sexta-feira, 28 de julho de 2023

GIRLSCHOOL - "WTFORTYFIVE?" (2023)

 

GIRLSCHOOL
WTFORTYFIVE?
Shinigami Records/Silver Lining Music - Nacional

Certa feita, “Deus Lemmy” falou que as Girlschool eram as melhores companhias femininas que o Motörhead podia ter, pois eram as únicas garotas que conseguiam acompanhá-los nas bebedeiras. Quatro décadas e meia depois da sua fundação, a mais longeva banda feminina do Metal segue chutando bundas, e com (muita) força.

O Girlschool não precisa de muitas apresentações, uma banda formada no efervescente cenário inglês do final dos anos 1970/início dos 1980, apadrinhadas pelo Motörhead e parceiras do Saxon, conseguiram, apesar dessa “pequena força dos amigos”, se impor por conta própria, crescer e marcar em definitivo o seu nome no cenário metálico mundial, muito por conta dos seus trabalhos de estúdio e explosivas apresentações ao vivo.

WTFortyFive?”, décimo quarto álbum de estúdio do Girlschool, vem marcar e comemorar o quadragésimo quinto aniversário da banda, como o próprio nome sugestiona. O que temos neste lançamento é uma banda coesa, cuspindo fogo, com Hard Rock/Heavy Metal/Rock n' Roll, que só não agradará quem já passou deste para outro plano (e olhe lá!!!).

A faixa de abertura, com uma linha de baixo densa de Tracey Lamb (também da banda Rock Goddess) abre caminho para a crueza de “It Is What It IS”, refrão daqueles que o ouvinte se pega cantando junto já na primeira ouvida. “Cold Dark Heart” surge pesadíssima, com a batera de Denise Duffort esbanjando classe, dois bumbos na cara, mostrando como se faz bem feito nos pedalzinhos, sem precisar utilizá-los como se tivesse nas 500 milhas de Indianápolis...Puta faixa!

“Bump In the Night” é um Rockão cheirando a gasolina, enquanto “ Barmy Army” tem uma pegada mais punk Rock. “Invisible Killer” também rock n' roll, porém um pouco mais polida que caberia bem nas rádios rock enquanto “Believing in You” tem um quê de AC/DC. “Its a Mess” e “Into the Night” tem a sonoridade própria do Girlschool, e na mesma vibe “Are You Ready” tem a participação do guitarrista Joe Stump.

Novamente a influência punk aparece em “Up to no Good”, enquanto “Party” é mais um rock n' roll de fazer balançar as estantes. A faixa que fecha o álbum é mais que uma homenagem ao Padrinho Lemmy Killmister: é uma celebração com convidados especiais, a saber: Biff Byfford (Saxon), Phil Campbell (Motorhead) e Duff McKagan (Guns N Roses), coverizando a clássica “Born To Raise Hell”.

Tenho certeza que este é um dos lançamentos do ano, um álbum forte de uma banda lendária, que faz jus aos 45 anos de estrada e está com certeza entre seus melhores álbuns. E a parte boa que em breve será lançado nacionalmente pela Shinigami Records, e em setembro estas maravilhosas senhoras estarão no Brasil, para participar do festival Setembro Negro em São Paulo. Quem puder, compareça, pois o show do Girlschool é inesquecível.

José Henrique Godoy



CRYPTA - "SHADES OF SORROW" (2023)

 


CRYPTA
SHADES OF SORROW
Napalm Records/Shinigami Records - Nacional

“Echoes of the Soul” (2021) alcançou excelentes números pelo mundo afora, aclamado pela crítica e pelos fãs. A banda detonou no Wacken, tocou no Rock In Rio, Summer Breeze e diversos festivais fazendo uma turnê extensa de divulgação do primeiro disco. Crescendo de forma significativa — Seja por aqueles que amam, sejam pelos haters (Sim, falem bem, falem mal, mas falem de mim), a Crypta esteve “na moda” nestes últimos anos, mas era esperado o segundo ato — A confirmação de terem virado uma realidade, uma grande potência do metal brasileiro. E digo, uma das melhores coisas em acompanhar uma banda, é sentir a sua evolução. Ver que os integrantes não estão estagnados no sucesso do passado, repetir as mesmas fórmulas não funcionam. Subir degraus deveria ser uma regra, e por sorte, as meninas da Crypta partem desse princípio neste novo trabalho de estúdio, o poderoso e instigante — “Shades of Sorrow”.

A grande força motriz neste novo disco está na junção da agressividade, melodias, passagens intrigantes e atmosféricas, carregando consigo uma carga de densidade perfeita onde deixa o ouvinte em hipnose total. O início com prelúdio “The Aftermath”, uma peça lenta ao piano com ar inquieto, deixando em aberto para logo Fernanda Lira explodir com seu “fryer” característica em “Dark Clouds”. Inclusive, a faixa traz um lado mais old school tendo Lira detonando em linhas mais brutais e urradas, que, aliás, no disco todo são surpreendentes por muitas vezes saírem do óbvio.

“Poisonous Apathy” e “The Outsider” têm características que vão do Death Metal moderno ao Black Metal, com brutalidade, “blasts beats” de Luana Dametto, e a dupla das 6 cordas Jéssica di Falchi e Tainá Bergamaschi afiadas despejando riffs furiosos. Fiéis ao seu som único, “Stronghold” apresenta mudanças constantes, por ora violenta, por ora cadenciada, passagens que transmitem tensão e solos geniais cheios de melodias. Sua letra é extremamente forte, o refrão gruda — “Stronghold - Until reality is a safe place to live. Stronghold - Bonded with fear, my only company”.

O berro “Dear Anger”, faz logo em seguida, a banda meter o pé no acelerador em “The Other Side of Anger”, música que tem como destaque Luana. Sem medo de errar, a baterista em “Shades of Sorrow” apresenta o seu melhor trabalho de estúdio. Ela literalmente surrou o kit, criou excelentes viradas e usou e abusou dos bumbos duplos, tudo com uma criatividade absurda. Os riffs em “Trial of Traitors” são alucinantes, será o recado para que rodas se abram nos shows e headbangers batam cabeça. Curioso ao decorrer do disco como as inclusões de dedilhados e paradinhas para que as músicas voltem para destruição mostram que a sinergia entre elas transborda criatividade e intensidade.

“Lullaby for the Forsaken” começa de um jeito confortável e “angelical” de Fernanda para depois caminhar pelo vale das sombras com onde a vocalista expressa solidão em confiar em si mesmo : “The loyalty I need lies only within me”. É interessante como as músicas onde a banda pisa no freio ganham um teor de suspense criando uma maravilhosa atmosfera tenebrosa onde o instrumental e vocal se casam muito bem, como também é o caso de “Agents of Chaos”. Por muitas vezes, a parte lírica apresenta confissões, uma libertação de sentimentos ruins, que acredito eu, os fãs pegaram para si o que é libertado da alma de Fernanda:

“How much I failed myself
How much I questioned myself
Now I shall stand for myself”

O final apoteótico com “Lift the Blindfold” e “Lord of Ruins” traz a agressividade novamente em primeiro plano. Duas faixas rápidas, brutais, de rasgar a carne e sangrar os puristas, deixando claro que elas fazem o que querem neste disco, são donas do seu tempo. “The Closure”, termina o trabalho do jeito que começou, suave e nebuloso.

A Crypta continua bruta, mas sem se deixar levar por regras “escritas” nos anos 80, adicionando ingredientes que só fazem sua música crescer mais e mais. “Shades of Sorrow ” é o passo adiante de mulheres que estão prestes a chegar ao olimpo.

William Ribas




ARCH BLADE - "KILL THE WITCH" (2023)

 


ARCH BLADE
KILL THE WITCH
Rockshot Records - Importado

O Arch Blade chega ao seu primeiro lançamento, merecendo pontos positivos antes mesmo de ter apertado o play. No mundo das resenhas normalmente “esbarramos” com artistas e assessorias que nos tratam como detectives ou caçadores de recompensa, pois, quase que sempre os álbuns chegam sem releases, ou sem todos os detalhes da história do trabalho ou do artista (se for iniciante). O grupo entregou tudo em seu presskit, um trabalho perfeito, deixando para os jornalistas somente a “tarefa da audição” de suas músicas.

Adentrando no mundo de “Kill The Witch”, temos um grupo que apostam suas fichas num Heavy/Power Metal vigoroso, cheio de vitalidade e riffs, mas, não sendo uma regra fixa no álbum. As guitarras são comandadas pela dupla pai e filho Rob V e Big Rob que colocam nas 6 cordas bastante influências de nomes como Annihilator, Iced Earth, Jag Panzer e Nevermore, por exemplo.

A abertura com “Abduction” é basicamente clássica no mundo do heavy metal por ser energética e com um ótimo refrão, obviamente será uma cartada certeira nos vindouros shows. Seguida por “Nightbreed” e “Tyrant Rhapsody”, ambas ganham uma cara mais thrasher por serem bem calcadas em palhetadas certeiras e solos gêmeos que carregam o DNA do Testament.

“House of Dreams” deixa explícita a temática do disco, baseada principalmente nos sonhos e pesadelos do vocalista, e em histórias em quadrinhos, ficção científica, filmes de terror e documentários. A música ganha um tom dramático envolta de uma balada bem inspirada e cativante. Após a calmaria, temos agressividade com “Break Silence” e “Touched By Death”, típicas faixas que deixam o gostinho do moshpit no ouvinte, com a banda pisando fundo no acelerador.

“Queen of the Dammed” tem consigo detalhes épicos e teatrais, com coros e mudanças de andamento, com um pesinho no Iron Maiden. O fechamento do disco se dá com a maravilhosa “Under the Mask”. Se alguém me perguntar o que é Arch Blade, em 2023? Está é a faixa definitiva que merece ser mostrada ao mundo neste trabalho de estreia — Rápida, pesada, grudenta, cheia de elementos do prog metal e com o vocalista colocando o drive para funcionar sem dó, não existindo defeitos.

Arch Blade chega com os dois pés na porta trazendo debaixo do braço “Kill The Witch”, um disco que é uma ode ao passado do power metal poderoso dos anos 90.

William Ribas





ASHRAIN - "REQUIEM RELOADED" (2023)

 

ASHRAIN
REQUIEM RELOADED
Metalville Records - Importado

Reunir um excelente time de músicos não é uma tarefa fácil. Compor, gravar e lançar um DISCAÇO logo de cara se torna ainda mais complicado, certo? Pois bem, o guitarrista Nozomu Wakai conseguiu tudo que foi descrito acima. O cara recrutou uma equipe dos sonhos com: Peter Baltes (Baixo, ex-Accept), Iuri Sanson (Vocal, ex-Hibria) e Andy C (Bateria, ex-Lords of Black) nascendo o Ashrain.

Juntos, o quarteto está lançando “Requiem Reloaded”, um disco de Power Metal com pitadas de Hard Rock chiclete. Ao primeiro instante que “Are You Ready to Rock ” ecoa é inevitável não sentir a adrenalina percorrer a espinha com uma música tão empolgante com a linha melódica remetendo ao final dos anos 90. “Requiem for Screamer”, começa com um “tecladinho” cheio de suspense para logo explodir um agudo de Iuri e tudo pegar fogo com a parte rítmica acelerando até cair num refrão fácil, mas maravilhoso (o melhor de todo disco).

O grande destaque de todo álbum fica pela sinergia dos integrantes, cada um é ”perito” no seu instrumento, mas, ninguém joga para si, o metal aqui é de equipe, cada sabendo o seu para o som do Ashrain soar melhor. O instrumental é açucarado, mas não ao ponto de subir a glicose, a banda adiciona melodia na medida certa, sentimento nos solos de forma que verse com o ouvinte e bumbo duplo quando requisitado (quase sempre).

“Still Burn”, “Break Through the Fire”, “Believe” e “No Surrender” trazem nostalgia e alegria para aquele adolescentes que cresceram ao som de Edguy, Hammerfall, Stratovarius e Crystal Ball. O Ashrain só comete um pequeno pecado, onde está aquela balada? A banda pisa tão fundo no acelerador que não quis frear e fazer o ouvinte respirar. As duas últimas faixas “End of Sorrow” e “We Fight to Win” fecham de maneira primorosa, uma boa variação estrutural, com bastante quebradeira em meio a virtuose e refrãos chicletes, quase um encontro entre Yngwie Malmsteen e Gamma Ray em seus tempos áureos.

O disco é rápido (em todos os sentidos), de fácil assimilação e te faz perder a voz na tentativa de imitar os incríveis agudos de Iuri Sanson. O “deslize” estraga o belíssimo trabalho em “Requiem Reloaded”? Não, mas, ficar sem uma balada, ainda mais com tanta qualidade e refrão marcante, é um crime perante as leis do heavy melódico (risos).

William Ribas



ROSA TATTOOADA - TOUR 35 ANOS - SESC CANOAS - 22/07/23

 

ROSA TATTOOADA
TOUR 35 ANOS
SESC CANOAS
CANOAS/RS
22/07/2023

Texto e fotos: Sergiomar Menezes

Muito mais do que a celebração dos 35 anos de atividade de uma das mais importantes bandas do cenário gaúcho, o show proporcionado pela ROSA TATTOOADA no Teatro do Sesc Canoas no dia 22/07, foi uma verdadeira homenagem ao "rock gaúcho", como bem ilustra a foto que abre essa resenha. Não apenas os clássicos do grupo formado por Jacques Maciel (vocal e guitarra), Valdi Dalla Rosa (baixo e vocal) e Dalis Trugillo (bateria) foram tocados com perfeição e paixão, mas também hinos imortais do estilo que consagrou muitas bandas do RS, estiveram presentes nesta festa dedicada ao Rock n' Roll.

O Teatro do Sesc é um local muito bacana, estrutura excelente para shows desse nível. Ainda que tenhamos que assistir ao show sentados (prática um tanto quanto estranha pra nós brasileiros), todos assistem ao show de um ótimo ponto de visão, sem contar com um palco bastante satisfatório, permitindo a movimentação dos músicos sem prejuízo do espetáculo. Dito isso, vamos ao que interessa: que grande show o trio nos proporcionou na quente noite de sábado (isso que estamos no inverno gaúcho!)!

Exatamente às 20h, como programado, Jacques, Valdi e Dalis sobem ao palco e de cara mandam ver uma da melhores músicas do rosa: "Rendez Vouz", faixa título do álbum lançado pelo grupo em 2006. Cabe ressaltar a qualidade de som do local, pois tudo soava ao mesmo tempo cristalino e pesado. Dava pra perceber nos músicos a alegria em estar ali celebrando esse momento junto aos fãs. E aqui quero deixar um registro/reclamação: apesar de razoável, o comparecimento do público foi muito aquém do eu esperava, pois o show fica numa região de muito fácil acesso e os ingressos estavam acessíveis. Mas tenho certeza que aqueles que não foram são os mesmos que reclamam da falta de shows assim na cidade... Sem se preocupar com isso, a banda emenda "Fora de mim, Dentro de você", presente em "Carburador" (2001). Uma ótima faixa que antecedeu um dos momentos de maior interação com a plateia (outros ainda aconteceriam): "Um Milhão de Flores", faixa presente em "Hard Rock Deluxe" (2023). Composição forte e sentimental, a música se tornou um dos grandes sucessos do Rosa, assim como a próxima faixa "Tardes de Outono", lançado no debut do grupo em 1990 de forma independente e que ganhou as rádios do Brasil com seu relançamento pela major Sony em 1992. E foi uma ótima sacada do grupo essa junção, vez que ambas guardam similaridades, sendo mais melódicas (ainda que "Um Milhão de Flores" tenha mais peso).

Era chegada a hora da primeira homenagem às bandas que influenciaram o grupo e construíram o rock no nosso Estado. Valdi Dalla Rosa assume os vocais e o grupo detona "Campo Minado", clássico maior da Bandaliera que é conhecida e reconhecida em todo Rio Grande do Sul. Antes, Jacques lembrou do mestre e poeta Fughetti Luz, mentos da Bandaliera e um dos ícones do rock gaúcho, que nos deixou recentemente. Em seguida, para relembrar o início de tudo, "Na Estrada", faixa do primeiro álbum, mostrou o poder que as músicas desse trabalho tem nos dias de hoje. Não soam datadas, muito menos sem pegada, algo que acontece com muitas bandas que executam seus primeiros trabalhos. Pra dar sequência à vida sobre duas rodas, "Born to be Wild", do Steppenwolf. Podemos dizer que foi uma das sequências mais matadoras do show!

Valdi assume os vocais novamente, para cantar "Você é Tudo que Eu Quero", uma das músicas mais bonitas de uma das bandas mais fundamentais do cenário gaúcho: Garotos da Rua! Afora a genialidade de Bebeco Garcia, a versão do Rosa ganhou um pouco mais de peso na guitarra e Valdi lembrando e muito, os vocais tão característico do saudoso músico. "è sempre bom falar de amor", ressaltou Jacques antes de tocar essa verdadeira pérola da nosso "cancioneiro". Seguindo na linha do amor, "Diamante Interestelar", semibalada do álbum "Carburador" fez os casais presentes cantarem e se emocionarem diante da bela melodia presente na canção. 

Mais duas homenagens que não poderiam ficar de fora: "Velhas Fotos", a música mais pesada da Tequila Baby (a qual Jacques fez questão de mencionar que é uma das bandas preferidas dele e que está fazendo falta, chegando a começar a campanha #voltatequila), ganhou um peso extra o que contrastou com a próxima música. Sem dúvida, um dos maiores clássicos da história do rock gaúcho, a música mais tocada na extinta e saudosa Rádio Ipanema: "Sob um Céu de Blues", da maior banda que esse Estado já teve, simplesmente OS CASCAVELLETES. Falar sobre a genialidade de Flávio Basso, também conhecido por Júpiter Maçã, é chover no molhada, mas dentre os tantos feitos geniais do herói mais louco do rock gaúcho, o de sugerir a Jacques e Beat Barea montarem uma banda para abrirem seus shows foi um dos maiores. Cabe lembrar que tanto Jacques quanto Beat trabalhavam como roadies do grupo (Beat é irmão de outra lenda gaúcho, o baterista Alexandre "Lord" Barea). Impressiona como essa música segue linda e emocionante!

O Final do show se aproximava e "Carburador", pesada e intensa ganhou o palco com uma execução cheia de garra e energia e antecedeu o momento mais aguardado por todos: "O Inferno vai ter que Esperar", faixa mais conhecida do grupo que ganhou o Brasil e o mundo. Escrita por Thedy Corrêa do Nenhum de Nós, a faixa foi um presente ao grupo, que escreveu a música e... o resto é história! Cantada por todos presentes, a música é mais um dos clássicos do rock do nosso Estado, perdendo em número de execuções apenas para "Sob um Céu de Blues". Dessa forma, terminava o show...

Como se isso fosse verdade, Jacques chegou a brincar com o público, se despedindo mas dizendo que se todos gritassem pedindo "mais um", a banda voltaria. Obviamente que todos começaram a gritar pedindo a volta do grupo, então o trio retorna ao palco e detone dois hinos da banda que simboliza e sintetiza de forma perfeita o espírito do rock gaúcho: TNT! "Não Sei" e "Cachorro Louco" foram executadas com o público à frente do palco, saindo de suas cadeiras e celebrando com a banda esse grande momento! Um show que representou muito mais do que uma simples comemoração, mas um resgate e homenagem aos heróis que fizeram e ainda fazem a vida de todos nós um pouco melhor. E, sem nenhuma dúvida, o ROSA TATTOOADA é uma delas!



quinta-feira, 27 de julho de 2023

KATAKLYSM - "GOLIATH" (2023)

 

KATAKLYSM 
GOLIATH
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

São mais de 30 anos de estrada, diversos álbuns lançados e um mundo tomado por sua música. Pode não ouvir, mas o nome Kataklysm, você conhece. Uma instituição do underground com o seu som bruto, que inclusive recentemente passou pelo Brasil devastando tudo, com um show extremamente elogiado.

Goliath” carrega o ouvinte para diversas décadas da música pesada, uma viagem entre o passado e presente num tracklist de 10 faixas, com 40 minutos de duração. O primeiro impacto é na produção com todos os instrumentos audíveis, mas com aquela “sujeira” do passado explodindo nas caixas de som, como se estivesse ouvindo um trabalho assinado por Max Cavalera — Caótico e sem excesso de modernidade.

A agressividade é ímpar, não existe quase “respiro”, é peso em cima de peso, num mundo onde a melodia, vocais limpos e passagens de teclados estão cada vez mais infestando “o ambiente”, o Kataklysm parece querer caminhar na contramão aqui. O limite de velocidade é inexistente, faixas como “Dark Wings of Deception”, “Die As a King” e “Combustion”, você só enxerga o rastro deixado tamanho o peso descomunal do instrumental. Os urros despejados são “assustadores” tamanho o poder energético que aqui se aplica, a união entre todos os integrantes cria uma unidade indestrutível no trabalho.

Os riffs marcantes de “The Redeemer” e “Heroes to Villains” são dilacerantes, ainda mais que ambas são cativantes, possivelmente disputando como melhores momentos de “Goliath”. Aliás, é preciso destacar a constante do trabalho na totalidade, o fã é instantemente preso ao disco, seja pela agressividade, pelos momentos densos ou pela maneira que você não parará de banguear.

A cereja do bolo fica para o encerramento, “The Sacrifice of Truth”, sinistra, “leve” e com um “instrumental desconfortável” fora da curva, com interpretação lírica digna de troféu, mostrando que a brutalidade e genialidade são a qualidade de um Kataklysm inquieto.

William Ribas




quarta-feira, 26 de julho de 2023

RAVEN - "ALL HELL'S BREAKING LOOSE" (2023)

 

RAVEN
ALL HELL'S BREAKING LOOSE
Silver Lining Music - Importado

O veterano baluarte do Metal inglês, o trio de Newcastle que atende pelo nome de RAVEN, está de volta ao ataque, com seu décimo quinto álbum de estúdio, 3 anos após o lançamento do antecessor, “Metal City”. E para quem conhece e aprecia a força deste power trio, este novo trabalho não irá decepcionar.
Para a alegria dos fãs da banda dos irmãos Gallagher (não confundir com aqueles outros daquela banda que achava ser maior que os The Beatles), o grupo apresenta neste “All Hell's Breaking Loose” zero inovações e zero surpresas, apenas o Raven sendo o Raven, o que pode parecer monótono para ouvintes que preferem surpresas e variações.

A abertura com “Medieval” já mostra o que iremos escutar por todo o trabalho, faixas furiosas, velozes, um pé no Thrash, outro no Speed, e sempre forjadas a ferro e fogo no Metal tradicional. “Surf The Tsunami”, “Turn Of the Screw” são fortes e com refrãos de fácil assimilação, bem no formato que nos remete aos primeiros e clássicos anos do Raven, porém sem a capacidade de se tornarem clássicas como a trinca inicial da discografia dos ingleses. Mas daí já seria pedir demais, não é mesmo?

O grupo ainda mantém a capacidade de escrever, compor e executar faixas fortes de 3 ou 4 minutos, e ótimos exemplos são “Far City" e “Go to The Gold”. John Gallagher continua com seu vocal ríspido e agressivo, enquanto Mark Gallagher destila solos e riffs que justificam a sua marca registrada. O razoavelmente “novo integrante”, o baterista Mike Heller (ex-Fear Factory e no Raven desde 2018) faz um ótimo trabalho e parece ter assentado o banquinho de vez na banda, visto que o posto de baterista mudou varias vezes de dono.

O saldo final de “All Hell's Breaking Loose” é extremamente positivo, embora me pareça ligeiramente inferior ao anterior, “Metal City”. De qualquer forma, é muito bom ver uma banda clássica como o Raven em plena atividade e lançado álbum atrás de álbum.

José Henrique Godoy




BLACKNING - "AWAKENING RAGE" (2023)

 

BLACKNING 
AWAKENING RAGE 
Black Lion Records - Importado

Permanecer passando um rolo compressor por cima de qualquer obstáculo parece ser um dos objetivos dos paulistanos do Blackning. Desde o lançamento do seu primeiro disco, “Order of Chaos", em 2014, o grupo já passou por poucas e boas, e, incrivelmente, estão de pé e fortes.

O novo capítulo dessa história começa a ser escrito agora no final de julho, com “Awakening Rage”. Existem diversos pontos positivos nas 11 faixas presentes, mas algumas chamam bastante atenção. A linha musical do grupo sempre foi uma ode ao thrash metal rápido e sorrateiro dos anos 80, mas, agora em seu terceiro ato, houve um amadurecimento com elementos sendo incorporado ao som dando uma “engordada” e fazendo com que houvesse um ganho de brutalidade extra no instrumental. É como se tivéssemos Slayer (Seasons in the Abyss para frente), Exodus (fase Rob Dukes), Testament (dos últimos 15 anos). Sepultura (Chaos AD) e uma peça atual como o Gojira são as referências para o amigo leitor.

A simples frase: "O Blackning está lançando um voleio na fuça dos fãs e desavisados” já seria o suficiente para destacar o poderio da banda, pois, literalmente jorram adrenalina, peso, destruição e agressividade com uma boa dose de groove. A honra de abertura é feita pela sugestiva “Violate”, um convite para qualquer camisa preta destroçar o pescoço com seu direcionamento rápido e sorrateiro, puxando mais pro lado clássico e old school do thrash metal. Seguindo com “Greed and Lies”, “Disfigured Trust” e “Lamb To the Slaughter” temos uma banda diversificada acelerando quando necessário, mas segurando a “desgraceira” para dar um clima denso e carregado para depois soltar o freio na banguela e ver o “coro comer”.

Os riffs são marcantes, os refrãos por muitas vezes são pegajosos prontos para os shows e a cozinha (baixo e bateria) trabalha de forma coesa. As faixas “Never To Be Free” e “Insanity In Power” são daquelas que você escuta já imaginando como vão soar ao vivo, com todos erguendo os punhos e urrando fazendo com que todas as pregas vocais sejam dilaceradas. O quarteto final “Vengeance is Mine”, “Eye For An Eye”, “Unnamed Reality” e “Lies That Blind” te dizem: “Tirem crianças e velhinhos” da sala, pois violência gera violência, rodas, moshpit devem ser formados imediatamente e “bangear” vira uma obrigação cívica.

O disco eleva o patamar do grupo mostrando uma sinergia ímpar que se criou entre os integrantes, “Awakening Rage”, não dá tempo para passagens puras e melodias açucaradas, muito menos para respirarmos após diversos “golpes brutos”. Cleber Orsioli (Guitarra e Voz), Zozi Silveira (Guitarra), Ricardo Brigas (Baixo) e Renan Pigmew (Bateria) não dão clemência aos tímpanos sensíveis, o que resulta num trabalho digno de nota 10.

Blackning — A máquina de destruição brasileira.

William Ribas





terça-feira, 25 de julho de 2023

METALLICA - KILL 'EM ALL - 40 ANOS!

 


METALLICA - KILL 'EM ALL 40 ANOS

25 de julho de 1983. James Hetfield, Kirk Hammett, Cliff Burton e Lars Ulrich, o quarteto mais conhecido mundialmente como METALLICA, lançava seu álbum de estreia. Mas muito mais do que um álbum que dava início à vitoriosa carreira da banda, KILL 'EM ALL foi um marco, o ponto zero daquilo que se convencionou chamar de THRASH METAL. Guitarras velozes e sujas, baixo pesado e intenso, bateria na velocidade da luz e ao mesmo tempo marcada e um vocal que ficou eternizado como a voz de uma geração. Nós do REBEL ROCK, decidimos fazer uma pequena mas justa homenagem ao disco que mudou o cenário do Heavy Metal. METAL UP YOUR ASS!!!!


"Tudo chamaria a atenção dos "metalheads", "Headbangers", "Rockers", naquele 25 de julho de 1983: 
O nome da banda, a capa com uma marreta jogada em uma poça de sangue e na contracapa as caras de mal-encarados dos quatro moleques do tal METALLICA. Mas o que realmente impressionava era a sonoridade única, violenta e agressiva que o vinil continha: Riffs de guitarra rápidos e solos velozes, o baixo "na cara" e vibrante de um sujeito que viraria lenda e a bateria variada e criativa mostravam ao mundo uma nova forma de se tocar heavy metal. Surgia ali, em "Kill 'Em All" um dos marcos da história da música pesada, imitado diversas vezes e nunca igualado, um álbum que influenciou até bandas que influenciaram o METALLICA. Uma obra atemporal e inesquecível. "Clássico é clássico e vice versa", como disse uma vez o "poeta" Artilheiro Jardel. Feliz aniversário KILL EM ALL Feliz 40 anos. Os primeiros 40 anos da eternidade."

José Henrique Godoy

"A sensação que tive ao escutar “Kill 'Em All” pela primeira vez, nenhum outro álbum até hoje chegou perto de me fazer sentir. O trabalho só tem o meu hino favorito de todos os tempos — “Seek and Destroy”.
Os riffs como se fossem um ataque de abelhas, o vocal “adolescente”, a rapidez das músicas, os refrãos... TUDO soa maravilhosamente ingênuo e poderoso. Aliás, um trabalho que se chamaria “Metal Up Your Ass” não teria a mínima chance de ser fraco.
“Kill 'Em All” é um disco formador de caráter, é um trabalho que será eterno enquanto existir a humanidade.

William Ribas

"Quatro décadas transcorreram e o tempo passou, até pro Kill 'Em All. Se é verdade que o tempo não perdoa ninguém, também é real que ele agracia os mais fortes. Quem escutou esse disco em pleno 25 de julho de 1983, aposto, não fazia ideia que estava diante um momento histórico que seria lembrado para muito além da existência orgânica. Hoje, é mais fácil pegar o disco na mão e ter certeza que ele foi um agente importante e transformador, dentro da cultura do som pesado. Sutil como um elefante dentro de uma loja de cristais, o Metallica despejou toda velocidade e raiva para construir esses poucos mais de 51 minutos, que alteraram o estado natural de todo ecossistema do andamento rápido. Bom, essa sensação, de poder ouvir o Kill ‘em All em sua era natural, eu não tive a oportunidade, muitos não a tiveram. Mas tenho certeza de que, de hoje em diante, muitos jovens o ouvirão pela primeira vez. E se, em pelo menos uma destas vezes, eu tiver a honra de indicar, então eu me sentirei em 25 de julho de 1983 (novamente). Vida longa Kill ‘em All. Eu, Uillian Vargas e Rebel Rock Crew te desejamos (pelo menos) mais 40 anos de sucesso!"

Uillian Vargas

"Kill ‘Em All não foi o primeiro disco do Metallica que ouvi, mas foi aquele que me causou maior expectativa depois de já ter degustado os 2 álbuns posteriores. De cara me indaguei como uma banda podia chegar de forma tão natural à perfeição aliando tão incrivelmente agressividade e melodia. O que mais precisa ser dito de um trabalho com clássicos eternos como “The Four Horsemen”, “Whiplash”, “Seek and Destroy” e “Metal Militia”? Um disco que moldou o Thrash Metal e direcionou milhares por aí só merece reverências. Um legítimo formador de caráter! #KillEmAllEterno"

Mauro Antunes

"O que falar de Kill ‘Em All? O que falar? Rápido, cortante, agressivo, criativo, já mostrava um Metallica com muita variação num mesmo álbum, já mostrava o brilhantismo de uma lenda do baixo, já mostrava o talento dos solos do guitarrista, e uma dupla de frontman tocando guitarra e bateria. Tirando os clássicos absolutos, ainda temos minhas preferidas "Motorbreath", "Whiplash", "Phantom Lord" e "Metal Militia". Riff em cima de riff, como não dar nota 10? Como? Como não dar nota 10 pra banda mais bem sucedida do planeta em seu simplesmente espetacular debut?"

Márcio Jameson

"Em termos de gostos, especialmente musicais, raras vezes a máxima “não existe unanimidade” pode ser quebrada. Kill’Em All, debut daquela que viria a tornar-se uma das maiores bandas da história, o Metallica, é, sob meu julgamento, uma obra-prima unânime. Afinal, quem conseguiria renegar a estética, a sonoridade, a criatividade, a visão ou a importância desse álbum? Além de inaugurar um dos mais importantes subgêneros do estilo, o thrash metal, eu empenho a certeza de que ele foi primordial à essência de qualquer ouvinte de música pesada.

É um trabalho atemporal de uma banda que nasceu já em pleno brilhantismo. Não importa quando por ventura você tenha ouvido o álbum pela primeira ou última vez – ou se você o escuta todos os dias! - uma certeza é incontestável: (re)encontrar petardos como "Hit The Lights", "The Four Hourseman", "Motorbreath", "Whiplash', 'Seek and Destroy", 'Phantom Lord', 'No Remorse", entre outros clássicos, sem transitar pela a mais pura e energética adrenalina e não (re)viver a transcendência musical que aqueles 4 garotos cheios de espinhas da contracapa do disco legaram para a história é, literalmente, impossível. É um álbum pessoalmente impressionante. Eu sempre que escuto o fade in dos pratos de Lars surgindo ao início da faixa 1, Hit The Lights, volto a uma sensorial viagem no tempo e reencontro o meu eu adolescente de 14 anos, também cheio de espinhas e revolta a ser deliberada, e, ainda assim sou novamente surpreendido com o poder desse álbum. Seja para a história da música ou de cada ouvinte de Metallica, estamos falando de uma obra-prima que, como disse ao início, não acredito em outro adjetivo o qual não seja “unânime”."

Gregory Weiss Costa

" A primeira música do Metallica que eu ouvi foi "Jump in the Fire", uma das menos lembradas quando se fala em Kill 'Em All". Por sorte ou coincidência, o álbum foi o segundo trabalho de James, Kirk, Cliff e Lars que eu tive o privilégio de ouvir, vez que "Ride The Lightning", lançado um ano depois, me foi apresentado primeiro e veio a se tornar meu álbum preferido do METALLICA. No entanto, poucas estréias se mostraram tão significativas dentro do Heavy metal, afinal, o trabalho do grupo veio para criar e moldar um estilo que se firmou como um dos mais populares dentro do cenário: o nosso querido e amado THRASH METAL. A já citada "Jum in the Fire", "Motorbreath" (uma das músicas mais sensacionais já escritas pela banda), "Metal Militia", "Hit the Lights", "No Remorse" (resgatada pela banda na última turnê", "Seek & Destroy", ""Whiplash".... O que dizer depois de uma sequência de músicas desse calibre? Um marco, um petardo, um clássico. Palavras não definem de forma precisa esse disco."

Sergiomar Menezes

Kill ‘Em All é, sem dúvidas, uma das mais importantes estreias de uma banda de metal. Considerado por muitos o pioneiro do thrash metal, o álbum apresenta músicas com riffs muito pesados, bateria acelerada e vocal rasgado, caracterizando o estilo. Não apenas para o estilo, mas também para a icônica banda Metallica, o álbum inaugura uma trilogia de discos irretocáveis. O impacto inicial é pela capa. Uma obra com tons pesados e violentos já mostra ao ouvindo o que ele pode esperar de sua sonoridade. Sem mencionar a estreia da lendário logo da banda. 

A sua qualidade sonora é resultado de uma formação clássica bastante entrosada, com músicos no seu auge técnico e compositores no seu (quase) apogeu criativo. Kirk, que acabara de substituir Mustaine, toca solos muito agradáveis e rápidos. Cliff Burton dispensa comentários, a faixa instrumental "Pulling Teeth" demonstra o quão talentoso esse saudoso músico era. Lars, embora hoje seja bastante criticado, em sua estreia faz o ótimo papel de tocar bateria frenética como um álbum de thrash metal deve ser. E, claro, James Hetfield com seu belíssimo vocal rico em drives. 

Ao se falar do Kill ‘Em All, não podemos esquecer de mencionar Dave Mustaine, que deixou sua colaboração em composições, como "The Four Horsemen", "Jump In The Fire", "Phantom Lord" e "Metal Militia". Por falar em composições, minhas favoritas são: "The Four Horsemen", "Whiplash", "No Remorse" e "Seek and Destroy", com seu excelente refrão contagiante. Uma ótima estreia de uma das maiores bandas do mundo."

Thiago Rodrigues




sexta-feira, 21 de julho de 2023

FLAGELADöR - AO VIVO

 

FLAGELADÖR
AO VIVO
Dies Irae Records - Nacional

O Flageladör já é, há mais de duas décadas, uma das bandas mais cultuadas e poderosas do underground nacional. Destilando desde seu primeiro registro, um Speed/Thrash metal furioso, nos moldes dos pioneiros de ambos os estilos, os cariocas da cidade de Niterói são uma referência para os fanáticos do metal veloz forjado nos anos 80.

Após o lançamento de quatro ótimos trabalhos em estúdio, o Flageladör lança este “Ao Vivo”, gravado originalmente em 2020, em uma apresentação no Sesc Belenzinho em São Paulo, com a proposta de deixar registrado o que eles entregam em suas apresentações: um metal rápido, violento e sem firulas.

A formação do Flageladör neste show conta com Armando Exekutör (guitarra /vocal), Lucas Chuluc (guitarra), Alan Magno (baixo) e Hugo Golon (bateria). O quarteto desfila faixas de toda a sua discografia, iniciando com a clássica “ Nasminhas veias corre Fogo”, passando por outras favoritas como “Possessão Diabólica” (essa é puro Slayer fase inicial), “Assalto da Motosserra”, “Cruzada ao lado de Satã” , “Obcecado por Sangue”, entre outras.

O que chama a atenção também é a ótima produção, principalmente para uma gravação ao vivo. Se por um lado, o som do Flageladör produz no palco um som ríspido e sujo, por outro a produção é clara e limpa, destacando todos os instrumentos e entregando uma ótima experiência ao ouvinte.

Se você já assistiu o Flageladör ao vivo, sabe a qualidade dos shows dos cariocas, e este “ Ao Vivo”, lançado num CD edição especial com slipcase, pôster, adesivo e booklet de 12 páginas com letras e fotos inéditas pela Dies Irae Records, é um ótimo “souvenir” para lembrar das apresentações furiosas e energéticas desta emblemática banda do underground brasileiro. Vale e muito a pena ter na sua coleção.

José Henrique Godoy





SEPULTURA - SESC BELENZINHO - SÃO PAULO/SP - 15/07/2013



SEPULTURA
SESC BELENZINHO
SÃO PAULO/SP
15/07/023

Texto e vídeos: William Ribas
Fotos: Johnny Z. (Metal na Lata)

Existem duas considerações extremamente importantes sobre o Sepultura. A primeira é pensar que ao lado do futebol (principalmente do Pelé) são os responsáveis legítimos do Brasil ser conhecido e reconhecido lá fora. Segundo, não importa a formação, ou fase, por onde passam causam destruição.

A expectativa para as duas noites no SESC Belenzinho eram altas, o alvoroço começou na abertura dos ingressos com site saindo do ar, filas e esgotamento em questão de minutos. A banda segue promovendo o excelente disco “Quadra”, lançado pouco antes da pandemia, então muitas músicas do trabalho estão presentes, deixando diversos clássicos esquentando o “banco de reservas” para as comemorações dos 40 anos do grupo em 2024. Abrindo com “Isolation” seguindo da “classuda” “Territory” colocou a Zona Leste de São Paulo em estado total de atenção, não é possível que os urros de Derrick e público não estivessem sendo ouvidos a quilômetros. A sinergia entre banda e sua Sepulnation era incrível e permaneceu intacta durante as 17 músicas do setlist.



A trinca “Derrick Years” com “Means to an End”, “Capital Enslavement” e “Kairos” preparou o terreno para “Propaganda”, música que me traz o mais puro sentimento nostálgico. Não importa quantas vezes tenha conferido o Sepultura, em todas em que ouço músicas do “Chaos AD”, eu lembro do moleque de 11 anos que entrou numa banca de jornal e comprou o disco que mudaria sua vida para sempre em 1995. “Guardians of Earth” traz todos novamente para o presente, traz Andreas Kisser sendo mais guitar hero do que nunca, com riffs e solos geniais, a música que é um dos destaques no mais recente trabalho de estúdio, ao vivo ganha mais amplitude e genialidade. A grande “brincadeira” no show é viver o momento atual e passado sendo um grande transmissor de emoções, pois bem, novamente velhas canções como “Cut-Throat” e “Dead Embryonic Cells” trazendo diversidade ao recinto com destaque para o baixo cheio de distorção do inquieto, Paulo Xisto.


Dentro tudo, é incrivelmente contagiante ouvir as “marretadas” de Eloy Casagrande no kit de bateria. As linhas e movimentos complexos e certeiros não são humanos, o baterista certamente é algum alienígena que cansado do marasmo em outras galáxias resolveu “brincar” na Terra de ser baterista do maior orgulho brasileiro. A chegada de “Machine Messiah”, “Infected Voice” e “Agony Defeat”(essa entra no meu rol de melhores músicas do Sepultura) deixam claro a escolha por Derrick Green há quase 25 anos, o cara é versátil. Não adianta viúvas chorarem, baterem os pés ou contar tudo para mamãe, o que passou, passou, e Derrick, é uma evolução constante. Os números finais foram de clássicos eternos “Refuse/Resist”, “Arise”, “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots”, com pessoas pulando, bangueando, gritando como se não houvesse amanhã e celulares sendo perdidos em meio ao furacão proporcionado.


Uma noite inesquecível, seja você “old school”, ou, marinheiro de primeira viagem. Os gritos de Sepultura, Sepultura, Sepultura… vão ecoar por um bom tempo na memória de todos.

Obrigado, Sepultura, do Brasil!

“Means to an End”

“Guardians of Earth”


sexta-feira, 7 de julho de 2023

ENFORCER - NOSTALGIA

 

ENFORCER - NOSTALGIA 
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Uma vez, quando indagados por uma famosa revista de seu país sobre seu estilo ser muito “old school”, os suecos do Enforcer foram cirúrgicos na resposta: “não existe música ‘old school’, existe música atemporal”.

Então, sejam “old school” ou “atemporais”, a banda lança seu novo álbum, 6º de estúdio, intitulado “Nostalgia”, e apresenta na obra o costumeiro speed metal que os consagraram na cena como um dos maiores nomes do gênero. Assim, sem grandes arroubos ou surpresas, temos em mãos mais um trabalho que nos leva àquele território seguro e conhecido de guitarras velozes e de mística oitentista que ainda ressoa labaredas da era do NWOBHM

Se em seu trabalho anterior, “Zenith”, de 2019, o quarteto liderado pelo guitarrista e vocalista Olof Wikstrand trouxe um novo frescor ao tradicional som que se propõem a fazer – sendo inclusive bem elogiados e avaliados pela crítica especializada - em “Nostalgia” percebe-se nitidamente que o Enforcer quis retornar ao berço confortável por onde começaram sua história. A ideia de “Nostalgia” é, segundo a própria banda, um retorno às raízes, mas, para este ouvinte que vos escreve, isso parece uma balela. Primeiro, por que o grupo nunca se distanciou muito de suas raízes; segundo, porque até mesmo um trabalho que se rotule intencionalmente como um “retorno” carece, evidentemente, também, de inspiração. E “inspirado” não é um adjetivo que você possa remeter ao novo álbum do Enforcer.

Trata-se de um trabalho o qual você arma os pressupostos da seguinte maneira: se você não conhece a banda, não comece por aqui. Se você conhece, já sabe que a banda é muito mais do que isso. Se você quer conhecer o estilo, “Nostalgia” não é um resumo eficiente para tal propósito. Se já conhece, certamente sabe citar uma lista de trabalhos mais relevantes à frente.

Ainda assim, o disco tem seus momentos. Faixas como “Coming Alive”, “Kiss Of Death”, “At The End Of The Rainbow” e “Metal Supremacia” apresentam toda a potência e qualidade do grupo - competência já esperada de certa forma. Afinal, no ano que vem os suecos completam 3 décadas de estrada, ou seja, encontram-se em um estágio mais complexo do que apenas surpreender ou ofertar mais do mesmo. As mencionadas músicas são excelentes e bem trabalhadas, mas ainda não consagram tudo que o Enforcer fez ou poderia fazer.

Por outro lado, o disco traz pontos questionáveis. A faixa-título “Nostalgia” é mais um clichê oitentista do que propriamente uma ode ao estilo. “Demon” e “No Tomorrow” seguem nessa mesmice beirando ao esquecível. “Heartbeats” é um um Def Leppard chupinhado descaradamente! Seria uma homenagem ou falta óbvia de inspiração? Não sei responder. Porém, é em “Keep The Flame Alive” que você fica sem entender o que os suecos objetivaram. Uma música de speed metal que descamba para uma sonoridade de Disco Music dos anos 70! Por momentos assim, a questão do que seria um tributo singra, na realidade, para uma aparente falta de identidade ou de identificação própria do grupo.

Por fim, embora “Nostalgia” esteja distante de ser um trabalho inaudível ou até mesmo fraco, ele não empolga da maneira a qual se sabe que o “Enforcer” tem capacidade para fazer. O álbum não deixa claro sua pretensão de servir como um retorno ou homenagem às raízes do speed e do heavy tradicional, ou se utilizou essa carapuça para apenas fechar e prensar o disco. Conforme mencionei anteriormente, a obra careceu de inspiração ou de uma identidade mais coesa. Para os ouvintes, vale a experiência, contudo, será mais um disco que, na minha opinião, irá acumular poeira na prateleira. A maioria das bandas, em algum momento de seus percursos, têm manifestações não muito claras de suas sonoridades em suas linhas temporais, e talvez, em “Nostalgia”, estejamos presenciando esse pé fora da trilha do “Enforcer”. Ficamos na espera de trabalhos futuros, esperançosos, claro, pois se algo que esses 4 suecos possuem é força, agressividade e presença para fazer o “old school” ou “atemporal” reluzir brilhantemente na cena metálica.

Gregory Weiss Costa