RHAPSODY OF FIRE
CHALLENGE THE WIND
AFM Records - Importado
CHALLENGE THE WIND
AFM Records - Importado
O mais recente álbum do Rhapsody of Fire, "Challenge the Wind", é uma nova empreitada da banda no mundo do metal sinfônico. Continuando a saga “The Nephilin’s Empire” começada há dois álbuns (The Eighth Mountain - 2019 - e Glory for Salvation - 2021) o disco traz uma sequência de faixas que mistura poder e melodia, celebrando o estilo grandioso que a banda popularizou ao longo das últimas 3 décadas, porém falha ao trazer mais do mesmo. Sem inovação ou grandes apostas, o álbum está longe de ser ruim, contudo cai na armadilha de trazer o que já vem sendo feito há muito tempo, e de forma bem mediana levando em conta o peso da banda.
A faixa-título abre o álbum com uma introdução orquestral, contudo sem nenhum tipo de locução à parte (uma marca registrada da banda). Com uma combinação de riffs fortes e corais grandiosos, a música estabelece o tom épico do álbum, criando uma atmosfera imersiva para os fãs que já sabem o que esperar.
"Whispers of Doom" segue com a receita clássica já tradicional: velocidade, pedal duplo e o vocal marcante do Giacomi. A faixa se destaca pela sua introdução atmosférica e uma progressão que evolui para um ritmo intenso e dramático. Variando entre momentos cadenciados e velozes, "The Bloody Pariah" dá continuação ao álbum conceitual, mas musicalmente acaba se parecendo muito com as duas canções anteriores.
"Vanquished by Shadows" é uma faixa que se destaca das demais. Riff pesado e vocais guturais no início quase fazem acreditar que é outra banda. Com mais de 16 minutos, a música é uma viagem épica que mistura agressividade com momentos mais melódicos. A estrutura dinâmica, que inclui variações rítmicas e instrumentais, mostra a habilidade do Staropoli em criar peças épicas e memoráveis. No meio da faixa, o estilo fica mais lento e cadenciado, mas sem perder o brilho. Um dos poucos pontos altos até aqui.
"Kreel’s Magic Staff" traz a sensação mágica já esperada ao álbum. A faixa mistura elementos orquestrais, riffs grudentos e muito teclado, já característico da banda. A receita de bolo que sempre deu certo está aqui mais uma vez, e embora a estrutura já seja conhecida e esperada, é uma boa música, embora não surpreenda. Com "Diamond Claws", o álbum avança na história, com mais velocidade nos instrumentos e uma guitarra bem presente, inclusive brilhando um pouco mais no solo.
"Black Wizard" é uma faixa marcada por uma atmosfera mais densa e os momentos de peso ajudam a quebrar a mesmice. Alternando os ritmos e com corais em boa parte da música, a pompa do metal sinfônico fica evidente. Entre guturais, voz limpa e agudos, Giacomi acaba se destacando, mas o mesmo não acontece na canção "A Brave New Hope". Aqui, a sensação de se estar escutando algo muito parecido com as primeiras 3 músicas é gritante. Entre apostar em algo diferente ou repetir o mesmo padrão que elevou a banda ao cenário mundial nos anos 90, a banda fez uma escolha clara. Contudo a faixa em si é muito boa, e poderia muito bem abrir o álbum.
"Holy Downfall" traz timbres da guitarra já conhecidos de outros álbuns e Staropoli cria uma atmosfera envolvente com o teclado. O solo de guitarra de De Micheli também se destaca, afinal, não se pode negar que, ao se tratar de talento, a banda tem de sobra.
O álbum termina com "Mastered by the Dark", uma faixa que combina a grandiosidade e a complexidade que caracterizam o Rhapsody of Fire. A música é uma conclusão apropriada para o álbum, com uma mistura de riffs pesados, orquestrações exuberantes e uma sensação de encerramento triunfante. A viola no início da música ajuda a ambientar a história, que entre sussurros e cânticos cadenciados encerram o álbum.
"Challenge the Wind" é um álbum que reafirma o status do Rhapsody of Fire como referência do Power Metal Sinfônico. Combinando elementos épicos e técnicas refinadas, o álbum oferece uma experiência musical envolvente, mas ao não ousar, acaba evidenciando o desgaste do estilo.
Para os fãs, com certeza é um trabalho feito com todos elementos esperados, navegando entre pontos altos e baixos. Entretanto, para uma banda com sua história e representatividade, optar pelo seguro pode fadar o grupo a um distanciamento de novos públicos, ao mesmo tempo que deixa de encantar o já conquistado.
Henrique Cunha
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