segunda-feira, 16 de setembro de 2024

INFRARED - MANIFESTATION (2024)

 


INFRARED
MANIFESTATION
Independente - Importado

O Infrared surgiu durante os anos 80, mas, por diversos motivos, se dispersou, com cada membro seguindo sua vida longe dos palcos. Por quase três décadas (27 anos para ser exato), a banda ficou adormecida. Em 2014, porém, veio o retorno, e, desde então, os canadenses vêm conquistando novos territórios a cada lançamento. Para se ter uma ideia, nesses últimos 10 anos foram lançados seis álbuns, culminando em "Manifestation", lançado agora em setembro.

Os anos "escondidos" pareciam guardar uma energia acumulada, pronta para ser liberada em forma de palhetadas certeiras. Com uma duração de 41 minutos, o novo trabalho é daqueles "direto ao ponto". As 12 faixas levam o ouvinte por uma jornada através de medo, ansiedade e questões sociais, tudo com uma sonoridade frenética, cheia de linhas melódicas, que trazem consigo um espírito oitentista inconfundível.

Sobre o álbum como um todo, Armin Kamal (Guitarra e Vocal) explica: Muitos dos temas do álbum são baseados em ansiedade, medo, ou em comportamentos tóxicos, sejam eles interpessoais ou em um nível global. Uma das músicas até toca no perigo da inteligência artificial, então há uma certa ironia em usar IA para a capa do álbum e depois escrever um aviso fictício sobre seus perigos.

“Cataclysm” abre o álbum de maneira épica, trazendo tensão no instrumental e preparando o terreno para a destruidora “Temple of Sin”. Seus riffs ríspidos são um verdadeiro convite ao "bate-cabeça". Na verdade, o álbum como um todo é um deleite para os fãs de thrash metal. “Nikko” e “Demon's Blood” apresentam uma influência germânica, mais letal, ecoando até certas passagens mais próximas do death metal.

“Pressure Syndrome” tem sua letra inspirada no filme "Um Dia de Fúria", narrando a história de uma pessoa à beira do colapso. A agressividade da letra se reflete na música, com riffs intensos e vocais furiosos. “Manifest” é a calmaria antes da tempestade — um interlúdio sombrio que precede “Manifest Nation”. Esta faixa é cortante e grudenta, com guitarras implacáveis que lembram grupos mais "novos", como Havok, Suicidal Angels e Evile.

“Concuss” funciona como um hino para os fãs de moshpit, enquanto “Reforma” aborda a urgência da mudança em um planeta tão doente. A música tem uma abordagem mais moderada, mas sem perder o peso característico da banda. A trinca final, composta por “My Dreams Are Real”, “Parasite Patrol” e “Then the Earth Goes Black”, é um verdadeiro arrasa-quarteirão, com uma pegada totalmente old school, mas com toques modernos aqui e ali, mantendo a identidade da banda intacta.

Essas três faixas finais demonstram o amor do Infrared por suas raízes nos anos 80, mostrando que "Manifestation" é um verdadeiro compromisso em manter o estilo vivo, custe o que custar. Um testemunho intenso, seja pelas letras que exploram o lado sombrio da humanidade, seja por canalizar uma fúria que os fãs de thrash metal tanto amam.

Kirk Gidley (Guitarra), Alain Groulx (Bateria), Mike Forbes (Baixo) e Armin Kamal mais uma vez colocaram o nome da banda naquela prateleira de melhores lançamentos.

Ouça e comprove o poder do Infrared.

William Ribas




CATEGORY 7 - CATEGORY 7 (2024)

 


CATEGORY 7
CATEGORY 7
Metal Blade - Importado

Supergrupos não são mais novidades dentro do heavy metal, mas sempre geram expectativa quanto ao que músicos renomados podem criar juntos. Category 7 surgiu em 2024 como um projeto ambicioso, formado por John Bush (Armored Saint, ex-Anthrax), Phil Demmel (ex-Machine Head, Vio-lence), Jack Gibson (Exodus), Jason Bittner (Shadows Fall, ex-Overkill) e Mike Orlando (ex-Adrenaline Mob). Esses músicos decidiram unir forças para explorar novas fronteiras dentro do gênero, inspirando-se no hard rock dos anos 70.

O álbum autointitulado foi lançado há pouco mais de um mês, mostrando que, embora as influências sejam dos primórdios, o olhar da banda está voltado para a década atual. A massa sonora é um encontro entre o groove e a maestria de bandas como Adrenaline Mob, Symphony X e Sons of Apollo, mesclada com o peso do thrash metal, trazendo um sopro de novidade ao cenário contemporâneo. O resultado é um som que mescla elementos clássicos e modernos, com riffs robustos e cheios de personalidade.

O trabalho se destaca por sua diversidade, variando entre faixas rápidas e agressivas e outras mais melódicas, principalmente devido à performance de John Bush, que continua cantando de forma incrível e hipnotiza o ouvinte. A abertura com "In Stitches" é um aperitivo do que esperar nos próximos 50 minutos — uma música dinâmica e envolvente, com peso e cheia de variações. O mesmo nível é mantido nas faixas seguintes, como as incríveis "Land I Used to Love" e "Apple of Discord", esta última com uma levada e um refrão mais voltados ao hard rock, resultando em um som que soa familiar e ao mesmo tempo inovador.

"Exhausted" se desenvolve lentamente, trazendo um tom intimista que sustenta toda a música, remetendo à fase "We've Come for You All" do Anthrax. A sequência com "Runaway Truck" destaca o baterista Jason Bittner, com uma linha de bateria feroz, marcada por batidas fortes e cheias de nuances. Explorando territórios mais progressivos e grooveados, "White Flags and Bayonets" se destaca como um manifesto de intenções, com a dupla Demmel e Orlando apresentando um trabalho primoroso, cheio de riffs e solos que unem o clássico ao moderno em perfeita harmonia.

"Through Pink Eyes", por sua vez, é a faixa mais "bruta" do álbum, sendo a mais agressiva e, provavelmente, a favorita daqueles que curtem um mosh pit nos shows. O álbum se encerra com a surpreendente "Etter Stormen", e é aqui que está a surpresa: John Bush calado! O fechamento é instrumental — uma "jam session" poderosa.

Category 7 deixa uma excelente impressão com este primeiro trabalho, proporcionando uma experiência satisfatória e marcando seu território, enquanto aumenta as expectativas para o que eles podem apresentar no futuro.

William Ribas




FLOTSAM AND JETSAM - I AM THE WEAPON (2024)

 


FLOTSAM AND JETSAM
I AM THE WEAPON 
AFM Records - Importado

Para entender o impacto de "I Am The Weapon", é crucial revisitar a trajetória do Flotsam and Jetsam. Formada em 1981, em Phoenix, Arizona, a banda surgiu no cenário thrash metal americano durante o boom do gênero nos anos 80. O grupo rapidamente se destacou pela intensidade musical e pela complexidade das letras.

O álbum de estreia, "Doomsday for the Deceiver" (1986), é um marco do thrash metal e ainda é amplamente elogiado por sua originalidade e habilidade técnica. Embora nunca tenha alcançado o sucesso comercial de outros nomes do thrash metal da época, o grupo construiu uma base de fãs leal, graças à sua dedicação ao gênero e à qualidade consistente de álbuns sólidos como “No Place for Disgrace” (1988) e “When The Storm Comes Down” (1990).

Nas décadas seguintes, o Flotsam and Jetsam enfrentou várias mudanças de formação, desafios com gravadoras e o declínio temporário da popularidade do thrash, lançando diversos álbuns de “qualidade duvidosa”, que juntando as melhores músicas teríamos um ótimo EP. O retorno ao estilo mais agressivo e direto em álbuns como "The End of Chaos" (2019) e “Blood in the Water” (2021) mostrou uma banda que, apesar da longevidade, ainda tinha muita lenha a queimar — Reafirmando-se como um dos nomes mais respeitados do underground.

"I Am The Weapon" captura a essência do Flotsam and Jetsam com uma mistura equilibrada de riffs rápidos e pesados, vocais potentes e uma seção rítmica sólida. O álbum abre com a maravilhosa “A New Kind of Hero”, que imediatamente estabelece o tom: agressivo, técnico e envolvente. As guitarras de Michael Gilbert e Steve Conley entregam riffs intricados e solos arrasadores que remetem tanto ao thrash clássico quanto a nuances modernas. Ouça a trinca “Primal”, a faixa-título e “Burned My Bridges”, e comprove.

Eric "A.K." Knutson, vocalista original da banda, está em excelente forma, sua voz expressa uma gama emocional vasta, alternando entre tons limpos e gritos ferozes ,"Beneath the Shadows" (minha favorita) e "Gates of Hell" destacam essa versatilidade, enquanto canções como "Kings of the Universe" e "Running Through the Fire" mostram a habilidade da banda em criar atmosferas densas. O álbum se destaca por sua coesão e energia ininterrupta. Cada faixa oferece algo único, seja na forma de um riff memorável, um refrão pegajoso ou uma passagem instrumental cativante. O encerramento com "Black Wings" é um momento épico, com uma estrutura dinâmica que vai do mais sombrio e introspectivo ao explosivo, encerrando o álbum em alta, não só reforçando o legado do Flotsam and Jetsam, como também prova que, mesmo após décadas na estrada, eles continuam a evoluir e a desafiar as expectativas.

"I Am The Weapon" é uma afirmação poderosa de uma banda que se recusa a ser apenas uma peça de museu do thrash metal — Uma homenagem ao seu passado e um olhar audacioso para o futuro.

William Ribas




GODS & PUNKS - DEATH (2024)

 


GODS & PUNKS
DEATH
Independente - Nacional

O mundo da música é como uma enorme roda-gigante. Os anos e as décadas passam, mas aquele clima e os riffs "sabbathicos" do início sempre vão arrepiar e causar comoção. Não importa se a banda é nova ou antiga: enquanto houver discípulos de Tony Iommi, você ficará com um sorriso de orelha a orelha.

E foi exatamente assim que fiquei ao ouvir os primeiros acordes de "Slowburner", faixa de abertura de "Death", o novo álbum do quarteto carioca Gods & Punks. Essa nostalgia ao escutar um som setentista, com toda aquela pegada "suja e empoeirada" de porões, tem um charme ímpar. Por tudo que escrevi, acredito que você, leitor, já deve ter percebido que este álbum não apresenta qualquer traço de modernidade. As 7 músicas são uma verdadeira viagem no tempo, transbordando stoner rock e doom metal, com algumas mínimas doses de psicodelia à la Pink Floyd (de seus primórdios).

"Loss Of Reality", "The Night Of A Thousand Days" e "Decerebration" são completamente distintas entre si, e é justamente essa diversidade que justifica a ordem em que estão no álbum. Elas oferecem ao ouvinte uma sensação de liberdade, mostrando que, mesmo ao se propor a entrar em uma cápsula do tempo, a banda não perde a identidade. Eles brincam com o peso, harmonia, guitarras ríspidas, groove e "jam sessions". Os riffs de "The Space Between Spaces" parecem um encontro entre o Black Sabbath do "Vol. 4" e o Pentagram. A faixa é uma verdadeira overdose sonora, quimicamente empolgante e progressiva em certos momentos — o melhor é a transição para a pesadíssima "Archimedes’ Screw", que é simplesmente hipnotizante.

"Black Box" traz uma energia clássica repleta de surpresas. Provavelmente é a música que mais foge do restante do tracklist. Com um toque mais comercial, coros marcantes e uma levada sombria, não seria nenhuma surpresa se estivesse em algum dos primeiros trabalhos do Ghost.

São menos de 40 minutos, mas o Gods & Punks entrega uma dinâmica nostálgica que faz muito bem aos ouvidos. "Death" é incrível da primeira à última nota.

William Ribas




quarta-feira, 11 de setembro de 2024

HARPPIA - CAIXA DE PANDORA (2023)



HARPPIA
CAIXA DE PANDORA
Dies Irae Records - Nacional

Quem é apreciador do Metal Oitentista Brasileiro, seja pela nostalgia de quem viveu a época, seja quem gostaria de ter vivido e é fã do período, com certeza conhece o nome Harppia, banda paulista formada em 1982, que em 1985 lançou o mais que clássico “A Ferro e Fogo”, um dos maiores clássicos do metal nacional de todos os tempos.

Em 2023, chega a nós o quinto álbum da banda, “Caixa de Pandora”, comemorando os 40 anos do grupo e, porque não dizer, celebrando o Metal tradicional Brasileiro. Contando com o mais que clássico baterista Tibério Luthier, único remanescente da formação clássica, “Caixa de Pandora” apresenta o clássico som do Harppia, ou seja, Heavy Metal Tradicional. Completam o time a ótima guitarrista Aya Maki, o baixista Rafael Dantas e o vocalista Allan Gomes.

A abertura do cd com “O Inferno foi Libertado” tem um riff matador, que nos remete logo ao Judas Priest e conta com uma ótima letra. ”Prisioneiro do Tempo”, mais cadenciada mantém o peso. ”Demon Jack” traz uma aura mais Hard Rock Setentista, com um toque de blues onde podemos certificar a qualidade do vocal de Allan. “Lúcifer” mantém a qualidade, com um ótimo riff, se aproximando mais uma vez do Hard Rock, sem perder a alma metálica.

“Exército de Estranhos”, a melhor do álbum, com aquele clima de metal oitentista que nos remete a melhor época do metal. ”Sabedoria Oculta” segue o mesmo clima, com grande refrão e backing vocals. Vale destacar o excelente trabalho da guitarrista Aya. Se ficam claras as suas influências, por outro lado ele demonstra muito bom gosto e criatividade. “Esta é a Minha História” fecha o álbum em grande estilo, com destaque para Tibério nos dando amostras de porque é um dos bateristas mais respeitados e cultuados do Brasil.

Gravado e mixado entre Setembro de 2022 e Julho de 2023, “Caixa de Pandora” conta ainda com as participações especiais dos guitarristas Daniel Gerber, Áureo Alessandri, André Pars e Ev Martel (ex-Manowar). Um ótimo álbum que traz o Harppia em grande forma , e que vai agradar a todos os fãs e apreciadores do Metal Tradicional. Lançamento Dies Irae.

José Henrique Godoy




terça-feira, 10 de setembro de 2024

PRAYING MANTIS - DEFIANCE (2024)


 

PRAYING MANTIS
DEFIANCE 
Shinigami Records / Frontiers Music srl - Nacional

Os veteranos da NWOBHM estão de volta! A banda liderada pelos irmão Troy (Chris e Tino) é veterana e surgida lá no inicio da década de 1980, e com sua trajetória marcada por um entra e sai interminável de músicos, inclusive passando pelas suas fileiras três ex-Iron Maiden: Dennis Sttraton, Paul Di'Anno e o falecido baterista Clive Burr, dentro outros músicos do calibre dos vocalistas Gary Barden (ex-Michael Schenker Group) e Doogie White (ex-Rainbow, ex-Yngwie Malmsteen).

Porém, desde 2013 o Praying Mantis mantém a sua formação regular. Além dos irmãos Troy, o excelente vocalista holandês John “Jaycee” Cuijpers, Andy Burguess (guitarra solo) e o baterista Hans in't Zandt. E com esta formação fixada, o Praying Mantis criou uma sequência de álbuns muito bons, e não é diferente com este novo lançamento, batizado de “Defiance”.

Apesar de ser associado à um período do nascimento de bandas como Iron Maiden, Saxon, Diamond Head, o Praying Mantis sempre foi mais melódico, mais “acessível” que os citados, e se aproxima bem mais do Melodic Rock e do Aor, e aqui em “Defiance” a sonoridade não é diferente. Posso destacar como os pontos altos “From The Start”, “Defiance”, “Feelin Lucky” como uma mistura de melodia e força, típicas do estilo AOR tradicional, enquanto temos algumas baladas competentes como “Forever In My Heart” e uma ótima versão de “I Surrender”, clássico do Rainbow fase Joe Lynn Turner.

O Praying Mantis pode não ter chegado ao estrelato, mas é uma banda que conseguiu se manter na ativa por mais de 40 anos e lançando trabalhos de alto nível na última década. Se você curte o estilo Hard Rock Melódico, posso afirmar com certeza que “Defiance” estará entre os melhores lançamentos do ano.

José Henrique Godoy




segunda-feira, 9 de setembro de 2024

THRESHOLD - WOUNDED LAND (1993 - RELANÇAMENTO 2024)

 


THRESHOLD
WOUNDED LAND (1993 - RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional


Quem acompanha esse site, especialmente minhas resenhas, sabe que o Prog Metal não está na lista dos meus estilos preferidos. Reconheço a importância do estilo, ao mesmo tempo que entendo a qualidade e técnica apresentadas na grande maioria dos grupos. No entanto, não consigo me agradar de momentos que soam como uma auto indulgência que por vezes chegam a dar sono. Mas sim, existem bandas que colocam a música em primeiro lugar, fazendo que eu preste atenção àquilo que fazem. Uma delas é o THRESHOLD, banda formada em 1988 em Surrey, no Reino Unido e que em 1993 lançou seu trabalho de estreia, WOUNDED LAND, que acaba de ser relançado por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast. Uma obra que deu o ponta pé inicial na carreira do grupo e já dava mostras do potencial do sexteto.

Damian Wilson (vocal - que deixou a banda logo após a gravação do álbum), Karl Groom (guitarra), Nick Midson (guitarra), Jon Jeary (baixo), Tony Grinham (bateria) e Richard West (teclados) trazem em "Wounded Land", uma obra versátil, pesada e que definiria a sonoridade do grupo, que prima pela técnica, qualidade e sempre coloca a musicalidade em primeiro lugar. A produção, feita pela dupla Groom e West (mentes à frente do sexteto), na época já trazia uma sonoridade limpa e cristalina, o que ganhou mais destaque nessa nova versão remixada e remasterizada. 

WOUNDED LAND é um álbum bastante coeso e regular, mas algumas faixas acabam se destacando. Sem dúvidas, a maior delas é "Mother Earth", pesada, climática e com uma qualidade instrumental muito bem construída, onde desde já podemos perceber as linhas melódicas criadas por West se contrastando com o peso da guitarra de Groom. Ainda, baixo e bateria elevam o peso, num ótimo entrosamento. "Consume to Live", faixa que abre o disco também se destaca, pelo andamento pesado e incisivo, onde West soube encaixar suas linhas com classe, assim como em "Days of Dearth", que inicia com uma melodia introspectiva, e Damian Wilson (ex-ARENA e Rick Wakemann) impõe seu vocal bem particular. Já a longa "Sanity's End" possui passagens intensas e quebradas, enquanto "Paradox" é um momento onde os teclados de West guiam a composição. Das faixas regulares, ainda podemos citar a bela "Keep it With Mine", suave e melódica.

Como faixas bônus, temos "Intervention", "Conceal the Face" e "Shifting Sands". A primeira é uma faixa bem trabalhada, repleta de momentos "quebrados", enquanto a segunda possui um clima bem intimista em seu início, mas logo dá lugar ao peso e antecede o encerramento com a faixa mais legas da três aqui presentes: "Shifting Sands", onde os traços do Hard Rock surgem nas guitarras, mostrando toda a versatilidade e gama de influências do então à época sexteto.

WOUNDED LAND é um álbum que traz muito peso e, se levarmos em consideração que foi o álbum de estreia do THRESHOLD, podemos afirmar que se trata de um belo cartão de visitas, que na sequência, veio a se confirmar. A Shinigami Records está colocando um pacote de relançamentos do grupo em versões remasterizadas e com bônus. Se você já é fã, é a oportunidade de completar a coleção. Se não é, talvez seja uma ótima chance de conhecer uma banda que não cai na mesmice do prog metal. Confira!

Sergiomar Menezes




sexta-feira, 6 de setembro de 2024

BLUE ÖYSTER CULT - GHOST STORIES (2024)



BLUE ÖYSTER CULT
GHOST STORIES
Sninigami Records/Frontiers Music - Nacional

Com mais de 50 anos de história, uma discografia numerosa, e uma incontável quantidade de fãs mundo afora, o Blue Öyster Cult anuncia o seu derradeiro álbum, batizado de “Ghost Stories”. Os remanescentes membros fundadores, Eric Bloom (guitarra e vocais) e Buck Dharma (guitarra e vocais) fizeram o anúncio antes do lançamento do álbum, e a expectativa por este último trabalho cresceu bastante dentre os admiradores do B.O.C.

O que temos em “Ghost Stories” na realidade, é pouco ou quase nada de novidades, ou composições novas. Trata-se de um apanhado de músicas que foram descartadas de álbuns antigos, para ser mais exato, entre o período de 1978/1983, uma das épocas de maior sucesso da banda.

Quando você recebe esta informação, do álbum ser formado quase na sua totalidade por canções que “sobraram” de outros antigos trabalhos, assim como eu você deve ter pensado: “Se não serviram para os álbuns nos anos 70 e 80, vão funcionar agora em 2024?”. A resposta é: talvez...

Não espere encontrar dentre estas faixas nenhuma nova “Don't Fear The Reaper”, “Godzilla” ou “Burning For You”. Mas ao mesmo tempo temos bons momentos, começando com a participação dos antigos membros, através de remixagens ou utilizando a famigerada (e não apoiada por mim) I.A. Os bateristas Albert Bouchard e Rick Downey, Joe Bouchard (irmão de Albert, guitarrista e também co-fundador da banda) e Allen Lanier, falecido tecladista da formação original do B.O.C. estão presentes no trabalho.

Com relação as faixas, os destaques ficam pelos covers de “Kick Out The Jams” do MC5, “We Gotta Get Out Of This Place”, do The Animals e “If I Fell”, cover acústico dos Beatles, única faixa mais recente, gravada em 2016 com Buck Dharma nos vocais. Ficou um tanto quanto deslocada no contexto, mas ok. Faixas autorais que são ponto mais alto do álbum, posso citar a abertura com “Late Night Street Fight”, “So Supernatural” e “Shot In The Dark”, faixas com a assinatura e características próprias do B.O.C.

Enfim, creio que o B.O.C. deveria ter se preocupado e caprichado mais em se tratando de ser um álbum de despedida, principalmente sendo o trabalho após o ótimo “The Symbol Remains”(2020). Acho que uma despedida de uma banda com mais de 50 anos deveria ter sido mais trabalhada e pensada, e não oferecendo um “prato requentado” para a sua imensa legião de fãs. Enfim, vamos aguardar uma turnê grandiosa, para termos encerramento com chave de ouro. Mas de toda a forma, “Ghost Stories“ vale para os fãs mais ferrenhos e para os colecionadores. Lançamento nacional pela Shinigami Records.

José Henrique Godoy




quarta-feira, 4 de setembro de 2024

LUCIFER - LUCIFER III (2020 - RELANÇAMENTO 2024)

 


LUCIFER
LUCIFER III 
Shinigami Records/Century Media Records - Nacional

Em 2020, o Lucifer nos apresenta o terceiro ato da sua impecável discografia. “Lucifer III” apresenta o retorno com Johanna Sadonis e Nicke Anderssen como principais compositores, acompanhados dos guitarristas Linus Björklund e Martin Nordin, e o recém efetivado baixista Harald Göthblad. Agora como quinteto, o Lucifer deixa de ter aquele aspecto de projeto do casal Sadonis/Anderssen, e passa a ter cara de banda definitiva.

A sonoridade de “Lucifer III” é a mesma do trabalho anterior, o Heavy/Hard Rock nostálgico e empolgante, com riffs certeiros que por vezes lembram as lições ministradas pelo “Pai da Matéria/Senhor de Todos os Riffs” Tony Iommi, linhas de baixo fantásticas e bateria criativa, enquanto os vocais de Johanna, as vezes com uma doçura sobrenatural, às vezes om uma agressividade que revisita as melhores vocalistas da história do rock, se torna o grande destaque do trabalho. A temática das letras também é outro ponto de destaque, o horror, o sobrenatural, e o oculto, contado de forma a ser agradável e não piegas.

Destacar alguma faixa aqui é impossível, pois é um álbum com 9 faixas e aproximadamente 40 minutos e totalmente uniforme em altíssima qualidade. Até no detalhe do número de faixas e duração do álbum, o Lucifer acerta em cheio, nos remetendo à época que as bandas e artistas não precisavam “entupir” o trabalho com 15/16 faixas para criar um clássico. Falando em clássicos, ”Ghosts”, “Midnight Phantom”, “Coffin Fever”, “Pacific Blue” e “Leather Demon” , tornaram-se clássicas e favoritas dos fãs do grupo, me coloco incluso entre estes fãs.

Enfim, na minha opinião, Lucifer III é o melhor álbum do Lucifer, numa discografia perfeita, como já havia citado. O relançamento nacional está sendo entregue pela Shinigami Records, e caso você ainda não conhece a banda, pode buscar este trabalho, e prepare-se para ter mais uma banda “de cabeceira”.

José Henrique Godoy




LUCIFER - LUCIFER II (2018 - RELANÇAMENTO 2024)

 


LUCIFER
LUCIFER II
Shinigami Records/ Century Media Records - Nacional

A década de 2010 viu uma onda crescente de bandas praticando o som que se convencionou chamar de Retro-Rock. Muitas bandas influenciadas tanto musicalmente como no aspecto visual e na aura setentista. E uma das melhores, sem dúvida alguma é o Lucifer.

O Lucifer, foi formado em 2015 , pela bela e talentosa alemã Johanna Sadonis, vocalista e compositora, que havia terminado o projeto/banda “The Oath", que lançou apenas um álbum em 2014. Finalizado o projeto, Johanna montou o Lucifer em 2015, e junto a Gaz Jennings, do Cathedral, criaram um álbum de Heavy Rock sólido e deu o inicio a discografia da banda com muito êxito.

Chegamos a 2018, e temos um novo Lucifer:  Lucifer II, o segundo trabalho da banda. Aqui temos uma banda que segue as raízes, Doom, Heavy/Hard do primeiro álbum, porém com muito mais brilhantismo. Tendo Johanna Sadonis com a única remanescente, o Lucifer conta agora com Nicke Anderssen, frontman do Hellacopters e ex-baterista do Entombed, na bateria, guitarras e produção. Anderssen trouxe suas influências e experiência para a banda, tornou o Lucifer mais “Rock N Roll”, e aqui temos um álbum excelente.

O álbum é pesado, roqueiro, denso e com uma aura "doom” e sombria, onde podemos destacar os temas como “California Son”, rápida e pesada, que nos lembra Uriah Heep da fase clássica, as fantasmagóricas “Eyes In The Sky” e "Faux Pharaoh” e um arrebatador cover dos Rolling Stones, “Dancing With Mr. D”.

Enfim, Lucifer II vence pela simplicidade que entrega “Hinos Rockeiros”, um excelente álbum para quem curte Hard Rock setentista, com uma roupagem totalmente atual, sem forçar a barra querendo parecer “cool”. Lucifer II é ótimo naturalmente. Relançamento agora em 2024 pela Shinigami Records.

José Henrique Godoy