quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

BLACKDOME - THE CHAOS SUITE (2016)



               O nível que as bandas brasileiras apresentam ultimamente é incrível. Seja pelo profissionalismo, seja pela qualidade técnica, seja pela arte gráfica. E quando você recebe um cd como THE CHAOS SUITE, da banda BLACKDOME, você tem a certeza que não devemos nada ás bandas lá e fora. Formada em 2011, a banda lançou em 2013 o EP Higher e agora em 2016, chegou ao seu primeiro full lenght, praticando um heavy metal muito próximo do prog metal. Ou se você achar melhor, um prog metal muito próximo do heavy metal mais tradicional. Tanto faz. O que o grupo de Sorocaba (SP) apresenta aqui é música de extrema classe e bom gosto. 

                           A banda é formada por Cleiton Rodrigues (vocal), Felipe Colenci (guitarras, teclado e backing vocals), Fabio De Borthole (baixo) e Zico Teixeira (bateria), sendo que o baterista José Gil gravou 7 das 10 faixas presentes aqui. Apostando em uma linha mais pesada, ms sem abrir mão das variações e melodias, o grupo mostra grande qualidade em composições bem estruturadas, onde a capacidade técnica dos músicos fica evidente. Mas isso não se sobressai ao que é mais importante, que sempre foi e sempre será,que é a música. Nada de excessos, apenas a entrega ao heavy metal, que fica ainda melhor ao atentarmos para o capricho da produção, que ficou sob a responsabilidade do guitarrista Felipe Colenci, também responsável pela mixagem e masterização do trabalho. Ou seja, ninguém melhor do que alguém do próprio grupo para saber como a banda deve soar não é mesmo? A bonita capa é obra de Carlos Fides, enquanto que a arte do encarte, que não fica atrás, foi trabalho de Rodrigo Bueno.

                      Blinded Nation abre o álbum e já percebemos o cuidado do grupo na composição dos arranjos, que mostram em sua estrutura uma preocupação em que tudo esteja no lugar certo. Enquanto as guitarras mostram um dos diferenciais da banda, ou seja, um peso que muitas bandas que se enveredam pelos caminhos do prog metal acabam esquecendo, a cozinha capricha mostrando equilíbrio e coesão em linha bem trabalhadas. O peso continua ditando o ritmo em The Chaos Suite, uma faixa mais cadenciada e variada, onde os teclados aparecem de forma discreta, mas eficiente. Já o vocalista Cleiton mostra boa técnica e desenvoltura. A "quebradeira" apresentada mais para o final da faixa mostra que o grupo não tem medo de arriscar. Haters inicia como uma balada, mas ganha peso e linhas mais agressivas no desenrolar de sua execução. Em Surrogates temos  aveia do heavy metal tradicional exposta de maneira mais "visível", o que fica nítido nos riffs de Felipe, que com toda certeza, ouviu e deve ouvir muito metal dos anos 80. In My Mind também tem essa atmosfera, mas com uma pegada próxima do hard rock, mas nada muito exagerado, mas que mostra que a gama de influências da banda não fica restrita apenas a alguns estilos.

                        Sandstorm tem um início mais introspectivo, sombrio até. Só que o peso e a melodia se encontram numa crescente, fazendo da faixa um dos destaques do álbum. Com linhas variadas, a banda criou um arranjo bem interessante para a faixa. E o solo merece destaque pois alia  atécnica ao bom gosto, sem cometer nenhuma auto indulgência. Do You Believe mostra a força do grupo na hora de criar melodias instigantes. Com a estrutura de uma balada, a faixa encontra nas harmonias do teclado uma bela base. As guitarras tornam a apresentar o peso característico em Madman's Lie, onde o prog metal tem seu ápice. E mais uma vez cabe destacar o grande trabalho da dupla Fábio e Zico (baixo e bateria, respectivamente), que mostram um perfeito entrosamento. Born With Me continua com as linhas mais próximas do prog metal, mas nunca esquecendo do peso. Reality encerra o álbum com variações tanto na estrutura como nos vocais, que se mostram bastante versáteis.

                         Bandas como a BLACKDOME só comprovam aquilo que todo aquele que acompanha de perto o cenário nacional já sabe. Nossas bandas são excelentes. Cabe a nós, público, aprendermos que o que se faz por aqui tem tanto, ou mais, valor que muita coisa que vem de fora. E THE CHAOS SUITE é prova contumaz disso. 


                         
                     
                    Sergiomar Menezes

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