terça-feira, 29 de agosto de 2023

ALICE COOPER - ROAD (2023)

 


ALICE COOPER
ROAD
ear Music/ Valhall Music - Nacional

Uma das situações mais prazerosas e difíceis para quem escreve resenhas de álbuns, é quando chega para você a tarefa de escrever opinativamente sobre o novo trabalho de um artista que você é fã "sócio-torcedor". Tem-se que manter a imparcialidade sobre o que você ouviu e ao mesmo tempo segurar o entusiasmo sobre o novo lançamento de um herói pessoal seu. Mas vamos lá, vamos tentar manter a sobriedade e falar sobre "Road" o novo álbum de estúdio do Mestre Supremo Alice Cooper.

"Road" é o vigésimo nono álbum de estúdio do lendário decano do Shock Rock, e trata-se de um pseudo-álbum conceitual, sobre a vida na estrada de um astro do Rock n' Roll. A produção foi conduzida mais uma vez pelo mago Bob Ezrin, e ao contrário dos últimos lançamentos, Alice levou para dentro do estúdio a sua banda de turnê, que segundo uma afirmação do próprio, gostaria de ter a sua banda totalmente envolvida neste trabalho, já que os via apenas na estrada. Toda a banda soa coesa, e sem querer parecer herege, creio que esta é a primeira banda que Alice tem que chega próximo ao que foi criado pela formação original, conhecida como Alice Cooper Group, e que fez álbuns como "Love It To Death" e "Billion Dollar Babies" soarem tão espetaculares, inesquecíveis e clássicos atemporais.

Do ìnicio com "I´m Alice" e "Welcome to the show", o som basicamente rock n' roll de garagem abre a "estrada" e nos apresenta o nosso herói, onde na letra da primeira faixa, o "criador" Vincent Damon Furnier (pra quem não sabe, o nome verdadeiro de Alice) deixa claro ao Alice, que ele é o criador e está no comando e que Alice está livre, mas é um personagem, deixando claro alguns conflitos pessoais que Vincent passou nos tempos de bebedeiras e loucuras onde ele acusava "Alice" de ter tomado o controle.

Ainda no clima rock n' roll garageiro, "All Over The World" fala sobre vários locais onde Alice tocou "mundo afora" e sim, nosso Brasil varoníl é citado na letra. "Dead Don´t Dance", um hard rock pesadíssimo tem a participação do guitarrista parceiro de longa data, Kane Roberts, ex-integrante da banda de Alice nos anos oitenta, e que andou substituindo Nita Strauss na última tour, enquanto esta pegava uns trocados tocando na banda de Demi Lovato.

Falando em Nita Strauss, ela é o destaque da banda, com um trabalho soberbo. A facilidade dela de ir de uma simples escala rocker a uma fritada Shereder (no bom sentido) é impressionante e aprimora ainda mais este trabalho. "Go Away", rocker até o âmago, conta a história de uma garota que simplesmente "não quer ir embora" da volta do nosso ícone, em uma alusão, creio eu, às groupies que corriam atrás dos astros do rock. "White Line Frankstein", pesada e forte, uma das melhores, puta refrão, e uma letra de terror "old school", nos melhores moldes do nosso contador de histórias assustadoras. Ah, ia esquecendo, como detalhe, Tom Morello faz participação nesta música. "Big Boots" outro rockão, com uma letra sacana que poderá incomodar os mais puritanos ou que se ofendem fácil. Alice dá um "eu com isso" para estes "chateados".

"Rules Of The Road", como nome diz, são as regras passadas pelo Mestre, se você quiser viver "da estrada e do Rock". Participação nessa do lendário Wayne Kramer, o mais que doidão guitarrista do MC5 e "colega" de Detroit de Alice. "The Big Goodbye" é quase metal, riff pesadíssimo, com aquele toque mais anos 80, porém com um toque totalmente atual, sensacional e já uma das preferidas deste que vos escreve. "Road Rats Forever" é uma releitura da música do álbum "Lace And Whiskey" de 1977, e na minha modesta opinião sempre achei um dos melhores "lado B" da carreira de Cooper. Aqui a releitura se encaixa totalmente no contexto de "Road".

E vocês já devem estar se perguntando se não vamos ter uma bela balada nesta nova obra...Pois eis que temos ela: "Baby Please Don´t Go". A letra parece ser Alice dizendo para a esposa Sheryll que gostaria de ficar (enquanto ela pede para que ele fique em casa), mas ele tem que ir (para a estrada) pois isso é o que ele sabe fazer. "100 More Miles", dramática e emocional, fala sobre o cansaço e os excessos das tours, mas ele novamente afirma "É isso que sei fazer, e isso que tenho que fazer"... Fechando o álbum "Magic Bus" cover vitaminado do clássico do The Who, com direito a um ótimo solo do baterista Glen Slobel, encerra com chave de ouro este que é, isentando meu fanatismo e o frescor das minhas primeiras audições, o melhor álbum de Alice Cooper no século 21.

Alice Cooper consegue se reinventar a cada lançamento, traz novas experiências aos seus fãs de longa data e novos ouvintes. Ao contrário de vários artistas da sua geração que seguem fazendo tours sem nenhum lançamento para justificá-las, Alice segue lançando álbuns de ótima qualidade, se negando a uma aposentadoria. E que ele siga por muito mais tempo ainda, e que siga o que prega na letra de "Road Rats Forever!". Alice Cooper pra sempre!

José Henrique Godoy






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