segunda-feira, 16 de setembro de 2024

FLOTSAM AND JETSAM - I AM THE WEAPON (2024)

 


FLOTSAM AND JETSAM
I AM THE WEAPON 
AFM Records - Importado

Para entender o impacto de "I Am The Weapon", é crucial revisitar a trajetória do Flotsam and Jetsam. Formada em 1981, em Phoenix, Arizona, a banda surgiu no cenário thrash metal americano durante o boom do gênero nos anos 80. O grupo rapidamente se destacou pela intensidade musical e pela complexidade das letras.

O álbum de estreia, "Doomsday for the Deceiver" (1986), é um marco do thrash metal e ainda é amplamente elogiado por sua originalidade e habilidade técnica. Embora nunca tenha alcançado o sucesso comercial de outros nomes do thrash metal da época, o grupo construiu uma base de fãs leal, graças à sua dedicação ao gênero e à qualidade consistente de álbuns sólidos como “No Place for Disgrace” (1988) e “When The Storm Comes Down” (1990).

Nas décadas seguintes, o Flotsam and Jetsam enfrentou várias mudanças de formação, desafios com gravadoras e o declínio temporário da popularidade do thrash, lançando diversos álbuns de “qualidade duvidosa”, que juntando as melhores músicas teríamos um ótimo EP. O retorno ao estilo mais agressivo e direto em álbuns como "The End of Chaos" (2019) e “Blood in the Water” (2021) mostrou uma banda que, apesar da longevidade, ainda tinha muita lenha a queimar — Reafirmando-se como um dos nomes mais respeitados do underground.

"I Am The Weapon" captura a essência do Flotsam and Jetsam com uma mistura equilibrada de riffs rápidos e pesados, vocais potentes e uma seção rítmica sólida. O álbum abre com a maravilhosa “A New Kind of Hero”, que imediatamente estabelece o tom: agressivo, técnico e envolvente. As guitarras de Michael Gilbert e Steve Conley entregam riffs intricados e solos arrasadores que remetem tanto ao thrash clássico quanto a nuances modernas. Ouça a trinca “Primal”, a faixa-título e “Burned My Bridges”, e comprove.

Eric "A.K." Knutson, vocalista original da banda, está em excelente forma, sua voz expressa uma gama emocional vasta, alternando entre tons limpos e gritos ferozes ,"Beneath the Shadows" (minha favorita) e "Gates of Hell" destacam essa versatilidade, enquanto canções como "Kings of the Universe" e "Running Through the Fire" mostram a habilidade da banda em criar atmosferas densas. O álbum se destaca por sua coesão e energia ininterrupta. Cada faixa oferece algo único, seja na forma de um riff memorável, um refrão pegajoso ou uma passagem instrumental cativante. O encerramento com "Black Wings" é um momento épico, com uma estrutura dinâmica que vai do mais sombrio e introspectivo ao explosivo, encerrando o álbum em alta, não só reforçando o legado do Flotsam and Jetsam, como também prova que, mesmo após décadas na estrada, eles continuam a evoluir e a desafiar as expectativas.

"I Am The Weapon" é uma afirmação poderosa de uma banda que se recusa a ser apenas uma peça de museu do thrash metal — Uma homenagem ao seu passado e um olhar audacioso para o futuro.

William Ribas




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