quarta-feira, 2 de março de 2022

METAL HEART - A HISTÓRIA DO ACCEPT (MARTIN POPOFF)

 


METAL HEART - A HISTÓRIA DO ACCEPT
Martin Popoff
Tradução: Clóvis Roman e Kenia Cordeiro
Editora Estética Torta

Dentro do Heavy Metal existem algumas verdades que são incontestáveis. Independente do estilo preferido de cada fã, uma coisa é certa: o ACCEPT é uma das suas bandas preferidas! Impossível alguém que esteja inserido dentro do universo musical da música pesada não gostar de, pelo menos, uma dúzia de músicas do (hoje) sexteto alemão. E ninguém melhor do que alguém que esteve junto á banda durante seus anos de glória (que felizmente voltaram com força total) para contar sua história. E esse alguém é o veterano jornalista e escritor Martin Popoff, autor de diversos livros do gênero e que tem METAL HEART - A HISTÓRIA DO ACCEPT lançado no Brasil através da Editora Estética Torta, que vem proporcionando aos amantes do estilo mais pesado do rock, grandes lançamentos em seu portfólio. Revisando todas as fases da banda desde seus primórdios até o lançamento de Blind Rage (2014), Popoff nos mostra os detalhes, curiosidades e histórias que marcaram essa trajetória vitoriosa dos alemães. 

O livro vem em uma bela edição, com capa dura, acabamento premium (algo já característico da Estética Torta, que prima pela qualidade de seus lançamentos), e vem com um pôster e um marcador de páginas exclusivos. Mas isso é apenas a cereja do bolo, pois o conteúdo presente aqui nos traz a história de um dos mais importantes grupos do metal alemão e mundial. Popoff, dono de um estilo bem peculiar em sua escrita, disseca de forma concisa todas as fases, álbuns e faixas do sexteto, usando de todo seu conhecimento e experiência no meio. Não á toa, o autor possui em sua trajetória mais de 50 livros sobre hard rock, heavy metal, rock clássico e coleções de discos. Aqui, temos além das já citadas "resenhas", trechos de entrevistas com todos os integrantes e ex-integrantes do grupo, deixando tudo ainda mais interessante para o leitor.


Dividido em 10 capítulos, o livro também traz a discografia da banda, recheadas de notas referentes a cada período do lançamento em questão. Enquanto o primeiro capítulo trata dos primeiros dias, contando como surgiu a ideia para a formação da banda, de onde veio o nome do grupo, além de falar sobre os álbuns Accept (1979) e I'm a Rebel (1980), trazendo curiosidades sobre as gravações, acontecimentos que tiveram relevância nestes períodos, bem como declarações interessantes  de Udo Dirkschneider, Wolf Hoffmann e Stefan Kaufmann. Curioso a percepção de cada um deles acerca destes álbuns. Já o capítulo 2, conta as histórias que envolveram Breaker (1981) e Restless and Wild (1982), dois álbuns idolatradas pelos fãs, em especial o último. E uma das principais é a história por trás da introdução de Fast as a Shark, clássico absoluto do Heavy Metal, envolvendo a mãe do produtor Dieter Dierks (famoso produtor do Scorpions) que estava produzindo o Accept naquela ocasião. Inusitada, para dizer o mínimo...

O capítulo 3 é dedicado a um dos maiores clássicos do metal mundial: Balls to the Wall (1983). Curiosidades sobre a concepção da capa (envolta em polêmicas seja pela atmosfera da época, seja pelas conotações gays imputadas ao grupo), sobre a produção, considerada por muitos e pela própria banda como a mais comercial já feita pela banda até aquele momento (o que eu discordo), pois depois de pronto, foi recrutado o produtor Michael Wagener que mixou novamente o trabalho. No capítulo 4, Metal Heart (1985) é dissecado, como dito pelo próprio grupo, dissecado nota por nota. A banda conta sobre o tempo levado para a gravação produção do álbum (uma vez que o anterior levou cerca de três ou quatro semanas, este último teve a duração de 4 meses para ser finalizado). A influência de música clássica presente, influência assumida por Wolf em uma das entrevistas presentes no álbum, é relata em detalhes aqui. 

Russian Roulette (1986), derradeiro álbum de Udo com o grupo (pelo menos nesta primeira fase) é o centro das atenções do capítulo 5. Mais uma vez, os alemães acabaram envolvidos em polêmicas devido a capa, que lhes custou o cancelamento da turnê no Leste Europeu. Os problemas que surgiram entre os integrantes (que não eram nenhuma novidade) começaram a aflorar e os desdobramentos são contados de forma minuciosa aqui. A saída de Udo e a entrada de David Reece estão entre os momentos mais tensos dessa história. Tanto que o próximo capítulo, o 6º, é dedicado a Eat The Heat (1989). O disco menos Accept do grupo (algo que também é inegável) e os motivos que levaram o grupo a gravar um trabalho dessa forma são revelados, em entrevistas e momentos vivenciados pelo próprio escritor.


A volta de Udo, que levou a banda agravar Objection Overruled (1993), Death Row (1994) e Predator (1996), são esmiuçados no capítulo 7. Sem dar nenhum tipo de spoiler, ams já entregando, o grupo explica os motivos que os levaram a gravar álbuns com uma sonoridade mais pesada e agressiva. Se você pensou em Pantera, Sepultura e Machine Head, acerto! Mas após a turnê de Predator, o grupo novamente se  separou, tendo dois pólos bem distintos nesse conflito: Udo contra Wolf Peter Baltes. E isso é relatado no capítulo 8, que também trata da "volta" que não durou muito tempo, mais uma vez por divergências quanto a questões tanto musicais quanto sobre negócios, o que vem a ser bem explicado no livro.

O capítulo 9 nos revela as circunstâncias  da entrada do norte americano Mark Tornillo e o retorno triunfal do grupo com os álbuns Blood of the Nations (2010), Stalingrad (2012) e Blind Rage (2014). Também bastante curiosa essa situação, a qual, conforme o próprio vocalista, lhe renderia no máximo alguns autógrafos. Os três álbuns são analisados e mostram uma banda que ainda possui relevância e capacidade de composição muito acima da média que a maioria dos grupos de metal atuais. 

MARTIN POPOFF

Já o capítulo 10, o derradeiro, dá voz aos fãs do grupo, trazendo depoimentos de pessoas como amigos próximos, músicos, entre outros contando sua história e relação com o grupo, fechando com a participação de Zakk Wylde. Como relatado anteriormente, temos também a discografia com notas, contado com todos os álbuns, singles e ao vivo lançados pela banda, além de contar um pouco sobre a história do próprio Martin Popoff.

Um livro que é obrigatório para aqueles que querem conhecer a história de uma das maiores bandas do metal mundial, dona de clássicos gigantescos dentro do estilo. Parabéns aos amigos Clovis Roman e Kenia Cordeiro pela tradução, bem como a Estética Torta pelo bom gosto e capricho em retratar essa história em uma edição luxuosa. E para terminar, preciso citar aqui uma frase do jornalista e amigo Ricardo Batalha: Quem é Metal curte ACCEPT!

Sergiomar Menezes







Nenhum comentário:

Postar um comentário