quinta-feira, 21 de novembro de 2024

IN FLAMES - COME CLARITY (2006 - RELANÇAMENTO 2024)

 


IN FLAMES
COME CLARITY (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Criar um estilo. Poucas bandas podem se dar ao luxo de ostentar isso em seu currículo. Uma dessas bandas, inegavelmente, é o IN FLAMES. COME CLARITY, lançado em 2006, representa um marco na discografia da banda sueca de death metal melódico. O disco traz uma mistura de brutalidade visceral (que de certa forma, remonta às origens da banda) com uma sensibilidade melódica mais compreensível (alguns podem chamar de "comercial"), solidificando sua abordagem híbrida que mescla os elementos do death metal e do metal melódico com elementos contemporâneos do metalcore e do rock alternativo. O que fez com que muitos fãs tenham "virado a cara" para o grupo. Mas esse relançamento, disponibilizado pela Shinigami Records/Nuclear Blast, vem pra elucidar algumas questões que ficaram sem respostas quando de seu lançamento.

Anders Fridén (vocal), Björn Gelotte (guitarra), Jesper Strömblad (guitarra), Peter Iwers (baixo) e Daniel Svenson (bateria), entraram em estúdio sob a produção de Daniel Bergstrand. O álbum traz uma produção limpa e densa, realçando o instrumental sem comprometer a intensidade que define ( ou definia) o estilo. As guitarra de Gelotte e Jesper Strömblad se destacam com riffs intensos e complexos, enquanto os solos melódicos proporcionam um contraponto interessante. A bateria de Daniel Svensson é precisa e cheia de energia, pelo potente baixo de Peter Iwers. Os vocais de Anders Fridén merecem destaque especial, alternando entre gritos intensos e trechos mais suaves e melódicos. Esta versatilidade vocal demonstra a abordagem quase que experimental do álbum, harmonizando de maneira perfeita a brutalidade e a melodia.

O álbum abre com "Take This Life", faixa dotada de velocidade, riffs poderosos e refrãos melódicos. É uma composição típica e perfeita para entender as ideias e peso singulares do In Flames. Já "Come Clarity", fqaixa que saiu como single, é uma "balada" que revela um lado mais introspectivo da banda. A simplicidade de sua composição e arranjos contrasta com o restante do álbum, realçando a performance cheia de feeling de Anders. Podemos destacar ainda fqixas como "Reflect the Storm" e "Crawl Through Knives", que mostram de forma direta a combinação de agressividade e melodia que se estende por todo o álbum, com refrãos cativantes e momentos técnicos, mas ao mesmo tempo pesados e brutais.

COME CLARITY é citado como um dos melhores trabalhos do In Flames da era contemporânea. Mas também, traz aquela aura de mudança (mesmo que isso já viesse sendo apresentado nos trabalhos anteriores do grupo), o que nem sempre é visto com bons olhos pelos "fãs". O fato é que o CD representa um momento crucial de transição. Apesar de dividir opiniões, principalmente entre os adeptos do death metal melódico, o álbum consolidou a posição da banda como uma das mais pioneiras do estilo. Este álbum é essencial para os fãs de metal que apreciam uma mistura de emoção e melodia com brutalidade. Algo que sempre traz a marca do IN FLAMES.

Sergiomar Menezes




THERION - DEGGIAL (2000 - RELANÇAMENTO 2024)



THERION
DEGGIAL (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami records/ Nuclear Blast - Nacional

Algumas bandas tem a capacidade de se ressignificar a cada disco, aprimorar sua sonoridade e manter sua essência nesse processo. O THERION é um bom exemplo disso, e se tratando do seu mentor e fundador Christofer Jonnsson, o mérito da genialidade também é verdadeiro.

Relançado pela Shinigami Records em 2024, o excelente Deggial (2000) traz em suas composições um metal sinfônico de excelência, contando além de Christofer Johnsson (em todas as composições, guitarras, teclados), Kristian Niemann (guitarra), Johan Niemann (baixo), Sami Karpinnen (bateria), Thomas Karlsson (letras), um time completo de orquestra, com coro de vozes, metais, sopros, cordas, um tenor. Tudo absolutamente orgânico, sem efeitos ou sintetizadores em estúdio.

As já referidas composições são permeadas de vozes e arranjos, os riffs inspirados em metal tradicional em diversos momentos fazem uma conexão bem coesa com a proposta lírica nesse caso, que vai do ocultismo a mitologia, característica da banda, e seguindo os passos das obras anteriores como Theli (1996), Vovin (1998) e Crowning of Atlantis(1999).

"Seven Secrets of the Sphynx" abre o disco com riffs e climas bem empolgantes, seguido com a bela "Eternal Return", com belas passagens de voz. "Enter Vril-Ya" traz bastante elementos tradicionais, o riff lembra bastante Accept (Princess of the Dawn) e até mesmo AC/DC (Hell ain’t a bad place to be) e é bem marcante.

Seguindo nessa linha temos as inspiradas "The Invicible" (bem cadenciada e com vocais líricos bem interessantes), "Flesh of the Gods" (com a matadora voz de Hansi Kursch - Blind Guardian), talvez a mais direta metalicamente falando, a faixa "Deggial" com seu clima tétrico e crescente em velocidade e intensidade.

Os momentos de maior erudição culminam na dramática e bem interessante "Via Nocturna" (Pt 01 e 02) e na grandiosa versão de "O Fortuna", parte integrante de "Carmina Burana" de Carl Orff, encerrando em alto nível.

Em resumo é um álbum muito bem construído, complexo em alguns momentos, mas genial no que se propõe. Um grande momento na carreira dos suecos e sem dúvidas, um dos clássicos do estilo.

Gustavo Jardim




quarta-feira, 20 de novembro de 2024

HAMMERFALL - (r)EVOLUTION (2014 - RELANÇAMENTO 2024)


HAMMERFALL
(r)EVOLUTION (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2014, o nono álbum do HAMMERFALL, (r)Evolution, simboliza um retorno às origens que estabeleceram a banda como uma das principais potências do power metal global. Depois da recepção aquém de Infected (2011), que se aventurou por caminhos mais obscuros e experimentais, o quinteto optou por revisitar sua sonoridade clássica, repleta de músicas cativantes que resgatavam a aura mágica do quinteto. Assim, dez anos após seu lançamento, a parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, recoloca no mercado o álbum que devolveu o grupo ao estilo que o tornou um dos nomes mais queridos pelos headbangers a partir do final dos anos 90.

Joacim Cans (vocal), Oscar Dronjak (guitarras, teclados), Pontus Norgren (guitarras), Fredrik Larsson (baixo) e Anders Johansson (bateria) chamaram o produtor Fredrik Nordström que acompanhado de James Michael, deixou o trabalho com uma produção pesada e contemporânea, sem perder a atmosfera "old school" que caracteriza o grupo. A arte da capa, concebida pelo renomado artista Andreas Marschall, representa esse resgate, trazendo de volta Hector, o personagem principal da banda, em uma postura imponente. E confesso que, só por isso, o álbum já desperta aquele desejo de ouvi-lo, sabendo exatamente o que vamos encontrar. Em termos musicais, (r)Evolution apresenta riffs intensos, refrãos grandiosos e uma energia contagiante, elementos que fazem referência a álbuns clássicos como Glory to the Brave (1997) e Renegade (2000). 

A abertura com "Hector's Hymn", já é uma verdadeira declaração de amor aos fãs, fazendo referência a canções e álbuns anteriores. A canção apresenta riffs tipicamente "Hammerfall" e traz um vocal inspirado de Joacim Cans, proporcionando um refrão que merece ser cantado por todos com os punhos erguidos! "Bushido" por sua vez, tarz influências orientais e uma letra que exalta o código de honra samurai. "Live Life Loud" é uma música otimista, perfeita para elevar o ânimo de qualquer fã da banda e do estilo. Ainda podemos destacar "Winter Is Coming", uma balada épica, que apresenta um clima melancólico, com uma interpretação vocal bem interessante de Joacim Cans, além de arranjos orquestrais que conferem certa dramaticidade à faixa.

(r)Evolution é um disco que agrada tanto aos fãs mais saudosistas quanto aos que procuram um power metal produzido com atual mas sem soar moderno demais. Não se trata de uma inovação, mas de uma reafirmação do que HAMMERFALL é uma banda muito acima da média. Com faixas que agregam força e melodia, o álbum reafirma a posição da banda como um dos principais pilares do estilo. Com total justiça, diga-se de passagem.

Sergiomar Menezes







TOBIAS SAMMET's AVANTASIA - GHOSTLIGHTS (2016 - RELANÇAMENTO 2024)

 


TOBIAS SAMMET's AVANTASIA
GHOSTLIGHTS (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Quem conhece a história do Edguy sabe bem o que vou dizer: o Avantasia foi criado para ser um projeto do seu mentor Tobias Sammet, e de uns anos para cá com a pausa do Edguy, o Avantasia passou a ser a única banda deste gigante do Heavy Metal mundial.

Se dermos uma repassada na discografia da banda, perceberemos que não há quase nada descartável, tudo muito bem feito, muito bem produzido, aquele ar épico em todas as composições, obviamente com passagens sinfônicas muito bem pensadas e elaboradas.

Ghostlights” foi o sétimo trabalho do Avantasia e que como sempre, contou com inúmeras participações especiais, como Geoff Tate (ex-Queensryche), Ronnie Atkins (Pretty Maids), Michael Kiske (Helloween), Jørn Lande (ex-Masterplan), Bruce Kulick (ex-Kiss), Bob Catley (Magnum), Dee Snider, Marco Hietala (Tarot, ex-Nightwish) e Sharon Den Adel (Within Temptation). Como todo os trabalhos anteriores, o trabalho é conceitual e aqui deixamos para o mentor Tobias Sammet explica-lo melhor: “O conceito geral é sobre um círculo de cientistas megalomaníacos, liderados por um ocultista misantrópico, que querem manipular o sentido de tempo de um indivíduo e alinhá-lo com a sociedade; essencialmente para construir pontes, mas na verdade para obter o máximo controle”. E acrescentou: “O protagonista, um jovem cientista agnóstico, encontra-se entre duas frentes. Por um lado, estão os seus valores morais e, por outro, está o seu ‘eu’ científico e a sua procura de desenvolvimento e progresso Ao longo da história, ele enfrenta cada vez mais diferentes aspectos da espiritualidade, da aceleração do tempo e de questões sobre o sentido da vida.

No lado musical, o Avantasia em nada mudou desde seus inesquecíveis trabalhos iniciais, os clássicos “The Metal Opera Pt. 1 e Pt. 2”, lançados há quase 25 anos atrás. Obviamente, há algumas faixas que se destacam como “Let the Storm Descend upon You”, a faixa título que tranquilamente poderia estar nos álbuns mais antigos do Edguy, por seu lado virtuoso e melódico, evidenciado pela participação do mestre Michael Kiske.

O lado mais progressivo também fica em evidência em “Seduction of Decay” com a voz de Geoff Tate, o que mostra que Tobias tem a percepção de dar aos seus convidados a música perfeita para desempenharem da melhor possível. Quase impossível não se emocionar com o dueto Tobias/Jørn Lande em “Lucifer” que começa como uma baladinha e acaba num tremendo Power Metal do jeito que ambos sabem fazer de melhor. Um dos destaques do disco!

Há quem prefira que Tobias siga focando seus esforços no Avantasia e deixe definitivamente o Edguy no limbo, o que é até compreensível afinal Tobias não é mais nenhum garoto e manter o "PROJETO" em evidência requer muito trabalho. Tanto essa parece ser a tendência, que a esta altura, no final de 2024, Tobias já anunciou um novo trabalho de estúdio para o outono de 2025, com o título de “Here Be Dragons”. Se for o melhor para todos, que assim seja!

Mauro Antunes





SIMONE SIMONS - VERMILLION (2024)


 

SIMONE SIMONS
VERMILLION
Shinigami Records / Nuclear Blast - Nacional

Sendo uma artista com muito reconhecimento e com uma base sólida de fãs mundo afora, era de se estranhar que até então a cantora holandesa Simone Simons, do Epica, ainda não tivesse lançado um trabalho solo. Pois com o lançamento de “Vermillion”, esta lacuna foi preenchida.

Este trabalho de estreia da carreira solo de Simone inclui muitos músicos ilustres como Arjen Anthony Lucassen, o baterista Koen Herfst (VANDENBERG), o colega de Epica no baixo, Rob van der Loo. Além disso, Alyssa White-Gluz (ARCH ENEMY) e Marc Jansen (EPICA) são os vocalistas convidados do álbum. Logo na primeira faixa, temos a tônica do álbum: o trabalho é feito para a voz de Simons brilhar . A primeira música do álbum é “Aeterna” e apresenta uma vibração oriental no decorrer dela. Na sequência vem “ In Love We Rust”, com teclados proeminentes e um belo solo de guitarra.

“Cradle to the Grave” vem mais pesada, com Alyssa White-Gluz dividindo os vocais, enquanto ”Fight or Flight” é uma música muito forte, sendo um dos destaques do álbum. “Weight Of My World” como  deixar de ser, não poderia segue a sonoridade da faixa anterior. Uma mistura de riffs estrondosos e teclados fornecem a base melódica para a faixa. As melodias das partes do refrão são cativantes e as linhas do refrão se assemelham a um hino.

"Vermillion Dreams” se aproxima mais para uma balada, lente e nostálgica, enquanto The Core” é mais uma faixa de Metal moderno. É uma das poucas faixas com uma estrutura musical simples, e se apresenta como uma faixa de nível abaixo as outras do álbum, mesmo que as habilidades vocais de Simone Simons casem bem para os efeitos eletrônicos, se assemelhando um pouco ao som praticado pelo AMARANTHE. As fixas “Dystopia” e “R.E.D.” seguem em um clima denso e pesado, enquanto “Dark Night of the Soul” vem envolta de teclados e belos arranjos, com um clima mais suave.

Finalizando, o álbum de estreia de Simone Simons é um trabalho muito forte. Obviamente vamos lembrar do Epica durante a audição, e nem teria como ser diferente. Um pacote que engloba Symphonic Metal, Prog Metal e “Modern” Metal. Mesmo eu não sendo um apreciador de carteirinha do estilo praticado por Simone, não tenho como negar a qualidade e a categoria de “Vermillion”.

José Henrique Godoy




segunda-feira, 18 de novembro de 2024

SWEET - FULL CIRCLE (2024)

 


SWEET
FULL CIRCLE 
MetalVille - Importado

Tive contato com o Sweet desde muito cedo. Era natal de 1977, e a minha prima, quase 10 anos mais velha que eu comprou o estupendo álbum “Sweet Fanny Adams” de 1976, cuja versão nacional trazia “Ballroom Blitz” abrindo o lado B. Esta música é praticamente a marca registrada da banda e tocava em tudo que era lugar à época, e inclusive nas festinhas que a minha prima ia. Ela, apesar de ter bom gosto musical, nunca se considerou roqueira, e obviamente comprou apenas pela citada faixa. Eu tinha 7 anos e nem sabia o que era Rock n' Roll, mas me lembro como se fosse hoje ela colocar o LP pra rodar incessantemente na mesma música.

Com o passar dos anos e já “contaminado” com o vírus do Rock/Metal, quando tinha uns treze anos, comecei a pesquisar por bandas que faziam parte do meu novo ‘vício” e qual a minha surpresa ao “descobrir” que o tal Sweet, aquela banda que só tocava uma música, fazia parte deste novo universo que eu tinha adentrado. “Sweet Fanny Adams” é fantástico da primeira a última faixa e até hoje considero uma das “pedras fundamentais” da minha formação musical.

Bom, estes dois primeiros parágrafos foram para deixar claro a relação que eu tenho com o Sweet e o porquê da minha pequena decepção com este novo trabalho, “Full Circle”. È um trabalho ruim? De forma alguma e longe disso. É um bom trabalho , com excelente produção e boas músicas. Talvez o grande problema seja o nome da banda na capa. Obviamente não quero ser aqueles chatos que quer o mesmo som de quase 50 anos atrás, ainda mais levando em consideração que da formação original só restou o guitarrista Andy Scott, tendo em vista que infelizmente Brian Connolly, Steve Priest e Mick Tucker já não estão mais entre nós, mas se me permitem o trocadilho, o trabalho soa “adocicado” demais.

O que nós temos em “Full Circle” é um bom álbum de “Melodic Rock”. Mas a questão é, o Sweet nunca foi “melódico”. Obviamente tinha seus momentos de “doçura” (desculpem o trocadilho novamente), mas o grupo sempre foi uma banda de hard/glam Rock n' Roll. Então, ao escutar “Full Circle” temos a nítida impressão de estarmos escutando o novo lançamento de uma nova banda, pois pouco se encontra de alguma raíz ou marca registrada do “velho” Sweet. Temos bons momentos, como a abertura com “Circus” (o início até lembrou um pouco o clássico ”Action”), “Don´t Bring Me Water” e “Coming Home” que tentam emular um Whitesnake 80's enquanto “Everithing“, “Changes” e “Defender” poderiam ser apresentadas a alguém como faixas perdidas do Journey. Todas elas destacam o ótimo vocalista Paul Manzy. Porém a faixa mais marcante é “Destination Hannover”, nesta sim, você consegue sentir a presença do Espírito do “velho” Sweet.

Full Circle” parece ser o álbum que será o encerramento da carreira do Sweet. O que se pode concluir após uma audição é o seguinte: se você quer conhecer o que o Sweet fez de melhor, esqueça “Full Circle” e busque “Off The Record”, “Sweet Fanny Adams”, “Give us A Wink” e “Desolation Boulevard”. Se você procura apenas um bom álbum de rock, com boas musicas e excelente execução/produção, pode adquirir “Full Circle” sem medo de ser feliz. Eu vou comprar o meu e curtir numa boa, esquecendo o nome da banda na capa e tudo que ela representou.

José Henrique Godoy




MR. BIG - THE BIG FINISH LIVE! (2024)

 


MR BIG
THE BIG FINISH LIVE
Evoxs - Importado

O Mr. Big foi formado em 1989, e por mais de 3 décadas conseguiu atingir grande popularidade no mundo do Hard Rock, seja pela excelência técnica dos seus integrantes, seja por sucessos radiofônicos, ou simplesmente pelas suas incendiárias apresentações ao vivo. E não por acaso, é uma das bandas com mais discos ao vivo, dentro do estilo.

Este novo lançamento porém, tem um significado e motivo muito especial. Provavelmente este será o último lançamento da carreira da banda, tendo em vista o desejo de Eric Martin vocais), Paul Gilbert (guitarras) e Billy Sheehan (baixo), finalizar as atividades do Mr. Big, muito por não verem sentido em continuar sem o grande baterista Pat Torpey, infelizmente falecido em 2018. Coube então a Nick D`Virgillio gravar o último álbum de estúdio, “Ten” e realizar a as tour de divulgação, sendo a última da carreira da banda.

Corretamente batizada de “The Big Finish”, a tour empresta o nome a este novo Live do Mr. Big. Logo de cara salta aos olhos a excelente qualidade de gravação/produção. A abertura é com a mais que clássica “Addicted To That Rush” e ao final dela, Eric Martin anuncia que o show será especial, pois será executado o álbum “ Lean Into It”, o álbum de maior sucesso da banda, e o preferido dos fãs, junto a outros clássicos. A segunda faixa é “Take Cover”, que é dedicada à Pat Torpey , que segundo o próprio Martin cita, é uma das introduções de bateria mais bonitas e criativas existentes. E aqui mais pontos para Nick D`Virgillio: Ele mantém todas as linhas de bateria intactas e sem alterações, o que justifica plenamente a sua escolha para o posto.

“Undertow” de 2010 vem na sequência, para que depois “Lean Into It” seja executado por completo, de “Daddy , Brother, Lover and Little Boy” até “ To be With You”. Passados mais de 30 anos, “Lean Into It” prova ter vencido a barreira do tempo, e sim, é um clássico do Hard Rock, muito pela qualidade das composições e talento dos músicos. O restante do setlist tem músicas como “Big Love”, “Promise Her The Moon”, “Colorado Bulldog” (esta separando os solos de Paul Gilbert e Billy Sheehan), e alguns covers clássicos já gravados pelo Mr. Big, como “Shy Boy” ( Talas/Dave Lee Roth), “30 Days In a Hole" (Humble Pie) e Baba O`Riley (The Who).

Concluindo, “The Big Finish Live” é um ótimo álbum ao vivo e uma excelente forma de dizer adeus (ou será m até breve?). E como diz a letra de “Just Take My Heart”: “Se esse for mesmo um adeus”, o Mr. Big vai levar os corações dos seus fãs junto.

José Henrique Godoy




HORROR CHAMBER - WITH FIRE, DESPAIR (2024)

 


HORROR CHAMBER
WITH FIRE, DESPAIR
Independente - Nacional

Falar da Horror Chamber é se referir a uma das mais competentes bandas do nosso cenário Death metal gaúcho e nacional, e se tratando de um cenário que inclui nomes sagrados como Exterminate, Rebaelliun, Krisiun, isso é de longe um privilégio.

Privilégio e trabalho duro, se tratando aqui do novo trampo dos caras, o excelente WITH FIRE, DESPAIR…. a banda que se consolidou em 2009 com a demo The Devil has no Face, e lançou discos muito bons, Eternal Torment (2016) e Thoughts: The Slow Decay, consegue se superar em termos de criatividade aqui nesse novo opus.

Gravado em 2024 no estúdio Hurricane, do grande Sebastian Carsin (nosso Scott Burns dessas bandas),a formação conta com Felipe Pujol (guitarra), Alan Holz ( baixo), Rafael Kniest (bateria) e Paulo Hendler (vocal/guitarra), agora assumindo os vocais, suprindo a saída de Guilherme Lanning, todos com uma boa experiência na cena com passagem em importantes bandas.

Vamos ao disco: encontramos aqui uma linha de trabalho bem mais Old School, com fortes referências a grandes lendas como IMMOLATION, MORBID ANGEL, DEMIGOD, OBITUARY, MONSTROSITY, MASSACRE, entre outros, e um toque demasiado de refino e técnica em seus instrumentos o que ajuda bastante a manter a identidade da banda nos referidos anteriores trabalhos. Partimos aqui em uma temática "Lovecrafteana" que certamente deixaria Chtulhu orgulhoso de sua prole, tamanho caos e sombras em suas letras e climas que permeiam o álbum.

Somos transportados em um lugar pegajoso de pronto na intro "Frenetic Flames", dando passagem ao primeiro som "The Unspeakable One", com seus riffs insanos, com o instrumental metendo o “pé na porta” como um todo. A seguir, talvez a clássica do disco, outrora já lançada em lyric video "Twin Horrors", evidenciando a temática lírica proposta e passagens muito interessantes de baixo e bateria, vocais insanos e riffs marcantes. A produção conta com desenhos de Marcos Miller e animação da W. Designer, de Wanderlei Perna.

As ótimas "Beneath the Chromatic Veil" e "Unraveled by Cosmic Claws" mantém o alto nível, bem empolgantes e fazendo a festa de quem vive o Old School Death metal, muito pesadas e emblemáticas, com cadências e velocidades muito bem colocadas, clássicas do estilo. Após a inspirada instrumental "Swirl and Churns", que nos remete a clássicos como "Desolate Ways", do Blessed are the Sick (Morbid Angel), encerra-se com a ótima "Nightmare Frontier", trazendo uma atmosfera pesada, densa, com linhas interessantes de guitarra, vocais carregados.

Vale muito a pena a audição, indicados para os amantes do estilo, tem identidade, feito por quem conhece. Lançado nas melhores plataformas de streaming.

Gustavo Jardim



BENEDICITION - DARK IS THE SEASON/ THE GROTESQUE/ ASHEN EPITAPH (1992/1994 - RELANÇAMENTO 2024)



BENEDICTION
DARK IS TEH SEASON/ THE GROTESQUE/ ASHEN EPITAPH
Shinigami Records/ Nuclear Blast

O Benediction é uma daquelas bandas fundamentais do death metal, nos brindando sempre com excelentes momentos no que os ingleses de Birmingham se propõem a fazer desde 1989. Riffs inspirados, peso absurdo e velocidade. Aqui nessa maravilhosa edição relançada pela Shinigami Records, temos dois EPs clássicos compilados em um só disco, Dark is the Season de 1992 e The Grotesque/ Ashein Epitaph de 1994.

O Dark is the Season se trata de um dos melhores EPs do estilo na minha opinião, apresentando um som mais polido em relação aos clássicos anteriores, Subconscious Terror e The Grand Leveler. A formação conta com Dave Ingram (vocal), Ian Treacy (bateria), Peter Rew (guitarra), Darren Brooks (baixo/guitarra/). As inéditas e excelentes "Foetus Noose" e a "Dark is the Season" viraram clássicas de pronto, uma aula de riffs inspirados, cozinha coesa e direta, destaque sobretudo para os arranjos de Peter Rew em climas bem característicos do Old School anos 90. Os caras também acertam em cheio numa versão com a cara da banda para "Forged in Fire" do Anvil, que conta com os vocais do ex-integrante Barney Greenway (Napalm Death), e temos aqui além disso regravações interessantes da poderosa "Jumping in the Shadows" do The Grand Leveler e "Experimental Stage", com a cara de Ian Treacy, uma nova roupagem em questão de sonoridade, digamos, mais técnica de sons já agraciados

Igualmente brilhante é o EP The Grotesque/Ashen Epitaph, lançado em 1994 após um dos pontos altos dos ingleses, o excelente Transcend the Rubicon (1993), é igualmente brilhante. A faixa "The Grotesque", de longe, leva o destaque pela levada matadora do baterista Paul Brooks e riffs marcantes que deslocam seu pescoço do lugar, acabou se mostrando um dos clássicos da banda. Igualmente, "Ashein Epitaph", a seguir, é mais cadenciada, mas não menos empolgante e ‘headbangin’ , riffs bem arranjados e clima marcante. Completam a bolacha as matadoras versões ao vivo dos clássicos "Violation Domain", "Subconscious Terror" e "Visions in the Shroud", mostrando no palco uma banda bem coesa e com sangue nos olhos…

Enfim, item obrigatório para Deathbangers de bom gosto!

Gustavo Jardim




sexta-feira, 8 de novembro de 2024

HOUSE OF LORDS - FULL TILT OVERDRIVE (2024)

 


HOUSE OF LORDS
FULL TILT OVERDRIVE
Shinigami Records/ Frontiers Music srl

O House Of Lords surgiu em 1987, fundado por Greg Giuffria (ex-Angel), após encerrar as atividades da banda que levava o seu sobrenome, Giuffria. Na realidade, o House of Lords à época seria uma sequencia lógica do Giuffria. A banda contou sempre com integrantes muito conhecidos da cena Hard Rock/Heavy Metal americana. Além de Greg, nomes como Doug Aldrich, Chuck Wright, Tommy Aldridge e Ken Mary, entre outros, emprestaram seus talentos à banda.

Mas o grande destaque e que esteve sempre presente, é o ótimo vocalista James Christian. Único integrante da formação original, Christian tem mantido om House Of Lords ativo, lançando álbuns de alta qualidade, e no caso deste novo “Full Tilt Overdrive” o resultado não é diferente. Acompanham James Christian (que também gravou o baixo), Jimi Bell nas guitarras, Mark Mangold nos teclados e Johan Koleberg na bateria. A banda continua a mostrar seu talento duradouro e capacidade de criar músicas atemporais.

Creio que o que faz “Full Tilt Overdrive” ser linearmente acima da média é a sua constância nas composições, sem altos e baixos. Alguns lançamentos anteriores do House Of Lords, apesar de serem igualmente bons trabalhos, não mantém esta consistência, até possivelmente a banda querer se arriscar em outros territórios mais pop ou estilos mais leves. Aqui não, temos uma parede sonora de Hard Rock/Heavy Metal e Melodic Rock.

O álbum está repleto de faixas memoráveis, cada uma com seu caráter distinto. “Not The Enemy”, por exemplo, é uma faixa de destaque que funde perfeitamente elementos de Hard & Heavy, com algumas intromissões de teclado com sonoridade mais moderna. A seção rítmica é muito forte, enquanto os vocais cheios de feeling de James Christian elevam esta música a um dos pontos altos do trabalho. A faixa titulo com um refrão empolgante também fica no top 3 do álbum. “I Don’t Wanna Say Goodbye” é a “power ballad” enquanto “State of Emergency” é energética e pulsante. Esta variação ao mesmo tempo mostra a capacidade de Christian e colegas de criarem composições cheias de força, sentimento e energia.

Produção excelente e mixagem colocando todos os instrumentos e respectivos timbres no lugar certo, sem um interferir ou ofuscar o outro. O guitarrista Jimi Bell, que está na banda desde 2007 demonstra toda sua categoria com solos impressionantes e riffs de destaque. “Full Tilt Overdrive” é um trabalho excelente desta banda veterano, que comprova mais uma vez sua classe e capacidade de produzir música de qualidade. Um dos melhores lançamentos do ano de 2024.

José Henrique Godoy



INFECTED RAIN - 05/11/2024 - GRAVADOR PUB - PORTO ALEGRE/RS


INFECTED RAIN
ABERTURA: TREZE BLACK
05/11/2024
GRAVADOR PUB
PORTO ALEGRE/RS
PRODUÇÃO: M.A.D. Produtora

Texto e fotos: José Henrique Godoy

E após um longo período sem shows internacionais de Metal em Porto Alegre, cá estamos novamente, no Gravador Pub, para assistirmos o Infected Rain, banda da Moldávia que faz sua tour de estreia no Brasil. O clima é de reencontro, pois desde a tragédia das enchentes em maio deste ano, ficamos sem espetáculos internacionais, muito por conta da falta do Aeroporto Salgado Filho, que foi duramente afetado pelas águas.

O próprio Gravador Pub também foi muito atingido, tanto é que mudou de endereço e a noite também está sendo uma estreia, pois é a primeira vez que estamos no “novo” Gravador Pub. O lugar agora está bem mais amplo, uma estrutura ainda melhor que a anterior, inclusive com um belo palco, talvez com o dobro do tamanho da antigas casa. O Pub ainda não está com toda a reforma e instalações completas, mas com certeza está voltando com força total. Parabéns ao Gabriel, proprietário do Gravador Pub e a todos os colaboradores que tiveram força e resiliência neste período complicado, para voltarem mais fortes do que antes.

Passavam alguns minutos das 20h, quando sobe ao palco a banda Treze Black, da cidade de Caçapava do Sul/RS. O quarteto formado por Diandro Dymme (vocal), Gabriel Leão (guitarra), Bruno Chaves (baixo) e Felipe Krauser (bateria) executa um Metalcore agressivo, com influencias de Nu Metal, Hardcore, e por vezes, algumas nuances de Metal tradicional. Fizeram a sua apresentação executando seu material próprio com músicas como “Sentido”, “Alma Orfã” e “Passos Cegos”. O destaque principal da banda é o vocalista Diandro Dymme, seja pela sua ótima performance vocal, seja pelo seu carisma e desenvoltura para se comunicar com o público. O Treze Black finalizou sua apresentação com “Psychosocial”, cover do Slipknot, e uma pena não terem sido assistidos por mais gente, pois mereciam um público um pouco maior.


Pontualmente ás 21h30, Vadim "Vidick" Ojog (guitarras), Eugen Voluta (bateria), Alice Lane (baixo) e Elena "Lena Scissorhands" Cataraga(vocais) entram no palco ao som da “intro” “A Second Or A Thousand Years” para depois dispararem na sequência “The Realm Of Chaos”. Desde o primeiro instante, pudemos perceber que não estávamos presenciando um show qualquer: A banda da Moldávia se entrega de corpo e alma para apresentar uma performance eletrizante, cheia de energia, e beirando o insano.

O guitarrista Vidick não para um minuto, seja pulando, andando de um lado para o outro, balançando seus longos dreads. Chega a ser impensável como consegue tocar seu instrumento enquanto agita tanto no palco. Lena é fantástica: além de alternar vocais guturais e gritados com vocais limpos e de grande alcance, ainda consegue liderar a plateia, seja pedindo para erguer os punhos, seja pedindo para “pular” (“pulem” em bom português) seja organizando um mini “Wall Of Death” dentro do Pub. Ela é gigantesca, seja num lugar pequeno como o Gravador Pub, seja em estádios ou grandes festivais. Se você perdeu a oportunidade de assisti-la ao vivo aqui no Brasil, busque os vídeos de shows da banda no Youtube. A baixista Alice também se movimenta bastante no palco, trocando de lado com Vidick (pois esse não para em um lugar só) e interagindo bastante com os presentes. O batera Eugen, ao fundo, senta o braço com muita técnica e segura todo o peso do Infected Rain.


Por ser a primeira vez da banda em solo brasileiro e também por não desfrutar ainda de uma grande popularidade por aqui, o público não foi muito grande, mas todos os presentes conheciam a banda e cantavam a plenos pulmões músicas como “Vivarium”, “The Answer Is You” e “Never To Return”. Após um set relativamente curto set de 11 músicas e 55 minutos, o Infected Rain finaliza o seu set list com “Sweet, Sweet Lies” sobre aplausos e uma galera satisfeita com o que viu. Se por um lado o show foi curto, compensou muito em energia e entrega da banda. Antes de sair do palco, Lena avisou que estaria junto ao local de vendas de merchandising atendendo a todos os fãs que quisessem uma foto e autógrafos, e junto a baixista Alice, assim fizeram. Enquanto não atenderam todos, não foram embora.


Esperamos que o Infected Rain volte mais vezes, e na próxima visita, que sejam recebidos com mais público, pois a banda merece muito e ser mais reconhecida também. O show foi animal demais! Agradecemos a M.A.D. Produtora pelo credenciamento e ao Gravador Pub mais uma vez pela ótima recepção, como é de costume!

ADRIAN VANDENBERG & MATS LÉVEN - 03/11/2024 - HARD ROCK CAFE - CURITIBA/PR

 


ADRIAN VANDENBERG & MATS LÉVEN
ABERTURA: PHANTOM STAR
HARD ROCK CAFE
03/11/2024
CURITIBA/PR

Texto e fotos: Nathalia Santos

Adrian Vandenberg, lendário guitarrista do Whitesnake faz show sublime em Curitiba


Domingo, chuva e frio não foram motivos suficientes que fizesse com que os fãs do hard rock ficassem em suas casas, afinal estamos falando da lenda Adrian Vandenberg, guitarrista que juntamente com Steve Vai integraram uma das bandas mais relevantes dentro do hard rock: o Whitesnake. nessa turnê conta também com a presença do vocalista Mats Levén um ponto fora da curva no quesito vocal, Mats cantou em alguns álbuns do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen como por exemplo aclamado Facing the Animal (1997) e também na banda Treat no álbum autointitulado Treat (1992). 

Com pontualidade inglesa, a abertura fica por conta da banda de heavy metal curitibana Phantom Star, com um heavy metal classudo e muita pegada oitentista, a performance de estreia da banda não passou nem um pouco despercebida aquecendo a plateia com muita entrega de palco, performance, habilidade com uma pitada meio mística em suas performance e vestimentas e muita técnica, a banda mostra que o heavy metal ainda respira com muita classe!

 

Chega a hora de Vandenberg assumir o palco e o show abre com a pesada e audaciosa “Bad Boys” e em seguida com “Fool For Your Loving” e logo após foi a vez de “Your Love Is In Vain” música da carreira solo de Adrian Um show repleto de músicas da fase Whitesnake e também da carreira solo de Adrian como “Your Love Is In Vain” e a balada e talvez a mais conhecida de sua carreira solo: “Burning Heart” e a “Wait”.

Chegando na metade do show onde o set segue em uma linha mais “calma” e destaco nesse momento a lindíssima “Sailing Ships”, aquele momento blues do show onde Mats acompanha com seu vocal a la Coverdale e Adrian senta em um cantinho e arranha as notas na guitarra remetendo a um momento barzinho de violão e voz. Mas esse momento sereno do show se encerra quando entra a matadora “Judgment Day” e aqui posso dizer que foi o clímax do show, aqui o o momento sereno do show é arrebatado pelo peso e aqui destaco também o quanto Mats Levén elevou a níveis absurdos a sua voz com uma performance impecável tanto no quesito técnico e entrega de palco. O show vai encerrando com mais algumas canções clássicas e encerra com “Here I Go Again”.


Com um set list impecável e uma sequência coerente, Adrian Vandenberg e Mats Levén entregaram um show carregado de emoção e técnica transformando um simples domingo em um domingo inesquecível.




sexta-feira, 1 de novembro de 2024

THE OFFSPRING - SUPERCHARGED (2024)

 


THE OFFSPRING
SUPERCHARGED
Concord - Importado

Prestes a completar 40 anos de carreira, THE OFFSPRING chega ao seu 11º álbum de estúdio fazendo aquilo que sempre fez: um misto de punk, hardcore, pop, rock, ska, mantendo uma regularidade ao longo desse período que poucas bandas conseguem. Se o som do grupo não visa mudar o mundo (apesar de muitas letras versarem sobre temas sociais), garante ao apreciadores da música de qualidade excelentes momentos de diversão. E afinal, o Rock n' Roll surgiu pra quê mesmo? SUPERCHARGED traz o grupo em 10 faixas que variam de sons mais comerciais àqueles que possuem uma pegada mais visceral e voltada ao HC. Em poucos palavras, o bom e velho Offsping de sempre!

Dexter Holland (vocal e guitarra), Noodles (guitarra e backing vocal), Todd Morse (baixo e backing vocal) e Brandon Pertzborn (bateria) formam um dos quartetos mais legais de se ouvir dentro do cenário atual. Sem grandes inovações, mas sempre cheios de inspiração e energia, o grupo explora seus limites, abordando temos que, se sérios na maioria das vezes, ganham um ar de bom humor nas músicas da banda. Dexter e Noodles, integrantes mais antigos do grupo (Dexter está desde o início sendo que Noodles entrou pouco tempo depois, de forma que podemos considerar os dois como membros originais), sabem como conduzir a sonoridade do Offspring, o que fica nítido desde os primeiros acordes do trabalho. E temos uma homenagem ao Brasil, algo que torna o álbum um pouco mais especial do que de costume.

"Looking Out for #1" inicia de forma melódica, com toques que remetem aos trabalhos iniciais do grupo, trazendo pop, punk e HC inseridos de forma despojada, sem fazer nenhum esforço. Ótima faixa pra abertura, pois logo em seguida temos um dos destaques de SUPERCHARGED: "Light it Up", aquela faixa rápida e intensa que sempre se faz presente em todos os álbuns da banda, inclusive com aquele refrão que faz todo mundo cantar junto. Nada mais Offsping do que isso, não é mesmo? "The Fall Guy" com toda certeza seria parte constante de um Disk MTV, naquela época que a gente reclamava, mas era feliz e não sabia. Outro momento muito interessante é "Make it All Right", com seu inicio remetendo á "Pretty Fly (For a White Guy) (pela melodia e arranjo) é dona de um excelente refrão. Pop sem ser chata, a faixa tem um vídeo muito legal, como você pode conferir no final dessa resenha. "Ok, But This is the Last Time", também seria "Top Hits", com sua melodia e refrão marcantes. Esse é um dos pontos fortes na carreira da banda, pois é difícil alguém não lembrar de pelo menos um refrão composto pela dupla Dexter/Noodles.

A veia HC do grupo dá mostras em "Truth in Fiction", um petardo que incendeia a execução do álbum, ainda mais depois de uma faixa com um forte acento pop como a anterior. Mas o momento mais "diferente" do trabalho vem agora: "Come to Brazil", pesada, rápida e melódica, a faixa é uma homenagem aos fãs brasileiros que insistem quase que diariamente nas redes sociais da banda para que ela venha ao nosso país. Referências como caipirinha e nosso famoso "olê, olê, olê, olê" estão presentes. Ainda que não seja uma das melhores, chama a atenção (principalmente a nossa) por essas características. "Get Some", apesar da boa linha melódica, acaba destoando um pouco do restante, Enquanto "Hanging by a Thread", apresenta traços comerciais sem perder as características do quarteto.  O encerramento com "You Can't Get There Here" condensa todos os elementos que fazem do Offspring um dos ícones do estilo. Os vocais bem característicos de Dexter, as linhas melódicas de Noodles e a inserção de características do pop, do rock e do punk dosados de forma inteligente.

SUPERCHARGED não vai mudar o mundo. E nessa altura do campeonato, eu e você sabemos que isso não é necessário. O OFFSPRING tem essa dimensão e noção que sua música veio pra divertir. Se conscientizar, beleza. O importante é mostrar que com quase 40 anos, o grupo não virou um chato de galochas querendo impor suas opiniões goela abaixo como alguns "tiozões" do rock andam fazendo, principalmente aqui no Brasil. Se o Rock se tornar chato ele deixa de ser Rock. Que bom que  abanda sabe disso!

Sergiomar Menezes