quarta-feira, 29 de novembro de 2023

ARMAGGEDON METAL FEST 2023 - COBERTURA ESPECIAL



ARMAGEDDON METAL FEST 2023
18/11/2023
JOINVILLE/SC

Texto: Flávio Soares
Fotos: Letícia Malaguez

Depois de ter sido adiado algumas vezes, seja pela pandemia ou por algum outro motivo, eis que chegou o tão aguardado sábado, dia 18 de novembro de 2023, quando finalmente aconteceu a terceira edição do grande Armagedom Metal Fest, em Joinville, SC.

Após uma viagem rodoviária estafante de quase 12 horas, chegamos ao local, o Luna Live, localizado no centro da cidade catarinense, e logo fomos nos estabelecendo em um dos mezaninos laterais da casa (que conta com uma boa estrutura), onde poderíamos ter uma bela visão do palco, apesar da distância.


14:00 - FINITA

A pontualidade em relação aos horários divulgados para cada banda entrar no palco foi seguida à risca. Mas problemas na organização da entrada das pessoas no local fizeram com que a abertura das portas atrasasse. Com isso, a banda Finita (de Santa Maria, RS) teve um prejuízo imensurável, pois começou tocando para quase ninguém. Mas não se abateram, e fizeram o seu 'set' com competência, técnica e muita garra. Destaque, como sempre, para e potente e bela voz de Luana Palma.


14:35 - PARADISE IN FLAMES

Na sequência, subiram ao palco os mineiros da Paradise in Flames. Para você, que não foi ao evento e não viu nada à respeito, entender a estrutura do Armageddon, tínhamos 3 palcos montados : um com a bateria no centro do palco, em cima de um praticável e toda coberta, aguardando os dois "headliners" da noite, Abbath e Angra. E em cada lado, tínhamos dois palcos pequenos, mas individuais, com todo o backline necessário. Com isso, tivemos uma 'troca de bandas" bastante ágil, quase sem intervalo.
Por conta dessa agilidade, os mineiros também foram prejudicados, pois tínham cerca de 50 pessoas os assistindo. Então, por mais que se esforçassem, também não tiveram uma grande interação com o público, mas deram o seu recado, com um instrumental porrada e vocais poderosos.


15:10 - PANACEA

Única banda catarinense e também ali da região, subiu no palco com apoio do público que já estava no interior do Luna Live. Seu último trabalho foi produzido por Marcello Pompeu, do Korzus, e essa parceria foi levada para o palco do Armageddon, com Pompeu participando de uma música no show do Panaceia e músicos do Panaceia servindo de base para o show de Pompeu. Tudo em casa e dominado, o quarteto apresentou músicas recentes com uma identidade calcada no Nu Metal, mas aberta à outras influências, o que faz da sua sonoridade algo bem interessante.


15:45 - UGANGA

Banda mineira, que tem no vocalista Manu Joker o seu grande destaque. Composições temáticas sobre religião, instrumental pesado, eclético e
tecnicamente muito bem executado.
Para este que vos escreve, foi um dos melhores shows da noite.


16:20 - AMEN CORNER

Com os horários sendo seguidos à risca, exatamente às 16:20 o céu escureceu em Joinville, pois era chegada a hora do Metal Negro. Capitaneados pelo vocalista "Paulista", o Amem Corner fez jus à fama que tem. Foi pedrada após pedrada, hino após hino, pancadaria após pancadaria. Uma apresentação primorosa.


16:55 - DESALMADO
17:30 - SURRA

Coloquei as duas bandas juntas de propósito, pois na minha visão, ambas atingem basicamente o mesmo público, pois tem no Hardcore e no Grindcore elementos que acabam influenciando ambas. Acho que quem gosta de Desalmado provavelmente curte a Surra, e deve ter muito poucos que gostam de uma e não gostam da outra. E as apresentações de ambas são alicerçados na movimentação, na energia, na atitude e nas letras contundentes contra o sistema em geral. E nesse ponto, as duas estão de parabéns, pois souberam usar os seus 30 minutos pra deixarem os seus recados.


18:10 - POMPEU

Além de renomado produtor musical, um dos melhores 'frontman' do Brasil estava ali, na nossa frente. Como já citado, junto com alguns músicos da Panaceia que lhe deram o suporte necessário, Pompeu tocou vários 'covers', de Metallica à Slayer, passando por Judas Priest e "Correria", da sua própria banda Korzus. Agradou bastante, e "ganhou" o público com sua comunicatividade e humildade. Muito boa apresentação.


19:00 - VITAM ET MORTEN

Grande e grata surpresa essa banda de Death Metal vinda da Colômbia. Sonoridade extremamente agressiva, em alguns momentos bem perto do Black Metal, em outros lento como o Doom Metal, mas sempre soturna. A única dificuldade foi a comunicação com o público. Mas com certeza arrecadaram mais um bom número de fãs.


19:35 - BLACK PANTERA

Banda que me despertava curiosidade, por tudo o que se fala em torno do seu nome. Mas confesso que não me chamou a atenção. Louvável o discurso anti preconceito, anti racismo e contra a violência contra a mulher. Contaram com um bom público em frente ao palco e deram o seu recado.


20:20 - DORSAL ATLÂNTICA

Estávamos com uma grande expectativa para conferir, depois de anos, novamente um show do Dorsal Atlântica. E foi ótimo poder conferir alguns clássicos e também músicas dos últimos álbuns "Canudos" e "Pandemia". E rever o polêmico Carlos Vândalo e seus discursos "chocantes".


21:30 (22:15) - ABBATH

Depois de um grande atraso, eis que surge no palco o famoso Abbath e sua banda. Como dissemos no início deste texto, ele teve todas as regalias de uma banda headliner. Mesmo assim, além do atraso, cometeu dois erros que acabaram diminuindo a vontade de ver a sua performance em boa parte das pessoas presentes : usou muita fumaça (praticamente sumindo durante o show inteiro) e entrou com um som péssimo, o que inviabilizou a audição das duas primeiras músicas. Um show curto para uma banda principal (já tinha acontecido isso a noite anterior, sexta-feira, em Porto Alegre), além da falta de interação com o seu público, decepcionou ainda mais uma parte do público ávida por Metal Extremo que aguardou ansiosamente pra ver um dos expoentes do Black Metal mundial em terras catarinenses.


ANGRA

Pisando em terras catarinenses pela segunda vez este ano, agora para divulgar o seu novo trabalho chamado "Cycles of Pain”, já entrou no palco com o jogo ganho (como se diz) ao iniciar a sua participação no Armageddon Metal Fest com a música "Nothing To Say". Depois foi só manter o nível e se consagrar, ora apresentando músicas do novo trabalho como "Vida Seca", "Here In The Now” e a própria faixa título ou tocando grandes clássicos como "Angels Cry". Mesmo com o adiantado da hora, voltaram para o "bis" e saíram ovacionados.


Num balanço final, e comparado à primeira edição, quando também estivemos em Joinville para conferir, podemos dizer que o Armageddon Metal Fest vem se consolidando a cada edição como um dos melhores e mais diversificados festivais do Sul do país. Desta vez, mesmo com a troca de local, ofereceu ao público uma ótima estrutura e um 'cast' para contemplar todas as vertentes da música pesada.

Longa vida ao Armageddon Metal Fest. Desde já, aguardando a próxima edição.








terça-feira, 28 de novembro de 2023

RICHIE RAMONE - 18/11/2023 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 

RICHIE RAMONE
Abertura: ROTENTIX
18/11/2023
BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS
Produção: Ablaze Productions

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: José Henrique Godoy

E mais uma vez o palco do Bar Opinião na capital gaúcha foi escolhido para mais uma celebração do rock n' Roll. Ou do Punk Rock. Na verdade, chame como quiser. Porque o que se viu durante a apresentação de RICHIE RAMONE, ex-baterista do RAMONES, que tem uma carreira solo que não se fundamenta apenas naquilo que ele fez em sua passagem com o grupo, foi sim, uma verdadeira aula de como ser despojado, despreocupado, mas ao mesmo tempo, ser um autêntico rocker. O público, que compareceu em número razoável (mas que poderia ter sido bem melhor devido a importância do evento), mostrou que por mais que o tempo passe, as músicas escritas pelo quarteto que revolucionou o mundo da música, seguem mantendo acesa a chama da juventude, quer você tenha 20, 30, 40, 50, 60, 70 anos. 

A abertura ficou sob a responsabilidade da banda gaúcha ROTENTIX. Cabe lembrar que o grupo também foi responsável pela abertura dos show pelo sul do brasil (Paraná e Santa Catarina), o que criou entre os músicos uma amizade (algo que foi comprovado durante o show de Richie). Mais do que inspirada em Ramones, o quarteto gaúcho mostra que a influência dos americanos está por todos os cantos, seja do palco, seja da música, seja da presença de palco, seja do espírito. Porque vou dizer uma coisa: QUE BANDA FODA! A energia e adrenalina que Douglas Wyse (vocal), Thiago Kamming (guitarra), Felipe Bittencourt (baixo) e Alex Lamarque (bateria) entregaram nos cerca de 40 minutos da apresentação do grupo foi de arrepiar. A postura de Douglas (um "quase" Joey Ramone), a pegada de Thiago (e sua guitarra autografada por CJ e Marky), Felipe e seu "one, two, three, four" e o peso e velocidade de Alex, fazem da Rotentix a melhor banda de punk do Rio Grande do Sul.

Sabe aquela alegria que você sente quando assiste uma banda que tá feliz em cima do palco? Foi isso que o grupo deixou transparecer em faixas sensacionais como "Cemitério", "Rotensedados", "Tarja Preta", "Olheiras"... Tudo aquilo que a gente cresceu ouvindo com o Ramones, a Rotentix consegue reproduzir de um jeito totalmente seu, com letras que retratam o cotidiano, qual seja, de festas a roubadas, de bares à mulherada, de sonhos a homenagens. E o baile seguiu com outras pérolas como "Jovem pra Sempre", "Te Explorou", "Judas", "Fuckin Cretin", "Matambre da Cidade" (título genial), "barros Cassal", "Dale Porão", "Adrenaline" (homenagem ao famoso Adrenaline Rock Bar), além das duas homenagens que encerram o set do quarteto: "Ouvindo Ramones" (que poderia estar tranquilamente no Rocket to Russia) e a versão de "What a Wonderful World", de Louis Armstrong que foi eternizada pelo saudoso Joey, e que, sendo o mais sincero possível, ficou bem melhor que a apresentada por Marky Ramone no show do mês passado. Sem muito mais a dizer, uma banda que merece mais reconhecimento! Que banda!



Após um pequeno intervalo, Rodrigo Txory (guitarra), Clare Misstake (baixo e uma espécie de faz tudo, inclusive atendendo na banca de merchandise da banda - e extremamente simpática, que fique registrado), adentram o palco antecedendo Richie, que durante as três primeiras faixas, tocou bateria. Alto, magro, jaqueta de couro e  tênis All Star. è ou não é o "modelo" legítimo de um punk rocker? Divulgando seu mais recente e ótimo trabalho, "Live To Tell", o baterista começa a festa com "Durango 95", instrumental que durante muito tempo abriu os shows do Ramones. Em seguida, "Teenage Lobotomy", clássica faixa do quarteto, mas que não foi gravada por ele enquanto batera da banda. E aqui cabe um elogio a Richie: tocar músicas que não são suas ou que não foram gravadas por ele, deixaram o show com outra cara, satisfazendo muitos dos presentes que ali estavam. E por falar no público... Quando olho pro lado, um cara com uma camiseta sensacional: uma foto de Johnny com Linda escrito THE KKK TOOK MY BABY AWAY. Simplesmente demais! Antes de deixar a bateria e entregá-la a Chris Moye, Richie tocou e cantou "Somebody Put Something in my Drink", clássico presente em "Animal Boy" (1986).

"Smash You", aquele lado B que deveria ser muito mais do que isso, foi a escolhido para começar o show com Richie apenas nos vocais. Que música fantástica, lembrando os bons tempos que a música estava sempre em primeiro lugar, sem depender de conotações políticas, ideológicas ou qualquer outra coisa que venha a atrapalhar a finalidade principal: a diversão! Na sequência, aquele refrão cantado a plenos pulmões por todos: "Nobody Can't Tell Me , I Know, I Know Better Now!", trazendo o excelente "Halfway to Sanity" (1987) ao show. "I Don't Care" antecedeu "Pretty Poison", primeira faixa da carreira solo do baterista a ser apresentada. Logo após "Who Stole my Wig", presente no mais recente trabalho de Richie veio trazer a questão que todo fã de Ramones tá "careca" de saber: a treta entre ele e Marky não é pouca não! O hino máximo "Blitzkrieg Bop" fez com que o mosh rolasse solto e a roda punk viesse a se abrir de forma contundente na pista do Opinião. Mais duas faixas da carreira solo: "The Last Time" e "Fix You" antecederam "Howling at the Moon (Sha-La-La)", trouxe de volta o espírito de "Too Tough to Die" (1984).




Ainda na primeira parte do show, tivemos mais momentos de destaque como "Enjoy the Silence", cover do Depeche Mode, que poderia ter ficado um pouco mais interessante se o guitarrista Rodrigo tivesse um melhor desempenho. E aqui fica o único "senão" do show. Embora tenha executado um bom trabalho, faltou aquele "punch" característico ao guitarrista. Ainda, Richie chamou o vocalista da Rotentix, Douglas Wyse, algo que não estava programado, para cantar "Loudmouth" e "Havana Affair", num dos momentos mais legais do show e era nítida a alegria de Douglas nesse momento. Nessas horas, vemos o quanto um ídolo pode ser humilde sem perder a grandeza... Pra fechar a noite e dar tchau (como se alguém ainda acreditasse nisso), "Sheena is a Punk Rocker" veio e colocou, mais uma vez, o público a quebrar tudo na pista.

Após um pequeno espaço de tempo, a banda retorna e manda ver em "I'm Not ready", uma semi-balada ao estilo Ramones, fruto da carreira solo do baterista. Em seguida, três faixas que arrasam qualquer quarteirão: "I Wanna Live", "I Believe in Miracles" e "Rockaway Beach", músicas que dispensam qualquer tipo de apresentação, não é mesmo? Todos se despedem, mas a internet já nos dizia que teríamos um segundo bis... Então, eles retornam e dessa vez, com a faixa que fez valer o show: "Can't Say Anything Nice", faixa espetacular, cantada e composta por Richie, mais um daqueles lados B que ninguém consegue entender. Que música espetacular! Jamais imaginei que eu estaria em um show e cantaria essa música do início ao fim num misto de emoções... E agora, pra encerrar de vez esse show mais do que especial, "Judy is a Punk", "Commando" (que me trouxe belas lembranças, pois tive uma banda e nós tocávamos essa faixa) e "Cretin Hop", hino de toda uma geração, fecharam com chave de ouro a apresentação de um Ramone, que se não foi um integrante original, soube imprimir sua personalidade na maior banda de punk rock de todos os tempos!




Após o show, Richie desceu e foi à banca de merchandise tirar fotos e dar autógrafos a todos que ali estavam, independente de compra ingresso diferenciado, comprar algum merchandise... Um cara que sabe valorizar seu público e sua importância para sua carreira. 

Fica o nosso obrigado a ABLAZE Productions pelo credenciamento e cordialidade no atendimento, marca registrada da produtora.




quarta-feira, 22 de novembro de 2023

ANGRA - 19/11/2023 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS


ANGRA
Abertura: Luiz Toffoli
19/11/2023
BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS
PRODUÇÃO: OPINIÃO PRODUTORA

Texto e fotos: Henrique Lippert Cunha

Consagrada como uma das bandas mais influentes no cenário do metal nacional, o Angra voltou a Porto Alegre pela segunda vez este ano para trazer músicas do seu novo álbum “Cycles of Pain”, além de outras já bem conhecidas pelos fãs. No domingo (19), por volta das 19h, a fila já se estendia longa em frente ao bar Opinião. Devido a um problema com a aeronave em Joinville, a banda precisou ir a Campinas, para então voltar a Porto Alegre, o que acabou gerando um atraso considerável.
 
A abertura dos portões, que deveria ocorrer às 18h30, só aconteceu de fato por volta das 21h30. Para o público que já aguardava do lado de fora há algumas horas, essa espera marcou de forma negativa a experiência, visto que o show acabaria se encerrando bem mais tarde que o previsto, já na madrugada de segunda.

Mas vem um novo ânimo ao entrar no Opinião, enquanto os instrumentos são preparados para os shows desta noite. Ânimo esse que arrefeceu pouco a pouco, a espera se estendeu bastante e a primeira música veio somente após as 22h30. Subindo ao palco, a banda de Luiz Toffoli trouxe músicas autorais marcadas por velocidade e uma voz melódica com agudos potentes, entre elas “I’m Alive” e “Frenetic Freak”. A balada “The Place I Want to Be (With You)” fez o público ligar as lanternas dos celulares e curtir um momento mais calmo, que logo viria a ser quebrado pelo cover de “As I Am” do Dream Theater. Com muito peso e qualidade, Luiz Toffoli, Pedro Tinello, Douglas Máximo e Léo Leal agitaram o público, e encerraram a noite distribuindo alguns CDs para a plateia.



Após uma nova e longa espera, o baterista Bruno Valverde adentrou o palco sendo ovacionado, seguido pelos demais músicos que foram recebidos com igual carinho: Rafael Bittencourt, Fábio Lione, Marcelo Barbosa e Felipe Andreoli. Já passava das 23h30 quando a banda começou seu show com “Nothing to Say”, o que fez a galera cantar quase mais alto que o Fábio Lione. Toda energia e emoção seguiram com “Tide of Changes” I e II, entregando duas faixas do novo álbum para um público que acompanhou no vocal e na euforia. Nas primeiras notas de Angels Cry, o público vibrou e cantou uníssono com o “mago” Lione.

Entre as canções, Rafael Bittencourt comenta sobre os problemas nos vôos, mas se a banda estava cansada, em nenhum momento isso foi notado. Logo depois, ele aproveitou para puxar “Vida Seca”, que foi bem recebida e muito aplaudida, assim como “Dead Man On Display”, “Here In The Now” e a faixa título “Cycles of Pain”. Entre uma e outra faixa os músicos fizeram pausas para ajuste de instrumentos, momentos esses em que Fábio aproveitou para interagir com a plateia, inclusive chamando uma fã e conversando com ela diretamente. A menina, Giovana, foi incentivada a cantar uma parte de uma música que gosta, mas fosse a timidez ou nervosismo, acabou não conseguindo.


O vocalista aproveitou para cantar trechos curtos de outras músicas e executar alguns exercícios de vocalizes com um público que começava a demonstrar os primeiros sinais de cansaço. Trazendo seu violão, Rafael começa a dedilhar “Lullaby for Lucifer”, a qual canta solo, fazendo uma breve dedicatória a André Matos e comentando sobre os tempos de mudanças que estamos passando. De volta ao palco, Lione embala uma versão acústica de “Gentle Change” junto com Bittencourt, que preparou o terreno para outros dois clássicos tocadas em estilo medley: “Carry On” e “Nova Era” renovaram o fôlego da plateia, que cantou alto e interagiu até o fim das canções.


Neste ápice a banda teve seu grand finale. Ainda com energia, eles retribuíram todo carinho recebido e, entre agradecimentos e acenos, jogaram para o público palhetas, baquetas e o setlist, finalizando mais um grande show com muito carisma e qualidade. A banda estava “em casa” e isso foi evidente durante todas as músicas, mostrando como o Angra se sente à vontade em Porto Alegre. Mesmo com os atrasos e pausas longas, a performance do grupo encantou mais uma vez ao passear pela sua discografia e história, emplacando grandes hits e relembrando clássicos. Longa vida ao Angra!

ABBATH - 17/11/2023 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 

ABBATH
17/11/2023
BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS
PRODUÇÃO: ABLAZE PRODUCTIONS

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Uillian Vargas

Abbath é uma das figuras mais conhecidas do Metal mundial da atualidade. Seja pelos memes, seja pelos excelentes trabalhos registrados por ele, a frente do Immortal ou como artista solo, a realidade é que Abbath é um ícone. E no palco do Opinião na sexta-feira 17 de novembro de 2023, ele demonstrou isso mais uma vez.

Vale relembrar, que em 2019 Abbath tinha um show marcado para Porto Alegre, mais precisamente no dia 20 de novembro, porém após um fiasco em Buenos Aires, causado pelo excesso de consumo da “mardita cachaça”, toda a tour brasileira foi cancelada, e o norueguês ficou devendo a visita.

4 anos após, cá estamos nós no Bar Opinião. As portas foram abertas as 19:30, e já ao entrar podemos ver o belo palco pronto para a apresentação, dando conta de que a banda de abertura, Paganheart, não iria mais se apresentar, e nos foi informado que por causa dos famosos “problemas logísticos” o show da banda não seria realizado.

Pontualmente às 21h, Abbath e asseclas tomam de assalto o palco com a trinca “Acid Haze”, “Dream Cull” e “Hecate”, com o som claro e alto, com ressalva ao vocal de Abbath. Algum problema no microfone deixou o norueguês visivelmente descontente, mas logo foi resolvido. A iluminação, soturna e sombria, deixando o palco envolto em uma penumbra completa com a fumaça, dava o aspecto lúgubre que caracteriza os shows de Abbath, desde os tempos do Immortal, porém torna-se um pesadelo para os fotógrafos presentes, que tentavam registrar a performance.



A pouca interação com o público (que não era grande, e Abbath merecia mais gente) era compensada com a execução precisa e em grande nível de músicas como “Ashes to the Damned” e “Dream Reaver”. Os músicos que acompanham o norueguês, simplesmente criaram uma parede sonora, grandiosa e obscura, digno do que se espera de uma apresentação deste lendário personagem do metal. Músicas do Immortal não poderiam deixar de estar presentes, e “In My Kingdom Cold”, “ Beyond The North Waves”, “One By One” e “The Rise Of Darkness” não deixaram pedra sobre pedra.

“Warriors”, música do projeto I e “Endless” finalizaram o set, após apenas 54 minutos de show. O telão não desceu, as luzes não se apagaram, e o som mecânico não entrou. A expectativa do público presente era do retorno de Abbath, porém isto não aconteceu. Logo após acabamos descobrindo que ele não se sentia bem, por conta de uma gripe, e que fez o show na garra. Apesar de curto, foi um show muito intenso, e com muita qualidade. 


Que Abbath não demore a retornar para mais uma tour brasileira. Agradecemos a Ablaze Productions pelo credenciamento e pela excelente produção, como é de costume da produtora.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Summer Breeze Open Air Brasil 2024

 


A primeira edição brasileira do festival alemão Summer Breeze Open Air, realizada nos dias 29 e 30 de abril de 2023 no Memorial da América Latina (SP), foi além dos shows e focou na experiência completa. Com mais de 40 bandas e quatro palcos, o festival já consta no calendário oficial de eventos da Prefeitura Municipal de São Paulo e terá edições anuais.

Com realização da Free Pass Entretenimento e Consulado do Rock, a próxima já está agendada para os dias 26, 27 e 28 de abril de 2024, com as primeiras atrações confirmadas: Amorphis, The Night Flight Orchestra, Within Temptation, Forbidden, Eclipse, Angra, Anthrax, Ratos de Porão, Biohazard, Avatar, Nervosa, In Extremo, Mr. Big, Sebastian Bach, Death Angel e Dr. Sin. Na última sexta-feira, 15 de setembro, em evento oficial do Summer Breeze Brasil 2024 realizado na sede da VCI / Hard Rock Café, em São Paulo, a organização anunciou a adição de mais 4 bandas ao lineup, sendo elas Hammerfall, Lacuna Coil, Carcass e Edu Falaschi. O festival já possui cerca de 35% de duas atrações anunciadas e reitera o compromisso de uma segunda edição para a família, integrada e repleta de novidades e atrações inéditas para o mercado brasileiro.

Quando o empresário Rick Dallal, da Free Pass Entretenimento afirmou que a organização iria "importar" a tradição dos 25 anos do festival, como sendo "um espaço amigável para toda a família, de fácil acesso, atividades e ativações além dos shows e experiência gastronômica inesquecíveis", ele disse, ainda, que tinha a certeza de que o público sairia "ansioso para voltar em 2024". A intuição se concretizou.

Com acesso fácil, o evento voltará a focar na experiência. A disposição dos palcos, com dois principais (Hot e Ice Stage) de um lado e outros mais distantes (Sun) e Waves Stage que, diferente da edição anterior, agora também será na área externa, aberto ao público geral do evento, se manterá nos moldes dos eventos europeus, assim como o rigor no cumprimento do horário. A organização também apresentará mais diversidade na gastronomia, com a culinária alemã presente, além de opções veganas e vegetarianas.

Assim como em 2023, haverá as feiras de cultura Geek, Urbana, Tatuagens e a Horror Expo, estandes de merchandising, área de descanso e o espaço kids, com brinquedos, monitoria e iniciação musical. O espaço destinado para sessões de autógrafos com algumas bandas presentes no festival retornará em 2024.

"Eu tinha uma grande expectativa. Sabia que a equipe do Brasil, através da Free Pass, de Rick Dallal, e do Claudio Vicentin, da Roadie Crew, estava fazendo um bom trabalho. No final, como estamos falando de um primeiro evento, de algo novo, superou as expectativas", comemorou Achim Ostertag, um dos criadores do Summer Breeze na Alemanha. "Me senti orgulhoso por isso e por ter criado uma nova família no Brasil com toda a equipe, os produtores e todos que trabalharam diretamente no festival. Estou extremamente ansioso pela edição de 2024", completou Ostertag, que também tocou no Hot Stage como baterista da banda Voodoo Kiss.

Além da Free Pass Entretenimento, o evento ganhou um reforço na realização com a chegada da empresa Consulado do Rock. Com mais de 30 anos de atuação no mercado, a tradicional marca, loja e principal fornecedor de camisetas oficiais para as agências de merchandise une forças ao time do Summer Breeze Brasil.

Confira o after movie do festival com imagens exclusivas da primeira edição:



Mais sobre o festival:



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terça-feira, 14 de novembro de 2023

GLENN HUGHES - 07/11/2023 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 

GLENN HUGHES
PERFORMS CLASSIC DEEP PURPLE LIVE
BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS
07/11/2023
Produção: ABLAZE Productions

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: Uillian Vargas

"I'm the last man standing". Essa foi uma das inúmeras frases marcantes que GLENN HUGHES, THE VOICE OF ROCK proferiu ao público na noite do dia 07/11/2023 no histórico palco do Bar Opinião em Porto Alegre/RS. E a cada nota tocada, cada performance executada, cada comunicação com o público e, principalmente, a cada entrega realizada pelo músico no auge dos seus 72 anos anos, essa certeza ficava ainda mais evidente. Glenn não precisa provar nada a ninguém, mas o que ele protagonizou ao lado de sua excelente banda, foi algo que deve (e vai) ficar na mente de cada uma das cerca de 1200 pessoas que compareceram a essa verdadeira celebração da música, e porque não dizer, da vida de um ícone do rock.

Desde cedo a expectativa do público era grande, visto que esse show havia sido cancelado por causa da pandemia. No entanto, para minha surpresa (felizmente) o público presente foi excelente. E o mais curioso, e bacana, foi ver a quantidade de "tiozões do rock" presentes, cantando todas as músicas, numa empolgação praticamente juvenil, como reza a cartilha do rock. Se fisicamente a idade já não é mais a mesma, o espírito continua jovem, liberto e cheio de disposição. E foi para esse público que às 21h, Soren Andersen (guitarra), Ed Roth (teclados) e o monstro Ash Sheehan (bateria) subiram ao palco e precederam a entrada do mestre. Não é preciso dizer que o público foi à loucura não é mesmo?

De cara, para mostrar que o jogo era fácil e já estava ganho (risos) "Stormbringer", faixa título do mais que clássico álbum lançado pelo Deep Purple em 1974, foi executada com maestria pela excelente banda. Um simpático e entusiasmado Hughes, mas também extremamente incomodado com os problemas técnicos em seu baixo, mostrou que apesar da idade (e do seria revelado) logo em seguida, continua com uma voz impecável. Obviamente que não podemos esperar a performance de 10, 20, 30 anos atrás. Mas basta fazer um leve exercício: qual outro vocalista passou por todos os perrengues que Glenn e está ainda na ativa cantando dessa forma? Logo em seguida, o vocalista/baixista agradece o público (a primeira de muitas vezes) e diz feliz por estar no palco novamente e emendam com "Might Just take Your Life", segunda faixa de "Burn", o melhor álbum do Deep Purple, também lançado em 1974. Confesso que ouvir as músicas desse álbum mexem com meu emocional, pois ainda que o quinteto inglês tenha excelentes discos, esse em especial, mostra a verdadeira face do grupo (ao menos para este que vos escreve).



"Sail Away", outra pérola presente m "Burn" veio na sequência, já com o problema no baixo quase resolvido. Digo quase por que um bem humorada Hughes soltou a seguinte pérola: "Porto Alegre! You're in my heart! But... there's someone in may back!", fazendo referência ao roadie que estava tentando resolver o problema e que acabou sendo solucionado. Mais uma grande performance da banda que seria coroada com a apresentação da faixa seguinte. "Porto Alegre, vamos relembrar California Jam"? E tem início "You Fool No One". Meus amigos... Que momento! Uma banda afiada, entrosada e coesa como poucas vezes se viu, principalmente quando não estamos falando de um "grupo", se é que me faço entender. Ed Roth, ainda que discreto, se mostrou mais que competente, com classe estilo e boa dinâmica de palco. Já Soren Andersen ("meu amigo desde os anos 70, nas palavras de Hughes), honrou como poucos as seis cordas empunhadas por Blackmore e Bollin. Mas o destaque da banda, sem dúvidas, é Ash Sheehan. O que esse cara toca é brincadeira! Como estávamos relembrando o "California Jam", houve ainda o insert de "High Ball Shooter" e o solo de bateria. Já adianto à todos que nenhum tipo de solo me atrai nos shows de rock e heavy metal. A não ser que seja de alguém extra classe. Mas o que esse cara fez foi fantástico. Um solo repleto de técnica e felling como poucas vezes vi. Com a volta dos demais integrantes, "You Fool No One" é encerrada e Glenn nos relata algo que era um tanto quanto perceptivo, mas que veio a ser confirmado por ele próprio.

"Gostaria de agradecer a todos e dizer que estou feliz em estar aqui. Mas eu estou muito doente. Esse show não ia acontecer. Mas eu sei que vocês estão aqui por minha causa. Vocês são a minha voz. Mesmo estando com problemas, eu não podia cancelar o show. Eu amo vocês!" Meus amigos... mesmo ardendo em febre, Hughes (que tomou alguns comprimidos durante o show) nos trouxe uma performance que deixa muito moleque saudável no chinelo. Pergunte para quem esteve lá! Depois dessa explicação, parece que o público, que já estava interagindo de forma consistente, decidiu apoiar ainda mais o vocalista, e o que se viu dali em diante foi uma troca de energia fantástica entre público/banda. Isso ficou ainda mais nítido em "Mistreated", uma das mais belas músicas já lançadas na história, e que "curiosamente" também está em "Burn"... Brincadeiras à parte, Glenn mostrou toda a potência de sua voz, que volto a lembrar, está muito bem obrigado! Bacana de olhar para os lados e ver todos cantando e sentindo a música. Coisas que só um show de rock/metal podem proporcionar.



Era chegada a hora de homenagear "my brother Tommy Bolin" e "Gettin' Tighter", faixa de "Come Taste the Band", álbum de 1975 do Deep Purple. Como é bom poder ouvir essas faixas tocadas de forma perfeita, num jeito clássico de tocar rock n' roll, sem que se precisa fazer uso de nenhum recurso externo. Então "You Keep on Moving", trouxe um dos mais belos momentos da apresentação. A química entre banda e público foi algo único. A interpretação de Hughes, sabendo de seu estado de saúde, só comprovou que o apelido "The Voice of Rock" só pode pertencer mesmo, a uma pessoa. Quanta entrega, sentimento e magia presentes durante a execução dessa música espetacular. Sem nenhum medo de errar, um dos mais lindos momentos já presenciados por mi em um show. Simplesmente fantástico.

Ao término da faixa, a banda agradece e um Hughes emocionado se despede do público. Admito que temi por realmente ser o fim do show, o que me deixaria um tanto quanto frustrado, pois ainda faltava, pelo menos, a música que eu não posso ouvir quando dirijo: "Burn". Mas após alguns poucos minutos, a banda retorna e detona esse clássico de forma visceral, sem muito papo. E um dos pontos mais legais disso foi que Glenn cantou apenas partes do refrão, principalmente os agudos, deixando sob a responsabilidade do público o restante da letra. e não fizemos feio! Dessa forma, chegava ao fim essa noite mágica e especial. Hughes agradece novamente ao público pela presença e pede desculpas por estar doente e não ter entregado mais. Não precisa pedir desculpas, mestre. A gente é que AGRADECE!

Quero aqui deixar meu agradecimento à ABLAZE Productions e ao Homero Pivotto Jr pelo credenciamento e cordialidade de sempre no atendimento à imprensa. Digo e não canso de repetir: In UNION WE STAND!