terça-feira, 1 de agosto de 2023

CAVALERA - MORBID VISIONS (RE-RECORDED 2023)

 

CAVALERA
MORBID VISIONS (RE-RECORDED 2023)
Nuclear Blast - Importado

Quem sempre acompanhou a carreira do Sepultura sabe que após seus clássicos, digamos mais conhecidos foram criados, os lançamentos iniciais da carreira da então jovem banda foram deixados meio que de lado. Álbuns como “Beneath the Remais” (1989), Arise (1991) e Chaos AD (1993) foram tão bons e tão bem recebidos por fãs e críticos, que o primeiro trabalho completo, “Morbid Visions” (1986) acabou meio que sendo deixado de lado pela própria banda ficando quase como um item perdido em sua imensa discografia.

Por que isso? Difícil responder; talvez pela crueza da gravação original, o que não deixa de ser verdade, talvez porque a banda ainda estivesse aprendendo a tocar e mesmo em “Schizophrenia” (1987) ficou evidente a evolução técnica dos integrantes em termos instrumentais, enfim creio que não deve haver um consenso sobre isso, mas fato é que na longeva carreira do Sepultura, “Morbid Visions” quase nunca teve a devida atenção por parte de todos.

O grande trunfo seja o mega clássico “Troops of Doom”, que ganhou uma repaginação de muito respeito no álbum seguinte, o já citado “Schizophrenia”, sendo o ponto de maior atenção e um vislumbre da época adolescente dos fundadores Max e Iggor Cavalera.

Outro ponto curioso é que as regravações foram lançadas apenas com o nome “Cavalera”, ou seja, sem o complemento ‘Conspiracy’, uma pergunta que certamente será feita à exaustão para ambos. As novas capas ficaram excelentes dando aqui também, uma modernizada na arte original.

Ao apertar o play de cara já senti a falta da intro original Carmina Burana de Carl Orff que fez parte da versão original do disco, porém nos relançamentos posteriores ela foi deixada de lado. O lado bom da história é iniciar diretamente na pancadaria, algo que os irmãos sabem muito bem fazer.

A abertura com a faixa título foi amplamente divulgada com um caprichado lyric vídeo, bem como nervosa e rápida “Mayhem” que ficou infinitamente melhor que a original. Aí chegou a vez de “Troops of Doom” um verdadeiro hino atemporal. Com um andamento um pouco mais lento que a versão do “Schizophrenia” ficou muito interessante de se ouvir. “War” pra mim é a melhor de todas com seu andamento caótico e cheio de variações de ritmo, um grandioso e insano petardo. Iggor dá show em todas as faixas mas aqui, o faz ainda mais. Aí vem “Crucifixion” e também acho que é a melhor até agora, ainda preciso me decidir.

Os riffs de abertura de “Show Me the Wrath” e “Funeral Rites” dão a perfeita dimensão do bem que essas regravações fizeram para a humanidade metálica. A diferença em termos de qualidade de áudio e potência é tão gritante que chega a ser risível. O restante das faixas nem é preciso comentar. “Empire of the Damned” soa como um moderno Thrash Metal mas a voz com ares de desespero de Max Cavalera a transformam num Death Metal cru e visceral em várias passagens.

Ah, e não dá pra não citar a faixa adicional “Burn the Dead” que com seus poucos mais de 2 minutos redefinem aquilo que costumamos chamar de ‘desgraceira” sendo a mais rápida e agressiva de todas. Que forma de fechar essa obra prima! De se lamentar apenas a ausência do grande guitarrista e ser humano Jairo Guedz, peça fundamental na concepção e criação das obras originais dos anos 80.

Que essas regravações deem aos irmãos um novo fôlego em suas carreiras e que sigam fazendo aquilo que fazem de melhor, aquilo que os transformaram em ícones do Heavy Metal brasileiro e mundial. A comunidade agradece!

Mauro Antunes



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