quarta-feira, 22 de outubro de 2025

HAMMERFALL - ONE CRIMSON NIGHT (2003/2025 - RELANÇAMENTO)

 


HAMMERFALL
ONE CRIMSON NIGHT
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Quando o HAMMERFALL lançou ONE CRIMSON NIGHT, em outubro de 2003, já não era apenas mais uma banda sueca reverenciando os tempos dourados do heavy metal. Era o símbolo de uma resistência, um revival do metal oitentista em seu estilo mais "true". Ainda mais em uma época em que o metal tradicional parecia ofuscado por modismos e hibridismos, o grupo de Joacim Cans e Oscar Dronjak ergueu novamente o martelo e o fez soar com força e convicção. Este álbum duplo ao vivo é o documento definitivo dessa missão, e que agora, a Shinigami Records em mais uma parceria com a Nuclear Blast, disponibiliza no Brasil numa bela embalagem digipack, com livreto, e com um fino acabamento (muito, mas muito superior ao lançamento original da época).

Gravado em Gotemburgo — cidade natal da banda — o show é uma celebração de tudo que o quinteto sueco representa: melodias heróicas, refrãos grandiosos e a uma interação quase religiosa entre músicos e fãs. Desde a abertura com “Riders of the Storm”, fica claro que o público não está ali apenas para assistir, mas para participar de um ritual metálico. Cada verso é acompanhado por coros ensurdecedores, e a emoção que emana do palco é gritante.

A performance da banda é ótima e me arrisco a dizer que ali, o grupo vivia sua melhor fase. Joacim Cans reafirma seu posto como um dos vocalistas mais carismáticos e técnicos do estilo — sua entrega é total. Oscar Dronjak e Stefan Elmgren (a melhor dupla de guitarristas que o grupo já teve) alternam riffs e harmonias com precisão cirúrgica, evocando o espírito de bandas como Judas Priest e Iron Maiden, mas com identidade própria. A cozinha, sustentada por Anders Johansson (bateria) e Magnus Rosén (baixo), mantém o peso e o domínio necessários para transformar o show em um verdadeiro ataque pesado.

A produção é um ponto alto: cristalina, poderosa e equilibrada. O público soa presente o tempo todo, mas sem encobrir a execução da banda. "One Crimson Night" tem aquele raro equilíbrio entre a energia do palco e a nitidez de estúdio, capturando a intensidade do momento sem que isso se torne demérito e não venha a sacrificar a clareza do som.

No repertório, há espaço para todos os hinos: “Hearts on Fire”, “Renegade”, “Let the Hammer Fall”, “Crimson Thunder” e, claro, a majestosa “Glory to the Brave”. Esta última, executada com emoção genuína, é o coração espiritual do álbum — um lembrete de que, por trás do brilho do aço, existe sentimento e história. Como bônus temos três ótimas faixas: a espetacular "The Dragon Lies Bleeding", faixa de abertura do primeiro álbum do grupo - Glory to the Brave de 1997 -, a "true metal" "Stronger Than All", presente em "Legacy of Kings", segundo trabalho lançado em 1998 e "A Legend Reborn", faixa de "Renegade", terceiro álbum do quinteto, originalmente lançado no ano 2000.

Mais do que um show, ONE CRIMSON NIGHT representa a consagração de uma trajetória. Entre 1997 e 2003, o HAMMERFALL resgatou a estética, o som e a filosofia do metal clássico com honestidade e orgulho, e com isso, reinou com sobras no território do Heavy Metal. Esse disco ao vivo é a recompensa: a prova de que o heavy metal tradicional não apenas sobreviveu, mas renasceu em pleno século XXI, com uma nova geração  empunhando guitarras e fazendo do estilo uma verdadeira fonte de musicalidade.

Sergiomar Menezes





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