PAIN
I AM (2024)
Shinigami Records/Nuclear Blast Records
I AM (2024)
Shinigami Records/Nuclear Blast Records
Após quase três décadas, ainda é necessário chamar o Pain, de Peter Tägtgren, de projeto? Creio que não. Obviamente, não lançam álbuns a cada dois anos e não estão sempre em turnês mundiais, mas, em 2024, marcam o lançamento do seu 9º trabalho de estúdio, “I Am”.
O Pain continua explorando os limites do metal industrial com sua mistura única de guitarras pesadas e elementos eletrônicos. Não há segredos ou mudanças abruptas em relação aos álbuns anteriores neste novo capítulo. Possivelmente, as experiências durante o período de composição trazem algo mais introspectivo, com sentimentos mais fortes. “I Am” foi composto durante o isolamento da pandemia de COVID-19, o que resultou em letras mais pessoais, refletindo as adaptações às mudanças no mundo. Outro ponto importante do álbum é a participação do filho de Peter, Sebastian Tägtgren, na bateria.
A produção impecável de Peter Tägtgren, com cada faixa apresentando uma combinação equilibrada dos mundos eletrônico e metálico, cria uma experiência envolvente. O início aterrorizante com "I Just Dropped By (to Say Goodbye)" tem um ritmo pulsante, mas também traz elementos góticos, proporcionando uma viagem dançante e pesada. As faixas seguintes, "Don't Wake the Dead" e "Go With the Flow", são distintas, mas se complementam dentro do tracklist. A primeira desacelera, com batidas mais leves, cheias de nuances densas, orquestrais e tons emocionais. Já a segunda remete aos anos 90 e à febre da música eletrônica, com um ritmo dançante daquela década — seu refrão é grudento, daqueles que te fazem "se jogar" na pista, especialmente quando combinada com "Party in My Head", mostrando que o universo do Pain gira em torno de sintetizadores energéticos.
“I Am” é provocativo, no sentido de que te incentiva a se mover, seja nos momentos pesados, seja nas partes mais leves. A audição é muito agradável ao longo das 11 músicas, pois cada nova faixa oferece algo diferente do que foi ouvido antes, mostrando um cuidado para que o ouvinte não se canse. "Push the Pusher" é intensa do início ao fim, uma boa mistura entre Prodigy e metal, com um som futurista. O álbum mantém a energia alta com "The New Norm" e "Revolution", que são pura adrenalina e abrem espaço para a "calmaria" que se segue.
Quando digo calmaria, não pensem em algo tranquilo ou relaxante, mas sim em músicas com melodias suaves, sem tanto peso em seus movimentos. "My Angel" e "Fair Game" fecham o álbum aproximando-se do pop, mantendo a trajetória do Pain, mas com o peso das guitarras escondido, deixando claro que a emoção é o ator principal neste final de viagem.
No fim, “I Am” é o que esperamos de gênios como Peter Tägtgren.
William Ribas
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