EXKIL
VIOLENCE PREVAILS
Independente - Nacional
VIOLENCE PREVAILS
Independente - Nacional
Quando uma banda jovem decide lançar o primeiro álbum completo, o risco é grande: cair na repetição ou se perder entre a nostalgia. O Exkil, de Piracicaba/SP, não apenas evita essas armadilhas — ela as destrói.
Com “Violence Prevails”, o grupo entrega um trabalho que é mais do que um pontapé poderoso e certeiro: é uma voadora escancarando a porta, um soco na mesa e uma prova de que o metal pesado brasileiro ainda pode surpreender com identidade.
Formado em 2021 por Daniel Ferrante (vocal e guitarra), Gabriel Bunho (guitarra), Evandro Tapia (baixo) e Evandro Kandalaft (bateria), o Exkil consolida seu som — coeso, robusto e moderno — sem abrir mão da essência old school que molda a alma da banda.
A produção é densa e agressiva na medida certa, sustentando o caos com precisão cirúrgica.
A jornada começa de forma cinematográfica, com “Oblivion”, uma abertura instrumental que mergulha o ouvinte em um clima sombrio. E então, “Drive You Nuts” explode como um tiro — energia crua, pura adrenalina, perfeita para detonar em cima do palco.
A faixa-título chega como um grande hino: groove destrutivo, refrão poderoso e uma crítica direta à manipulação e às fake news que alimentam nossa realidade atual.
Em “Titans Rising”, a participação de Marcello Pompeu (Korzus) amplifica o impacto — e a bateria de Kandalaft soa como uma metralhadora. O relato de um soldado enlouquecido pela guerra, narrado com peso e fúria, carrega uma intensidade ímpar.
“Blood Fueled Desires” e “Intoxicate” expandem o território, misturando brutalidade moderna, blast beats e variações rítmicas que remetem a nomes como Havok e Evile, mas com um DNA inconfundivelmente brasileiro — quente, direto e impiedoso.
“Nothing Shall Remain” traz maturidade: riffs frenéticos e uma linha instrumental implacável que remete à fúria de World Painted Blood e Repentless, do Slayer.
“For The Frightened” mergulha o som da banda em um caos absoluto, guiado pelas cicatrizes psicológicas deixadas pela guerra.
O trio final é surpreendente. “Mistreat” revela o narcisismo autodestrutivo; “Reckoning” marca o ponto de virada — o confronto do indivíduo com seu arrependimento; e o encerramento com “Lies” é simbólico e cortante — mentiras repetidas até virarem verdades.
É o fecho perfeito para um álbum que não foge da crítica nem do desconforto — e que mostra o lado mais surpreendente de uma banda que “acabou de nascer”.
Enquanto o início, para a maioria, seria de homenagens aos heróis que estão nos pôsteres, o Exkil pisa fundo no acelerador, imprimindo personalidade em um disco que não apenas impressiona — ele mostra que a violência prevalece em seus 52 minutos de duração.
Como diria o saudoso narrador Silvio Luiz:
“É mais um gol brasileiro, meu povo!”
William Ribas
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