenght. MORTENKULT, chega para suceder o EP lançado pelo grupo em 2011, intitulado Blessed By The Hands of Flames. E o que temos aqui é metal extremo da mais alta qualidade! Praticando, como o próprio grupo afirma, um Blackened Death Metal muito bem trabalhado, pesado e agressivo, fica ais uma vez comprovada a capacidade das bandas nacionais. Já cansei de dizer mas volto a afirmar: muitas bandas nacionais não devem nada ás bandas de fora. E se você não acredita, basta escutar esse trabalhado com a devida atenção merecida.
O grupo é formado por Pedrito Hildebrando (vocal), Luiz Mallet (guitarra), Felipe Lima (guitarra), Lucas Zandomingo (baixo) e Augusto Taboransky (bateria) e consegue passar em 9 faixas, uma fúria e agressividade munidas de técnica e muita garra. O que faz com que logo de cara, o grupo se destaque no concorrido cenário nacional. Usando recursos que fogem do lugar comum, quando se trata de death metal, o grupo não tem medo de arriscar, e inclui passagens variadas aliadas a brutalidade do som que pratica. Incursões mais amenas, algumas percussões e até mesmo passagens que nos remetem ao folclore oriental podem ser encontradas em meio ao poderio sonoro apresentado pelo quinteto, sem que isso venha a causar algum tipo de baixa na agressividade da banda. A produção, que ressalta todas as qualidades do grupo, ficou muito boa enquanto a capa, é outra obra prima criada pelo brasileiro Marcelo Vasco, que vem se destacando internacionalmente neste quesito.
Eloi, Eloi, Lama Sabachthani é uma introdução que antecede a porrada Blood Runs Over Bayt Lahm, que possui guitarras destruidoras e um trabalho muito bem executado de baixo e bateria. Já o vocal também merece destaque, pois o gutural apresentado por Pedrito não soa reto como o da maioria, pois busca variar sua interpretação sem perder a agressividade, o que consegue de forma consistente. The New Opposition tem um início com clima mais oriental, mas em seguida ganha em peso e violência, pois os riffs ríspidos norteiam a faixa , fazendo com que a brutalidade ganhe forma e se mostra forte e intensa. Em Storms Are Mine há uma boa variação na estrutura da composição, em mais um excelente trabalho da dupla Lucas e Augusto (baixo e bateria, respectivamente), enquanto a dupla Luiz e Felipe mostram um entrosamento perfeito, alternando riffs e solos de forma perfeita. TCCMDV (Terrível Coisa é Cair nas Mãos do Deus Vivo) é uma faixa instrumental, percussiva, com muita influência do folclore oriental, o que se encaixou muito bem no contexto.
Mortenkult é outra paulada, com guitarras na frente, e com um diferencial: há a presença de um vocal feminino, que dá um toque diferente no clima brutal e intenso da faixa. Uma pegada forte e mais sombria, beirando o black metal é o que temos Chaos Legions Battlefront. Percebemos que as guitarras são fortemente inspiradas pelo lado mais sombrio do metal e ganham uma intensidade bem maior nessa composição. Com uma levada mais cadenciada, Where Hopes Dies traz mais uma aula de como deve soar a bateria em uma composição do estilo. Técnica e ao mesmo tempo crua e violenta, a faixa mostra a capacidade criativa do grupo, onde a versatilidade e a disposição de não se prender a rótulos pré-determinados garantem uma personalidade própria à banda. Amenti Mix encerra o play, com a mesma qualidade apresentada ao longo do álbum.
Neste trabalho de estréia, o VOCIFERATUS apresenta mais do que apenas composições extremas e brutais. Temos aqui, faixas fortes, intensas e com influências de gêneros de fora do metal, que criam identidade e dão uma cara própria ao grupo. MORTENKULT deve agradar aos fãs da música brutal e agressiva, que não abrem mão da criatividade e da técnica.