terça-feira, 24 de setembro de 2024

KTROCK - ARAÚJO VIANNA - 14/09/2024 - PORTO ALEGRE/RS

 



KTROCK

WANDER WILDNER
DEFALLA
ROSA TATTOOADA
GRAFORRÉIA XILARMÔNICA
CARLINHOS CARNEIRO
TNT

ARAÚJO VIANNA
14/09/2024
PORTO ALEGRE/RS

PRODUÇÃO: KTO
ASSESSORIA: OPINIÃO PRODUTORA

TEXTO: SERGIOMAR MENEZES
FOTOS: JOSÉ HENRIQUE GODOY


KTROCK - A CELEBRAÇÃO DO ROCK "GAÚCHO"

A segunda edição do KTROCK, festival que reúne grandes bandas do "Rock Gaúcho", aconteceu no dia 14 de setembro, e depois de dias nublados recheados pela fumaça das queimadas (alguém tem notícia dos artistas da música "Salvem a Amazônia"?), o sol resolveu dar as caras e transformar a data num dia ainda mais especial, que se consolidou com a confirmação da presença da atração "surpresa" (que não era mais tão surpresa assim desde a sexta-feira...).

O local escolhido, foi mais uma vez, o clássico Auditório Araújo Vianna, um verdadeiro ícone da cultura porto-alegrense e gaúcha, palco de inúmeras apresentações históricas, situado na Osvaldo Aranha, no Parque Farroupilha (entendedores entenderão).

O público, que foi aumentando com o decorrer da tarde, mesmo que não tenha sido aquele que um festival dessa importância merecia, acabou primando mais pela qualidade, pois cantou praticamente todas as músicas com todas as bandas, mostrando que aquele "bairrismo" gaúcho acaba mantendo acesa a chama desse estilo tão caro aos seus admiradores.


Passavam poucos minutos das 16h (horário previsto para os shows), quando Lelê Bortholacci (comunicador das rádios Atlântida e 102.3 FM), apresentador oficial do evento, anunciou a primeira atração, a lenda do punk gaúcho WANDER WILDNER.

Um alegre e carismático Wander, adentrou o palco acompanhado de uma excelente banda, para trazer inúmeros clássicos de sua carreira solo e alguns covers que abrilhantaram ainda mais sua apresentação. Vestindo um terno azul claro a lá Graham Bonnet, Wander sabe como poucos conduzir um show, tendo o público em suas mãos do início ao fim. "Ritmo da Vida", "Bebendo Vinho", "Eu Tenho uma Camiseta Escrita Eu Te Amo",  covers como "Lugar do Caralho" (Júpiter Maçã), "Candy" (Iggy Pop) e "Sangue Latino" (Secos e Molhados), foram alguns dos grandes momentos do show.

No entanto, Wander também trouxe suas "surpresas": "Jesus Cristo Vai Voltar", lembrando os bons tempos da Sangue Sujo, e a participação de Jimi Joe, que enfrenta problemas de saúde, mas protagonizou o momento mais bonito e emocionante do festival, tocando guitarra em uma faixa e fazendo backing vocal em outra. Jimi foi locutor da falecida Rádio Ipanema, além de ter participado da banda de Wander durante muitos anos, inclusive na gravação do Acústico MTV Bandas Gaúchas. Pra fechar o show, "Redemption Song" de Bob Marley, numa versão bem pessoal, transformada em "Canção Iluminada". Um abertura de evento grandiosa!



Depois de um curto intervalo para a troca de equipamento, era chegada a vez da mais irreverente, polêmica e maluca banda gaúcha: DEFALLA! Com sua formação clássica, Edu K (vocal), Castor (guitarra), Fornazzo (guitarra), Flu (baixo) e Biba Meira (bateria), o grupo mostrou que os 40 anos de estrada fazem a diferença. ainda que o show tenha demorado um pouco a engrenar. Talvez pelo público que ainda chegava, talvez pelo início mais introspectivo do show, a verdade é que quando faixas como "Repelente", "I Have to Sing a Song", "Wake of Jo" "Como Vovó Já Dizia" foram tocadas, o público interagiu de maneira mais direta com o grupo. 

Edu K, ainda que não se considere um integrante do "rock gaúcho", é sim, uma das figuras mais icônicas do estilo no Rio Grande do Sul. Com luvas de monstro, óculos que acendiam suas luzes, e uma tampa de vazo sanitário no pescoço, relembrando o que a saudosa Mari Mezzari disse no documentário da banda sobre as vestimentas de Edu no início dos anos 80 pela Osvaldo Aranha, o vocalista é um show a parte dentro da apresentação.

O grupo também trouxe uma participação especial: King Jim, do Garotos da Rua, outra lenda do rock gaúcho que se fez presente. Mas o mais curioso é que quando perguntado que músicas tocaria com o grupo, King apenas disse "não faço ideia"... Que coisa mais DeFalla que isso? "Não me Mande Flores", "It's Fucking Borin' to Death" e Popozuda Rock n' Roll" (se o AC/DC um dia fizesse um funk, não tenho dúvidas que seria assim) encerraram a apresentação que ganhou o público.



Após outo intervalo, era chegada a hora do, na minha modesta opinião, melhor show do festival em 2024: ROSA TATTOOADA! Prestes a completar 36 anos de estrada, Jacques Maciel (vocal e guitarra), Valdi DallaRosa (baixo e backing vocal) e Matt Thoffern (bateria), esbanjam classe e categoria, num Hard Rock totalmente seu, incorporando desde in fluências clássicas do estilo, mas sem perder a essência do rock praticado por aqui. Aliás, esse sempre foi um ponto que me pega: Se o Rosa fosse de outra região do país, seria reconhecido pelo Hard Rock ou pela sua localização? Melhor que ficar com esse questionamento é aproveitar a apresentação recheada de clássicos como "Na Estrada", "Um Milhão de Flores", "Carburador", Diamante Interestelar", "Voando Baixo", "Fora de Mim, Dentro de Você", "Rendez-Vouz" e tantos outros que fizeram e ainda fazem a alegria dos fãs da música pesada.

Assim, como nas apresentações anteriores, o grupo também resolveu trazer uma participação especial: Flávio Basso, também conhecido como Júpiter Maçã, veio espiritualmente engrandecer a execução de "Sob um Céu de Blues", clássico absoluto d'Os Cascavelletes e da nossa música, cantado por todos os presentes de forma uníssona. Um dos mais belos momentos do festival, engrandecendo ainda mais o show, que além de uma homenagem, também foi um agradecimento ao gênio indomável do rock gaúcho, responsável pela criação do Rosa, com já contado pelo próprio Jacques muitas vezes. A banda está afiadíssima, mas cabe destacar a presença de palco e pegada de Matt, que caiu como uma luva na banda, tocando como reza a cartilha do Hard, por vezes de pé, sempre sorrindo e fazendo aqueles "malabarismos" que todo batera que se preza guarda na manga.

Ainda tivemos "Tardes de Outono" e a mais que clássica "O Inferno vai ter que Esperar", música que catapultou a carreira da banda e foi composta por Thedy Correa do Nenhum de Nós, não aproveitada pelo grupo em questão e que foi dada ao Rosa de presente. Quem diria que o Nenhum de nós fez bem ao rock gaúcho? Ainda houve tempo pro vocalista homenagear sua esposa que estava de aniversário no dia, puxando um belo "Parabéns à Você" cantado por todos no Araújo Vianna. Senti falta de algumas faixas como "Rock n' Roll até Morrer", "Dólar na Calcinha", " Hard Rocker Old School", mas como o tempo era reduzido, fica pra uma próxima..



Então, era chegada a hora do show, ao menos para mim, mais aguardado do festival: GRAFORRÉIA XILARMÔNICA! O trio formado por Frank Jorge (baixo/vocal), Carlo Pianta (guitarra/vocal) e Alexandre Birck (bateria/vocal) é um dos mais cultuados na terra castigada pelas enchentes e ventos. O que dizer de seus integrantes, que fizeram e fazem parte da história do rock no Rio Grande do Sul? Juntos gravaram álbuns sensacionais, com destaque para os dois primeiros, Coisa do Louco II (1995), que só havia saído em CD, mas agora ganhou sua versão em vinil, e "Chapinhas de Ouro" (1998), fundamentais pra quem quer entender o que é o Rock Gaúcho...

Sem muito papo, o trio detonou faixas clássicas, tais como "Bagaceiro Chinelão", "Literatura Brasileira", "Patê", "Twist" (um verdadeiro primor), "Rancho", "Meus Dois Amigos", "Eu gostaria de Matar os Dois", "Eu", "Nunca Diga", "Benga Minueto", "Você foi Embora", entre tantas outras. Apesar de um problema ocorrido durante o show envolvendo o guitarrista Carlo Pianta, o show transcorreu de forma perfeita, culminando em duas faixas muito importantes: "Colégio Interno", primeira música do grupo a tocar na rádio, mas que ganhou "vida" apenas no segundo álbum, e um dos maiores hinos já criados no cancioneiro do rock: "Amigo Punk", faixa que, não é preciso dizer, foi cantado por todos, até mesmo pelos seguranças ali presentes.

E como disse o apresentador Lelê Bortholacci, todos nós atravessamos a Osvaldo Aranha e entramos no Parque Farroupilha...



O "último show", encarregado de fechar o show foi o do vocalista da Bidê ou Balde, CARLINHOS CARNEIRO, que vem fazendo suas apresentações celebrando os 25 anos da banda, que tem muito a cara de Porto Alegre. Se você duvida, me pergunte em qual show o público mais agitou, cantou as músicas e vibrou junto com o carismático vocalista, protagonista do momento mais polêmico e constrangedor do festival...

Trazendo as músicas que mais se destacaram na durante da banda, Carlinhos trouxe a participação de ex-integrantes, além de amigos e também, de Frank Jorge, numa verdadeira festa no palco do Araújo Vianna. "Melissa", "Buddy Holly", "Mesma Cidade", "Cores Bonitas", "Bromélias", "É Preciso dar Vazão aos Sentimentos", entre outras, foram cantadas por todos, mostrando que a escolha dele pra fechar o festival foi acertada. No entanto, o vocalista em determinado momento fez uma crítica/brincadeira ao patrocinador do evento que não soou nada legal, ainda mais tendo em vista toda a estrutura proporcionada ás bandas que ali tocaram. E não satisfeito, repetiu a dose pouco tempo depois. Desnecessário, ou como diria Sandra Annenberg, deselegante.

O Show terminou com "Mesmo que Mude", que fez o Araújo Vianna cantar, com Carlinhos descendo do palco, subindo nas cadeiras (que diga-se de passagem, passaram no teste), tirando selfies com o público e deixando sua marca irreverente na apresentação. Seria o final do festival, mas...



Lelê Bortholacci então volta ao palco e anuncia a "surpresa": a volta do TNT! Uma das maiores bandas do RS, está de volta! Foram apenas duas músicas, mas Charles Master (baixo e vocal), Tchê Gomes (guitarra e vocal), Márcio Petracco (guitarra), Paulo Arcari (bateria), Fabio Ly, mais conhecido por Musklinho (bateria) e João Maldonado (teclados), foram ovacionados e deixaram em todos os presentes aquele sentimento de nostalgia que será revivido dia 19 de dezembro no mesmo Araújo Vianna.

"Não Sei" e "Cachorro Louco" foram as faixas escolhidas para "reapresentar" o grupo ao público, e mostraram que os 21 anos sem tocar juntos parecem ter sido 21 segundos, tamanha a química da banda. Petracco era um dos mais felizes no palco, enquanto Charles Master brincou dizendo que o combinado era só uma música, mas como já estavam ali, sem ensaiar mesmo, iam tocar mais uma. Uma pequena amostra do que teremos no final do ano.



Saldo mais que positivo, o festival mostrou a força do rock e do povo gaúcho, que embora seja constantemente atingido por catástrofes, consegue se reerguer e mostrar suas façanhas a toda Terra.

Obrigado KTO e Opinião Produtora!




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