quarta-feira, 1 de maio de 2019

FORKILL - THE SOUND OF THE DEVIL'S BELL



                      Quem lê esse blog ou acompanha a opinião deste que vos escreve sabe bem o que penso a respeito do Heavy Metal brasileiro, em especial, das bandas nacionais. Nós, na maioria das vezes, preferimos aplaudir bandas medianas que vem lá de fora, que costumam tocar em locais minúsculos, mas que, sabe-se lá o por quê, ostentam um status que não possuem ao chegar aqui. Muitas vezes, fazem exigências para tocar aqui, as quais lá fora, nem pensam em fazer. Mas, ao dizer isso, só quero expressar o quanto acabamos perdendo ao não valorizarmos nossos talentos. E, sendo absolutamente sincero, esse novo petardo do quarteto carioca FORKILL só vem a corroborar aquilo que digo. THE SOUND OF THE DEVIL'S BELL é um primor de álbum de THRASH METAL! Sabe aquele típico thrash Bay Area, raivoso, visceral, trabalhado e muito agressivo? É isso que encontramos no segundo disco do grupo, onde não apenas a música fala por si, mas tudo mais que envolve um trabalho profissional e carregado de técnica.

                 Formada por Matt Silva (vocal e guitarra), Ronnie Giehl (guitarra), Gus N.S. (baixo) e Rodrigo Tártaro (bateria), a banda apresenta 13 faixas, contando com uma introdução e uma bônus track, repletas daquilo que de melhor o Thrash trouxe ao metal: Riffs! Sim, o álbum é repleto de riffs insanos, ríspidos e agressivos, como todo disco de Thrash Metal tem que ser! Além disso, o trabalho vem numa bela embalagem, contando com um pôster, adesivo, palhetas... Profissionalismo que deve servir de exemplo pra muita banda aí que pensa que é grande, mas que não sabe nem lidar com seu próprio trabalho. Gravado no Estúdio HR, no Rio de Janeiro em janeiro dese ano. Produzido, mixado e masterizado por Daniel Escobar, que contou com o auxílio de Ronnie na co-produção, e soube deixar a sonoridade do grupo sujo, pesada e ao mesmo tempo, precisa e bem direta. A capa foi obra de Rafael Tavares e combinou muito com a música presente no trabalho. Resumindo: Não bastasse a música, que é excelente, o conjunto dá obra da ainda mais respaldo para dizer que estamos sim, diante de um dos melhores álbuns nacionais de 2019!

                    A intro "Succubus Lament" abre o álbum e nos prepara para o primeiro soco na boca do estômago. "Emperor of Pain" já começa na melhor tradição da Bay Area, veloz, agressiva e com riffs sujos, onde as guitarras chegam a nos lembrar a melhor dupla do Thrash Metal americano (pra quem não sabe, estou falando de Gary Holt e Rick Hunolt, os mestres supremos do Exodus), o que se comprova pela divisão dos solos entre Ronnie e Matt. Na sequência, uma faixa que, "Let There Be Thrash", uma faixa que tem tudo para se tornar um clássico do metal nacional. Letra, levada, riffs... que baita música! Impossível alguém que se diz fã do estilo ficar indiferente a essa faixa. Com momentos mais variados, mas carregada de peso e solos destruidores, a composição é um dos grandes (e inúmeros) destaques do álbum. "Keepers of Rage" vem em seguida e possui um andamento mais cadenciado, mostrando que o entrosamento da cozinha composta por Gus e Rodrigo (baixo e bateria, respectivamente) garante o peso na dose certa. "When Hell Rises", traz também um andamento mais cadenciado, carregado de peso, lembrando (pelo seu andamento, clássicos co Inner Self, Blacklist, entre outros). O vocal de Matt aqui ganha uma dose extra de agressividade, algo que acrescenta mais intensidade a faixa. "Warlord" inicia com uma narrativa vinda das profundezas do inferno, para em seguida assumir riffs totalmente thrash, com momentos bem trabalhados durante sua execução. Além disso, o refrão é daqueles que nos fazem cantar junto com a banda. A acústica "Leviathan" serve como uma espécie de intro, que nos prepara para a segunda parte do trabalho.

                     "R.E.D. (Requiem Endless Devil)" é outro petardo, onde as guitarras da dupla Ronnie e Matt assumem o comando, massacrando os tímpanos mais delicados. E aqui cabe um comentário mais específico. Disco de Thrash tem que ser voltado para as guitarras, não tem como ser diferente. Tem muita banda grande, mainstream por aí, que parece ter esquecido disso... A faixa ainda traz um solo inspirado de Ronnie que carrega consigo influências dos mestres Gary Holt e Kerry King. "Killed at Last" resgata um pouco daquela atmosfera anos 80, época em que o Thrash era feito com o coração, deixando de lado aquela necessidade de agradar aos que não tem intimidade com o estilo. Assim como "Old Skullz", que, além dos riffs viscerais, entra com os dois pés na porta, mostrando que se tem um estilo que sabe ser mortal e verdadeiro, esse estilo é o THRASH METAL! "In Your Face", segue a mesma linha de "Killed at last", mas tem em sua execução um momento mais intenso e trabalhado, com destaque para o baterista Rodrigo que senta a mão sem piedade em seu kit. "Knights of Apocalypse", também acústica, encerraria o álbum, mas temos a bônus "Vendetta", que fecha o álbum em grande estilo, do jeito que começou, despejando riffs agressivos, e com uma levada perfeita para o mosh!

                  THE SOUND OF THE DEVIL'S BELL é um trabalho perfeito para os amantes daquele Thrash Metal que consagrou bandas como Exodus, Overkill, Death Angel, e até mesmo Slayer. O FORKILL soube como poucos agregar suas influências e moldar sua personalidade nos entregou um álbum que, sem nenhuma dúvida, entre os melhores do ano em todas as listas da mídia especializada. A não ser que, mais uma vez, esqueçamos de dar o devido valor e reconhecimento ao metal brasileiro... A banda, nos créditoa dedica o trabalho a todos os headbangers que lutam para que o metal nunca deixe de existir. Se bandas como o FORKILL seguirem na batalha fazendo álbuns desse nível, o metal continuará resistindo!

         



                    

                   Sergiomar Menezes

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