terça-feira, 1 de setembro de 2020

GRAVE DIGGER - FIELDS OF BLOOD (2020)

 


Poucas bandas possuem uma discografia tão vasta quanto o GRAVE DIGGER. Talvez seja coincidência, mas outras bandas que também possuem essa característica são o Running Wild e o Rage. Coincidentemente (ou não), ambas são alemãs. Mas isso não vem ao caso. O que importa aqui é dizer que FIELDS OF BLOOD, 20° álbum dos quarteto alemão, lançado pela Napalm Records, é mais uma grande mostra da qualidade e relevância do grupo dentro do Heavy Metal. E por mais que muitos tem a ousadia de dizer que a banda muitas vezes se repete, a verdade que eles criaram seu próprio estilo, seja pelos vocais bastante peculiares de Chris Boltendahl, seja pelas incursões épicas que muitas vezes aparecem de forma contundente em diversos momentos.

Além do vocalista, completam o grupo o guitarrista Axel Ritt, o baixista Jens Becker e o baterista Marcus Kniep. Juntos, eles conseguiram manter a tradição de criar faixas marcantes, seguidas de refrãos épicos e muita paixão por aquilo que fazem. Não à toa, como dito anteriormente, o grupo já rompeu a casa das duas dezenas de álbuns de estúdio, algo que só vem a comprovar tal afirmação. FIELDS OF BLOOD também marca os 40 anos de carreira dessa verdadeira lenda do metal mundial. Num primeiro momento, o álbum nos remete à Tunes of War (1996), Knights of the Cross (1998) e  Excalibur (1999), mas existem elementos de todas as fases da banda. Com uma ótima produção e uma capa belíssima, o álbum agradará não apenas os fãs, mas também os amantes daquele Heavy Metal germânico clássico.

"The Clansman's Journey" é uma introdução guiada por uma gaita de fole e nos prepara para "All For the Kingdom", uma faixa pesada, rápida e com todas as características que sempre permearam a carreira do Grave Digger. Baixo e bateria marcantes, mostrando um ótimo entrosamento entre Jens Becker e Marcus Kniep, o que de explicita que a escolha deste último foi acertada. Boltendahl continua com seu timbre rasgado, mas já podemos perceber uma certa variação em sua voz, o que acaba deixando tudo mais pesado e intenso. Na sequência, "Lions of the Sea", faixa que ganhou videoclipe, traz aqueles vocais clássicos aliados a backing muito bem encaixados, criando uma atmosfera épica e criativa no refrão. Axel Ritt capricha num solo técnico e versátil, pois a melodia presente aqui casou perfeitamente com a estrutura dos arranjos da faixa. Já "Freedom" é uma faixa totalmente Heavy metal, com uma pegada bem tradicional, onde mais uma vez, Becker e Kniep se destacam, garantindo peso e sustentação para os riffs elaborados de Axel. Carregada de peso e com uma dose extra de feeling, "The Heart of Scotland" traz uma levada mais cadenciada, o que faz com que Boltendahl mostre que a passagem do tempo pouco afetou sua voz.

Com a participação da vocalista Noora Louhimo (Battle Beast), "Thousand Tears" é um dos destaques, uma vez que se mostra uma faixa intensa e com um clima de balada épica, num contraste de vozes muito interessante. O Heavy metal tipicamente Grave Digger volta a dar as caras em "Union of the Crown", com destaque para Axel, que imprime sua marca nestes seus mais de 10 anos empunhando as seis cordas do grupo alemão. Outro grande momento é "My Final Fight", com aqueles riffs cavalgados, bem próximos do metal tradicional. Aliás, quando falamos em metal tradicional, é necessário diferenciar do britânico do alemão, uma vez que este último sempre soou mais cru, mesmo que em muitas vezes, também soe épico. "Gathering of the Clans" apresento momentos pesados, mas em seu refrão traz a identidade do grupo, algo construído ao longo desses 40 anos de carreira. Por outro lado, "Barbarian" carrega uma linha mais voltada pro Hard/Heavy, algo também bastante explorado pela banda durante sua existência. 

A faixa título, com seus mais de 10 minutos, inicia com a tradicional gaita de fole, e vai ganhando um ar épico e dramático durante sua execução. Com variações durante vários momentos, "Fields of Blood" é uma espécie de sintetização de tudo que o Grave Digger foi, é e sempre será para os fãs de Heavy Metal: uma banda com personalidade e que sabe como fazer sua música. O vocalista mostra uma versatilidade interessante, pois as passagens mais "limpas" de sua voz chegam até mesmo a surpreender, pois isso não é algo usual. O encerramento vem com "Requiem for the Fallen", uma faixa instrumental que traz uma bela e suave melodia.

FIELDS OF BLOOD é um álbum forte, intenso e verdadeiro. Com uma discografia extensa e bastante uniforme (obviamente que existe uma exceção... risos), o GRAVE DIGGER mostra sua relevância para os dias atuais, fazendo sua música de foram constante. Que essa chama e paixão pelo HEAVY METAL não acabe tão cedo!





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