BRUCE DICKINSON
THE MANDRAKE PROJECT
BMG - Nacional
THE MANDRAKE PROJECT
BMG - Nacional
A gente precisa ser sincero: a idade chega para todos! Não adianta. Por mais que a gente se cuide, trate da alimentação, faça exercícios, tenha uma vida equilibrada, a idade chega e com ela os problemas que a "experiência" nos traz. Isso é fato. No entanto, existem pessoas que parecem ignorar tal afirmação e desafiam as regras da vida, sejam ela físicas ou biológicas. Felizmente, para os fãs de Heavy Metal, BRUCE DICKINSON é uma dessas figuras! O que esse cara está cantando em seu mais recente álbum solo, THE MANDRAKE PROJECT, é uma barbaridade! Obviamente, que o vocalista não possui aquele mesmo alcance, mas sabe como dosar sua voz de forma correta, mudando o tom e explorando novas possibilidades e limites em sua maneira de cantar. Assim, o novo trabalho difere daquele metal mais tradicional explorado por Bruce am "Accident of Birth" (1997) e "The Chemical Wedding" (1998), mantendo uma proximidade com o que foi apresentado em "Balls to Picasso" (1994), muito mais pela variedade musical do que pela sonoridade em si.
Eis que 19 anos após seu último álbum de estúdio, "Tyranny of Souls", Bruce recrutou novamente seu parceiro de longa data Roy Z. (guitarrista e produtor) e decidiu pôr em prática ideias que já vinham sendo estruturadas há algum tempo. Com uma produção impecável e uma performance matadora nos vocais, "The Mandrake Project" nos mostra um Bruce Dickinson ciente que não precisa provar nada a ninguém, muito menos agradar fãs do Maiden. Cabe lembrar que seus três primeiros álbuns solo (o primeiro enquanto ainda estava no grupo), fogem completamente daquilo que o próprio faz em seus momentos com Steve Harris e cia. Portanto, você pode gostar ou não do que temos nas 10 faixas que temos apresentadas aqui, mas, se é pra fazer o que Bruce faz no Iron, pra quê lançar um disco solo?
O álbum abre com a já conhecida "Afterglow of Ragnarok", pançada anteriormente como single. Com um início climático e introspectivo, a faixa traz como característica o peso e o timbre das guitarras, com aquela levada mezzo metal/mezzo hard. Bruce, como citado anteriormente, nem parece um senhor com 65 anos que há pouco tempo venceu um câncer complicado, pois sua voz segue firme e potente, mesmo que mudanças tenham acontecido ao longo desses anos. Sem dúvida um dos destaques do trabalho! Já "Many Doors to Hell", apresenta aquele clima m ais Hard, lembrando em alguns momentos as composições presentes no maravilhoso "Tattooed Millionaire", (1990), sem guardar nenhuma semelhança com o metal tradicional. "Rain on the Graves" mantém uma linha hard/heavy, onde o peso das guitarras se destacam, com riffs bem típicos dos anos 80, ainda que climas mais densos acabem permeando o andamento da composição. A forma de cantar de Bruce aqui nos remete aqueles vocais mais rasgados, presentes em "No Prayer for the Dying" (1990), amados por muitos, odiado por tantos outros. Enquanto isso, "Ressurection Man", difere um pouco das demais, uma vez que suas características em (quase) nada guardam semelhança ao hard/heavy mais tradicional, buscando uma forma quase alternativa, algo usado de forma constante em "Skunkworks" (1996) e que não agrada a grande maioria dos fãs do vocalistas, incluso este que vos escreve. Um clima grandioso e quase épico dão início a "Fingers in the Wounds", com seu refrão forte e intenso, em outro grande momento vocal do nosso Air-Raid Siren.
Se o Iron Maiden versava sobre o caso da "eternidade falhar", Bruce vem nos dizer que a "eternidade falhou". Com perdão do trocadilho idiota, mas serve para remeter que "Eternity Has Failed" é um a música composta por Bruce que deveria ser utilizada por ele anteriormente, mas Steve Harris parece ter curtido tanto que a faixa acabou entrando em "The Book of Souls" (2015). Com pouquíssimas diferenças (sendo uma delas a duração), a faixa caiu bem dentro do tracklist do álbum. Na sequência, "Mistress of Mercy", a mais metal tradicional do trabalho, e sem dúvida, o grande destaque. Poderia facilmente estar presente em "Accident" ou "Chemical", pois suas características fecham perfeitamente com a sonoridade desses álbuns. Os trabalhos solos de Bruce sempre trouxeram "baladas" que traziam consigo qualidade e melodias bem estruturadas, o que é o caso de "Face in the Mirror", com um piano muito bem colocado no arranjo da faixa. Assim como "Shadow of the Gods", essa com um clima mais épico, que ganha peso e velocidade durante sua execução. Encerrando o álbum, a faixa mais longa, não apenas do CD, mas de toda a carreira solo do vocalista: "Sonata (Immortal Beloved)". Na opinião deste que vos escreve, uma faixa "menor" do trabalho, mas com um refrão que fica na sua cabeça após a primeira audição. Infelizmente, isso não salva a composição, que se mostra um tanto quanto inócua, apesar da performance desgraçadamente sensacional de Bruce, com relação as demais faixas.
THE MANDRAKE PROJECT não é o melhor trabalho de BRUCE DICKINSON em carreira solo. Longe disso. Mas será que precisa? Sinceramente, vejo este como um álbum de artista que não está preocupado em agradar os "troos", os fãs de Iron Maiden, ou até mesmo seus próprios fãs. Vejo sim, um trabalho de alguém preocupado com sua arte, em fazer sua música e expor ao mundo sua obra. Alguns não irão gostar. Outros sim. E isso faz da música, que é uma arte e assim, subjetiva, uma das maravilhas do mundo. Parabéns pela integridade Bruce!
Sergiomar Menezes
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