segunda-feira, 2 de outubro de 2017

THE CHARM THE FURY - THE SICK, DUMB & HAPPY (2017)



                 A banda holandesa THE CHARM THE FURY chega ao seu segundo álbum. Fundado em 2010, o grupo apresenta uma continuação da sonoridade apresentada em eu trabalho de estréia, "A Shade of My Former Self", lançado em 2013, mas mostrando uma boa evolução, principalmente no que diz respeito às composições. Guitarras bem timbradas e pesadas, aliadas a um vocal que sabe ser intenso e agressivo, fazem de THE SICK, DUMB & HAPPY, que chega por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, um trabalho mais elaborado e forte que o anterior. Além disso, o grupo se encaixa naquela categoria de difícil enquadramento, uma vez que mesmo tendo uma pegada bem próxima do metalcore, ainda agrega um peso característico do thrash metal moderno.  

                Formada por Caroline Westendorp (vocal), Rolf Perdok (guitarra), Martijn Slegtenhorst (guitarra), Lucas Arnoldussen (baixo) e Mathijs Tieken (bateria), a banda vem buscando seu espaço, tendo participado de alguns festivais europeus, agregando dessa forma, experiência. E isso pode ser percebido neste novo trabalho. A sonoridade apresentada aqui, soa mais direta e orgânica. E isso se deve ao excelente trabalho das guitarras, que como dito anteriormente, estão pesadas e muito bem timbradas. A dupla Rolf e Martijn mostra ótimo entrosamento, deixando que a cozinha composta pela dupla Lucas e Mathijs (baixo e bateria, respectivamente), mandem ver em bases sólidas e bem densas. Já a vocalista Caroline possui uma garra vocal que merece destaque, uma vez que não fica a dever em nada se comparada á algumas vocalistas atuais. A produção ficou por conta do baterista, que soube deixar tudo no devido lugar. Já a capa, chama a atenção pelas cores "exageradas", mas que se torna impossível de passar despercebida.

                    Composto por 11 faixas, THE SICK, DUMB & HAPPY possui momentos bem pesados. A faixa de abertura, Down on the Hopes, traz uma pegada de bateria cheia de intensidade e varição, enquanto os riffs proporcionados pelas guitarras, trazem momentos que podem, mesmo que remotamente, nos trazer à mente o saudoso Pantera. Echoes por sua vez tem uma roupagem bem mais atual, principalmente pelos vocais, que acabam revelando a versatilidade de Caroline, pois a  moça vai da agressividade à melodia com facilidade. Weaponized mostra um pouco de groove, mas não esquece suas raízes advindas do hardcore/metal. O baterista Mathijs quebra tudo na pesada No End In Sight. Blood and Salt tem um andamento mais moderado, o que dá uma "acalmada" no clima  mais agressivo que vinha se apresentando. E dessa forma, a faixa pouco acrescenta à pegada mais metal do grupo. 

                    Corner Office Maniacs é uma "faixa" que só traz barulhos irritantes, mas que nos prepara para uma das faixas mais interessantes do álbum. The Future Need Us Not mostra a capacidade criativa do grupo, pois traz consigo as influências e nomes como Machine Head e, porque não dizer, Slipknot. A "acústica" Silent War traz uma bela interpretação de Caroline. e mais uma vez a vocalista se mostra extremamente competente, ao cantar de forma limpa, sem destoar em nenhum momento. The Hell in Me acaba ficando um pouco atrás do restante, pois se mostra um tanto quanto confusa em sua execução. O que não acontece em Songs of Obscenity, que incorpora a modernidade do metal americano, com doses generosas do metalcore praticado por bandas como The Agonist. Break and Dominate fecha o bom trabalho lançado pelos holandeses, deixando claro que o grupo quer ser mais do que já é, ou seja, pretende crescer mais dentro do cenário. E potencial tem para isso.

                     THE SICK, DUMB & HAPPY, o segundo álbum do THE CHARM THE FURY apresenta uma boa evolução em relação ao trabalho anterior. Se o grupo continuar nesse crescente e manter o nível das composições, poderá ganhar ainda mais destaque dentro do concorrido mundo do metal. Seja ele qual for.





                     Sergiomar Menezes

domingo, 1 de outubro de 2017

DVD ROADIE METAL VOL. 01 (2017)



                      E um dos veículos especializados que mais crescem atualmente, mais uma vez apresenta uma ótima iniciativa! Trata-se da primeira coletânea em DVD envolvendo bandas do nosso underground, em um projeto da ROADIE METAL, capitaneada pelo incansável batalhador do underground brasileiro, o brother Gleison Júnior! Aqui, temos um DVD duplo, contando com 32 bandas dos mais variados estilos, algo que já bem característicos dos projetos envolvendo a Roadie, visto as coletâneas em CD que já se encontra em vias de lançamento de sua 10º edição! Então, sem muito papo, vamos a que interessa: DVD ROADIE METAL VOL.I.

                              Como dito anteriormente, trata-se de um DVD duplo contando com  a participação de 32 bandas. E como acaba por acontecer nas coletâneas em CD, algumas bandas acabam sempre se destacando. Mas aqui, isso é uma das coisas que menos importa, uma vez que a idéia central do projeto é levar ao conhecimento dos bangers brasileiros (e do mundo todo) a qualidade e variedade que o rock/metal nacional apresenta dentro do underground. Assim, muitas bandas tem a oportunidade de mostrar seu trabalho pra uma galera que talvez não tenha acesso, ou até mesmo, que não se liga no que vem acontecendo no cenário brasileiro. Envolto em uma bela embalagem, o trabalho merece o digno reconhecimento, e por que não dizer, ser saudado como pioneiro neste tipo de lançamento.
       
                        O primeiro DVD apresenta 16 bandas, que vão desde o metal mais extremo até o Hard/Heavy sem soar maçante. Aliás, esse tipo de escolha deixa o tracklist bem atrativo, uma vez que mostra uma variação que prende a atenção de quem assiste. Podemos destacar entre as 16 bandas, o metal forte e vigoroso do VoodooPriest, do mestre Vítor Rodrigues, com a faixa Juggernaut, a técnica e variedade dentro do metal extremo da banda carioca Tellus Terror, co a faixa Blood Vision (com um vídeo muito bem produzido), a pegada brutal e extrema do Death Chaos com a faixa House of Madness, o thrash metal com influência de death metal da banda paranaense Krucipha, com a faixa Reason Lost, a ótima variação entre o thrash, o death e até mesmo o black metal dos também paranaenses do Division Hell, na faixa Bleeding Hate, o metalcore bem executado pelo No Trauma na faixa Fuga, o thrash metal violento e agressivo do Monstractor  que apresenta Immortal Blood, uma faixa muito bem executada, o Vorgok, que traz uma ótima mistura entre o thrash metal e death metal (com maior enfase para o estilo consagrado pela Bay Area) na faixa Hunger, o Heavenless, do Rio Grande do Norte, que agrega o thrash, death e hardcore de forma perfeita na faixa Hatred, os catarinenses do Matricidium que apostam num thrash/death cheio de peso na faixa The Beating Never Stops e o Forkill, com a faixa Vendetta, resgatando de forma brilhante o thrash old school.

                          No segundo DVD, temos também 16 bandas e aqui podemos destacar o excelente Hard/Prog da banda Elephant Casino, com a ótima faixa Believe, a interessante mistura de southern, heavy, hard e thrash da banda gaúcha SuperSonic Brewer, que comparece aqui com a faixa Blood Washed Hands, mais voltada para o lado southern, o som inspirado no Motorhead do Jäilbäit, na faixa Take It Easy, o heavy tradicional, mas ao mesmo tempo moderno do grupo mineiro Apple Sin com a faixa homônima, que traz influências latentes do trabalho solo do mestre Bruce Dickinson, o thrash cantado em português da banda Cervical, com a faixa Arquétipo (com destaque para o bom trabalho da guitarra, pesada e timbrada corretamente), o instrumental com ótima pegada da banda maranhense Gallo Azhuu na faixa Bruxa ( apenas o vocal que poderia mudar a entonação, mas nada que venha  a comprometer o bom trabalho feito pelo grupo), o heavy metal oitentista dos mineiros da Exxordium, que deixa tudo ainda mais nostálgico ao cantar em português, com a faixa Heavy Metal (com um refrão grudento!), a pegada rock n' roll da banda Magnética com a faixa Super Aquecendo, o grupo carioca Basttardos, que capricha em um mix de southern rock e heavy metal, mas que aqui comparece com a ótima faixa Despertar do Parto (que bela composição!), o mix de heavy metal e country bem pesado do grupo Hellmotz, com a faixa Wielding the Axe, o thrash metal cantado em português dos mineiros da BurnKill, que nos transporta aos bons tempos do metal mineiro da década de 80, com a faixa Cadáver do Brasil, o doom envolto na levada mais heavy do Fallen Idol com a faixa The Boy and the Sea e o stoner cheio de personalidade dos gaúchos da Dust Commando, com a faixa P.O.T.U.S.

                         O trabalho, além dos DVDs, traz um livreto contendo informações detalhadas de todas as bandas participantes, o que mostra o apuro que a ROADIE METAL apresenta com seus projetos. Fica aqui meus parabéns a mais essa bela iniciativa. Que tanto as coletâneas em CD como esta em DVD, continuem apresentando aos apreciadores de rock/metal mundo à fora o que de melhor o underground brasileiro tem a oferecer. 



                     Sergiomar Menezes

sábado, 30 de setembro de 2017

TERROR EMPIRE - OBSCURITY RISING (2017)



                 
                    E eis que após "The Empire Strikes Black", lançado em 2015, os thrashers portugueses do TERROR EMPIRE estão de volta. Praticando um thrash mais pesado e com influências um pouco mais latentes de detah metal, OBSCURITY RISING chega ao mercado através da Mosher Records. Se no álbum anterior o quinteto já dava mostras de que, ao agregar a pegada mais próxima da Bay Area com toques do metal da morte, vinha moldando seu estilo com personalidade, aqui o grupo confirma isso de forma satisfatória, pois demonstra personalidade em composições pesadas e intensas.

                     Formada em 2009, na cidade de Coimbra em Portugal, a banda é formada por Ricardo Martins (vocal), Rui Alexandre (guitarra), Nuno Oliveira (guitarra), Rui Puga (baixo) e João Dourado (bateria). E nestes 8 anos de estrada, o grupo adquiriu muita experiência, ao realizar turnês e participar de festivais. Prova disso é que neste novo trabalho, a produção está bem mais pesada. Não que no trabalho anterior não estivesse. mas aqui, o trabalho de guitarras se mostra bem mais trabalhado, onde a dupla Rui e Nuno mostra bom entrosamento e coesão. Já a cozinha composta por rui Puga e João Dourado, cria bases bem pesadas e variadas, mostrando ótima técnica. Já o vocal de Ricardo consegue ficar em um meio termo entre o thrash e o death, deixando tudo com uma identidade própria. 

                      Após a intro Obscurity Rising, temos a porrada You Never See Us Coming, onde as influências da Bay Area se mostram latentes (Slayer e Exodus à frente). Mas o grupo consegue mostrar personalidade, pois em vários momentos, a bateria mostra uma pegada death metal, sem comprometer  o thrash já característico da banda. Aliás, as guitarras se destacam, pois os solos se mostram não apenas eficientes, mas ríspidos e mortais. Burn The Flags é outro belo exemplo de agressividade. Riffs certeiros e um vocal beirando gutural, fazem com que a faixa fuja do lugar comum, se tornando um dos destaques do álbum. Já Times of War é uma típica faixa "thrash". desde a levada das guitarras ao ritmo frenético da bateria, tudo aqui vai agradar aos amantes do bom e velho "bate-cabeça". Meaning in Darkness é uma faixa instrumental e bastante introspectiva, quebrando um pouco o clima agressivo e brutal que vinha sendo executado.

                          Holy Greed traz de volta a velocidade e os solos inspirados, que fazem a diferença no som do grupo. Alguns momentos podem remeter aos bons tempos do Sepultura e do Pantera, mas a banda procura não se deixar levar unicamente por isso. Mais uma vez, a cozinha composta por Puga  e Dourado mostra ótima técnica. Lust é daquelas faixas que se você não cuidar, sai quebrando tudo à sua volta. Fico imaginando o estrago que essa faixa deverá fazer ao vivo. Aliás, um show do grupo deve ser bem interessante, visto a garra apresentada em seus trabalhos de estúdio. Na sequência,  amehor faixa do álbum (ao menos na opinião deste humilde redator): Death Wish! Que música foda! Riffs perfeitos, bateria na velocidade da luz, mas com momentos mais trabalhados e um vocal beirando  a insanidade. Perfeita! faixa obrigatória nos shows da banda! Feast of the Wretched possui momentos bem brutais, principalmente no que diz respeito ao trabalho de bateria. Os solos aqui, buscam inspiração na melodia (vejam bem, não melódico) e contrastam com toda a agressividade da composição. Soldiers of Nothing mantém a  sequência  mais pesada do play. O encerramento vem com New Dictators, outra faixa que prima bela velocidade e  brutalidade.

                       O TERROR EMPIRE mostra em  OBSCURITY RISING que é uma banda mais do que pronta para o reconhecimento dos thrashers, não apenas da Europa, mas de todo o mundo. Riffs agressivos e violentos, bateria e baixos extremamente pesados e trabalhados e um vocal bem peculiar, fazem do grupo um nome  a ser lembrado. Este novo álbum, não apenas mantém a boa sequência iniciada com "The Empire Strikes Black", mas também dá um passo adiante na carreira do quinteto. THRASH 'TILL DEATH!







                  Sergiomar Menezes

domingo, 6 de agosto de 2017

ANVIL - ANVIL IS ANVIL (2016)




               E o ANVIL está de volta! Desde 2013, quando o grupo lançou "Hope is Hell", os fãs esperavam ansiosos por um novo trabalho do, agora, trio canadense. Uma das mais verdadeiras e reais instituições do heavy metal, o grupo, no ano passado, soltou no mercado ANVIL IS ANVIL, seu 16º álbum de estúdio, mostrando que aquela banda surgida no longínquo 1978 está ainda mandando ver, seja pela sua incomparável presença de palco, seja pelas composições recheadas de bons riffs e com aquela interpretação bem pessoal e peculiar de seu líder e mentor Steve "Lips" Kudlow. Se não traz nada de inovador, o trio aposta suas fichas naquele Hard n' Heavy que se tornou a marca registrada de um grupo que teve sua história devidamente registrada no documentário "Anvil: The Story of Anvil"  ( e que de certa forma, acabou mostrando a banda pra galera dos dias de hoje). E que chega ao nosso mercado numa grande iniciativa da Shinigami Records, em uma parceria com a SPV/Steamhammer.

                    Ao adentrar sua 4ª década, o trio hoje composto por Steve "Lips" Kudlow (vocal e guitarras), Christopher "Christ" Robertson (Baixo e backing vocal) e pelo mestre Robb Reinner (bateria), o ANVIL mostra-se ainda, extremamente relevante. Com músicas fortes e as características que fizeram do grupo uma verdadeira referência quando o assunto é heavy metal, o grupo contou com a produção de Martin "Mattes" Pfeiffer, que também ficou encarregado da mixagem. Já a masterização ficou sob a responsabilidade de Jacob Hansen. E esse conjunto, foi responsável de dar ao trabalho a sonoridade característica que acompanha a banda desde seus primórdios. Se o documentário acabou por "revelar" o grupo á uma nova geração, os novos fãs não têm do que reclamar, afinal, a essência que sempre se fez presente, permanece intacta.

                          Mesmo que o grupo siga a fórmula que vem desde seu início, algumas faixas acabam se destacando num trabalho bem regular como o que temos aqui. ANVIL IS ANVIL traz doze faixas que mostram que a banda mantêm-se fiel à sua proposta. Sem inovações, modernidades ou invencionices, o hard n' heavy segue sendo a linha adotada pelo grupo. Algumas faixas acabam se destacando como por exemplo a faixa de abertura. "Daggers and Run" traz linhas que se aproximam de uma temática pirata, mas com aquel toque já bem pessoal do grupo. E mostra a habilidade e técnica de Robb Reinner, um dos melhores bateristas do heavy metal. se existir alguma dúvida, procure ouvir  a discografia do grupo. "Up, Down, Sideways" é puro hard n' heavy, com riffs tradicionais. "Gun Control", apesar da boa melodia, torna-se um pouco repetitiva e cansa o ouvinte após um certo tempo de sua execução. Já "Die For a Lie" é Anvil puro! Tudo que sempre caracterizou a banda encontra-se presente. Bons riffs, cozinha alinhada e ajustada e uma dose generosa de Hard ao lado do metal mais tradicional fazem da faixa um dos destaques do álbum. Assim como "Runaway Train", que traz consigo uma "aura" Judas Priest. "Zombie Apocalypse", segue uma linha mais cadenciada, e em determinados momentos, se torna semelhante a "Gun Control", mais pela repetição.

                          "It's Your Move" resgata a veia mais old school do grupo, com riffs de guitarra típicos e um bom trabalho da cozinha composta por Christopher e Robb. "Ambushed" vai pelo mesmo caminho, mas fazendo uso de um andamento mais cadenciado, algo que o grupo também se tornou especialista em fazer ao longo de sua extensa carreira. "Fire in the Highway" é uma das faixas mais pesada e trabalhadas do álbum, exigindo de Robb Reinner um maior nível de performance. Lips acaba se destacando também, pois além dos riffs caprichados, manda ver em solos cheios de inspiração, que caíram como uma luva na composição. Um pouco de "mais do mesmo" é o que temos em "Run Like Hell". Não que isso soe depreciativo, pelo contrário. O que temos é o Anvil sendo aquele bom e velho Anvil de sempre. "Forgive Don't Forget" possui backing vocal que dão uma atmosfera mais densa ao refrão, enquanto a guitarra de Lips despeja riffs mais ríspidos do que de costume. "Never Going To Stop" encerra o álbum num clima bem Hard, algo que dá ao trabalho um clima mais pra "cima".

                              Nessa altura do campeonato, o ANVIL não precisa provar nada pra ninguém. E se precisasse provar, ANVIL IS ANVIL, seria a prova de que dedicação e paixão pelo que se faz é  amostra de que acreditar sempre é a formula a ser usada. Que o grupo siga em frente, passando por cima de todas as dificuldades e nos apresente trabalhos tão bons quanto esse. Se o documentário serviu para apresentar a história do grupo para a nova geração, que os fãs sigam acompanhando o grupo da mesma forma. Afinal, se falarmos de hard n' heavy, estamos falando ANVIL!


   

                         Sergiomar Menezes

terça-feira, 1 de agosto de 2017

AXES CONNECTION - A GLIMPSE OF ILLUMINATION (2017)



                        "O AXES CONNECTION toca Heavy Metal! Pesado e cortante como um machado!" Assim inicia o release trazendo as informações da banda. E de uma maneira direta, ele acerta em cheio! Com um som calcado no heavy metal, mas incorporando influências que vão desde o hard, thrash e também aquele som mais voltado aos anos 70, a banda gaúcha lança seu trabalho de estréia, A GLIMPSE OF ILLUMINATION apresentando dez faixas onde transbordam a inspiração e a honestidade dos músicos envolvidos. E não é pra menos, afinal estamos falando de experiência quando o assunto é música pesada. 

                  Márcio Machado (vocal), Marcos Machado (guitarra, ex- Distraught), Magoo Wise (baixo, ex- The Wise, ex- Distraught e ex- Apocalypse) e Cristiano Hulk (bateria, ex-Vômitos e Náuseas, ex- Grosseria) - o álbum foi gravado pelo baterista Lourenço Gil se encarregou das baquetas na gravação do trabalho -, formam a banda, cuja a história remonta à década de 90, quando os irmãos Vítor e Marcos Machado compuseram algumas músicas juntos para um novo projeto. Mas uma pausa se fez necessária quando Marcos veio a ser convidado para tocar com a Distraught. Tendo permanecido no grupo por 15 anos, durante este período, o projeto continuou ativo, embora de forma informal. Algumas vezes, Márcio Machado, irmão do guitarrista e do baterista, participava fazendo os vocais. Após deixar a Distraught, Marcos foi encorajado por Vitor, em janeiro de 2013, a retomar o projeto. Infelizmente, no mês seguinte, Vitor veio a falecer. Como forma de homenagem e para honrar a memória do irmão, Marcos resolveu dar continuidade ao projeto. E dessa forma surgiu A GLIMPSE OF ILLUMINATION. Gravado e mixado por Felipe Haider e masterizado por Benhur Lima (ex-Hibria), o álbum é muito mais do que uma homenagem e sim, um disco onde o heavy metal surge de forma imponente.

                           The Meaning of Evil abre o álbum de forma direta. Com guitarras inspiradas e uma pegada que por vezes nos remete aos anos 70 ( não apenas pelas guitarras, mas também pelo timbre do vocalista Márcio), a faixa mostra que o grupo não se prende á limites ou a algum tipo de rótulo. Com um refrão de gruda na cabeça, a faixa já deixa clara a potencialidade criativa da banda.  Rearrage Yourself vem na sequência e é uma porrada nos ouvidos. Rápida e com um belo trabalho de  baixo e bateria, temos aqui um pouco da veia thrash do grupo. Wisdom is The Key tem uma pegada na linha do metal tradicional, lembrando a fase áurea dos anos 80. Momentos que resgatam também um pouco de hard aparecem. E cabe aqui uma constatação: as linhas de guitarra ficaram muito boas! Não apenas nessa faixa, mas em todo o álbum. E isso acaba sendo reflexo da experiência dos músicos. O peso vem com força em Use The Reason, onde mais uma vez a cozinha composta por Magoo e Lourenço se encarrega de sentar a mão. Prepare Your Soul faz um resgate dos anos 70, mostrando toda a versatilidade e desenvoltura do grupo. Márcio canta de forma mais direta aqui, criando uma linha que se encaixou bem na levada da composição.

                            The Gates carrega um pouco de influências mais agressivas, mas tem toques mais "modernos" em algumas passagens. Vocais mais rasgados e guitarras "na cara" guiam o andamento da faixa. Já na faixa título, o baixo comanda a pancadaria, que tem um mix entre o lado mais pesado do grupo e o lado mais voltado aos 70's. Journey To Forever dá uma amenizada, com um andamento mais "suave". Mas a guitarra lembra que estamos falando de heavy metal, então... A melodia ganha intensidade, criando um belo contraste com as partes mais pesadas. Skyline mantém esse clima, comprovando que nem só de peso se faz um bom disco de metal. O encerramento vem com The True Connection, onde a guitarra de Marcos se destaca. Com variações e vocais cheios de feeling, temos "escondida" após seu término, um cover para "She Sells Sanctuary" do The Cult que ficou bem bacana, ainda mais pela performance de Márcio, que deu uma interpretação própria ara o clássico do grupo inglês.

                          Com um nome inspirado na conexão entre os irmãos Machado (Axe, em inglês), segundo Marcos, o grupo tem por objetivo honrar a memória do irmão Vitor e também levar música de qualidade para um mundo cada vez menos preocupado com isso. E podem ter certeza. O objetivo foi atingido com louvor! Grande estréia!




                      Sergiomar Menezes