DARK DIMENSIONS FEST
NERVOSA
TORTURE SQUAD
ELM STREET
ESKRÖTA
THROW ME TO THE WOLVES
THE DAMNNATION
TORTURE SQUAD
ELM STREET
ESKRÖTA
THROW ME TO THE WOLVES
THE DAMNNATION
CARIOCA CLUB
25/01/2025
SÃO PAULO/SP
25/01/2025
SÃO PAULO/SP
Texto: William Ribas
Fotos: André Simões (andresantos_mnp) e Metal Na Lata
Desde o primeiro dia do anúncio do Dark Dimensions Fest e seu line-up, eu soube que queria estar ali. Olhando para o cast, temos, no mínimo, três grandes expoentes da música pesada brasileira — e de gerações diferentes — o que só agregaria ainda mais ao público. O bônus ainda viria “da gringa”. Então, posso dizer que a minha primeira parcela do décimo terceiro salário foi muito bem aproveitada.
Foram dois meses de ansiedade. Por motivos pessoais, não pude assistir às apresentações do The Damnnation e do Throw Me to the Wolves, mas pessoas próximas me garantiram que fizeram excelentes shows e conseguiram agitar o público.
Cheguei ao Carioca Club menos de dez minutos antes da entrada da Eskröta no palco. Eu já havia assistido elas em 2019 e resenhado o disco “Cenas Brutais” em 2020, então tinha boas expectativas para a apresentação. É interessante ver como a maturidade e o tempo de estrada moldaram Yasmin Amaral (guitarra e voz), Tamy Leopoldo (baixo) e Jhon França (bateria). O trio é incendiário, inquieto, e a cada música instigava o público a “se movimentar”. Rodas e "wall of death" eram abertos a todo instante. Músicas como "Grita", "Cenas Tóxicas", "Mosh Feminista" e "Filha de Satanás" demonstraram a força da banda no underground, com um número considerável de pessoas vestindo suas camisetas.
Algumas cervejas, encontros e bate-papos sobre a cena e futebol foram a pauta do intervalo entre o fim da Eskröta e o começo da próxima atração. O Elm Street me conquistou com a música "The Darker Side of Blue", do álbum The Great Tribulation, de 2023. Mas, como dizem, treino é treino, jogo é jogo — então, eu não fazia ideia do que esperar dos australianos ao vivo. E que loucura! A qualidade do áudio me deu a sensação de estar ouvindo o CD em casa. O heavy/thrash da banda é cativante e extremamente técnico. Por muitos momentos, fiquei na dúvida: agito ou apenas fico hipnotizado pela execução impecável da linha instrumental?
A abertura com "A State of Fear", seguida pela dupla de respeito "Face of Reaper" e "Heart Racer", mostrou logo de cara que Ben Batres (vocais e guitarra), Aaron Adie (guitarra), Nick Ivkovic (baixo) e Tomislav Perkovic (bateria) não vieram a passeio — muito pelo contrário.
"Behind the Eyes of Evil" precedeu um dos momentos mais marcantes do festival. Todos nós que frequentamos shows já ouvimos inúmeras bandas fazendo cover de Iron Maiden — é quase uma regra no livro do heavy metal. Mas ouvir Running Free logo após a morte de Paul Di’Anno trouxe um sentimento a mais. A música foi cantada por todos, e de onde quer que esteja, Di’Anno nos ouviu.
O grand finale veio com as maravilhosas "Heavy Metal Power" e "Metal Is the Way". Os títulos já falam por si, né? Se a primeira impressão é a que fica, podem ter certeza: o Elm Street ganhou o público e já pode voltar para São Paulo.
Mais um intervalo? "One more beer"!
Algo bastante elogiável foi a rápida troca de bandas. Tudo bem organizado e ágil, sem deixar o clima esfriar. Seguindo um relógio britânico, o Torture Squad subiu ao palco exatamente na hora programada.
Promovendo o álbum “Devilish” (2023), Amílcar Christófaro (bateria), Castor (baixo), Mayara Puertas (vocal) e Rene Simionato (guitarra) entraram com os dois pés no peito dos fãs. "Hell Is Coming", "Flukeman" e "Buried Alive" foram recebidas com uma energia absurda. Essa formação já está junta há quase uma década, e Mayara possivelmente é a frontwoman mais carismática da cena. Tem o público na palma das mãos.
"Abduction Was the Case" foi dedicada a Cristiano Fusco, fundador da banda, que faleceu poucos dias antes do festival.
Nós do Rebel Rock desejamos muita força aos amigos e familiares de Cristiano.
O show seguiu com "Raise Your Horns", que, para mim, é a música mais emblemática dessa “nova” (já velha) formação. Eu a colocaria lado a lado com "Pandemonium", num empate técnico de qual usar para apresentar a banda a alguém. No palco, Amílcar, Castor e Rene eram a definição de energia. O trio é literalmente headbanger, agitando tanto quanto o público.
Um dos momentos mais esperados foi a participação de Leather Leone (ex-Chastain). "Warrior" é heavy metal em seu estado mais puro. Guitarra afiada, bateria pulsante e um refrão contagiante que fez estrago. Leone continua detonando, e sua voz mais rouca é um show à parte ao vivo. O Torture Squad ainda entregou "Pull the Trigger", "Horror and Torture" e "The Unholy Spell". E aí, meus amigos, esse que vos escreve foi pro mosh!
Apresentação absurda de um dos grandes pilares do death/thrash metal brasileiro.
Torture Never Stop!!!
Todos estávamos lá por uma banda.
A verdade é que todos estávamos lá para reverenciar a luta e as conquistas de Prika Amaral e o grande legado que a Nervosa vem construindo nos últimos 15 anos. O Carioca Club estava lotado, mostrando a força de uma banda que batalhou muito e conquistou seu espaço com álbuns como "Victim of Yourself" (2014), "Agony" (2016), "Downfall of Mankind" (2018), "Perpetual Chaos" (2021) e "Jailbreak" (2023).
Os gritos de "Nervosa! Nervosa!" ecoavam a cada pausa, a cada palavra de Prika, que anunciou que a noite estava sendo gravada. Então, era hora de festa! "Seed of Death" e "Behind the Wall" fizeram as honras, representando bem o trabalho mais recente. E eu só conseguia pensar: "Por que diabos ela já não cantava antes?"
O setlist teve 18 músicas, sendo sete do último álbum. O restante foi um verdadeiro revezamento entre os discos anteriores. Além de Prika, a banda conta com Helena Kotina (guitarra), Emmelie Herwergh (baixo, substituindo HelPyre) e Gabriela Abud (bateria). A sinergia com o público foi enorme, especialmente em músicas mais antigas como "Death", "Kill the Silence", "Masked Betrayer" e "Into Moshpit".
Alex Camargo, do Krisiun, dividiu os vocais com Prika em “Ungrateful”. É estranho ver ele sem seu baixo, fica aquela coisa de “faltando” algo, mas a performance foi extremamente sólida e brutal. Mais participações, Mayara Puertas e Yasmin Amaral voltaram ao palco para “Cultura do Estupro” e deram o momento mais “crossover”, junto com “Uranio em Nós”, onde Prika largou a guitarra e ficou apenas ao microfone.
Quando Fernanda Lira e Luana Dametto saíram da banda, o disco “Perpetual Chaos” veio pra mostrar que a força estava intacta, a faixa título esteve presente em São Paulo e ao vivo vira um dos grandes fazendo todos gritarem o refrão. Prika prometeu um setlist longo, mas, mesmo que os números mostrem isso, os minutos passaram num piscar de olhos deixando diversas músicas de fora, principalmente de “Downfall to Mankind”.
As meninas têm por obrigação voltar e fazer um setlist “No Repeat”, hein?
O repertório ainda teve “Kill or Die”, “Hostages”, “Wayfarer” ( um show vocal a parte de Prika), “Guided by Evil” e “Endless Ambition”. Tive a oportunidade de assistir a banda desde o lançamento do seu primeiro álbum, e, é gratificante ver como se firmaram de vez como um grande nome do underground mundial.
Uma noite de consolidação e uma amostra do passado, presente e futuro.
Obrigado a todas as bandas pelos shows incríveis e parabéns ao pessoal da Dark Dimensions pelo excelente trabalho e ao André Simões e Metal na Lata pelas fotos!
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