Fale a verdade. Quantas bandas podem bater no peito e dizer que criaram um estilo musical? E, ainda mais, dizer que esse estilo se tornou uma referência? Dá pra contar nos dedos não é mesmo? E uma dessas bandas é a brasileira HOLOCAUSTO que surgiu para a cena metal mundial juntamente com a efervescente cena mineira nos anos 80. Rebatizada agora como HOLOCAUSTO WAR METAL, incorporando ao seu nome o estilo criado por ela própria, a banda lança BATISMO DE FOGO, um trabalho forte, intenso e que resgata de forma consistente toda aquela atmosfera que só quem tem conhecimento de causa consegue criar. Lançado pelo Warcore Records, selo pertencente à própria banda, o trabalho é mais uma aula de brutalidade liderada pelo experiente Valério Exterminator, uma das mais icônicas figuras do metal nacional.
Além de Valério (guitarra e vocal), o trio é composto por Rafão The Trigger (baixo e vocal) e Manfredo War Tank (bateria e vocal). Batismo de fogo traz 05 faixas inéditas e mais três faixas que fizeram parte da demo "War General", lançada em 2020 e que contaram com a participação do baterista Luiz Tolledo, da banda Eternal Fall. Mas as três composições receberam novas versões, sendo que em uma delas o trio contou com os vocais de Fernando Campos, da banda Scalped. Outro convidado é o vocalista/guitarrista da Offensor, Giovanni Amorim, também conhecido por Reco, entre os amigos da cena mineira dos anos 80. Todo esse pacote faz do álbum um trabalho voltado aos fãs do estilo do grupo, qual seja, uma música agressiva, brutal, ríspida e sem nenhum tipo de contato com a melodia...
"Batismo de Fogo" é uma introdução que conta com a participação do supracitado Giovanni. A faixa é um "convite" aos soldados para unirem-se à guerra que virá pela frente, o que não tarda visto que a próxima música que temos é "Guerra", uma pedrada que não deixa nada no lugar. Impossível não lembrarmos do início da banda, seja pela sonoridade, seja pela postura, ou ainda, pela produção adotada pelo grupo que de forma bastante direta nos leva ao início de carreira do grupo. Mas, veja bem: não quero dizer aqui que a produção está datada, mas sim, que consegue resgatar uma aura bastante próxima daquilo que ouvíamos lá atrás. Dona de riffs sujos e ríspidos, a faixa é, sem dúvidas, o grande destaque do trabalho, seja pelos vocais, seja pela brutalidade apresentada. "ISIS" é uma das faixas que estavam na demo de 2020. Contando com os vocais de Fernando Campos, a faixa é um belo exemplo de como soar relevante em dias atuais. Com um início que nos remete ao doom metal, a faixa ganha uma atmosfera animal, descambando pra porradaria sem deixar pedra sobre pedra.
"Ex-Combatente" mostra uma face que aproxima o War Metal do Hardcore, que a bem da verdade, é uma das principais influências do grupo. Mas quando falo em hardcore, falo daquele raiz, violento e dotado de velocidade, como manda a cartilha do Punk/HC. "Arames Farpados" apresenta uma levada de bateria mais intensa, por vezes até meio tribal, mas mantém intacta a personalidade do grupo. Até mesmo porque os vocais, que são revezados entre os três integrantes, garantem toda a "obscuridade" á sonoridade da banda. Já "Sniper Alvo na Mira", traz esse revezamento nos vocais. Também pertencente a demo "War General", a faixa ganha aqui uma dose extra de agressividade se comparada a sua versão anterior. Sem espaço para modernidades ou quaisquer outro tipo de influência externa, a composição também é um dos destaques do trabalho, que é bastante homogêneo.
Um soco na boca do estômago. Não há definição melhor para "Simo Haya", uma pancada sem dó nem piedade nos ouvidos dos menos preparados. O que impressiona na sonoridade do Holocausto War Metal é a capacidade do grupo em criar faixas que mesmo mantendo uma pegada semelhante, conseguem soar completamente diferentes entre si. Ponto mais que positivo para o trio. Última faixa presente na demo, "Crianças Soldado" traz novamente o revezamento dos vocais e uma levada mais próxima do Thrash Metal, principalmente pelos riffs em determinadas passagens. "Cobras Fumantes" fecha o álbum de forma pesada, densa e voltada para um lado mais cadenciado, mostrando a face mais "versátil" da banda.
BATISMO DE FOGO não vem apenas para abrir as comemorações de 35 anos do grupo. O trabalho, dono de uma regularidade bem acima da média, vem para colocar o HOLOCAUSTO WAR METAL no seu devido lugar, qual seja, o de um dos mais importantes grupos do metal mineiro e nacional. Posto esse que sempre pertenceu ao grupo, diga-se de passagem...
Sergiomar Menezes
Valério Exterminator um guerreiro...inspiração pra muitas bandas continuarem acreditando e buscando mostrarsseu trabalho.
ResponderExcluirLonga vida a esse ícone do metal extremo mineiro.
Abraços Flávio das bandas Mortom e Last
Hails Flávio! Muito obrigado pelas palavras. Cumpro minha missão com extrema dedicação, e sabendo que juntos somos mais fortes...a estrada do underground nunca foi para os fracos e por isso muitos preferem se vender ou passam a criticar aqueles que seguem em frente com honestidade e sangue nos olhos. Sei que você é um desses e conte comigo.
ResponderExcluirHails Sergiomar e Rebel Rock! A 1ª resenha oficial ninguém esquece hehe...o que eu posso acrescentar? Você capturou o clima do Batismo de Fogo de forma impecável. O War trio agradece por essa sensibilidade demonstrada em sua resenha. Marchamnos juntos e até segunda na live com Cláudio Overdose e Jairo Tormentor. Forte abraço.
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