quarta-feira, 10 de julho de 2024

LEVIAETHAN - D-EVIL IN ME (2024)

 


LEVIAETHAN
D-EVIL IN ME
True Metal Records - Nacional

Falar da LEVIAETHAN é uma tarefa simples e ao mesmo tempo complicada. Afinal, estamos falando de um dos pilares do Heavy Metal gaúcho e nacional, uma banda que lançou dois trabalhos clássicos (Smile - 1990 e Disturbed Mind - 1992) e que tem uma relevância mais do que significativa no cenário. Isso, sem contar a importância de Flávio Soares, baixista e vocalista da banda, que luta como poucos para manter o espírito da cena Thrash Metal e de todo o underground ativa. No entanto, acho que posso considerar o grupo como "banda da casa", uma vez que Flávio já fez algumas coberturas para o site. E, ao completar 40 anos, o trio coloca a disposição dos amantes da música pesada "D-EVIL IN ME" (título sensacional), um trabalho coeso, intenso e que serve para mostrar a todos que experiência e relevância não se compram na farmácia da esquina. 

O trio é completado por Denis Black Stone (guitarras) e Ricardo "Ratão" (bateria). Produzido por Renato Osorio com a produção executiva do baixista/vocalista. Com isso, percebemos uma excelente nível de gravação (os instrumentos foram gravados em estúdios diferentes) e manteve aquela pegada característica do grupo, ainda que possamos ouvir influências de sons mais atuais no trabalho. A concepção da capa, nos leva diretamente ao título, mostrando uma jogada com o "o mal e o diabo" dentro de cada um. O álbum também traz algumas particularidades, como a participação de Calos Lots (ex-guitarrista da banda) na faixa "Endless Lie", os vocais adicionais de Márcio "Livramento" Gonçalves (figura conhecida no underground do RS) em "Demigod", além das guitarras de Renato Osorio e Victor Nichele (que integrou a banda entre 2015 e 2016) em várias faixas. 

"Hell is Here", já nos apresenta um thrash metal ríspido, veloz e sujo, trazendo riffs bastante agressivos, enquanto os vocais de Flávio "amadureceram" com o passar do tempo, sem que perdessem a força e energia de tempos passados. As levadas de "Ratão" são próprias do estilo, mesclando velocidade e peso na medida. Com um refrão daqueles dignos de deixar qualquer fã de metal pesado "feliz" a faixa foi a escolha perfeita para a abertura. Na sequência, "Thrash Your Brain", e aqui uma curiosidade: talvez muitos não saibam (ou não), mas apesar deste ser o nome da primeira demo do grupo, nunca existiu uma faixa chamada assim. O que acaba aqui, com uma atmosfera tipicamente anos 80. O trio consegue unir o thrash alemão e o americano de forma caprichada, seja nos riffs, seja na velocidade/cadencia da cozinha. Outro ponto interessante é que para este álbum, o vocalista se viu numa encruzilhada: após a saída de Danilo Pizzato (ex-baterista do grupo), quem seria o responsável pelas letras? Flávio decidiu que iria encarar mais essa e o resultado ficou muito bom! "Drugslave", outro ótimo momento das guitarras, apresenta todo o peso que o grupo conseguiu produzir. Essa faixa nos remete ao Overkill, principalmente na hora do refrão. Confesso que essa vai ser uma destruição quando tocada nos shows! O baile Thrash segue seu ritmo com "Lord of the Wars", um convite ao "headbanging" e aquela "air guitar" que só quem é adepto do estilo consegue fazer... Assim como em "Humanimal", onde as guitarras transpiram a atmosfera daqueles palcos pequenos e esfumaçados do underground.

Sabe aquele momento pra dar uma descansada? Esqueça, pois não é isso que você vai encontrar em "The Time Has Come (Yours)", mais um momento de porradaria e riffs sem trégua! Podemos destacar, como já citado anteriormente, o peso que a cozinha empresta ao trabalho, bem como os solos que ficaram muito bem encaixados na estrutura da faixa. Já "Demigod" nos mostra um início quase que introspectivo, nos preparando para uma aula de peso, velocidade e adrenalina, como só quem tem a veia sabe como fazer. "Endless Lie", que inicialmente foi gravada nas seções do álbum Disturbed Mind, mas não entrou no LP pela limitação de tempo do vinil e que  posteriormente, foi lançada no relançamento do Disturbed Mind versão CD, tanto aqui no Brasil como na Inglaterra e China, ganhou uma nova versão, com a formação atual e com a participação do Carlos "Lots" Henrique nos solos. E diga-se de passagem, que puta música! Já a faixa título é daquelas que serão obrigatórias nos shows, pois é possível imaginar a violência das rodas de mosh quando da sua execução! Pra encerrar, "Darkside", fecha o trabalho com os dois pés na porta, deixando aquele soco na boca do estômago que fica impossível de esquecer...

D-EVIL IN ME, apesar de não ser um trabalho conceitual, traz faixas que giram em torno de um mesmo eixo, mostrando o lado mal que existe em cada um de nós. Mas, muito mais do que isso, o álbum que a banda merecia lançar, tamanha importância no cenário. E com ele, podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que ela continua, apesar desse monstruoso espaço de tempo entre "Disturbed Mind" e "D-EVIL IN ME", sendo relevante dentro do espaço da música pesada. Depois dessa audição, só posso pedir uma coisa: não demora mais 32 anos pra lançar um disco da LEVIAETHAN, Flávio!

Sergiomar Menezes 



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