É impossível falar de Savatage e não embargar as palavras com um sentimento ressentido. A banda americana fundada pelos geniais irmãos Oliva – inicialmente chamada de Metropolis e depois de Avatar, muito antes de assumir o nome que os legaria para a história – trouxe um novo ângulo estético e interpretativo de se fazer heavy metal, especialmente em uma era em que o modelo era ditado pela New Wave of British Heavy Metal. Enquanto monstros como Judas Priest, Iron Maiden e Saxon conduziam a batuta, esses garotos da Florida resolveram mostrar ao mundo já em seu primeiro álbum, Sirens, de 1983, o porquê tinham qualidades, diferenciais e potencialidades de tornarem-se sim – com ênfase no advérbio afirmativo! – um dos maiores fenômenos da história do metal.
Talvez o exagero da última asserção pareça descabido a muitos curiosos que venham aventurar seus olhos leitores sobre essas palavras, ainda mais se o nome Savatage é apenas mais um bibelô a enfeitar a extensa galeria de relicários de bandas pesadas; porém, eu nego isso veemente. Desde o seu princípio, o grupo soube lidar com maestria como compor heavy metal com originalidade, mesclando gêneros como o progressivo, o speed, o thrash, o power e o sinfônico em uma unicidade tão própria que chega a assustar os incautos. Sem exceção, desconheço quem realmente tem conhecimento do potencial da banda sem, minimamente, ficar atônito, estarrecido e glorificado com o som que fazem. Endosso: a alquimia sonora do Savatage é digna de ser entendida como genialidade.
E sobre genialidade, é impossível não correlacionar o substantivo aos nomes de Jon e Criss Oliva, irmãos fundadores do grupo. Jon, vocalista, tecladista e multi-instrumentista, é um músico e compositor completo no sentido estrito da palavra. Sua voz, icônica no gênero, revela uma inteligência e bom gosto extremamente expressivos, uma das marcas mais características da banda californiana. Criss era o guitarrista virtuose para além do rótulo e do estereótipo do típico excessivo talento. Imprimia sua identidade nas seis cordas como poucos de sua era. Uma referência, um guitar hero exímio, tornou-se uma lenda absoluta a todos que entendem do instrumento. Admirado pelos maiores nomes da guitarra, desejado por outras lendas (Ozzy Osbourne era um dos que o queria em sua banda), cristalizou-se como um mito de sua arte. Pensando nisso, trago à tona uma reflexão existencial: quando será que a história e o destino irão consagrar consanguineamente dois talentos desse calibre novamente?
Os irmãos em conjunto ao baixista Johnny Lee Middleton e o baterista Steve “Doc” Wacholz começaram a história do Savatage e gravaram obras que se fundem à própria história do heavy metal. Trabalhos como Sirens (1983), Power of The Night (1985), Hall of The Mountain King (1987), Gutter Ballet (1989) ou Edge of Thorns (1993) exemplificam a grandeza estética e estilística do grupo. Nesse sentido, acredita-se que a ascensão do grupo - cujo ápice nunca aconteceu – seria gradativa senão fosse o acidente de trânsito que ceifou a vida do estrelar guitarrista Criss Oliva, em 1992, tragédia que debilitou a essência do grupo e avassalou a alma do líder e irmão, Jon Oliva.
Desde então, o Savatage lutou e relutou muito para seguir em pé. Jon Oliva quis abandonar o grupo, degradou-se em uma profunda depressão, abrindo espaço, inclusive, para outro grande vocalista assumir seu posto (sob sua bênção, diga-se de passagem), o talentoso Zach Stevens, que também gravou álbuns clássicos, além de renomados guitarristas como Alex Skolnick e Al Pitreli enfrentarem com excelência a difícil missão de estar no posto que um dia foi de Criss Oliva. Entre inúmeras reformulações de elenco, de estilo e até mesmo de essência, o Savatage destinou à história da música pesada obras que devem ser saboreadas com requinte. Ranquear sua discografia do pior ao melhor é uma missão árdua, tendo em vista que o grupo produziu um conjunto coeso de sua arte de forma sempre bem produzida.
Ainda assim, nesse induto, o REBEL ROCK RESEARCH irá debruçar-se no doravante desafio, não apenas como uma singela análise discográfica do grupo, mas como uma necessária homenagem a um dos gigantes que a história do heavy metal não teve a chance de elevar da maneira a qual mereciam.
Gregory Weiss Costa
FIGHT FOR THE ROCK (1986)
Em último lugar, o terceiro registro da banda. Após os extraordinários lançamentos iniciais, Sirens (1983) e Power of The Night (1985), a expectativa em alta foi frustrada em um álbum um tanto confuso, um disco em que as músicas não pareciam conversar entre si. Se a primeira faixa, homônima do título do álbum, traz um heavy/hard empolgante para começar a audição, a segunda, “Out on The Streets”, traz uma balada um tanto monótona, enquanto a terceira, “Crying for Love”, tenta ser um “power love metal” emotivo que não faz jus ao nome. Temos baladas acústicas como “Day after Day”, experimentos como “The Edge of Midnight” ou a comercial “Wishing Well”, tudo misturado em uma salada de um Savatage que parecia não saber o que queria. Aliás, anos depois desse delirante e febril álbum, a própria banda admite não gostar do que fizeram, furando a fila discográfica adiante. Ainda bem que após esse desencontro, o grupo mostraria a seguir sua obra-prima máxima. Contudo, isso é assunto para logo mais.
POETS AND MADMEN (2001)
Último registro da banda e peça que marca o retorno de Jon Oliva aos vocais principais, Poets and Madmen apresenta-se como um álbum conceitual, progressivo e de tônica bem pesada e agressiva, mais um reflexo oriundo da genialidade e sensibilidade de seu supracitado “maestro”. Instrumentalmente e liricamente, constitui-se como um risco apontar alguma falha – o que acabei de fazer anteriormente em Fight For The Rock. A história de três adolescentes que invadem um casarão abandonado o qual antes era um manicômio, e lá encontram um velho louco que desenrola a trama do disco, é uma narrativa admirável e de enredo muito bem construído. Faixas como “There In The Silence” arrepiam com o peso das guitarras de Chris Caffery, assim como “Comissar” coloca o ouvinte em um clima de filme de terror, da mesma forma que “Morphine Child” fazem sua audição questionar quanto vale o ingresso daquela ópera rock; pontos esses que dignificam Poets and Madmen como um trabalho merecedor de aplausos em pé. Entretanto, consigo imaginar as indagações de muitos de vocês os quais devem estar lendo essas palavras: “se o álbum é tão bom, por que está em penúltima posição?”. Então, vos respondo: o disco parece mais uma obra solo do Jon Oliva, a qual poderia estar registrada – e possivelmente quase assim ocorreu – na sua carreira autônoma Jon Oliva’s Pain e aqui, acima de tudo, estou analisando a discografia do Savatage. Mesmo que o disco seja sensacional, ele pouco lembra ou assemelha-se ao conjunto da obra do grupo que é o cerne deste texto.
DEAD WINTER DEAD (1995)
Neste momento histórico, a banda (leia-se: Jon Oliva) ainda fragmentada pela perda de Criss Oliva, trouxe um bom álbum conceitual vertendo mais uma vez a um estilo que passou a ser marca do grupo, o opera rock, contando a história de um garoto sérvio e de uma garota mulçumana vivendo os dramas e as tragédias durante a guerra da Bósnia, drástico incidente que acometia esse país e o mundo na época. O disco contou com a dupla de excelentes guitarristas Chris Caffery e Al Pitrelli, e ainda que um abalado Jon Oliva tenha passado o bastão dos vocais ao promissor Zach Stevens, coube a ele a batuta e composição da obra. Apesar de sua voz protagonizarem faixas como “I am” e “Doesn’t Matter Anyway”, o bastião do Savatage concentrou-se mesmo nas teclas e trilhas de Dead Winter Dead. É preciso frisar que o trabalho exprime muitos pontos positivos e qualidades distintas, tanto que a balada épica e instrumental “Christmas Eve (Sarajevo 12/24)” foi uma das músicas mais tocadas na época e é, até hoje, uma das mais reconhecidas da história da banda. Sem dúvidas uma pérola concebida pela genialidade de Jon Oliva, assim como outros grandes momentos como “Not What You See” e “This is The Time” que valem cada minuto auditivo do álbum, porém, diante ao contexto da fenomenal discografia do Savatage, ocupa um lugar menos destacável neste ranking.
HANDFUL OF RAIN (1994)
Lançado após o celebrado Edge of Thorns, Handul of Rain é um incrível e espantoso registro de uma banda ainda em clima de luto e dor pela perda de Criss Oliva. Contando com o extraordinário Alex Skolnick (do Testament) na árdua missão de assumir a guitarra do falecido amigo, o álbum é um petardo incendiário de peso e puro heavy metal – talvez um dos mais pesados da banda – ao mesmo tempo em que é condensado a trilhas de extrema emotividade. Descarregando todo o poder de fogo já na primeira faixa, o petardo “Taunting Cobras”, o disco também pontua o vocalista Zach Stevens em um dos seus trabalhos mais inspirados e performáticos, tendo momentos como “Chance” servindo de uma boa prova da evolução de seu talento. Além disso, conforme se imaginava, a sonoridade do disco recebe a influência direta da musicalidade de Alex Skolnick. Trilhas como “Stare Into The Sun” e “Watching You Fall” revelam o apreço jazzístico do músico, da mesma forma que nomes como “Nothing’s Going On” colocam a experiência thrash do guitarrista na mesa. Evidentemente, a mão de Jon Oliva está presente nas imponentes “Castles Burning” e “Visions”, trazendo seus teclados e suas trilhas emotivas já consagradas. E falando em emoção, temos a sentimental “Alone You Breathe”, homenagem ao Criss Oliva, uma música que segue uma essência de nomes como Queen (uma das grandes inspirações do Savatage) e que, certamente, incitam as lágrimas de muitos ouvintes. É um grande trabalho, porém, quando observado por cima, apresenta-se um tanto linear à audição, possivelmente, pelo momento trágico vivido pelo grupo o qual certamente não possibilitou muito espaço a arroubos magnânimos de inspiração.
STREETS: A ROCK OPERA (1991)
Nessa fase, a banda abertamente declarava-se inspirada pelo fenomenal Queen. Logo, o Savatage apresenta em Streets: a Rock Opera sua nova vertente estilística: a opera metal. A nova faceta do grupo encena uma peça abandonada pelo compositor Paul O’Neill para a Broadway, e que foi resgatada pelo guitarrista Criss Oliva. A história do fictício protagonista D.T. Jesus, um pretenso rock star que vive no caminho inglório em busca de ascensão, vendendo entorpecentes nas ruas de Nova York até chegar ao estrelato, e depois, perder tudo pelas tentações clássicas da temática – drogas, sexo, dinheiro – inspirou a banda a se arriscar em um novo caminho estético que quebrava o paradigma do heavy metal que já os consagrava. O álbum é uma tela que serve para apresentar as novas tintas e cores do grupo, especialmente do extraordinário Criss Oliva, o qual desfila sua nova paleta de possibilidades sonoras. Deste disco, surge um dos hinos da banda “Jesus Saves”, assim como a icônica “Tonight He Grins Again”, faixa que eu considero como a gênese da mutação que a banda assumiu para seu legado mais sinfônico e conceitual. Evidentemente, sons como “Strange Reality” e “Sammy and Tex” ainda conservam o lado speed/heavy do grupo, mas, incontestavelmente, o Savatage jamais seria o mesmo após Streets: a Rock Opera. Mais uma vez, destaque merecido ao abissal Jon Oliva, que aqui, além de vocalista, torna-se um ator e intérprete da trama.
THE WAKE OF MAGELLAN (1997)
Se a metamorfose sonora do grupo, que emergiu de um concebido heavy metal tradicional, transformou-se em uma nova e indefectível identidade, The Wake of Magellan é o perfeito resultado dessa transfiguração. O álbum assume-se grandiosamente de acordo com sua proposta: uma ópera de heavy metal, com peso, melodias e progressividade na medida precisa e equilíbrio perfeito. Com o line-up em uma incontestável harmonia – foi o primeiro a manter os mesmos integrantes do disco anterior desde Hall of Mountain King – o trabalho conceitual carrega o ouvinte, faixa a faixa, na odisseia cinematográfica de um velho marinheiro que decide morrer sozinho em seu navio no mar. É impressionante que a sonoridade da obra parece “navegar” na audição e na emoção de quem se aventura a dar um play e apreciar, do início ao fim, The Wake of Magellan. Com o vocalista Zach Stevens em alta performance, a dupla de guitarristas Chris Caffery e Al Pitrelli destilando o melhor de suas técnicas e sonoridades, e, evidentemente, a inspiração e instrumentalização de Jon Oliva nos teclados, temos em mãos um dos registros mais excepcionais do grupo, intuindo a impressão que os rumos conturbados do Savatage finalmente iriam se assentar. Pérolas como a impactante “Black Jack Guillotine”, baladas como “Anymore”, a épica instrumental “The Storm” e a heavy e prog faixa homônima ao título do álbum, fazem The Wake of Magellan uma obra-prima, não só do Savatage, mas da própria história do estilo.
SIRENS (1983)
Aqui a magistral caminhada da banda tem início. Aos primeiros acordes executados por Criss Oliva na primeira faixa, homônima ao título da obra, percebe-se a genialidade de um grupo que inaugurava uma nova maneira de se fazer heavy metal. Apesar de estarem vivendo a explosão da New Wave of British Heavy Metal, modelo que conduzia às bandas do globo ao paradigma traçado por nomes como Iron Maiden ou Judas Priest, o Savatage imprimia sua própria maneira e identidade em seu disco de estreia. Músicas como a já citada “Sirens”, a audaciosa “Holocaust”, a fenomenal “Rage” e a cadenciada “On The Run” são pepitas sagradas do que esses jovens americanos de Tampa, Flórida, podiam e sabiam fazer quando o assunto era música pesada. Evidentemente, os destaques recaem aos irmãos, pois Jon Oliva consegue cantar de forma visceral e profunda, da mesma forma que cada nota vinda da guitarra de Criss Oliva expunha ao mundo que um dos melhores do instrumento ali havia surgido. Uma obra-prima, uma estreia devastadora desta banda que se destacou já ao início de sua história em uma indelével chegada.
POWER OF THE NIGHT (1985)
Após a fenomenal estreia, o Savatage calibra ainda mais o seu poder de fogo. Power of The Night, um dos retratos mais pesados da banda, é uma ode ao power/speed metal, um desfile de petardos verazes e arrebatadores de um grupo em ascensão meteórica no cenário. A faixa título tornou-se um clássico instantâneo, mas nomes como a cadenciada “Unusual”, a veloz “Necrophilia”, a thrash “Washed Out” e a hard e grudenta “Hard for Love” imprimem digitais extraordinárias na gama estética e de possibilidades sonoras da trupe californiana. Preciso repetir mais uma vez que a guitarra e os solos de Criss Oliva atingem níveis impressionantes e virtuosos, outra aula magna do instrumento da escola do Heavy Metal? Uma evidente evolução do trabalho anterior, a obra dispensa mais comentários: temos aqui o Savatage fazendo o que apenas o Savatage sabe fazer.
GUTTER BALLET (1989)
Se Power of The Night apresentou a evolução da banda em termos de peso e voracidade, Gutter Ballet avança casas no jogo da melodia e progressividade do grupo. Ainda que a música de abertura, “Of Rage and War” siga a cartilha magistralmente confeccionada no álbum anterior – o que inclusive a coloca como mais um dos hinos no repertório dos caras – a faixa posterior cujo nome é o mesmo do álbum, esgueira-se na fusão perfeita entre o melódico e o peso, alçando mais um patamar inimaginável que apenas o Savatage poderia arriscar-se a escalar. O disco é outro índice da veia conceitual e operística de Jon Oliva, que pensou no álbum após assistir ao musical “O Fantasma da Ópera” na Broadway. Aliás, extraordinariamente, a exceção das guitarras compostas pelo irmão, Jon concebeu criativamente todos os instrumentos do álbum, dos teclados à bateria. Gutter Ballet é uma mescla estilística extremamente bem delineada da sonoridade do grupo, em que cada faixa contempla outra. Momentos como a rápida “She’s In Love” podem remontar o âmago heavy da banda, porém logo o ouvinte é surpreendido e devastado pela extraordinária “Hounds” – a favorita deste que vos escreve – ou é embalado e empolgado por “Mentally Yours”, faixas as quais conjuram peso, progressividade e melodia em uma alquimia apenas concebida pelo singular e ímpar do Savatage.
EDGE OF THORNS (1993)
Edge of Thorns talvez não seja o disco de instrumentais mais exímios ou de trilhas mais mirabolantes da carreira do Savatage, mas certamente, sem nenhuma sombra de dúvidas, é a obra que conseguiu fenomenalmente erguer um pilar e colocar o grupo em seu auge de importância e relevância. Uma obra-prima sagrada na história do heavy metal, no sentido estrito dos predicativos, considerado com o melhor por legiões de apreciadores. Apesar de Jon Oliva não ser creditado por razões contratuais, é clara a sua genialidade na obra. Os teclados inconfundíveis da faixa título demarcam incondicionalmente um dos sons mais vitais da banda, assim como as guitarras transcendentais de Criss Oliva em faixas como “He Carves His Stone”, “Conversation Piece” e “Follow me”. Aqui também temos a estreia Zach Stevens nos vocais, imprimindo sua presença essencial na alma da banda. Esta obra indiscutivelmente é uma das mais importantes da história do grupo e do heavy metal, a porta de entrada mais reluzente para o universo do Savatage para vindouras gerações, as quais se emocionam com os hinos compostos neste trabalho, mas também é uma crucial bússola a qual norteia os fãs vitalícios, que eternamente lembrar-se-ão do disco como o registro consternado e épico da despedida injusta e precoce do inesquecível Criss Oliva.
HALL OF THE MOUNTAIN KING (1987)
Se você chegou até esta parte deste texto, já entendeu e absorveu que o Savatage configura-se como uma das bandas cujas características e habilidades exacerbam níveis impressionantes e ímpares de musicalidade, sonoridade e estilos, os quais os constituem como um dos grupos mais extraordinários da história do heavy metal. Apesar de serem injustiçados pela mesma história e por inúmeros fatores – vários talvez inexplicáveis neste plano – que não os colocaram em um merecido patamar maior no panteão dos grandes nomes, eles, ainda assim, produziram uma obra-prima, um épico que se encarna como um norte atemporal para o heavy metal como um todo. Estamos falando de Hall of The Mountain King, registro magistral e apoteótico do que os irmãos Oliva e companhia talharam. Um álbum poderoso que demarca o fim da era mais metal do grupo e o início de sua fase mais operística, uma literal marca transitória, pois aqui, em seu quarto registro, surge sua identidade mais progressiva e conceitual, além da preocupação clássica, vista em “Prelude to Madness”, por exemplo. No entanto, do começo ao fim, o disco é irretocável, trazendo trilhas absolutas como “24 hours ago”, “Legions” ou a poderosa “Strange Wings”. Isso, claro, sem a impossibilidade de se esquecer da menção ao maior hino da banda e que leva o nome do álbum, “Hall of The Mountain King”, baseada na lenda norueguesa exposta na peça de Edvard Grieg, que narra a cena em que o herói Peer Gynt entra na gruta do rei da montanha, onde encontra criaturas místicas e enfrenta desafios, comprovando a genialidade composicional desta grande banda. Sem mais nada a dizer, esta obra vale a eterna gratidão ao Savatage, um tesouro que nem a própria gruta do Rei da Montanha possuía, para todas as gerações e apreciadores desta arte, a qual este grupo foi uma peça única da própria mitologia do metal.