Formado em 1990, o grupo sueco IN FLAMES surgiu fazendo um som brutal e ao mesmo tempo melódico. Essa junção de estilos acabou por se tornar conhecida como "Gothenburg Sound". Ao seu lado, bandas como Dark Tranquility, At the Gates, Soilwork, entre outras também ajudaram a moldar esse estilo, que ficou mais conhecido por alguns como "death metal melódico". Os primeiros álbuns do grupo traziam muito peso e agressividade e dosavam na medida certa essa mistura com a melodia. E, mostrando que era uma banda diferente que não se prendia a nenhum tipo de rótulo pré-estabelecido, os suecos ao longo da carreira foram incorporando sonoridades adversas e com isso acabaram por afastar muitos fãs. O certo é que, mesmo sem manter a pegada dos primeiros álbuns, a banda seguiu em frente, mostrando personalidade. E isso, pode ser comprovado mais uma vez. BATTLES, seu décimo segundo álbum de estúdio, que chega por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, traz faixas que em alguns momentos até resgatam aquela velha sonoridade, mas explicita uma pegada que vem sendo praticada pelo grupo há um bom tempo.
Atualmente o grupo é formado pelo vocalista Anders Fridén, Björn Gellote (guitarra), Nicklas Engelin (guitarra), Peter Iwers (baixo) e Joe Rickard (bateria). Neste trabalho, o quinteto apresenta 12 faixas (sendo que a versão nacional traz duas bônus tracks), onde as características que vem sendo conduzidas pela banda desde Reroute To Remain (2002) se mostram mais latentes. Acusado muitas vezes de ter "americanizado" seu som, o grupo segue em frente tendo como grande destaque a versatilidade de Anders Fridén. Dono de uma interpretação que dispensa comentários, o vocalista mostra desenvoltura e participa como co-autor de todas as faixas do trabalho. Aliás, a produção, como sempre, ficou excelente, tudo no seu lugar, limpo e cristalino. Mas, de certa forma, um pouquinho e "sujeira" por aqui não seria nada mal...
De uma forma geral, BATTLES apresenta melodias bem trabalhadas e em certos momentos mais acentuadas. Isso não impede que Björn Gellote e Nicklas Engelin sentem a mão, pois as guitarras soam pesadas e nervosas na maioria das vezes. Isso já fica nítido na "americanizada" Drained, faixa que abre o álbum e que conta um refrão de fácil assimilação. The End é uma faixa "fácil", daquelas que com certeza tocariam em rádios rock (se houvessem rádios rock por aqui). Já The Truth... Bom, essa composição mostra um lado mais pop do grupo. Não que ser pop seja ruim. O problema é a estrutura da faixa. E o refrão não condiz com a história da banda. Escute e você irá entender. Em In My Room, a banda mescla as características de álbuns como o já citado Reroute To Remain com Sounds of Playground Fading (2011) e Sirens (2014). Em Through My Eyes temos um pouco do "velho" In Flames, pois temos velocidade, peso e uma certa dose de brutalidade e uma melodia bem intensa. A faixa título é pesada e possui um andamento mais cadenciado, com um acento pop em certas passagens. Underneath My Skin novamente coloca tudo em seu devido lugar pois traz o peso e riffs mais agressivos. E Fridén mostra seu talento mais uma vez. Das bônus tracks, Greatest Greed é pesada e se aproxima um pouco do metal norte americano mais atual, enquanto Us Against The World poderia estar no tracklist regular, pois traz os elementos que caracterizavam álbuns como Colony (1999) e Clayman (2000).
Em resumo, BATTLES pode não estar á altura dos grandes álbuns da banda, nem mesmo daqueles considerados de transição. Mas garante aos fãs bons momentos, deixando de lado um pouco dos elementos que vinham acompanhando a banda em seus mais recentes lançamentos. O IN FLAMES não precisa provar nada pra ninguém. Uma carreira construída através de inovação e visão sem limites moldou sua sonoridade através dos anos. Fica a critério de cada um escolher se isso foi bom ou ruim.
Sergiomar Menezes
BOA!
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