quarta-feira, 16 de setembro de 2020

BRAZIL ROCK CITY... THE BRAZILIAN TRIBUTE TO KISS (2020)

 


Seja você fã do KISS ou não, uma coisa é inegável: poucas bandas tem a importância que esses quatro mascarados (ou não) possuem na história do rock. Desde sua fase inicial, passando por todos os modismos que a banda acabou abraçando durante toda a sua vitoriosa carreira, todo fã de rock gosta, pelo menos de uma música do grupo. E, falo com propriedade, pois ao conversar com muitos artistas do metal nacional, cheguei a conclusão de que se não fosse a vinda do grupo ao Brasil em 83, a cena do rock/metal brasileira não seria a mesma. Talvez viesse a ocorrer de forma diversa, mas não teria o mesmo impacto. E se Stanley, Simmons, Frehley e Criss iniciaram tudo isso (sem desmerecer todos os outros músicos que já pintaram a cara ou não que passaram pela banda) têm toda essa importância, nada mais justo que um tributo brasileiro para reverenciar esse gigante do rock mundial. E, não tenho nenhuma dúvida em afirmar que BRAZIL ROCK CITY... THE BRAZILIAN TRIBUTE TO KISS é o melhor trabalho nesse formato já realizado em todos os tempos. 

O selo Armadillo Records (subsidiário da Secret Service Records) virou referência quando o assunto é trabalho nesse formato. Black Sabbath, Motorhead, AC/DC, Deep Purple... A lista vai crescer ainda mais, pois já existem novos trabalhos sendo anunciados. Com uma ótima qualidade, tanto de produção como na arte gráfica, o álbum duplo merece todo elogio a ele direcionado, tamanho o cuidado e empenho em colocar no mercado algo tão completo como este tributo. São 21 faixas distribuídas por todas as fases da banda e traz grupos dos mais variados estilos, o que acaba comprovando ainda mais a importância e relevância do grupo. Mas vamos ao que interessa!

"Heaven's on Fire", clássico de "Animalize" (1984), ganhou uma versão totalmente thrash metal executada pela banda Valvera. E o mais legal é que apesar da faixa vir numa linha diferente daquela que se tornou histórica, a música não perdeu sua essência. Ou seja, começamos muito bem! "Lick it Up" do álbum homônimo (1983), ficou a cargo do Motorbastards, que deu à faixa um ar totalmente Motorhead. Bom, não era de se esperar outra coisa, não é mesmo? Já "Psycho Circus", faixa também homônima do, amado por uns e odiado por outros, álbum de "retorno" da banda (1998), foi executada pelo grupo Ossos Cruzados. Mais rápida que a original, a composição também ganhou um dose extra de peso. A banda Soul Factor ficou com a responsabilidade de trazer "Strutter" faixa de abertura do primeiro álbum do grupo, "Kiss" (1974) e apresentou um Heavy/Thrash de responsa, que ficou um pouco aquém pela produção destoar um pouco das demais faixas. Mas a garra dedicada pela banda compensou esse pequeno "defeito". Já "Tough Love", faixa de um dos álbuns mais pesados do Kiss, o excelente "Revenge" (1992) ganhou uma versão completamente pessoal da banda Zenite, pois o que temos aqui é um Thrash/Death que deixará o nosso querido "Demon" orgulhoso, afinal, parece que a missão foi cumprida com sucesso! 

"God of Thunder", outro momento memorável, presente no álbum "Destroyer" (1976) surge numa versão totalmente arrasa quarteirão, num Thrash Metal forte e direto. O que não é nenhuma novidade, uma vez que estamos falando da clássica banda gaúcha Leviaethan, capitaneada pelo mestre do metal gaúcho Flávio Soares. E mais uma vez "Revenge" aparece, dessa com vez "Unholy", numa versão pesada, rápida e bem diferente da original, cortesia do grupo Chaos Synopsis. E o clássico dos clássicos ganhou uma versão um pouco mais suja e crua mas com um clima totalmente rock n' roll, como a música pede. Estou falando de "Rock n' Roll All Night", hino máximo presente em "Dressed to Kill"  (1975), executado com uma pegada despojada e enérgica pelo grupo Bella Utopia. O thrash/death do Drowned dá as caras distribuindo peso e porrada em "Stole Your Love", faixa de "Love Gun" (1977). Como em grande parte do trabalho, os mineiros imprimiram sua personalidade na faixa sem que a mesma ficasse descaracterizada. E isso faz toda a diferença! Seguindo no mesmo álbum, os gaúchos do Carniça trazem uma versão pesada, brutal e agressiva de "Love Gun". Soa até engraçado os vocais guturais no refrão da faixa... Entendedores, entenderão (risos). Por falar em peso, é exatamente isso que o Sextrash apresenta em "Exciter", presente no já citado "Lick it Up". E aqui cabe mais uma constatação: mais de 90% dos músicos do metal extremo mineiro com quem conversei disseram que o Kiss mudou suas vidas. E o grupo só vem a confirmar essa afirmação!

Quem não conhece o vocalista Mário Pastore? Sem dúvida um dos melhores e mais versáteis artistas do metal brasileiro não é mesmo? "I Love it Loud", faixa do excepcional "Creatures of the Night"  (1982) corrobora isso com exatidão. Se estamos acostumados com a voz de Pastore brilhando dentro do metal tradicional, aqui ele canta de forma mais rasgada, acompanhado da Pastore Band. E o grupo Rhasalon traz "Crazy Nites", numa versão mais simples, mas que ganha intensidade no refrão. O problema é que, na minha opinião, isso acabou tirando um pouco do brilho da faixa, uma vez que essa parte parece ter perdido um pouco da característica. Mas o solo acaba compensando de forma certeira. E o Black Metal se faz presente com o Patria. Para minha surpresa, a banda apresenta uma versão de "Detroit Rock City" presente em "Destroyer", fiel à original, até o momento do solo. Ah, que versão foda pra caralho! Personalidade e brutalidade acima de tudo! "Fits Like a Glove", de "Lick it Up" vem com a Ancesttral  numa pegada Rock/Thrash cheia de energia e com aquele clima "totalmente Kiss". Desconfio que isso seja coisa do vocalista//guitarrista Alexandre Grunheidt. Mas só desconfio...

O álbum "Hotter Than Hell" (1974) se faz presente com "Watchin' You", executada pela banda Chemical Disaster. Mantendo a linha da versão original, o grupo incorporou um pouco mais de peso, além do vocal já característico. A balada "Forever" de "Hot in the Shade" (1989) surge pela banda Ignispace, numa versão que, num primeiro momento, pode causar certo desconforto por alguns "barulhinhos" que aparecem no início da faixa. Mas nada que venha a atrapalhar a bela interpretação do grupo, principalmente da vocalista Larissa Zambon. "Hotter Than Hell" volta à tona com "Firehouse" numa bela versão hard n' heavy do grupo Attrachta. Engana-se quem pensa que o Punk/HC não estaria presente. A banda Tumulto, uma das mais importantes do estilo no Brasil, se faz presente com uma versão de "War Machine", um dos tantos clássicos presentes em "Creatures of the Night". Pesada e com um pé no Thrash, a faixa tem uma pegada mais crua, mas nem por isso deixa de soar vigorosa! Já o Thrash Metal do Hicsos surge numa versão suja e pesada de "Deuce". Mas a produção acaba fazendo com que  afaixa perca um pouco da sua intensidade. E o encerramento vem com um dos mais lendários nomes do Thrash Metal brasileiro, o Taurus. "World Without Heroes", faixa de "Music From The Elder" (1981) ganhou peso e uma levada cadenciada e densa, dando uma nova cara à composição.

Não há dúvidas de que estamos diante do maior e melhor tributo ao KISS já lançado em todos os tempos. Obviamente que, como fã, a gente sempre vai achar que faltaram faixas, que outras bandas poderiam participar mas, se fosse dessa maneira, o trabalho seria triplo, quadrúplo, etc... Seja você fã do grupo ou não, BRAZIL ROCK CITY... THE BRAZILIAN TRIBUTE TO KISS é uma ótima forma de adentrar o universo da banda mais quente do mundo!

Sergiomar Menezes





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