POISON. Dentro do cenário do Rock/Metal, esse nome desperta sentimentos diversos. Existem aqueles que amam a banda e outros que odeiam. Mas, ainda que você seja um daqueles que escolheram a segunda opção, a verdade é uma só: a banda é legal pra caralho! Seja na fase Hard/Glam dos anos 80, seja durante o período mais obscuro (pro Hard Rock) nos anos 90, ou até mesmo nos dias de hoje, o Poison segue empunhando a bandeira do estilo, levando sua música e energia aos palcos ao redor do mundo. Mesmo tendo trocado de guitarristas algumas vezes, o trio formado por Bret Michaels (vocal), Bobby Dall (baixo) e Rikki Rockett (bateria) mantiveram o espírito da banda, contra todas as mudanças mercadológicas ocorridas durante a carreira banda. Obviamente que ela precisou se adaptar a isso, mas suas principais características estão presentes em todos os álbuns. Outro ponto que precisa ser destacado é que a formação clássica do grupo, com o guitarrista C.C. DeVille foi a que gravou aqueles trabalhos que, no meu entendimento, são os melhores do grupo. Confesso que foi bastante complicado decidir as três primeiras colocações, pois a "diferença" entre eles foi mínima, pra não dizer quase inexistente. Já no quesito "pior álbum", não foi tão complicado, tendo em vista que o escolhido traz poucas músicas inéditas e muitas outras ao vivo, o que acabou colocando o referido trabalho na posição mais indesejada desse ranking. Sem mais delongas, vamos à discografia do Poison, do pior ao melhor! E não esqueçam: POISON É LEGAL DEMAIS!
Sergiomar Menezes
POWER TO THE PEOPLE (2000)
Um álbum que não é bem um álbum. Talvez essa seja a melhor definição para "Power to the People", lançado pela banda no ano 2000. Mas como assim não é um álbum? Calma que eu explico... Composto por 17 faixas, o trabalho traz apenas 5 faixas gravadas após o retorno do guitarrista C.C. DeVille ao grupo, que substituiu Blues Saraceno. Com sonoridades bem distintas entre si, as cinco faixas inéditas trazem aquele Poison um pouco mais festeiro, indicando o caminho que seria seguido no próximo álbum, vide a faixa "I Hate Every Bone in Your Body But Mine", cantada por C.C.. Outra faixa bem interessante é a balada "The Last Song", que possui uma bela melodia onde Bret Michaels mostra que, ainda que não seja um dos vocalistas mais lembrados da cena, não deixa nada a desejar. Com relação às faixas ao vivo, temos 12 músicas que foram gravadas durante a turnê de reunião da formação clássica do grupo, em 1999. E sim, lá estão "Talk Dirty to Me", "Every Rose Has Its Thorn", "Fallen Angel" e tantas outras, incluindo aí dois momentos desnecessários: solos de guitarra e bateria. Bem que poderiam ter sido substituídos por duas músicas de verdade, não é mesmo?
POISON'D (2007)
O disco de covers do Poison está longe de ser ruim. Mas eu preciso ser coerente com o que venho fazendo ao longo das outras discografias que analisei por aqui, então por não se tratar de um trabalho autoral, ele acaba ficando na 7ª posição. Neste álbum, o grupo fez diversas homenagens e trouxe de volta algumas faixas que já haviam sido gravadas por eles em trabalhos anteriores. E uma das coisas que pode ser dita é que todas elas ficaram com a cara do Poison. Exemplo maior disso é "Rock n' Roll All Nite" que ficou com a personalidade da banda. Outro momento com essa atmosfera é "Sufragette City", clássico de David Bowie (já coverizado por meio mundo) que também ficou com a pegada do Poison. O álbum ainda traz faixas um pouco incomuns (para muitos) como "I Need to Know", de Tom Petty and the Heartbreakers, a bela "Can't You See" de The Marshall Tucker Band, que tem aquela vibração presente em "Stand" (Native Tongue - 1993), e a versão totalmente Rock n' Roll de "What I Like About You" do The Romantics. Outras "carne de vaca" também aparecem, como é o caso de "I Never Cry" de Alice Cooper, "Dead Flowers" dos Rolling Stones e "We're an American Band", do Grand Funk Railroad. O grupo incluiu ainda "Your Momma Don't Dance", cover da dupla Loggins & Messina, presente em "Open Up and Say ...Ahh!" (1988) e "Squeeze Box", do The Who, presente no último registro de estúdio do grupo, "Hollyweird" de 2002. "Poison'd" é um álbum que cumpre a função de divertir o ouvinte e fã do início ao fim!
NATIVE TONGUE (1993)
Daqui por diante, ficou difícil de separar o sexto, quinto e quarto lugar nesse ranking. Até porque os álbuns agradam quase que da mesma maneira este que vos escreve. No entanto, ressalto que, por se tratar de escolhas pessoais, Native Tongue acabou por ocupar essa posição, mesmo que eu próprio tenha relutado até o momento que comecei a escrever esse texto. 1993 não era um ano propício ao Hard Rock, quem deram ao Glam/Hair Metal, estilo que poucos dominavam como o Poison. No entanto, após a conturbada saída de C.C. Deville, o grupo recrutou o excelente guitarrista Ritchie Kotzen e gravou um álbum sério (!?) e maduro, fugindo um pouco de suas características habituais. Isso fez dele um trabalho menor? Longe disso! Ainda mais se levarmos em consideração o momento vivido pelo grupo. A performance de Kotzen merece destaque, uma vez que ele ainda não transformava toda banda que tocava em sua banda solo. "The Scream", logo após a intro "Native Tongue", mostra que o grupo estava pronto pra encarar essa nova fase. Com uma pegada hard "moderna" e uma ótima performance de Rikki Rockett (outro músico da cena que nunca teve seu reconhecimento merecido), a faixa transborda energia, enquanto "Stand", faixa que ganhou um vídeo com ares de música gospel, tem uma linha que começa naquela levada country, mas ganah uma intensidade de power ballad no decorrer de sua execução. Outros momentos de destaque são "7 Days Over You", tipicamente Hard Rock, a pesada "Body Talk", o groove de "Bring it Home", a bela "Theatre of Soul" e "Bastard Son of a Thousand Blues". Um escrito lá no início, um álbum mais maduro, mas nem por isso menos divertido, como a música do Poison sempre foi.
HOLLYWEIRD (2002)
Esse é daqueles discos que muitos fãs amam, outros odeiam e outros não se importam e apenas curtem. Hollyweird marca o retorno de C.C. Deville em um álbum completo da banda, com uma produção despojada (até certo ponto suja) e que causa uma certa repulsa em muitas fãs, acostumados a toda pompa que sempre permeou os álbuns do grupo (se bem que...). Na minha humilde opinião, esse trabalho resgata um pouco daquela atmosfera crua do primeiro álbum, alinhadas com a sonoridade mais clássica do grupo, presente no segundo. Guardadas as devidas proporções, comparo Hollyweird com New Tattoo do Mötley Crüe, lançado em 2000. A faixa título, que abre o trabalho, tem uma pegada punk, com guitarras mais sujas, um vocal descompromissado de Bret, fazendo dela um dos destaques do álbum. "Squeeze Box", do The Who, foi devidamente "poisonizada", ganhando sua versão (que apareceria mais tarde em Poison'd, em 2007). "Shooting Star", outro momento digno de nota, mais cadenciada, com um refrão típicos do grupo. Dentre outros destaques, podemos citar "Wishful Thinking", com uma cara de alternativa (será?), "Devil Woman", com aquela veia bluesy/country, sem muita enrolação, com um excelente trabalho de guitarra de C.C., que voltou com força total ao grupo, "Wasteland", pesada (para os padrões Poison de ser) e a bônus "Rock Star", que serviu, claramente, de "inspiração" para o Nickelback gravar a sua "Rockstar" (assistam o vídeo dessa e comparem as letras)... Não é preciso dizer que a música do Poison é bem melhor...
CRACK A SMILE... AND MORE (2000)
Lançado em 2000 mas gravado entre entre 1994 e 1995, tendo previsão de lançamento em 1996, Crack a Smile... and More acabou vendo a luz do dia apenas em 2000, pois a Capitol (gravadora do grupo à época) decidiu lançar "Poison's Greatest Hits 1986 - 1996" e preteriu o trabalho já gravado pelo quarteto para outra oportunidade. Mas o que podemos ouvir neste álbum, é um Poison que buscava uma certa identidade, em certos momentos voltando às raízes, em outros olhando para o futuro. Além das 12 faixas regulares que compões o disco, temos ainda alguns outtakes e 4 faixas acústicas gravadas para o icônico MTV Unplugged. Das faixas regulares temos ótimas canções como "Best Thing You Ever Had", que abre o trabalho resgatando a sonoridade presente em Native Tongue (álbum anterior). E devo citar aqui que este é o único trabalho de Blues Saraceno, guitarrista que veio a substituir Ritchie Kotzen, e que tocou com a banda aqui no Brasil na época do saudoso Hollywood Rock. "Shut Up, Make Love", apesar do começo pra lá de estranho (leia-se remixes e barulhinhos estranhos) é um rock de respeito, enquanto "Cover of the Rolling Stone" é um cover do Dr. Hook, e que diga-se, ficou bem legal! "Sexual Thing" e "Lay Your Body Down" saíram como faixas bônus na supra citada coletânea. Enquanto a primeira é uma faixa típica do Poison, a segunda é uma daquelas baladas que fizeram o grupo conhecido por camadas fora do rock/Metal. Ainda dentro das faixas regulares, "No Ring, No Gets" e "Tragically Unhip" se encarregam de deixar o Hard Rock em seu devido lugar. "Set You Free", "Crack a Smile" (uma versão demo não terminada) e "Face the Hangman", outtake de "Open Up..." são os destaques entre as faixas extras, assim como as versões acústicas de "Unskinny Bop", "Every Rose Has its Thorn" e, obviamente, "Talk Dirty to Me". Por muito muito, não subiu ao pódio...
OPEN UP AND SAY... AHH! (1988)
Se já tinha ficado difícil, agora complicou... Os três primeiros álbuns do grupo, são excelentes, sendo muito complicado escolher o preferido, ou melhor, uma ordem de preferência. Aliás, o terceiro e o segundo colocados, pois o primeiro não mudou (apesar da pequena dúvida na hora de escrever...). Open Up and Say... Ahh!, com sua capa, entre uma das mais feias lançadas dentro do Hard Rock, é um trabalho repleto de faixas ótimas, com aquela pegada Hair/Glam que só o quarteto sabia fazer. Não à toa, esse disco traz algumas músicas que se tornaram verdadeiros clássicos, não apenas da banda, mas do Hard Rock de forma geral. O que dizer de um álbum que abre com "Love on the Rocks" e "Nothin' But a Good Time", dois verdadeiros hits da música praticada nos anos 80? Hinos de uma geração, as faixas antecedem "Back to the Rocking Horse", que merecia um melhor aproveitamento por parte da banda em seu setlist. E os riffs de "look But You Can't Touch"? Um C.C. inspiradíssimo no solo nos presenteia com sua técnica e felling afiados, enquanto na sequência, uma das melhores e mais importantes músicas do grupo, "Fallen Angel" vem para nos lembrar da época boa onde os vídeoclipes de bandas de rock passavam na saudosa MTV... "Every Rose Has its Thorn", talvez a balada mais conhecida da banda e sua bela melodia, vem na sequência, mostrando que a criatividade do grupo estava na ponta dos cascos, como costuma se dizer por aqui. Cabe frisar que neste segundo trabalho, o grupo evolui musicalmente, com faixas um pouco mais complexas, deixando de lado aquele lado quase "punk" de algumas faixas do álbum de estreia. Ainda, "Your Momma Don't Dance", cover da dupla Loggins & Messina, ganha seu espaço com a identidade da banda. Obrigatório, como os próximos dois desse ranking...
FLESH & BLOOD (1990)
A disputa entre Flesh & Blood e Open Up... foi árdua. Mas aqui temos uma faixa que, pra mim, é uma das melhores músicas do grupo e uma das minhas preferidas: "Ride the Wind". Mas o trabalho não se resume apenas a essa composição. O terceiro disco do Poison, lançado em 1990, quando o Hard Rock dava mostras que seria deixada pra trás pelas gravadoras, traz excelentes composições, interpretações vibrantes e um certo ar de seriedade (em alguns momentos), algo que não se fazia presente nos dois primeiros álbuns. Eis que após a intro "Long Days of Uncle Jack", a festa começa com "Valley of the Lolst Souls", com uma abordagem um pouco mais pesada, mas sem deixar o hard de lado. Mantendo a pegada de sempre, o grupo dava mostra que adentraria a nova década com novas concepções musicais sem deixar de ser o poison de sempre. Ficou confuso? Escute esse álbum e Native Tongue na sequência... "(Flesh & Blood) Sacrifice" apresenta uma sonoridade mais centrada, com Bret cantando de uma forma um pouco diferente em algumas passagens. Refrão grudento e grandioso, assim como uma das faixas mais icônicas e grudentas do grupo, "Unskinny Bop". Quem não lembra do também icônico vídeo dessa faixa? Em seguida, "Let it Play" e sua levada característica cheia de groove antecede "Life Goes On", outra daquelas baladas que só o Poison sabia (será que ainda sabe?) fazer. O que dizer da sequência "Come Hell or High Water" e "Ride the Wind". Enquanto a primeira é um rockão de respeito, a segunda é dona de um riff sensacional, refrão grudento e melodia fantástica! Impossível passar indiferente por essa faixa que consegue unir peso ao hard sem soar estranha. "Don't Give Up an Inch", mais um hard de respeito que antecede "Something to Believe In", uma balada que mostra uma faceta mais séria, política e crítica do grupo. O álbum fecha com um clima lá em cima com "Ball and Chain", "Life Loves a Tragedy" e "Poor Boy Blues", que te faz querer colocar o álbum no repeat assim que ele se encerra. Compre, baixe... Não sei o que você vai fazer, mas tenha esse disco!
LOOK WHAT THE CAT DRAGGED IN (1986)
E o meu disco preferido do Poison é aquele com a capa mais queima filme da história (ou não...). Look What the Cat Dragged In, lançado em 1986, traz todos os elementos que consagraram o estilo que fundia o glam, o hard, o punk e o classic rock. 10 faixas que agregam diversão, música e entretenimento (e não são todos a mesma coisa?) de uma forma única, com uma pequena dose de peso e "sujeira" nas composições, que ainda são cruas, mas com variedade e criatividade. Bret já se mostrava um vocalista um tanto quanto diferente dos demais de sua classe, enquanto C.C. DeVille fazia com as seis cordas aquilo que se espera de um guitarrista: técnica, feeling e versatilidade. "Cry Tough" abre o disco com a bateria de Rikki Rockett marcando o ritmo num misto de Hard/Heavy, enquanto as melodias são puro Hard 80's. No entanto, a próxima faixa "I Want Action", é dona de uma polêmica envolta em sua gravação. Por acaso você conhece a faixa de "We Go Rocking" do grupo sueco "Easy Action"? Então... Reza a lenda que durante as gravações, o produtor Ric Browde levou alguns álbuns de bandas escandinavas ao estúdio e sugeriu que o grupo gravasse um cover de "We Go Rocking". "Uma banda escandinava? Ninguém conhece! Vamos copiá-la!" teria sido a resposta do Poison. Procure pelo Youtube e tire suas próprias conclusões... "I Won't Forget You", a primeira balada a figurar entre as canções do quarteto e, é preciso dizer, uma das mais bonitas! "Play Dirty" e seu refrão empolgante precedem a faixa título. Pesada, com certa urgência punk na timbragem da guitarra, a faixa expressa toda a energia e libertinagem daqueles áureos tempos. Em seguida, "Talk Dirty to Me", hino de uma geração e outro momento mágico do Hard Rock 80's, também tem aquela veia suja e irreverente do punk rock em suas linhas, ainda que muitos digam o contrário. E peso sujo volta em "Want Some, Need Some", bem como o groove safado em "Blame it on You". "#1 Bad Boy" e a velocidade de "Let Me Go to the Show" encerram esse disco que, como citei anteriormente, chegou em primeiro lugar pelo uso do VAR (Vontade Ativa de Recordar) nas discografias das bandas que eu gosto. Ainda que muitos de digam o contrário, POISON É FODA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário