CORONER
DISSONANCE THEORY
Century Media Records - Importado
DISSONANCE THEORY
Century Media Records - Importado
Se você é um fã de metal que esteve hibernando em uma caverna nas últimas semanas, talvez tenha perdido o evento sísmico: o Coroner está de volta. E não estamos falando de uma turnê de reunião para tocar os clássicos. Estamos falando de Dissonance Theory, o primeiro álbum de estúdio dos mestres suíços do technical thrash em longos, longuíssimos 32 anos. A pergunta que ecoou por toda a metalosfera foi: a espera valeu a pena? A resposta curta é: cada segundo. Para quem não conhece, o Coroner não é uma banda qualquer. Apelidados de "o Rush do thrash metal", o trio de Zurique sempre foi uma anomalia. Enquanto seus colegas de gênero nos anos 80 estavam ocupados cantando sobre satanismo e beber cerveja, o grupo estava dissecando política, depressão e estados de sonho com uma complexidade musical que fazia a maioria das outras bandas parecerem estar tocando com luvas de boxe.
Álbuns como "Punishment for Decadence" (1988), "No More Color' (1989) e o divisor de águas "Mental Vortex" (1991) não apenas definiram o "technical thrash", mas praticamente lhe deram um PhD. Depois, veio "Grin' (1993), um álbum tão à frente de seu tempo, com suas texturas industriais e grooves sombrios, que o mundo não estava pronto. A banda, sentindo o baque comercial e o desgaste da cena, entrou em um hiato que durou até agora. Então, o que acontece quando esses professores do metal, agora beirando os 60 anos, decidem voltar ao estúdio?
"Dissonance Theory' não é uma viagem nostálgica. Como o próprio guitarrista Tommy Vetterli disse, ele não poderia escrever o debut R.I.P. (1987) novamente. E que bom que ele não tentou. Este álbum é a cara do Coroner em 2025: mais maduro, mais sombrio e com um senso de urgência palpável. A melhor descrição que li veio de uma crítica da Metal Hammer: é como "assistir a um físico molecular espancar todo mundo no pit". É brutalmente inteligente. O som se situa em um fascinante ponto de encontro entre a complexidade de "Mental Vortex" e a vibe industrial e atmosférica de 'Grin'. Há riffs que poderiam quebrar seu pescoço, cortesia da bateria implacável do novo membro Diego Rapacchietti e do baixo pulsante de Ron Broder (Royce), cujos vocais estão mais agressivos do que nunca, lembrando um Mille Petrozza (Kreator) furioso. Mas há também camadas, texturas e uma densidade sônica que exigem fones de ouvido de boa qualidade e sua total atenção.
O álbum flui como uma peça única, mas algumas faixas merecem menção. A abertura, "Consequence", já define o tom, abordando os perigos da inteligência artificial com uma dinâmica impressionante que vai de versos trovejantes a refrões inesperadamente cativantes. É o Coroner mostrando que está de olho no mundo moderno. A dupla "Symmetry" e "The Law" funciona como ‘cara e coroa’ perfeitos. A primeira é um thrash veloz e técnico que te deixa sem fôlego, enquanto a segunda é um groove cadenciado e introspectivo que te faz balançar a cabeça lentamente, antes de ambas explodirem em seções que invertem suas próprias lógicas. É a maestria da composição em plena exibição. E quando você acha que já entendeu o álbum, a faixa de encerramento, "Prolonging", te joga um solo de órgão elegante e totalmente inesperado. É a prova de que, mesmo após 40 anos de carreira, o Coroner ainda tem truques na manga.
Dissonance Theory é um soco na cara da nostalgia barata e um dedo do meio enfático para a ideia de que o tempo enfraquece os grandes artistas. É um álbum que respeita o legado do Coroner sem se prender a ele, soando ao mesmo tempo familiar e incrivelmente novo. Para os fãs antigos, é um presente aguardado por três décadas que supera as expectativas. Para os novatos, é a porta de entrada perfeita para conhecer uma das bandas mais importantes e subestimadas da história do metal. Em um ano com tantos lançamentos, O trabalho não é apenas um forte candidato a álbum do ano no thrash metal, mas um marco para o metal como um todo. Os reis não estão mortos. Eles só estavam esperando o momento certo para reclamar o trono. E o fizeram com uma classe e uma fúria que só o Coroner poderia conjurar.
Jay Frost
Nenhum comentário:
Postar um comentário