terça-feira, 15 de setembro de 2020

AS THE PALACES BURN - ALL THE EVIL (EP) (2020)

 


Muitas bandas, após lançarem seus trabalhos de estréia, acabam criando muitas expectativas sobre seu futuro e, principalmente, sobre sua música. No entanto, muitas vezes, tais perspectivas acabam não se confirmando, seja por mudanças de direcionamento, seja pela falta de profissionalismo em administrar sua carreira, ou seja por motivos diversos. Mas também, tantas outras conseguem, não apenas confirmar essas expectativas, como também despertam no ouvinte a sensação de que, apesar da excelente qualidade apresentada, a busca pela excelência não precisa parar. E, felizmente, esse é o caso da banda AS THE PALACES BURN. Seu mais recente trabalho, o EP ALL THE EVIL, vem, não apenas para confirmar aquilo que a banda apresentou em End'evour, seu primeiro álbum lançado em 2019, mas para mostrar que quarteto possui uma musicalidade muito acima da média e que sabe exatamente como e onde quer chegar.

Alyson Garcia (vocal), Diego Bittencourt (guitarra e vocal), André Schneider (baixo) e Gilson Naspolini (bateria) apresentam em ALL THE EVIL, duas faixas inéditas e mais cover. E se no álbum de estréia foi o momento de homenagear o Rei Diamante, dessa vez a turma de Jon Oliva foi a escolhida, num justo e merecido reconhecimento a importância do Savatage. Produzido pela própria banda no Estúdio IMGN em Criciúma/SC, o EP foi mixado e masterizado por Adair Daufembach (Hibria, Project 46, Angra, Semblant, entre outros) e teve a arte de capa assinada pelo renomado Marcelo Vasco (Slayer, Kreator, entre outros). Segundo Diego Bittencourt "...pensamos em contar nas letras os acontecimentos que antecederam o álbum de estréia e que foram muito bem retratadas na arte de capa. Em termos instrumentais, foi possível estabelecer a sonoridade característica da banda que, nos próximos registros, estará ainda mais evidente". 

"All the Evil" faixa que dá nome ao EP é a primeira e mostra que a banda conseguiu, neste curto espaço de tempo, agregar uma pegada um pouco mais pesada a sua sonoridade. Diego imprime uma dose extra de agressividade nos riffs, enquanto a cozinha formada por André e Gilson mostra um entrosamento perfeito. Aliás, é necessário dizer: Gilson é um puta de um baterista! O cara consegue aliar peso, técnica e versatilidade como poucos ao sentar a mão sem piedade em seu kit. Somado a isso, Alyson conseguiu impôr uma maior naturalidade à sua voz, navegando com muita facilidade entre o agressivo e o melódico, moldando ainda mais sua personalidade. Há influência de metal tradicional, thrash, até mesmo pequenas passagens death metal (ainda que mínimas), o que colocadas lado a lado, moldam a identidade da banda. "Nothing Lasts Forever" apresenta uma estrutura semelhante, mas carrega um pouco mais de peso, onde mais uma vez, Gilson ganha destaque. A sonoridade moderna do quarteto ganha um espaço mais vigoroso, no entanto, em alguns momentos, alguns ritmos brasileiros (mais próximos do que o Angra fazia) aparecem criando uma atmosfera ainda mais interessante. Pra encerrar, "Hall of the Mountain King", um tributo ao Savatage, numa versão honesta e com uma interpretação inspirada de Alyson.

ALL THE EVIL, mesmo sendo um EP, mostra que pouco mais de um ano após o álbum de estréia, o AS THE PALACES BURN não parou no tempo, arregaçou as mangas (apesar da pandemia) e nos entregou um trabalho que peca apenas por conter três faixas. Mas coo escrito lá no começo do texto, a banda nos deixou numa expectativa de que virá algo ainda mais poderoso em um trabalho vindouro. Nos resta apreciar o que temos e aguardar ansiosos pelo que vem pela frente. Com foco na música e sabendo como conduzir sua carreira, o ATPB tem tudo para figurar  entre os grandes do metal nacional.

Sergiomar Menezes 






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