Carcass - Torn Arteries (2021)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional
Estamos em 2021 e ainda existem fãs que acreditam que o CARCASS vai voltas À sonoridade de álbuns como Reek of Purefaction (1988), Symphonies of Sickness (1989) e Necroticism - Descanting the Insalubrious (1991). Isso não tem a menor chance de acontecer, uma vez que, com Heartwork (1993), o grupo encontrou sua identidade unindo a podreira dos primeiros trabalhos, com a técnica e capacidade criativa apresenta deste o supracitado álbum. Dito isso, podemos afirmar que TORN ARTERIES, sétimo álbum do grupo, lançado no Brasil pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast dá sequência ao trabalho mais recente lançado pelo quarteto, o ótimo Surgical Steel (2013). Estão presentes a agressividade, brutalidade, mas devidamente "lapidadas", sem que isso faça com que a musicalidade do grupo se torne menor, ou até mesmo, despercebida.
Bill Steer (guitarra e vocal), Jeff Walker (baixo e vocal) e Don Wilding (bateria e vocal), contaram a participação de Per Wilberg (piano) e de Fredrik Klingwall (teclados adicionais). Cabe ressaltar que a banda tem a presença ao vivo do guitarrista Tom Draper. o álbum foi gravado entre novembro de 2018 e agoste de 2019 e tinha como previsão ser lançado em 2020, mas a pandemia frustrou os planos da banda, que achou melhor trazer o trabalho ao mundo agora em 2021. Torn Arteries foi produzido pelo próprio grupo enquanto a mixagem ficou sob a responsabilidade de David Castillo e a masterização foi feita pelo experiente Jens Bogren. Essa verdadeira "salada", (talvez uma pequena referência à capa), deu muito certo, pois o grupo soa pesado, intenso e bastante agressivo, sem que precise apelar para uma sonoridade datada ou "suja" em demasia.
O álbum abre com a faixa título, trazendo uma introdução brutal de bateria, mostrando que vem porrada por aí. E sem muita conversa, Bill Sterr despeja seus riffs insanos e agressivos, criando uma atmosfera perfeita para o mestre Jeff Walker soltar a voz de uma maneira ríspida e direta. Perfeita escolha para a abertura, pois de cara, entrega que o Carcass continua soberano naquilo que criou e sabe fazer como ninguém! Na sequência, Dance of Ixtab (Psychopomp & Circumstance March nº 1 in 18), que embora possua um nome pra lá de esquisito, é outro pelo petardo, carregado de peso. Cadenciada, a faixa mostra que o quarteto não se apega (há muito tempo) à nenhuma linha de composição, explorando seus próprios limites. Eleanor Rigor Mortis, faixa que vem em seguida, traz a velocidade de volta, pelo menos em seu início, com solos técnicos e melódicos, ainda que isso venha a irritar alguns fãs mais puristas. Dotada de peso, a composição acaba sendo um dos destaques do trabalho. Outro ótimo momento é Under the Scapel Blade, que começa brutal e agressiva, mas perde a velocidade e ganha muita intensidade em sua execução. Vale lembrar que a faixa estava presente no EP Despicable, lançado em 2019, e resgata uma pegada mais próxima de Swansong (1996). The Devil Rides Out traz um Bill Steer inspirado, técnico e ao mesmo tempo ríspido, mesclando de forma consistente, peso e melodia.
Flesh Ripping Sonic Torment Limited é a faixa mais longa, com quase dez minutos de duração. No entanto, ao contrário de muitas bandas que criam composições desse tipo apenas para mostrar suas técnicas instrumentais, o Carcass compôs uma música repleta de variações e passagens que vão da agressividade ao melódico sem pestanejar, mostrando, mais uma vez, uma banda preocupada, apenas, em fazer sua música. Kelly's Meat Emporium, como o título indica, traz a carnificina de volta, com velocidade, brutalidade e um acabamento que só bandas que criam um estilo conseguem fazer. Don Wilding mostra sua técnica de forma precisa, aliando momentos mais intensos e rápidos, com outros mais trabalhados e muito bem definidos. Enquanto isso, In God We Trust, também traz essa característica, não tão veloz, é verdade, mas dotada de uma execução coesa e com solos que fleum com total naturalidade. Wake Up And Smell the Carccas/Caveat Emptor, mantém a sequência, trazendo inúmeras referências que os fãs irão sacar e curtir. Pra encerrar, The Scythe's Remorseless Swing, nos deixa para um novo trabalho, que esperamos, não demore tanto para chegar.
Bandas que criam um estilo são raridade. As que conseguem se reinventar dentro daquilo que criaram são mais raras ainda. TORN ARTERIES mostra que o CARCASS é um desses raríssimos casos. Não há dúvidas de que estamos diante de um dos melhores álbuns lançados em 2021. Basta comprovar nas listas que logo mais virão por aí...
Sergiomar Menezes
Resenha foda!!!
ResponderExcluir