quarta-feira, 31 de julho de 2024

STRATOVARIUS - HEROES (SINGLE - 2024)

 


STRATOVARIUS
HEROES (SINGLE)
Nuclear Blast - Digital

Meu final dos anos 90 e início do novo século foi dominado pelo Stratovarius. “Infinite” (1999) é um dos álbuns que mais ouvi na vida. “Paradise”, faixa do maravilhoso “Visions” (1997), tornou-se um vício que tive que aprender a tocar. A emotiva “Forever” certamente embalou alguns bons momentos, assim como “A Change of Seasons”, ambas do emblemático “Episode” (1996), eram músicas para aqueles dias complicados. Minha adolescência foi regada aos finlandeses, mas, ao crescer, esses momentos de agudos, bumbos rápidos e refrãos grudentos ficaram para os dias nostálgicos.

Às vezes, a cada novo lançamento de Timo Kotipelto, Jens Johansson e companhia, eu ouço suas novas músicas, mas confesso que sempre prefiro o meu passado ao presente dos “Strato”. Não que façam músicas ruins, mas sinto que a energia deles (ou a minha) nunca mais foi a mesma após “Element pt. 1” (2002). Pode ser devido às mudanças de formação, à falta do extraordinário Tolkki, ou à saída de Jörg Michael. Enfim, sigo com uma nova esperança no coração para o EP “Heroes”.

O novo lançamento funciona bem para manter o nome do grupo em evidência, trazer novidades e cair na estrada para se encontrar com seus adeptos. Temos 5 músicas que carregam o espírito eterno do estilo que o Stratovarius ajudou a popularizar nos anos 90. Nada além da faixa-título é “inedito”, mas por sorte, este lançamento não tem cheiro de naftalina, trazendo o frescor de excelentes músicas lançadas nos últimos trezes anos, entre os álbuns “Elysium (2011), “Nemesis” (2013), “Eternal” (2015) e “Survive” (2022)

“Heroes” (a música) chega aos ouvidos no estilo clássico — introdução grandiosa, cheia de paixão e carregando a bandeira do heavy melódico, acompanhada de uma letra que fala sobre força interna e superação. Mais épico impossível, certo? O seu andamento é cheio de quebradas, por momentos acelera, por outra, segura para o refrão se sobressair e grudar. Vale destacar que “Heroes” não entrou no tracklist regular de “Survive”, e ouvindo a música, foi um enorme erro (risos).

As seguintes “We Are Not Alone” e “Dragons” seguem o percurso normal, com refrãos grudentos e fortes. A estrutura mais sinfônica cria uma boa dinâmica musical entre Jens e o guitarrista Matias Kupianien, sendo a dupla o destaque do EP. “The Game Never Ends” traz peso nos seus primeiros segundos, remetendo à lembrança de Alexi Laiho e seu Children of Bodom. No entanto, antes do primeiro minuto, essa sensação se dissipa, e caímos no velho jogo do Stratovarius. Aliás, um jogo ganho desde o início, mas o ponto alto chega em “Rise Above It”, o fechamento.

A última faixa é como se uníssemos Blind Guardian e Stratovarius, possivelmente a melhor música do grupo nos últimos 20 anos. É grandiosa, não em termos de duração, mas de composição, genialidade em todas as suas fórmulas, com orquestrações cobrindo espaços, versatilidade jorrando por todos os lados, deixando para o “condutor” Kotipelto a tarefa de levar todos para um passeio emocionante e potente no reino mágico do seu próprio mundo.

Heroes”, é pra mim, mais que um EP, se torna um best of onde no meio da minha “birra”, existindo músicas que me fazem sonhar com a volta triunfal de um dos grandes do Power Metal mundial.

William Ribas




terça-feira, 30 de julho de 2024

TESTAMENT - THE NEW ORDER (1988 - 2024 REMASTERED)

 


TESTAMENT
THE NEW ORDER (2024 REMASTERED)
Nuclear Blast - Importado

Depois da sua estréia destruidora em 1987 com “The Legacy”, o Testament deu sequência a sua trajetória vitoriosa com o seu segundo álbum, o não menos clássico “The New Order”. Lançado em 1988, o álbum fez o Testament subir muitos degraus na escala do metal oitentista, tornando-se uma das principais bandas do Thrash Metal.

“The New Order” segue a mesma linha do “The Legacy”, porém com uma produção ligeiramente superior. O segundo trabalho do Testament foi impulsionado pelos singles “The Preacher”, “Into The Pit” e “Nobody's Fault” (cover do Aerosmith), as duas últimas que tiveram vídeos que foram apresentados muitas vezes no saudoso MTV Headbangers Ball .

Igualmente como o “The Legacy”, “The New Order” está ganhando agora em 2024 a sua versão remasterizada, com livreto com fotos e anotações da época. A remasterização também ficou a cargo de Justin Shturtz no estúdio Sterling Sound , e como relatei no texto sobre “The Legacy”, não existem faixas bônus, vale muito a pena ouvir clássicos em versões revigoradas, como “ The Preacher”, "Trial By Fire” e “Eerie Inhabitants”.

The New Order” pode ser considerado outra “obra de arte” do Thrash Metal, e a sequência lógica de “The Legacy” , e ambos são álbuns obrigatórios na coleção da qualquer Thrash maníaco e fãs de metal em geral.

José Henrique Godoy




TESTAMENT - THE LEGACY (1987 - 2024 / REMASTERED)

 


TESTAMENT
THE LEGACY (2024 - REMASTERED)
Nuclear Blast - Importado

Em 1987, o Thrash Metal já estava consolidado como um dos estilos mais reverenciados pelo público Headbanger ao redor do planeta. Bandas como Slayer, Anthrax, Metallica, Exodus, Megadeth, Kreator, Overkill, Destruction, Sodom, já tinham formado um grande séquito de fãs, porém uma das maiores e melhores bandas do estilo estava lançado o seu primeiro álbum. Falo do Testament e seu mais que clássico álbum de estreia, intitulado "The Legacy”.

Sem sombra de dúvidas, “The Legacy" é uma das melhores estreias da história do Thrash Metal, unindo agressividade e técnica únicas para o estilo, muito por conta dos excepcionais guitarristas Eric Peterson e Alex Skolnick. O vocal poderoso de Chuck Billy tornou-se um dos mais aclamados do estilo, sendo referência e influência para muitos vocalistas que vieram depois dele.

Agora em 2024, este clássico ganha uma versão remasterizada, onde pode se notar uma versão revigorada das nove músicas que compõe o track list original. Segundo Chuck Billy, como banda iniciante, os recursos para a produção do álbum não era das maiores, sendo desta forma, este relançamento dá uma revigorada no que foi feito há 35 anos. A remasterização ficou por conta de Justin Shturtz no Sterling Sound. Destaca-se também a parte gráfica, com livreto com fotos e anotações da época.

Impossível destacar qualquer faixa: “Over The Wall”, “Alone In The Dark”, “Burnt Offerings”, “The Hauting”... Todas elas se tornaram preferidas dos fãs e seguem nos setlists da banda até os tempos atuais. Apesar de não contar com nenhuma faixa bônus, o relançamento é muito válido, para colecionadores, fãs da banda e para aqueles que, estiveram em outro plano espiritual nos últimos 37 anos e não conheçam “The Legacy”, tenham a oportunidade de ouvir esta obra-prima pela primeira vez.

José Henrique Godoy




segunda-feira, 29 de julho de 2024

SYMPHONY X - TOKIO MARINE HALL - 27/07/2024 - SÃO PAULO/SP

 


SYMPHONY X
Abertuta: Luiz Toffoli
Tokio Marine Hall
27/07/2024
São Paulo/SP
Produção: Top Link

Texto e fotos: Fernando Aguiar

Pouco mais de um ano se passou desde a última aparição em terras tupiniquins – Monster Of Rock 2023 – o Symphony X retorna com seu poderoso show, e desta vez, completo.

Formada em Nova Jérsei, em 1994, o Symphony X se consolidou como uma das maiores e expoentes bandas do Metal Progressivo por seu instrumental virtuoso, as letrar profundas e com seus arranjos pra lá de complexos.

Formada por Michael Romeo, Russell “Fucking” Allen, Michael LePond, Jason Rullo e Michael Pinnella, a banda trouxe uma apresentação técnica, que preencheu o Tokio Marine com as notas altas e agudos bem colocados do vocalista, além da bateria imparável, além de trazer um carisma incrível de quem se sente em casa.

Ainda com a casa quase vazia, eis que de forma repentina os integrantes da banda de abertura Luiz Toffoli entram em cena. A banda, liderada pelo exímio guitarrista curitibano, foi incumbida da abertura oficial da turnê do Symphony X aqui no Brasil (Belo Horizonte, São Paulo e Curitiba). O som da banda tem uma característica diferente do Symphony X, com um som mais calcado em influências do Dream Theater, além da adição de pitadas de Power Metal. E para compor este time, Luiz conta com músicos de muito respeito e extremamente competentes: Cássio Marcos (Vocal), Léo Carvalho (Teclado), Pedro Tinello (Bateria) e Marcos Janowitz (Baixo).

O setlist apresentado teve como base o disco “Engima Garden”, lançado em 2023. E com uma apresentação extremamente profissional e elegante, com um som bem potente, iluminação dinâmica bem bacana, cativou o ainda pequeno público presente até aquele momento. E antes e encerrar a apresentação com “Frenetic Freak” ainda teve espaço para uma ótima homenagem a maior influência da banda, um cover de “As I Am” que foi cantado por praticamente todos os presentes.

O público ainda demorou um pouco a chegar e preencher o local (não houve lotação máxima da casa), porém quando a banda entrou em cena, a casa quase veio abaixo – parecia que a banda não se apresentava por aqui há pelo menos 10 anos – tamanha euforia e ânsia por um show solo da banda.
A banda entregou um espetáculo – literalmente – uma vez que a performance foi carregada de uma energia absurda, onde todos os membros puderam demonstrar suas habilidades técnicas. E para este que vos escreve a experiência foi mais surpreendente ainda, pois foi a primeira vez que vi a banda ao vivo e recomendo fortemente que você, caro leitor, o faça caso também não tenha visto.



O Setlist apresentado foi um apanhado de toda a carreira da banda, onde os principais destaques foram: “Iconoclast” (que abre o disco de mesmo nome, é uma porrada prog sensacional e certeira para abrir um show da banda). Em seguida vem “Nevermore” (cantada em uníssono e com muita emoção e energia pelos presentes). “Without You” (uma “power ballad” cativante do último álbum da banda, principalmente por sua melodia e letra). “Evolution”, a primeira da fase clássica da banda a aparecer no set elevou ainda mais as emoções do público presente, que cantou muito forte. “Paradise Lost” abriu o encore após um descanso merecido de 5 minutos (outra “power ballad” com uma execução e performance maravilhosa da banda). E para fechar, dois clássicos absolutos da banda onde o público aguardava ansiosamente pela execução. Estamos falando de “Out of the Ashes” e “Of Sins and Shadows” (está última muito pedida pelos fãs mais fervorosos durante quase toda a apresentação da banda) onde todos os presentes foram agraciados com este final apoteótico.

Ao final do show foi possível ver estampada na cara de cada fã a satisfação pelo show que acabará fazia poucos minutos.

Russel Allen, durante os agradecimentos finais garantiu que os fãs brasileiros verão a banda novamente em breve e que será no tour do próximo disco, que sairá em 2025.



Nós fãs, estamos no aguardo e ansiosos pelo novo lançamento e consequentemente por mais uma visita da banda, que com certeza, serão bem recebidos e será mais um show nota 10, assim como este de 2024.
Outro destaque que vale menção é a presença de palco, interatividade e técnica de Russel Allen. O que esse cara canta, não está escrito no gibi. Um dos melhores vocalistas que vi performar ao vivo, com absoluta certeza. Russel não é como alguns vocalistas por aí: aquele de estúdio apenas, ao vivo ele é muito mais até que em estúdio, o cara é F%$#@da mesmo.

Se você não viu a banda ainda, não perca a próxima oportunidade, não se arrependerá e será bem pago para ver uma das melhores bandas do Prog Metal em ação.



ANVIL - ONE AND ONLY (2024)

 


ANVIL
ONE AND ONLY 
AFM Records - Importado


“Anvil is Anvil” é o título do álbum de 2016 dos veteranos canadenses do Anvil, e é um título que resume bem o que se pode esperar da sonoridade da banda. “One And Only” é o vigésimo álbum de estúdio do grupo, e não foge muito das características principais que podemos encontrar nos demais álbuns da banda.

Mantendo a formação estável desde 2014, com os fundadores Steve “Lips” Kudlow ( guitarras e vocal) e Robb Reiner ( bateria) e o baixista Chris Robertson, o Anvil tem seguido a média de lançamentos a cada dois anos, o que acaba mantendo uma boa sequência sem deixar seus fãs sedentos por novos trabalhos.

O álbum é composto por 12 faixas. Não existe nada tecnológico ou com grandes truques na produção, (apesar da mesma ser muito boa tornando todos os detalhes dos instrumentos perfeitamente audíveis e destacados), tornando o trabalho autêntico e honesto, movido apenas pela paixão pelo rock e metal dos integrantes do Anvil.

Como destaques, posso citar a abertura com a faixa título,“One And Only, com um toque meio AC/DC, cadenciada e com aqueles “big chorus” no refrão que convida o ouvinte a cantar junto. “Feed Your Fantasy”, também com clima roqueiro, a faixa de trabalho do álbum que conta inclusive com um promo-vídeo. “Gold and Diamonds” bem heavy metal oitentista, lembrando bastante as composições dos primeiros álbuns do Anvil. “World of Fools” tem um começo que “assusta” um pouco, pela sua semelhança com a mais que clássica “Children Of The Grave” do Black Sabbath. "Condemned Liberty” tem uma levada meio Judas Priest e uma ótima letra, e “Blind Rage” que fecha o álbum em alta velocidade, evocando os velhos temas do Anvil que se aproximam do Thrash/Speed Metal.

Se por um lado “One And Only” não apresenta novidades, e nem estará entre os melhores álbuns do Anvil, ao menos mantém a banda ativa e os fãs felizes. E uma coisa que não podemos deixar de ressaltar: O Anvil é uma das bandas mais honestas do mundo do Metal!

José Henrique Godoy




segunda-feira, 15 de julho de 2024

DEEP PURPLE - LAZY SOD (EP - 2024)

 


DEEP PURPLE
LAZY SOD (EP - 2024)
earMUSIC - Digital

Os alienígenas existem sim, e eles estão entre nós! Calma você não está lendo algum texto da revista “Super Interessante” ou alguma resenha de documentário do “Discovery Channel”, ou outro ainda, algum texto absurdo de algum charlatão que julga  fazer contato com outros mundos. È apenas a melhor frase para classificar os “vovôs-garoto” do Deep Purple.

Como pode uma banda com 56 anos de idade, com a maioria dos seus integrantes beirando os oitenta anos de idade, seguir relevante e gravando material de grande categoria? Principalmente se confrontarmos os trabalhos do Purple com outras bandas clássicas, e com menos tempo de estrada, que parecem apenas gravar novos trabalhos para se manterem na estrada?

Bem, o Purple nos dá a receita aqui neste EP com 3 músicas inéditas e duas faixas ao vivo, a saber: “When Blind Man Cries” e “Uncommon Man” do álbum “Now What” lançado em 2013. Este é o primeiro lançamento a contar com o guitarrista Simon McBride, que adicionou sangue novo a banda, após a triste saída de Steve Morse, que se afastou para cuidar da sua agora falecida esposa que estava em fase terminal de um câncer. Simon, ao contrário de Morse, tem uma pegada mais rocker, se aproximando mais da velha escola “Blackmoreana” o que pode ter influenciado um pouco na composição destas três novas músicas.

A faixa que abre o EP , “Lazy Sod”, é um empolgante Hard Rock, com a marca registrada do Purple, e demonstra a excelente forma que os veteranos estão. Se Ian Gillan já não tem mais o “rugido” de décadas atrás, segue recitando as letras com muita classe e ao menos em estúdio sua voz está longe dos desgastes naturais. O solo de teclado de Don Ayrey faz o gênio John Lord se sentir orgulhoso lá no lugar melhor que ele está agora.

“Pictures Of You”, mais cadenciada e igualmente notável, nos remete diretamente ao mais que clássico álbum “Machine Head” de 1972. Mais uma bela interpretação de Mr. Gillan. Mas peço que preste atenção também na levada segura e cheia de grooves de Ian Paice, um dos maiores bateristas que já caminharam no planeta Terra.

“Portable Door”, novamente na linha de “Lazy Sod”, um Hard Rock arrasa-quarteirão com aquele cheiro de anos 70, onde Simon McBride consegue trazer um frescor ao mesmo tempo que se mantém clássico ao estilo tradicional do Purple. As duas faixas ao vivo já citadas, são mais para agradar os colecionadores, mas sempre lembrando que o Purple é uma das bandas que mais tem lançamentos ao vivo, e nunca é demais ouvi-los.

Enfim, “Lazy Sod” é um ótimo aperitivo para o novo álbum que “=1”, que será lançado muito em breve. Estamos na expectativa, sabendo que vem coisa (muito) boa por aí.

José Henrique Godoy




ACCEPT - BLOOD OF THE NATIONS (2010 - RELANÇAMENTO 2024)

 


ACCEPT
BLOOD OF THE NATIONS (2010 - RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional


2024 marca o relançamento de um dos álbuns mais marcantes da década passada, e estamos falando do clássico “Blood of the Nations” do Accept.

Quando a banda anunciou um novo integrante – o extraordinário Mark Tornillo - e que haveria um novo lançamento, houve um burburinho grande na cena, uma vez que o Accept já havia tentado seguir sem Udo Dirkschneider antes (sem o mesmo sucesso), com David Reecce nos vocais. Havia então, novamente, aquela desconfiança de como o novo integrante se sairia na banda e também como seria o som da banda após tantos anos sem lançar algo inédito.

“Blood of the Nations” o Accept assolou o mundo com a energia e uma sonoridade mais pesada, moderna e energia totalmente renovada. O álbum foi lançado em 2010, onde representou um marco na carreira da banda, onde foi o primeiro com o novo vocalista Mark Tornillo e assim consolidando a formação que cativou muitos fãs antigos e principalmente os da nova geração. E sim, “Blood of the Nations”, que já nasceu clássico e provou que quem é rei nunca perde a majestade.

O primeiro acerto da banda em “Blood of the Nations” foi ter incumbido ninguém menos que Andy Sneap para a produção do álbum, onde temos 13 faixas poderosíssimas e conseguiram capturar e resgatar a essência daquele heavy metal clássico que aprendemos a amar. 

Já no início com “Beat the Bastards” – onde possui um Q de “Balls To The Wall”, porém com andamento mais rápido, já é um tapa na cara daqueles que não acreditavam mais na banda. Além disso, assim que Mark Tornillo solta voz, impossível não vir a mente: Esse é o cara certo para substituir o até então insubstituível Udo Dirkschneider.

Destaques do disco? Bem, como já dito acima que ele já nasceu clássico e discos clássicos se ouve do início ao fim, sem pular qualquer faixa. Todas as músicas, sem exceção, são destaques ainda mais que temos uma chuva de riffs e solos memoráveis como nos velhos tempos de anos 80.

“Teutonic Terror” e “Pandemic”, que foram lançados como single antes do álbum na época, são presenças marcantes como carros-chefes até hoje no setlist da banda. Caro leitor, espero ter entendido agora o motivo de não haver comentário apenas de algumas músicas como destaque.

Até hoje, assim como na época do lançamento, a crítica sobre “Blood of the Nations” é unânime como um dos melhores álbuns de heavy metal da década (se não o melhor), especialmente pela qualidade das composições, performance dos músicos e claro a produção de Andy Sneap!

Este álbum representou também, o retorno da banda aos holofotes da cena mundial, uma vez que para promover o álbum, embarcaram em uma gigantesca turnê mundial, que culminou na consolidação (e retorno) da posição da banda como uma das principais forças do heavy metal naquele não para aquele ano, mas para os anos seguintes também, pois o futuro parecia ser muito promissor (o que acabou acontecendo com um sucesso absoluto). 

Dito tudo isto, “Blood of the Nations” é uma das obras-primas do heavy metal de todos os tempos, onde podemos sentir a essência e energia do gênero. Sabe aqueles álbuns que todo fã de heavy mental gosta de falar “Formador de Caráter”? Pois bem, a definição para “Blood of the Nations” é esta e é um item obrigatório na coleção de qualquer pessoa que se diz fã de Heavy Metal.

Fernando Aguiar






sexta-feira, 12 de julho de 2024

BENEDICTION - GRIND BASTARD (1998 - RELANÇAMENTO 2024)

 



BENEDICTION
GRIND BASTARD - (1998 - RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional


A Shinigami Records, em parceria com a Nuclear Blast, vem prestando um enorme serviço aos deathbangers, colocando no mercado, vários relançamentos (inclusive discografias completas) de bandas que foram (e são) essenciais ao estilo. Dessa vez, estamos falando do BENEDICTION, banda inglesa que moldou sua sonoridade, com um Death Metal totalmente característico. E o quinto álbum do grupo, o excelente GRIND BASTARD, é uma prova cabal disso. Consolidado já como um dos principais nomes do estilo na Europa, o quinteto mostra aqui que aquela atmosfera sombria que paira sobre sua música segue, ainda que a agressividade e brutalidade se mostram consistentes. O que sempre foi uma das marcas pessoais da banda.

Ainda que à época existissem rumores de que o grupo estava se separando, Dave Ingram (vocal), Darren Brookes e Peter Rew (guitarras), Frank Healy (baixo) e Neil Hutton (bateria), entraram no estúdio para gravar o último álbum da primeira fase com Ingram e nos trouxeram 13 faixas (neste relançamento são 14, sendo que a bônus track é um cover do grupo Anti-Nowhere League) onde o peso e a brutalidade caminham lada a lado com o lado mais sombrio do metal. Ingram, um dos melhores vocalistas do estilo, solta sua voz de forma mais variada, mantendo a aura obscura e agressiva de seu timbre. 

Dentre as composições, merecem destaque a abertura com "Deadfall", que traz peso e um ótimo trabalho de bateria de Neil Hutton, assim como os riffs rasgados da dupla Darren e Peter em "Agonised", onde Ingram busca uma pegada mais thrash em seus vocais, a velocidade de "Magnificant", lembrando as influências do hardcore na sonoridade do quinteto, a versão cheia de personalidade de "Electric Eye", clássico de seus conterrâneos do Judas Priest, a faixa tíyulo, que por sua vez, traz uma variação de ritmo em sua estrutura, quebrando o estigma de que é necessário ser veloz para ser brutal, a aproximação com o grindcore de "We the Freed", bem como a ótima versão de "Destroyer" do Twisted Sister. Pra encerrar, o punk/hc de "We Are the League", da clássica banda Anti-Nowhere League", que ficou bem legal com os vocais de Ingram.

GRIND BASTARD é um álbum que, mesmo mantendo os padrões do death metal, não se limita a isso, numa ótima mistura de metal tradicional, punk/HC, grindcore, thrash e, o próprio death metal. Ponto para o BENEDICTION (ou "Benê" para os mais íntimos) que conseguiu impor sua personalidade dentro de um estilo cheio de limitações.

Sergiomar Menezes






quinta-feira, 11 de julho de 2024

BENEDICTION - THE GRAND LEVELLER (1991 - RELANÇAMENTO 2024)

 


BENEDICTION
THE GRAND LEVELLER - (1991 - RELANÇAMENTO 2024)

Shinigami Records/ Nuclear Blast Records - Nacional

O segundo álbum do BENEDICTION, e o primeiro com o vocalista Dave Ingram (ex-Bolt Thrower), é um dos grandes trabalhos produzidos pela cena do death metal inglês e que acabou por ser um divisor de águas na carreira da banda. Aqui, após "Subconscious Terror", as coisas começaram a acontecer para o grupo, consolidando com THE GRAND LEVELLER, o nome do nosso querido "Benê" dentro do cenário do death metal europeu, com uma sonoridade típica, mas muito pesada e agressiva. E o trabalho tem seu relançamento no mercado nacional através da parceria Shinigami Records/Nuclear Blast.

Formavam a banda à época o já citado Dave Ingram (vocal), Peter Rew e Darren Brookes (guitarras), Paul Adams (baixo) e Ian Treacy (bateria). Com uma sonoridade própria, ainda que executando um death metal característico, o quinteto de Birmingham (e tinha lugar melhor pra ter surgido?), apresenta um trabalho com uma produção crua e direta, uma das referências utilizadas pelas bandas da época, sendo que podemos ouvir nitidamente cada instrumento, algo que evidencia ainda mais a brutalidade e agressividade dos ingleses. Na versão original, o álbum trouxe nove faixas, mas aqui temos a inclusão de um cover: "Return to the Eve" do Celtic Frost. Ou seja, se antes já era obrigatório aos fãs do estilo, agora passa a se tornar imprescindível!

O death metal do grupo sempre casou muito bem as letras e sonoridade, destacando o quinteto dos demais grupos da época. Assim, podemos perceber o peso e até mesmo uma atmosfera sombria em faixas como a abertura com "Vision in the Shroud", densa e arrastada em seu início e que descamba para uma porrada em forma de death metal. Esse clima mais sombrio, permanece inalterada na faixa seguinte, a "quase thrash" "Graveworm", onde o peso das guitarras se acentuam de forma consistente. Em seguida, um clima quase tétrico se desenvolve durante a execução de "Jumping at Shadows", um momento de prestar tributo a uma certa banda conterrânea do grupo e que ajudou as fundar as bases do Heavy Metal. Já "Opulence of the Absolute" traz consigo o death metal mais típico, com riffs ríspidos e cortantes, aliados a velocidade das batidas precisas de Ian Treacy. "Child of Sin" oferece uma maior variação de andamentos e comprova a versatilidade do quinteto. Ingram se mostra uma escolha mais do que acertada, tamanha sua desenvoltura para vociferar as letras do grupo.

"Undirected Agression" segue a linha do peso e agressividade, enquanto "Born in a Fever" começa intensa e arrastada, o que não a impede de adentrar a seara do death metal veloz e direto, como podemos conferir ao longo de sua execução. Outro ótimo momento é a faixa título, que carrega consigo todas as características do "Benê": peso, brutalidade, mudanças de velocidade, linhas vocais com identidade própria e atmosfera sombria. Um dos destaques do trabalho sem dúvidas. A curta e direta "Senile Dementia" encerra a versão antiga do álbum que nessa nova, recebe a adição de "Return to the Eve", cover do já citado Celtic Frost. Cheia de personalidade, a banda honrou e memória de um dos grandes nomes do metal extremo mundial, sem tentar reinventar a roda.

THE GRAND LEVELLER é um trabalho que fez o BENEDICTION alçar voos maiores, seja pela presença de Dave Ingram, seja pela qualidade das composições apresentadas. Um álbum que deve fazer parte da coleção de todo fã de death metal!

Sergiomar Menezes




THE TROOPS OF DOOM - A MASS TO THE GROTESQUE (2024)



THE TROOPS OF DOOM
A MASS TO THE GROTESQUE
Alma Mater Records/ Rock Brigade Records/Voice Music - Nacional

O segundo álbum de uma banda sempre vem sempre cercado de expectativas, ainda mais quando o primeiro já chega quebrando tudo em todos os sentidos. No entanto, estamos falando da THE TROOPS OF DOOM, uma banda que dispensa apresentações ou maiores comentários, uma vez que o grupo liderado por Jairo Guedz, é formado por músicos experientes e com conhecimento de causa, aqui, ela atende por Death Metal, moldado a ferro e fogo em Tampa, na Flórida. Estamos também, falando de uma música extrema, pesada e recheada de influências do Thrash Metal, algo bastante plausível, afinal, Jairo fez parte da maior banda do estilo no país, não é mesmo? Soando como antigamente, mas com uma produção bastante atual, A MASS TO THE GROTESQUE, chega cercado de expectativas. Após três EPs e um Full Lenght, o segundo álbum da banda nos mostra que fazer Death Metal está no sangue de cada um dos quatro integrantes. 

Formada por Jairo (guitarra), Alex Kaffer (baixo e vocal), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria), a banda nos entrega 11 faixas, contando com uma introdução, onde somos convidados a presenciar uma viagem pelo mundo do "metal da morte". Produzido por André Moraes e mixado/masterizado por Jim Morris (lenda do estilo) no Morrisound Studios, o trabalho traz ainda uma arte de capa sensacional, principalmente no que diz respeito ao trabalho de cores, criando um clima ao mesmo tempo soturno e vibrante, criação de Dan Seagrave, outro nome reconhecido dentro do death metal. Assim, nesse pacote, encontramos um álbum que segue os passos de seu antecessor, mas que acaba por dar um passo adiante, mostrando a versatilidade e capacidade dos seus integrantes. Não á toa, o grupo está prestes a embarcar em sua primeira tour européia.

Após a intro "Solve Et Coagula", "Chapels of the Unholy" chega recheada de riffs agressivos e diretos, com uma atmosfera que nos lembra uma certa banda surgida em Minas Gerais lá no início dos anos 80... Claro que esse tipo de comparação sempre acontecerá, afinal, nas seis cordas daquela banda também estava Jairo Guedz... Mas a Troops é muito mais que isso, pois percebemos as influências de cada integrante em cada nota presente no trabalho. Como fica claro em "Dawn of Mephisto", próxima faixa, que traz thrash, death em metal tradicional sua estrutura. Que música fantástica! Perfeita para aquela roda de mosh, onde será mais do que bem recebida nos shows, tamanha a violôncia e peso que emanam de suas notas. Jairo e Marcelo formam hoje uma das mais afiadas e entrosadas duplas de guitarristas do país, enquanto Kaffer e Alexandre, carregam no peso ao criarem bases mais do que sólidas, cheias de intensidade. "Denied Divinity", segue a risca a cartilha do estilho, ao trazer uma levada de guitarra típica, incorporando passagens mais cadenciadas e trabalhadas. Mas torna-se impossível não se emocionar coma s guitarras de "The Impostor King"... Que coisa linda ver a veia do verdadeiro death metal ativa, ainda que em 2024! Que porrada! 

"Faithless Requiem" mantém a adrenalina em alta, antecedendo a "épica" "Psalm 78 - God of Bizarre", uma faixa com mais de 8 minutos, cuja execução traz todos os traços de influências da banda, passando por Slayer, Sacrifice, Sepultura, Venom e... KISS! Sim, pois ao menos para este que voz escreve, certos passagem nos remetem a clássica "God of Thunder"! Pode até ser loucura da minha cabeça, mas... O clássico death metal retorna em "Terror Inheritance", enquanto "The Grotesque" caminha de mãos dadas com o thrash metal mais tradicional. O peso e agressividade são o norte de "Blood Upon the Throne" que antecede "Venomous Creed", que encerra o trabalho de forma sombria e climática, mantendo o peso e vocais "soturnos", numa atmosfera densa e pesada.

A MASS TO THE GROTESQUE é um trabalho que vai figurar nas listas de melhores do ano em todos os sites que se dizem especializados. Se não acontecer, talvez os sites não sejam tão especializados assim. A verdade é que a THE TROOPS OF DOOM fez resgatar aquele sentimento mais verdadeiro e potencial do death metal mais cru, ainda que de forma mais atual. Não á toa, Max e Iggor decidiram regravar os primeiros trabalhos daquela banda lá de Minas Gerais...

Sergiomar Menezes






quarta-feira, 10 de julho de 2024

LEVIAETHAN - D-EVIL IN ME (2024)

 


LEVIAETHAN
D-EVIL IN ME
True Metal Records - Nacional

Falar da LEVIAETHAN é uma tarefa simples e ao mesmo tempo complicada. Afinal, estamos falando de um dos pilares do Heavy Metal gaúcho e nacional, uma banda que lançou dois trabalhos clássicos (Smile - 1990 e Disturbed Mind - 1992) e que tem uma relevância mais do que significativa no cenário. Isso, sem contar a importância de Flávio Soares, baixista e vocalista da banda, que luta como poucos para manter o espírito da cena Thrash Metal e de todo o underground ativa. No entanto, acho que posso considerar o grupo como "banda da casa", uma vez que Flávio já fez algumas coberturas para o site. E, ao completar 40 anos, o trio coloca a disposição dos amantes da música pesada "D-EVIL IN ME" (título sensacional), um trabalho coeso, intenso e que serve para mostrar a todos que experiência e relevância não se compram na farmácia da esquina. 

O trio é completado por Denis Black Stone (guitarras) e Ricardo "Ratão" (bateria). Produzido por Renato Osorio com a produção executiva do baixista/vocalista. Com isso, percebemos uma excelente nível de gravação (os instrumentos foram gravados em estúdios diferentes) e manteve aquela pegada característica do grupo, ainda que possamos ouvir influências de sons mais atuais no trabalho. A concepção da capa, nos leva diretamente ao título, mostrando uma jogada com o "o mal e o diabo" dentro de cada um. O álbum também traz algumas particularidades, como a participação de Calos Lots (ex-guitarrista da banda) na faixa "Endless Lie", os vocais adicionais de Márcio "Livramento" Gonçalves (figura conhecida no underground do RS) em "Demigod", além das guitarras de Renato Osorio e Victor Nichele (que integrou a banda entre 2015 e 2016) em várias faixas. 

"Hell is Here", já nos apresenta um thrash metal ríspido, veloz e sujo, trazendo riffs bastante agressivos, enquanto os vocais de Flávio "amadureceram" com o passar do tempo, sem que perdessem a força e energia de tempos passados. As levadas de "Ratão" são próprias do estilo, mesclando velocidade e peso na medida. Com um refrão daqueles dignos de deixar qualquer fã de metal pesado "feliz" a faixa foi a escolha perfeita para a abertura. Na sequência, "Thrash Your Brain", e aqui uma curiosidade: talvez muitos não saibam (ou não), mas apesar deste ser o nome da primeira demo do grupo, nunca existiu uma faixa chamada assim. O que acaba aqui, com uma atmosfera tipicamente anos 80. O trio consegue unir o thrash alemão e o americano de forma caprichada, seja nos riffs, seja na velocidade/cadencia da cozinha. Outro ponto interessante é que para este álbum, o vocalista se viu numa encruzilhada: após a saída de Danilo Pizzato (ex-baterista do grupo), quem seria o responsável pelas letras? Flávio decidiu que iria encarar mais essa e o resultado ficou muito bom! "Drugslave", outro ótimo momento das guitarras, apresenta todo o peso que o grupo conseguiu produzir. Essa faixa nos remete ao Overkill, principalmente na hora do refrão. Confesso que essa vai ser uma destruição quando tocada nos shows! O baile Thrash segue seu ritmo com "Lord of the Wars", um convite ao "headbanging" e aquela "air guitar" que só quem é adepto do estilo consegue fazer... Assim como em "Humanimal", onde as guitarras transpiram a atmosfera daqueles palcos pequenos e esfumaçados do underground.

Sabe aquele momento pra dar uma descansada? Esqueça, pois não é isso que você vai encontrar em "The Time Has Come (Yours)", mais um momento de porradaria e riffs sem trégua! Podemos destacar, como já citado anteriormente, o peso que a cozinha empresta ao trabalho, bem como os solos que ficaram muito bem encaixados na estrutura da faixa. Já "Demigod" nos mostra um início quase que introspectivo, nos preparando para uma aula de peso, velocidade e adrenalina, como só quem tem a veia sabe como fazer. "Endless Lie", que inicialmente foi gravada nas seções do álbum Disturbed Mind, mas não entrou no LP pela limitação de tempo do vinil e que  posteriormente, foi lançada no relançamento do Disturbed Mind versão CD, tanto aqui no Brasil como na Inglaterra e China, ganhou uma nova versão, com a formação atual e com a participação do Carlos "Lots" Henrique nos solos. E diga-se de passagem, que puta música! Já a faixa título é daquelas que serão obrigatórias nos shows, pois é possível imaginar a violência das rodas de mosh quando da sua execução! Pra encerrar, "Darkside", fecha o trabalho com os dois pés na porta, deixando aquele soco na boca do estômago que fica impossível de esquecer...

D-EVIL IN ME, apesar de não ser um trabalho conceitual, traz faixas que giram em torno de um mesmo eixo, mostrando o lado mal que existe em cada um de nós. Mas, muito mais do que isso, o álbum que a banda merecia lançar, tamanha importância no cenário. E com ele, podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que ela continua, apesar desse monstruoso espaço de tempo entre "Disturbed Mind" e "D-EVIL IN ME", sendo relevante dentro do espaço da música pesada. Depois dessa audição, só posso pedir uma coisa: não demora mais 32 anos pra lançar um disco da LEVIAETHAN, Flávio!

Sergiomar Menezes 



MR. BIG - TEN (2024)

 


MR. BIG
TEN
Shinigami Records/ Frontiers Music srl - Nacional

Como já anunciado pelo Mr. Big, “Ten”, o novo lançamento e décimo álbum (por óbvio o título) será a última vez que a banda entrará em estúdio para gravar um trabalho. Muitos podem pensar que muitas bandas anunciam que vão parar e voltam daqui alguns anos (ou às vezes, até meses) e que o mesmo pode acontecer com o Mr. Big. Mas aqui o caso é diferente, tendo em vista que, de acordo com o vocalista Eric Martin, a banda não vê mais sentido em seguir sem o seu baterista, o saudoso e grande Pat Torpey, falecido em 2018.

Como se poderia imaginar “Ten” é um trabalho totalmente dedicado e honrando a memória de Pat Torpey. Esta é a primeira vez que a banda grava sem Pat, e para o seu lugar, está o baterista Nick D'Virgilio que foi membro da banda de prog rock Spock's Beard, excursionou e gravou com o guitarrista Steve Hackett, dentro outros trabalhos.

Apreciadores e fãs mais antigos do Mr. Big , que preferem os primeiros álbuns da banda, vão sentir falta das demonstrações de habilidade de Paul Gilbert e Billy Sheehan. Em “Ten”, o Mr. Big se apega bem mais a uma sonoridade setentista/bluesy, mas obviamente sem perder aquela atmosfera rockeira e de banda ao vivo que permeia quase toda a discografia da banda.

Paul Gilbert segue fazendo chover, com solos e riffs cheios de harmonias e virtuosismo, Billy Sheehan segue sendo o mostro que sempre foi, enquanto D`Virgilio os acompanha também magistralmente. Eric Martin? Bem, este cara é um dos vocalistas mais carismáticos com uma das vozes mais marcantes do Hard Rock mundial. Suas interpretações cheias de sentimento fazem todo o trabalho valer a pena.

Partindo para as músicas que compõem “Ten”, o que temos é uma mescla do Mr. Big tentando manter o seu som típico, porém indo de encontro à sonoridade de bandas que os influenciaram. Como alguns bons destaques do trabalho, poderia citar “Good Luck Trying”, que é a faixa de abertura e dá o tom ao que virá adiante, uma boa faixa, “bluesy” e cheia de groove.

“I am You”, com uma energia positiva, feita para melhorar o dia de quem a escuta. Para quem aguarda pela tradicional balada, “Who We Are” se apresenta como a balada do álbum, ligeiramente mais áspera e menos “radiofônica” que as baladas que fizeram o Mr. Big ser famoso para além da bolha rockeira. “Corageous” se tornou a minha preferida de “Ten”, com uma levada rocker nos moldes dos Rolling Stones dos anos 80/90, grande refrão e Eric Martin em grande performance (como se isso fosse alguma novidade). "The Frame” é a faixa que finaliza o trabalho de forma “oficial”, uma balada com uma levada meio folk. Na versão japonesa temos como bônus a faixa instrumental “See no Okapi”. Se não acrescenta nada demais, demonstra o tamanho da habilidade de paul Gilbert em misturar técnica e sentimento. Nas edições européias, o bônus é “8 Days On The Road”, uma “ode” a Steve Mariott e Humble Pie, uma das grandes influencias do Mr. Big.

Ten”, sendo o “canto do cisne” do Mr. Big poderia render mais, não chega nada perto dos melhores álbuns do Mr. Big, mas ao menos mantém um bom nível e cimenta o seu legado como uma grande banda de Hard Rock que deixará saudades em seus fãs e admiradores.

José Henrique Godoy




segunda-feira, 1 de julho de 2024

KOOL METAL FEST - VIP STATION - 09/06/2024 - SÃO PAULO/SP

 


KOOL METAL FEST
09/06/24
Vip STATION
São Paulo, SP 

Texto : Flávio Soares 
Fotos : Letícia Malaguez Orquiz

Chegamos na capital paulista no sábado (08) e, obviamente, nos dirigimos à Meca do Rock/Metal de São Paulo, a famosa Galeria do Rock. E pudemos perceber que a expectativa, a mobilização e a ansiedade em torno do festival estavam presentes em quase todas as rodas de conversa que se formavam por todo o ambiente. Isso deixou a equipe Rebel Rock bem empolgada.


No domingo, após um café da manhã reforçado, nos dirigimos ao local do evento com alguma folga no horário até para podermos nos inteirar do clima do festival. Ainda não tínhamos ido à eventos na casa Vip Station, mas pela movimentação do público, pudemos perceber que teríamos lotação total ou, pelo menos, algo perto disso.


Tudo ocorreu da melhor forma possível, encontramos muitos amigos, o credenciamento foi super rápido e, vale ressaltar, todo o "staff", tanto da casa como da equipe organizadora do fest, foram muito solícitos e prestativos, tratando à todos com muito respeito e atenção.


Assim que entramos no local, fomos surpreendidos com uma casa espaçosa e muito bem construída para grandes eventos, com uma ótima visão do palco em qualquer lugar do recinto. Outro ponto positivo à ressaltar, foi a pontualidade, seguida à risca pela organização. Então, exatamente às 15:00 a banda "Facada" deu início ao evento.

FACADA

Com a difícil missão de dar o pontapé inicial no evento, o FACADA entrou no palco uns minutos antes das 15:00. E o trio vindo de Fortaleza se saiu muito bem, espalhando ódio e destruição sonora em petardos já clássicos dentro da cena do Grindcore e do Death Metal extremo do Brasil. Finalizaram a sua participação já com a casa praticamente lotada e saíram do palco ovacionados.



CEMITÉRIO

Pontualidade seguida a risca. às 15:50 foi a vez dos paulistas da CEMITÉRIO, que já "entraram em campo" com o jogo ganho, pois com suas letras em português contando as histórias de filmes clássicos de horror, fica muito fácil para o público participar e cantar junto com a banda E foi exatamente isso que aconteceu. Belíssima apresentação, naquele velho clima "Old School" que agrada à todos nós.



VELHO

Na sequência, exatamente às 16:40, foi a vez dos cariocas da banda de Black Metal VELHO, outra que se beneficiou, e muito, de ter as suas letras escritas na língua pátria, pois fez com que quase todos cantassem junto "a plenos pulmões". Mais uma apresentação impecável.



VULCANO

Nada mais propício do que o horário do lusco-fusco, daquela transição do entardecer para a noite, para que o Quinto Cavaleiro do Apocalipse, empunhando em suas mãos uma espada forjada em aço e fogo, adentrasse ao palco para decepar as cabeças de quem ousasse ficar parado. E sim, em meio ao clima com muita fumaça, lá estava ele, talvez o mais antigo em atividade, o guitarrista Zhema Rodero (ou simplesmente Zhema), que junto à um time de excelentes músicos e, principalmente, contando com a figura carismática do vocalista e mestre Luiz Carlos Louzada, passou a mensagem e a música do VULCANO para uma plateia ao mesmo tempo estarrecida, vibrante e participativa. Muitos foram às lágrimas, e o quinteto de Santos, SP cumpriu gloriosamente a sua participação no festival.





VENOM INC

18 horas e 30 minutos....

Seria uma hora especial? Ou que se comemora alguma coisa? Normalmente não, mas com o VENOM INC, qualquer hora pode ser um horário de devoção à bruxaria. E foi com "Witching Hour" que Tony Dolan & Cia começaram a golear... Sim, porque ganho, o jogo já estava.

Mesclaram muito bem as músicas novas, com as músicas já conhecidas do Venom Inc. e com as mega-clássicas do Venom original. Para esse que vos escreve, a melhor apresentação da tarde/noite. Não por efetivamente ser a melhor banda, mas sim porque foi com a qual eu mais me empolguei. Gostos à parte, o Venom Inc foi mais um dos tantos acertos da produção dessa edição do Kool Metal Fest, e a impressão que fica é que o trio poderia ter tocado durante horas que o público iria responder como respondeu. Brilhante !




POSSESSED

Antes de mais nada, parabéns a toda produção do Kool Metal Fest pela brilhante, magnífica e corajosa iniciativa de trazer o grande POSSESSED para mais uma apresentação em "terra brasilis". Foi a banda mais aguardada da noite pela maioria dos presentes, pois muitos nunca haviam sequer cogitado a possibilidade de ver ao vivo o grande Jeff Becerra. E depois de uma pequena espera, após o show do Venom Inc, lá estava ele, a lenda, o cara, o criador de um estilo. Para muitos, um verdadeiro estandarte do Death Metal. Levando-se isto em conta, e sabendo de toda a experiência de Jeff em todos esses anos, sabíamos que estávamos diante de um grande acontecimento. Riff após riff, solo após solo, música após música, o grande baluarte chamado Possessed foi extasiando e cativando cada vez mais um público incrédulo e extremamente feliz. Mesmo quando temos a impressão de que Jeff está cada vez mais debilitado, é louvável e chega a ser emocionante perceber toda a força que ele faz para entregar ao seu público aquilo que ele tem de melhor, clássicos e mais clássicos do Metal da Morte. E assim foi até o último acorde, até a última palavra dita pela lenda viva em seu microfone. Um show inesquecível. Um show para jamais sair da memória.



Thanks Jeff and Possessed. Obrigado Kool Metal Fest.