ARMAGEDDON METAL FEST 2023
18/11/2023
JOINVILLE/SC
Texto: Flávio Soares
Fotos: Letícia Malaguez
Depois de ter sido adiado algumas vezes, seja pela pandemia ou por algum outro motivo, eis que chegou o tão aguardado sábado, dia 18 de novembro de 2023, quando finalmente aconteceu a terceira edição do grande Armagedom Metal Fest, em Joinville, SC.
Após uma viagem rodoviária estafante de quase 12 horas, chegamos ao local, o Luna Live, localizado no centro da cidade catarinense, e logo fomos nos estabelecendo em um dos mezaninos laterais da casa (que conta com uma boa estrutura), onde poderíamos ter uma bela visão do palco, apesar da distância.
14:00 - FINITA
A pontualidade em relação aos horários divulgados para cada banda entrar no palco foi seguida à risca. Mas problemas na organização da entrada das pessoas no local fizeram com que a abertura das portas atrasasse. Com isso, a banda Finita (de Santa Maria, RS) teve um prejuízo imensurável, pois começou tocando para quase ninguém. Mas não se abateram, e fizeram o seu 'set' com competência, técnica e muita garra. Destaque, como sempre, para e potente e bela voz de Luana Palma.
14:35 - PARADISE IN FLAMES
Na sequência, subiram ao palco os mineiros da Paradise in Flames. Para você, que não foi ao evento e não viu nada à respeito, entender a estrutura do Armageddon, tínhamos 3 palcos montados : um com a bateria no centro do palco, em cima de um praticável e toda coberta, aguardando os dois "headliners" da noite, Abbath e Angra. E em cada lado, tínhamos dois palcos pequenos, mas individuais, com todo o backline necessário. Com isso, tivemos uma 'troca de bandas" bastante ágil, quase sem intervalo.
Por conta dessa agilidade, os mineiros também foram prejudicados, pois tínham cerca de 50 pessoas os assistindo. Então, por mais que se esforçassem, também não tiveram uma grande interação com o público, mas deram o seu recado, com um instrumental porrada e vocais poderosos.
15:10 - PANACEA
Única banda catarinense e também ali da região, subiu no palco com apoio do público que já estava no interior do Luna Live. Seu último trabalho foi produzido por Marcello Pompeu, do Korzus, e essa parceria foi levada para o palco do Armageddon, com Pompeu participando de uma música no show do Panaceia e músicos do Panaceia servindo de base para o show de Pompeu. Tudo em casa e dominado, o quarteto apresentou músicas recentes com uma identidade calcada no Nu Metal, mas aberta à outras influências, o que faz da sua sonoridade algo bem interessante.
15:45 - UGANGA
Banda mineira, que tem no vocalista Manu Joker o seu grande destaque. Composições temáticas sobre religião, instrumental pesado, eclético e
tecnicamente muito bem executado.
Para este que vos escreve, foi um dos melhores shows da noite.
16:20 - AMEN CORNER
Com os horários sendo seguidos à risca, exatamente às 16:20 o céu escureceu em Joinville, pois era chegada a hora do Metal Negro. Capitaneados pelo vocalista "Paulista", o Amem Corner fez jus à fama que tem. Foi pedrada após pedrada, hino após hino, pancadaria após pancadaria. Uma apresentação primorosa.
16:55 - DESALMADO
17:30 - SURRA
Coloquei as duas bandas juntas de propósito, pois na minha visão, ambas atingem basicamente o mesmo público, pois tem no Hardcore e no Grindcore elementos que acabam influenciando ambas. Acho que quem gosta de Desalmado provavelmente curte a Surra, e deve ter muito poucos que gostam de uma e não gostam da outra. E as apresentações de ambas são alicerçados na movimentação, na energia, na atitude e nas letras contundentes contra o sistema em geral. E nesse ponto, as duas estão de parabéns, pois souberam usar os seus 30 minutos pra deixarem os seus recados.
18:10 - POMPEU
Além de renomado produtor musical, um dos melhores 'frontman' do Brasil estava ali, na nossa frente. Como já citado, junto com alguns músicos da Panaceia que lhe deram o suporte necessário, Pompeu tocou vários 'covers', de Metallica à Slayer, passando por Judas Priest e "Correria", da sua própria banda Korzus. Agradou bastante, e "ganhou" o público com sua comunicatividade e humildade. Muito boa apresentação.
19:00 - VITAM ET MORTEN
Grande e grata surpresa essa banda de Death Metal vinda da Colômbia. Sonoridade extremamente agressiva, em alguns momentos bem perto do Black Metal, em outros lento como o Doom Metal, mas sempre soturna. A única dificuldade foi a comunicação com o público. Mas com certeza arrecadaram mais um bom número de fãs.
19:35 - BLACK PANTERA
Banda que me despertava curiosidade, por tudo o que se fala em torno do seu nome. Mas confesso que não me chamou a atenção. Louvável o discurso anti preconceito, anti racismo e contra a violência contra a mulher. Contaram com um bom público em frente ao palco e deram o seu recado.
20:20 - DORSAL ATLÂNTICA
Estávamos com uma grande expectativa para conferir, depois de anos, novamente um show do Dorsal Atlântica. E foi ótimo poder conferir alguns clássicos e também músicas dos últimos álbuns "Canudos" e "Pandemia". E rever o polêmico Carlos Vândalo e seus discursos "chocantes".
21:30 (22:15) - ABBATH
Depois de um grande atraso, eis que surge no palco o famoso Abbath e sua banda. Como dissemos no início deste texto, ele teve todas as regalias de uma banda headliner. Mesmo assim, além do atraso, cometeu dois erros que acabaram diminuindo a vontade de ver a sua performance em boa parte das pessoas presentes : usou muita fumaça (praticamente sumindo durante o show inteiro) e entrou com um som péssimo, o que inviabilizou a audição das duas primeiras músicas. Um show curto para uma banda principal (já tinha acontecido isso a noite anterior, sexta-feira, em Porto Alegre), além da falta de interação com o seu público, decepcionou ainda mais uma parte do público ávida por Metal Extremo que aguardou ansiosamente pra ver um dos expoentes do Black Metal mundial em terras catarinenses.
ANGRA
Pisando em terras catarinenses pela segunda vez este ano, agora para divulgar o seu novo trabalho chamado "Cycles of Pain”, já entrou no palco com o jogo ganho (como se diz) ao iniciar a sua participação no Armageddon Metal Fest com a música "Nothing To Say". Depois foi só manter o nível e se consagrar, ora apresentando músicas do novo trabalho como "Vida Seca", "Here In The Now” e a própria faixa título ou tocando grandes clássicos como "Angels Cry". Mesmo com o adiantado da hora, voltaram para o "bis" e saíram ovacionados.
Num balanço final, e comparado à primeira edição, quando também estivemos em Joinville para conferir, podemos dizer que o Armageddon Metal Fest vem se consolidando a cada edição como um dos melhores e mais diversificados festivais do Sul do país. Desta vez, mesmo com a troca de local, ofereceu ao público uma ótima estrutura e um 'cast' para contemplar todas as vertentes da música pesada.
Longa vida ao Armageddon Metal Fest. Desde já, aguardando a próxima edição.