quarta-feira, 30 de julho de 2025

BRUCE DICKINSON - MORE BALLS DO PICASSO (2025)


 

BRUCE DICKINSON
MORE BALLS TO PICASSO
BMG - Importado

Mexer em material clássico é sempre um terreno espinhoso. Não é incomum os gênios da música revisitarem sua discografia e perceber que algo pode ser melhorado, remixado ou regravado, algo que vem se tornando muito frequente entre grandes nomes do Heavy Metal. Obviamente, os recursos tecnológicos que temos atualmente superam, e muito, o que se podia esperar de um grande trabalho lançado há 30, 40, 50 anos atrás.

A discografia solo da voz do Iron Maiden não chega a ser, digamos, muito extensa. São ao todo, sete trabalhos de estúdio e temos altos e baixos nesses álbuns. Trabalhos fenomenais como “Accident of Birth” (1997) e “The Chemical Wedding” (1998), sendo este o preferido deste redator; trabalhos bons/regulares como “Tattooed Millionaire” (1990) e “Tyranny of Souls” (2005) e os fraquinhos “Skunkworks” (1996) e “The Mandrake Project” (2024). E temos também, o clássico “Balls to Picasso” (1994), aqui revisitado e reimaginado pelo Metal God. Não, o trabalho não foi regravado, nada disso, apenas uma generosa remixagem que deixou o disco com uma roupagem mais moderna e muito, mas muito mais pesada. Tentaremos passar a você, caro leitor, uma leitura de quem realmente aprecia este fabuloso trabalho com pouquíssimas derrapadas. Vamos faixa a faixa:

Cyclops: as guitarras e baixo estão bem mais altos e poderosos. Impressionante como o baixo está grooveado! A faixa continua com aquele levada mais cadenciada, o que combinou e muito com as mudanças. Incontestavelmente, ficou melhor!

Hell No: a faixa menos “reimaginada” que temos aqui. As versões são praticamente idênticas, o que se nota é um cuidadoso processo de remixagem e remasterização. Na dúvida, ouça as duas versões.

Gods of War: Sempre tive ela como faixa favorita do disco, e felizmente, assim como a faixa anterior, não senti ou reconheci mudanças relevantes; o que saltou aos ouvidos foi o vocal de Bruce ainda mais alto, o que obviamente, deixa tudo ainda melhor. Afinal, é de Bruce Dickinson que estamos falando.

1000 Points of Light: a guitarra está bem mais alta. Com o perdão do trocadilho infame, ficou 1000 vezes melhor.

Laughing in the Hiding Bush: sempre achei que essa faixa era deveras superestimada. Mas aqui ela ficou tão poderosa que quase me arrisco a dizer, que ela é sim, a melhor do disco! Tudo aqui ficou encantador. Talvez a mais insana performance de Roy Z com um solo que receberia aplausos qualquer ser humano minimamente bom de ouvido. Soberba!

Change of Heart: acredito que essa seja a faixa que mais diferente de todas. Dá pra sentir aquele clima meio tribal com orquestra em cada batida e nota. Talvez um pouco demais, mas nem de longe, dá pra menosprezar ou dizer que não colou. Passa raspando, mas passa!

Shoot All the Clowns: trocou seis por meia dúzia! Sabe aquela sensação de que houve uma remasterizada caprichada e mais nada. Ela continua sendo a menos inspirada do disco, e isso não será mudado jamais.

Fire: essa sempre foi especial para este redator. Não sei explicar, mas ela me cativou desde a primeira vez que ouvi. O refrão ficou ainda mais poderoso, Roy Z foi incrivelmente original nas linhas de guitarra, deixando um pouco de lado seu perfil latino, e sendo mais melódico do que nunca. Uma das melhores, indiscutivelmente!

Sacred Cowboys: essa faixa é a “Bring Your Daughter... to the Slaughter” da carreira solo de Bruce. Primeiro, por ser a faixa 9, segundo por ter parte das letras faladas ao invés de cantadas. O que falta aqui é apenas o glamour da outra faixa. Tirando a clássica faixa que vem a seguir, é o melhor refrão do disco. Aqui o produtor deu enfeitada desnecessária pra florear aquilo que não precisava. Ficou bom, mas nada acrescenta, poderia ser melhor...

Tears of the Dragon: os primeiros segundos da faixa já irão causar calafrios, do tipo WTF...?!! Mas calma, não é nada de ruim, apenas diferente elevado a milésima potência. Arranjos orquestrais pode ser uma boa para quem gosta, e eu particularmente adoro mas desde que não queiram ser o centro das atenções, e infelizmente, é o que acontece aqui. Algo bem parecido com o que o Guns ‘N Roses fez com a icônica “November Rain”. Mas aqui o buraco é mais embaixo. Se a ideia de Bruce era causar impacto, a proposta foi executada e aprovada com méritos. Ficou melhor ou pior? Difícil dizer, mas eu ainda prefiro a original.

Gods of War (live in studio): é a cara de Bruce lançar faixas ao vivo em estúdio. Aqui, a voz está mais incrível do que nunca, podemos imaginar Bruce tocando ao vivo ela em um pub. Ficou bem diferente das versões anteriores, o que não chega a surpreender, já que aqui é ao vivo e sem firulas.

Shoot All the Clowns (live in studio): se a anterior foi bem diferentona, aqui o negócio ficou mais sério. Tudo soa como uma jam session, a música ficou bem mais longa e nos minutos Bruce disparou uns tradicionais “oooooooo” algo que sempre o acompanhou, em especial, a frente da Donzela de Ferro. Interessante e nada mais.

Que é um material indispensável para os fãs do Metal God, isso é inquestionável, porém “Balls to Picasso” não é o único trabalho que mereça essa versão mais elaborada. Quem sabe mais pra frente, o mestre nos brinde com mais trabalhos desse tipo. Os fãs iriam adorar!

Mauro Antunes




terça-feira, 29 de julho de 2025

REBEL ROCK RESEARCH - TESTAMENT

 


REBEL ROCK RESEARCH - TESTAMENT

Às vezes, tudo o que a gente precisa é de uma desculpa para revisitar alguma discografia — e o Testament, me deu a desculpa perfeita.
Agora, com a chegada da banda ao Brasil para cinco shows em agosto de 2025, bate aquela vontade de voltar no tempo e ouvir tudo — olhar a discografia completa com outros olhos? Mais atentos, talvez mais generosos. Ou mais exigentes, quem sabe.
Este texto não pretende ser um veredito. É só uma conversa entre fãs — um passeio por cada disco, do menos favorito ao mais emblemático, passando por fases em que o som mudou, a banda arriscou, e os fãs se dividiram. Mas mesmo nos momentos mais tortos, há ali faíscas de genialidade.
Então, antes de vê-los no palco, por que não mergulhar novamente nesses álbuns?

Embarque conosco nessa jornada de quase 40 anos.

Por William Ribas


13º - DEMONIC (1997)


Acredito que é quase unanimidade que “Demonic” seja o “estranho no ninho” na discografia do Testament. O mergulho profundo numa sonoridade mais death metal (nas linhas vocais, sejamos sinceros) acabou por fazer com que os fãs torcessem o nariz. Os vocais guturais de Chuck Billy e o instrumental com afinação mais baixa, assumindo uma atmosfera densa, não funcionam. Teria o grupo inventado o seu próprio “New Metal”? Exemplo: “The Burning Times”, uma faixa de 5 minutos que parece ser eterna graças a barulhinhos irritantes. “Jun-Jun”, em seus momentos rápidos, agrada, mas a banda não colabora, pisando no freio nos momentos em que deveria pisar fundo no acelerador. “John Doe” é estranha — um experimento que falha miseravelmente. A formação é reduzida, com Eric Peterson na guitarra, Gene Hoglan na bateria e Derrick Ramirez no baixo — nitidamente, todos estão perdidos. Faixas como “Demonic Refusal” e “Murky Waters” mostram brutalidade, mas o disco sofre com produção abafada e composições com quase zero inspiração. Um experimento que, embora corajoso, quase sempre está na prateleira apenas para manter a coleção completa.

A melhor coisa a se fazer é sempre pular para o álbum seguinte.


12º - LOW (1994)


Primeiro álbum sem o guitarrista Alex Skolnick, Low marca uma guinada para o groove e para elementos modernos dentro do Testament. Com James Murphy na guitarra solo e John Tempesta na bateria, o som se torna mais encorpado e denso. A faixa-título é um hino. O refrão simples e marcante — acertaram em cheio. “Legions (In Hiding)” e “Dog Faced Gods” flertam com o death metal — brutais. Mas, apesar da força, “Hail Mary”, “Trail of Tears” e “Ride” são pequenos fragmentos de momentos gloriosos. Em suma, Low é a tentativa de um novo rumo que fica à deriva. Experimentos e mais experimentos soltos, sem amarras e, muitas vezes, sem agressividade — “Shades of War”: barulho por barulho, infelizmente. Por sorte, a turnê do álbum deu origem a um dos melhores ao vivo (na minha opinião) já lançados — Live at the Fillmore.


11º - BROTHERHOOD OF THE SNAKE (2016)


Eu não acho “Brotherhood of the Snake” um álbum ruim. Infelizmente, ele é sucessor de um clássico e não manteve a sequência dos seus dois antecessores — muito pelo contrário. O grande problema é soar um pouco repetitivo demais. Chuck e Eric Peterson compuseram quase todo o material sozinhos, o que resultou em uma abordagem mais “fria” e reta, com pouca variação dentro do tracklist. Não me entenda mal: não queria uma volta do modelo “Low” e “Demonic”, mas, pelo time que gravou o álbum, a expectativa é sempre alta. Ouvindo o álbum neste momento, sinto falta de um pouco mais de senso melódico. Obviamente temos ótimos momentos. A faixa-título, “The Pale King” e “Stronghold” são uma trinca de respeito. Gene Hoglan entrega uma precisão gigantesca — “Centuries of Suffering” demonstra todo o poder e a genialidade da dupla Hoglan e Steve DiGiorgio. No final, “Brotherhood of the Snake” é aquele álbum que fica na prateleira intermediária.


10º - TITANS OF CREATION (2020)


Em “Titans of Creation”, Alex Skolnick e Peterson desfilam um entrosamento ímpar. O trabalho por completo é repleto de riffs perfeitos — um disco digno de thrash metal. É como se o Testament olhasse para seu início e falasse: “Vamos um pouco nessa direção!” A abertura com a maravilhosa “Children of the Next Level” e sua sequência, “WWIII”, já mostra que a missão era o caos. “Dream Deceiver” é mais “parada”, mas com um senso melódico nas linhas vocais que gosto bastante. Olhando para o tracklist, o álbum tem uma das melhores sequências de um trabalho dos norte-americanos. As cinco primeiras músicas te jogam para diversos horizontes: agressivo, pesado, denso, melódico e dinâmico. “City of Angels” carrega peso e calmaria na medida certa — Chuck mostra por que é o melhor (e meu favorito) vocalista da Bay Area. O grande “problema” fica pela ordem das músicas, fazendo com que o disco perca impacto. Uma sequência de faixas arrastadas — “Ishtar’s Gate” e “Symptoms” —, quando deveriam ter soltado os cachorros, tira o brilho inicial. Mas, por sorte, temos “The Healers”, “Code of Hammurabi” e “Curse of Osiris”. O que “Titans of Creation” faz é recolocar o Testament nos trilhos da genialidade novamente.


9º - THE FORMATION OF DAMNATION (2008)


Com o retorno de Alex Skolnick após 16 anos sem gravar algo inédito, e Chuck Billy vencendo o câncer, o Testament lança seu primeiro álbum com músicas novas em 9 anos — “The Formation of Damnation” é direto, pesado e técnico — um verdadeiro soco no estômago. A abertura épica com “For the Glory Of...” prepara o terreno para “More Than Meets the Eye”, que já mostra força. Riffs atrás de riffs, vocais furiosos e uma banda em plena forma. Eric Peterson e Skolnick estão afiados, equilibrando agressividade e melodia como poucos. A produção é impecável, com destaque para o baixo de Greg Christian e a bateria precisa e criativa de Paul Bostaph.

O álbum respira thrash metal e peso. A faixa-título, “The Persecuted Won’t Forget”, “Henchmen Ride”, “F.E.A.R.” e “Afterlife” mostram o melhor do Testament — brutalidade, técnica e refrões fortes. “The Evil Has Landed” e “Dangers of the Faithless” descem para momentos mais contidos, mas a energia nunca cai — é um respiro dentro de um tracklist cheio de brutalidade.

“The Formation of Damnation” se mostra coeso, agressivo, empolgante e, após 17 anos do seu lançamento, ainda soa maravilhosamente incrível.


8º - THE RITUAL (1992)


O álbum mais melódico e acessível do Testament. Parece que, de maneira consciente ou inconveniente, existia uma moda onde algumas bandas tentavam surfar na onda do Black Album, do Metallica. “The Ritual” é contido, deixando o peso de lado. Falta punch, mas sobra melodia e bom gosto. Alex Skolnick explora solos mais inspirados no hard rock e jazz. Inclusive, se existe um álbum do Testament que mostra a habilidade ímpar de Skolnick, “The Ritual” é o nome. O solo de “Let Go of My World” é de tirar o chapéu. Chuck Billy entrega vocais limpos e poderosos. “Electric Crown”, “So Many Lies” e a balada “Return to Serenity” são destaques que mostram a versatilidade do vocalista. A faixa-título é introspectiva, sombria e cheia de carga emocional — o épico até então da carreira da banda. Se as guitarras tivessem um pouco mais de peso e fossem presas aos riffs, “Deadline”, “As the Seasons Grey” e “Agony” certamente seriam as queridinhas do álbum. Na época, por ser mais cadenciado e melódico, o trabalho ganhou diversas críticas por parte dos fãs mais extremos. Agora, 33 anos depois, é uma joia perdida dentro da discografia do grupo, mostrando que, mesmo pegando carona na tendência da época, The Ritual é extremamente maduro e mostra que o Testament era mais do que thrash metal.


7º - FIRST STRIKE STILL DEADLY (2001)


“First Strike Still Deadly” é daqueles álbuns que coloco lado a lado com Let There Be Blood, do Exodus, e The Greater of Two Evils, do Anthrax. Trabalhos regravados que deram mais valor ao original — leia-se mais peso e agressividade. As músicas ganharam nova vida com produção moderna, timbres mais encorpados e uma execução de primeira. Chuck Billy entrega uma performance matadora, mesclando os gritos clássicos do thrash com seu gutural característico. Skolnick destrói nos solos, e Tempesta dá nova dimensão nas baquetas.

“Over the Wall”, “Disciples of the Watch”, “The Preacher”, “Burnt Offerings”... tudo aqui soa mais brutal, mais preciso. Os riffs de Eric Peterson estão NA CARA. Mesmo com pequenas alterações, o espírito das originais permanece intacto — só que turbinado. E o final? Zetro Souza em “Alone in the Dark” e “Reign of Terror” é um bônus nostálgico que funciona bem, ainda que... Chuck era e é o cara certo para o Testament.

A verdade é que este disco não tenta substituir os clássicos — ele os celebra com maturidade e técnica, sem nostalgia barata.


6º - SOULS OF BLACK (1990)


Após uma trinca matadora com “The Legacy”, “The New Order” e “Practice What You Preach”, o Testament retornou com Souls of Black — um capítulo intenso de transição, onde a banda pisa no freio da velocidade, mas pisa fundo no peso e no lado sombrio.

Logo após a breve introdução acústica “Beginning of the End”, somos lançados à pancada de “Face in the Sky”, mostrando que o grupo ainda sabia como esmagar crânios. A guitarra de Alex Skolnick está mais melódica, enquanto Eric Peterson mantém os riffs afiados como navalha. Chuck Billy, embora menos agressivo do que nos álbuns anteriores, apresenta uma performance sólida, com timbres que oscilam entre vocais limpos e rasgados. O baixo de Greg Christian ganha destaque, como na abertura da faixa-título. E sim, Louie Clemente não é um monstro da bateria, mas faz o que precisa com precisão e energia. Quando a banda se solta, como em “One Man’s Fate”, alcança o ápice: riffs brutais, linhas imprevisíveis e um clima quase apocalíptico.

Souls of Black é direto, mais curto, sem firulas. Mas ainda há espaço para momentos calmos, como “The Legacy”. Músicas como “Love to Hate”, “Malpractice” e “Seven Days of May” são bons exemplos da versatilidade rítmica e da pegada mais seca e ameaçadora do disco. No final, aqui temos atitude, riffs marcantes e energia genuína jorrando no tracklist.


5º - THE LEGACY (1987)


Todas as vezes que olho para a contracapa de “The Legacy”, me impressiona a quantidade que o primeiro álbum de estúdio do Testament produziu. O mais impressionante é que pelo menos mais da metade do disco é basicamente obrigatória no setlist de seus shows: “Over the Wall”, “The Haunting”, “Burnt Offerings”, “First Strike Is Deadly”, “Alone in the Dark” e “Apocalyptic City”. Falando em obra-prima, temos que adicionar à lista “Do or Die”. Mesmo que não tenha o modus operandi das citadas acima, ela se faz certeira, com um excelente refrão que funciona muito bem ao vivo.

“The Legacy” é curto, pouco menos de 40 minutos de duração, ou seja, não existe muito tempo para respirar. A dupla Alex Skolnick e Eric Peterson, mesmo ainda novatos, já chegou com os dois pés na porta — é cada riff nota 10 que me faz pensar que este álbum merece sempre desfilar ao lado de “Kill ’Em All”, “Bonded by Blood” e “Show No Mercy” como melhor estreia de uma banda de thrash metal na história.

“The Legacy” é amostra crua e gratuita de uma banda que ama o caos e adora ver o circo pegar fogo na pista desde os primórdios.


4º - PRACTICE WHAT YOU PREACH (1989)


“Practice What You Preach” foi o álbum que fez o Testament não só crescer musicalmente, mas também se destacar de vez entre os grandes nomes do estilo. É o trabalho que solidificou o nome do grupo, mostrando que podia ir além da brutalidade e do peso — um equilíbrio entre as fórmulas de “The Legacy” e “The New Order”.

O impacto da linha instrumental na faixa-título, cada instrumento ganhando espaço e explodindo antes de Chuck Billy virar o comandante — principalmente no refrão, chamando todos para gritar — é arrebatador. “Envy Life” tem um groove inesperado, quase dançante, mas sem perder o peso. “Sins of Omission” é outro momento grandioso. Seu lado sombrio, quase dramático, evolui para ataques vindos das guitarras de Skolnick e Peterson — uma avalanche rítmica cheia de mudanças de andamento que pode ser admirada por todos, graças ao belíssimo entrosamento entre os dois guitarristas, Greg Christian e Louie Clemente.“The Ballad” — o nome entrega o que vamos ouvir: intensa, melancólica e poderosa. Como de praxe na época, a calmaria antes da tempestade, mostrando o quanto o Testament sabia construir atmosferas diferentes sem soar forçado. Mais para o fim, “Nightmare (Coming Back to You)” surge cheia de tensão quase sufocante, com riffs sendo jogados na cara do ouvinte. Não sei para vocês, mas sempre que ouço essa música, me traz à lembrança o Anthrax — o jeito “despojado” do instrumental.

São 10 faixas, 46 minutos. Practice What You Preach é daqueles álbuns que não envelhecem. O som da banda evoluindo, “Confusion Fusion”, o final surpreendente — pelo menos pra mim (risos). Mostrando que, 36 anos depois, o resultado continua simplesmente inesquecível.


3º - DARK ROOTS OF EARTH (2012)


Que álbum, senhores e senhoras. 
Q-U-E  Á-L-B-U-M!!!
“Dark Roots of Earth” já podemos classificar como atemporal. Passada pouco mais de uma década, o álbum continua soando destruidor. “Rise Up” continua sendo uma das melhores aberturas de um trabalho de uma banda de thrash metal. Aliás, a faixa segue no setlist da banda.

O que falar da sequência “Native Blood”, faixa-título e “True American Hate”? Essa última, por sinal, vem com a grata missão de destroçar pescoços. “A Day in the Death” carrega consigo a bandeira do Testament do início dos anos 90 (leia-se Souls of Black e The Ritual) — pesada, mas trazendo consigo um ar acessível. “Cold Embrace” é bela: linhas acústicas, emotiva e transparecendo uma certa dor na voz de Chuck Billy.

O que falar da dupla Peterson e Skolnick? Existe algum álbum do Testament que esses dois tenham gravado que tenha falhado em alguma faixa? O timbre que Eric e Alex alcançaram neste disco é maravilhoso — a cada riff é como se levássemos um voleio na fuça. A cada solo despejado, é de tirar lágrimas — QUE DUPLA.

“Man Kills Mankind” é um thrash que encontra o modo sorrateiro dos anos 80, com linhas mais expansivas de The Formation of Damnation. Aliás, The Dark Roots of Earth é a evolução perfeita de seu antecessor. Exemplo? “Throne of Thorns”. Cheia de momentos quebrados, mas agressiva e brutal até o osso, com a cozinha Greg Christian e Gene Hoglan mostrando entrosamento ímpar.
O fechamento do disco vem de maneira apoteótica com “Last Stand for Independence”. “The Dark Roots of Earth” é perfeito do início ao fim — um dos grandes álbuns dos anos 2000.


2º - THE GATHERING (1999)


Dez anos após “Practice What You Preach”, o Testament voltava com um álbum que remetia ao passado glorioso de riffs, destruição e gritos ensandecidos — mas tudo isso só foi possível depois que a banda quase se dissolveu diante dos olhos de todos. A sequência de tropeços na segunda metade dos anos 90, marcada por mudanças de formação, direções confusas e um álbum como “Demonic”, deixava a sensação de que o fim era questão de tempo. Mas, por sorte, uma resposta veio — um ressurgimento! Um míssil, uma verdadeira catarse. “The Gathering” não apenas resgatou o espírito original do Testament, mas mostrou uma banda com sangue nos olhos, pronta para atropelar tudo e todos — e o mais incrível: com mais foco e direção do que nunca. Um trabalho impecável. A música de abertura, “D.N.R. (Do Not Resuscitate)”, já chega esmagando — um rolo compressor, um tanque de guerra. Em seguida, “Down for Life” traz um groove cavalar que remete ao Overkill, e se consolida como uma das músicas de metal mais destruidoras que já ouvi. “Sewn Shut Eyes”, direta, técnica e brutal. “Allegiance” — pesada e pulsante, quase um metal industrial. E um dos grandes destaques do disco, “Legions of the Dead” — riffs frenéticos, com uma pegada épica e incontrolável.

O fechamento é brilhante com a dupla insana: “Fall of Sipledome” (agressiva até o osso) e “Hammer of the Gods” (cadenciada, uma jam session, uma aula rítmica onde o instrumental fala por si próprio).
Este é um daqueles raros álbuns de heavy metal que não tem absolutamente nenhuma falha. O Testament forjou aqui a combinação perfeita entre peso e velocidade. Desde os vocais furiosos de Chuck Billy, passando pela dupla matadora de guitarras entre Eric Peterson e James Murphy, Steve DiGiorgio segurando as pontas no baixo com linhas cheias de groove, fazendo com que o instrumento tenha vida própria. E, claro, o monstruoso Dave Lombardo na bateria — que entrega uma das performances mais violentas e criativas de sua carreira.Tudo aqui transborda energia, precisão, brutalidade e alma.
Não estamos diante apenas de um dos melhores álbuns do Testament — honestamente, um dos grandes discos de metal da história.

Tem peso, tem técnica, tem personalidade, tem agressividade, tem coração e, principalmente...Foi com ele que o Testament deixou de ser apenas mais uma banda da cena da Bay Area e se transformou em uma entidade dentro da cena mundial.


1º - THE NEW ORDER (1988)


Um ano após lançar o magistral “The Legacy”, o Testament voltava à cena com outro álbum — e não era só uma continuação: “The New Order” não apenas solidificou a banda como uma potência da Bay Area, mas também entregava um dos trabalhos mais coesos, furiosos e melódicos do thrash metal mundial.Você pode estar escutando esse disco pela primeira ou pela milésima vez — não importa. “The New Order” arranca sua cabeça todas as vezes.

O tracklist soa como um best of... “Eerie Inhabitants”, “The New Order”, “Trial by Fire”, “Into the Pit”, “Disciples of the Watch”, “The Preacher”... cada faixa é um marco, um grito, um riff impiedoso. É quase desonesto o quanto esses caras acertaram.

Se o seu antecessor é o nascimento violento de uma promessa, “The New Order” é o momento em que essa promessa vira realidade. Não era apenas sorte. Os vocais de Chuck Billy, mais graves e controlados — mas a fúria ainda está ali, agora com mais peso e direção. O brilho técnico de Alex Skolnick sobe de nível neste disco. Os solos são não apenas virtuosos, mas carregados de feeling. A guitarra base de Eric Peterson traz a fundação perfeita para que a dupla brilhe como nunca.E sim, Greg Christian e Louie Clemente são gigantes aqui. Greg encontra espaço, especialmente em músicas como “Trial by Fire”.
A faixa-título tem aquele clima apocalíptico misturado à energia juvenil — e soa hoje tão poderosa quanto em 1988. “Into the Pit” é um convite direto ao mosh pit nos shows. “Disciples of the Watch” une força e melodia em equilíbrio sublime. “The Preacher”... ah, “The Preacher” — um hino! Até os momentos mais suaves têm impacto: “Hypnosis” é um respiro antes de mergulhar novamente na pancadaria — o encerramento com “Musical Death (A Dirge)” é seu jeito elegante de jorrar agressividade em nossos tímpanos.

“The New Order” não é apenas um álbum.
É um eterno convite:

“Join the insanity
Or die as you fall”




segunda-feira, 28 de julho de 2025

BLACK SABBATH - SABOTAGE 50 ANOS (1975/2025)

 


"Ah... O riff inicial de “Hole in the Sky” Quantas foram as vezes que escutei ele. Pra mim é um dos mais importantes e melhores já criados por Tony Iommi."

Por William Ribas


28 de julho — 50 anos de “Sabotage”

O Black Sabbath já havia feito o impossível. Entre 1970 e 1973, lançou cinco álbuns que não apenas definiram o heavy metal — eles criaram, expandiram e eternizaram o gênero. A fundação estava firmada: riffs colossais, letras sombrias, atmosferas carregadas e viscerais. Qualquer banda teria afundado sob o peso de uma herança dessas. Mas em vez de repetir fórmulas, o Sabbath seguiu em frente — e, em 1975, entregou mais um CLÁSSICO.

Um disco nascido no meio do caos. Enquanto enfrentavam batalhas judiciais, traições de empresários e a exaustão física e emocional da fama, os quatro músicos reagiram da única forma que sabiam: tocando com intensidade e com ainda mais alma. E é isso que faz Sabotage ser tão especial.

Hole in the Sky já deixa isso claro logo na abertura. É um riff seco, direto, rasgando tudo em volta como uma navalha. E quando a faixa termina abruptamente, sem cerimônia, surge“Don't Star (Too Late)” com sua passagem acústica e bela para logo explodir em “Symptom of the Universe”. Cheia de energia e um desespero ímpar de Ozzy Osbourne

É uma sequência absurda.

Riffs acelerados, pesados, palhetadas que soam como tiros. Tony Iommi, mais uma vez, mostra que não escreve apenas riffs — ele escreve capítulos da história da música pesada.

Ozzy canta com o coração na garganta. Sua voz em “Megalomania” começa sombria, quase resignada, até se transformar em um grito desesperado. Ele parece à beira do colapso — e justamente essa parte emocional que torna sua performance tão mágica. Você não ouve Ozzy cantando — você sente Ozzy implodindo.

Muita gente sempre “desprezou” a voz de Ozzy. Ah, Ozzy não é um bom cantor. Pois bem, ao longo dos anos e no evento Back to the Beginning vimos como todos os vocalistas sofrem para tentar chegar perto da performance de John Michael Osbourne.


“Am I Going Insane (Radio)” parece um pedido de socorro com melodia pop. Geezer Butler, como sempre, é o pensador da banda. Suas linhas de baixo sustentam tudo com peso e classe, mas é nas letras que ele entrega um lado cruel e brilhante da condição humana. Paranoia, loucura, ego, desilusão — cada palavra é carregada de angústia.

Mesmo nas faixas mais ousadas, como a sombria e grandiosa “Supertzar” ou em “Thrill of It All”, a essência do Sabbath está lá — intacta. A escuridão, o peso, o senso de identidade. E Bill Ward... Bill toca como se estivesse controlando um animal prestes a escapar da jaula. Suas viradas em “The Writ” e “Symptom of the Universe” não são apenas marcações — são parte importantes de como ele é um dos melhores bateristas que já passaram por este mundo. Ele conduz a banda com fúria e sensibilidade, como alguém que entende que o caos e o desespero também pode ser musical.

Cinquenta anos depois, esse álbum ainda soa maravilhosamente magistral . Pode não ter os mesmos troféus que os seus antecessores, mas talvez seja o disco mais humano do Black Sabbath. Cru, apaixonado, sem filtro. Um monumento feito com sangue, suor e alma. E, acima de tudo, um lembrete eterno: mesmo quando tudo está contra você, ainda dá pra fazer história.

E que HISTÓRIA.

Parabéns pelo seu meio século.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

ALICE COOPER - THE REVENGE OF ALICE COOPER (2025)

 


ALICE COOPER
THE REVENGE OF ALICE COOPER
earMusic - Internacional

Os “jovens há mais tempo”, “ Os vovôs garotos”, os “tios da Sukita’, costumam falar coisas do tipo: “na minha época que era bom, que tempo bom que não volta mais...”. Totalmente compreensível, mas tenho que, no caso deste lançamento que vou tentar detalhar o melhor possível nos parágrafos abaixo, discordar de tal clássica citação. Como diz uma música do nosso baluarte do Rock Nacional, o Made In Brasil: “Os Bons Tempos Voltaram!”

Aos que já acompanham meus textos aqui no Rebel Rock, já devem ter identificado que sou um Coopermaníaco. E sendo eu, esta criatura tendenciosa e sócio-atleta do time do Sr. Alice Cooper, tentarei não ser muito parcial, porém adianto que será impossível, tendo em mãos o pacote que se apresenta com o novíssimo “The Revenge Of Alice Cooper”.

E qual o maior motivo para a euforia e ansiedade para o lançamento deste novo álbum do Alice?Simples: Porque aqui está de volta o Alice Cooper original! A banda Alice Cooper Group! Alice Cooper, Michael Bruce (guitarras), Dennis Dunnaway (baixo), Neal Smith (bateria) e Glen Buxton (guitarrista, falecido em 1997 – sim, mas ele está aqui e logo explicarei).

“O álbum de retorno que o mundo mais temia!” diz uma frase nos marketings de lançamento de “The Revenge of...” Poderíamos acrescentar talvez, “que o mundo mais queria/precisava!”. Caso você esteve fora deste plano nos últimos sessenta anos, a banda Alice Cooper original foi uma das maiores, que mais venderam LPs, lotaram shows (inclusive a primeira grande banda a fazer uma tour no Brasil, em 1974) entre 1968/1974, e que foram os pais do chamado “Shock Rock” (desculpe Ney Matogrosso, não foi você não). Em 1974, Alice Cooper foi para uma carreira solo de enorme sucesso, que dura até hoje, e os demais tentaram projetos também, sem muito sucesso. A separação foi realmente amigável, apenas divergiram de ideias. Alice queria ainda mais teatro nos shows, enquanto o restante queria voltar ao Rock pesado básico.

Então, vamos adentrar no que realmente interessa, o que temos em “ The Revenge o Alice Cooper”? O Som clássico que esses cinco malucos geniais apresentaram ao universo lá no inicio dos anos 1970. Conduzidos pela batuta do genial produtor Bob Ezrin, que estava lá nos anos iniciais e também moldou o som do ACG, a produção é, como de praxe, impecável. A abertura é com a já conhecida “Black Mamba . Sinuosa, sinistra, e um clima que remete a clássica “Black Widow”, é uma grande abertura. Cheia de groove, temos nada mais, nada menos que Robby Krieger, guitarrista do The Doors fazendo uma participação mais que especial. A letra é tipicamente Alice, e como o título entrega, fala de uma espécie de animalzinho que é o preferido do senhor Cooper.

“Wild Ones” é a segunda, também divulgada como single, é maravilhosa, rápida e com excelente letra, é (eu acho) a minha preferida (por enquanto). “Up All Night” tem intro de batera, também com muito groove, e mostra o grande baterista que é Neal Smith... Um cara que deveria ser muito mais lembrado como monstro das baquetas que sempre foi. “Kill The Flies” poderia estar no álbum “Killer” (1971), rockeira e sinistra. “One Night Stands” é uma faixa guiada pelo baixo poderoso de Dennis Dunnaway, tem um clima meio “Desperado”, faixa também do já citado “Killer”. “Blood On The Sun” entrega a influência enorme que The Beatles teve sobre Alice Cooper e seus amigos.

No entusiasmo da reunião, não podemos esquecer que temos um quinto elemento, calçando os sapatos de Glenn Buxton: o guitarrista Gyasi Hues, de Nashville, e o cara é puro Glam Rock. Procure as imagens dele na internet e vão entender o que falo. Mas ele não é só imagem não. Seus solos são excelentes e totalmente encaixados na vibe do ACG. “Crap That Gets in the Way of Your Dreams” tem solos de Gyasi no início que comprovam o que falo. “Famous Face”, a faixa que todo o Hard Rocker deveria ouvir e se inspirar. “Money Screams” é quase uma homenagem ao clássico “Billion Dollar Babies”, o álbum e nos remete a “Ekected”, “No More Mr. Nice Guy” e a própria faixa título, inclusive com a citação “BIllion Dollar Babies” sendo feita, enquanto rola o “fade-out”. “What a Syd” e seu clima de trilha sonora de filmes do 007, por óbvio, nos relembram algumas faixas criadas no passado por Alice, como “The Man of Golden Gun”, que quase entrou no filme de mesmo nome, em 1974, e que faz parte do track list de “Muscle Of Love”, do mesmo ano, e que, até hoje, foi o último álbum do Alice Cooper Group.

“Intergalactic Vagabond Blues”, uma ode ao Rockabilly e o rock n roll dos anos 1950. “What Happened to You” é um dos maiores destaques do trabalho, Simplesmente pela presença do “fantasma” de Glenn Buxton. Partes de guitarra gravada por ele e nunca utilizadas fazem parte desta ótima faixa, que se torna clássica para os fãs, exatamente pela ilustre “presença” de Glenn. “It Ain´t Done Wrong” é o cover do álbum, faixa grava pelos Yardbyrds, e justifica-se no álbum como uma homenagem a uma outra banda que muito influenciou o ACG. “See You on The Other Side” tem o título auto explicativo, uma balada emocional, uma declaração de amizade eterna ao falecido amigo e parceiro, Glenn BUxton, e a certeza que todos se encontrarão e seguirão tocando rock n' roll “lá no outro lado”, seja ele qual lado for... Em uma semana que perdemos Ozzy Osbourne, realmente muito emotiva, acabou caindo algo aqui no meu olho...

Enfim, pode parecer exagero de fã, mas aqui temos o disco do ano! O Alice Cooper Group está de volta. Será que teremos tour ou shows? Tendo em vista avançada idade dos integrantes, todos entre 75 e 78 anos, não há uma certeza, exceto por Alice, que ainda segue em tour, em ótima forma mundo afora. Mas caso não ocorra, o trabalho de reunião está feito e ele é grandioso! Após 51 anos, os fãs mereciam, o Alice Cooper Group merecia, e o mundo merecia! Num mundo tão cheio de “não pode isso/é feio aquilo”, precisamos do Alice Cooper Group para dar um choque de realidade! E sim, Glenn Buxton também merecia!

Obrigado ALICE COOPER GROUP!

José Henrique Godoy




terça-feira, 22 de julho de 2025

Arena Galeria: Metal autoral em um dos lugares mais icônicos de São Paulo!



Revengin (Symphonic Heavy Metal), Motores Malditos (Stoner/Doom Metal) e Midgard (Epic Doom Metal) se apresentam num dos locais mais sagrados do Rock/Metal em São Paulo


No dia 08 de agosto, das 18h às 22h, a lendária cobertura da Galeria do Rock, no centro de São Paulo, será tomada por riffs pesados, atmosferas sombrias e muita atitude. Três potentes nomes do metal autoral brasileiro se reúnem no Arena Galeria para uma noite histórica — unindo tradição, renovação e peso no coração do underground paulistano.

Ingressos já disponíveis via Articket em ​https://articket.com.br/e/4320/arena-metal​

Essa não é apenas mais uma noite de shows — é um manifesto da música pesada nacional, com bandas que mantêm viva a chama do underground. Tudo isso em um dos lugares mais emblemáticos da cena rock/metal brasileira: a Galeria do Rock.

SERVIÇO: Arena Metal com Revengin, Motores Malditos e Midgard
Data: 8 de agosto (sexta-feira)
Local: Arena Galera (@arenagaleria)
Endereço: Av. São João, 439 – sala 608 – República, São Paulo – SP, 01035-000 (Galeria do Rock – 5º andar)
Horário: das 18h às 22h

Ingressos já disponíveis via Articket em ​https://articket.com.br/e/4320/arena-metal​

Assessorias de Imprensa:
JZ Press (@jzpressassessoria)
Som do Darma (@somdodarma)

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Stryper, Bride e Narnia anunciam turnê conjunta pelo Brasil em 2025

 


Bandas de metal melódico e cristão passarão pelas cidades de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro

Os fãs de metal cristão já podem comemorar: Stryper, Narnia e Bride farão uma turnê conjunta pelo Brasil em julho e agosto de 2025. A série de shows passará por cinco cidades, reunindo três grandes nomes do gênero, em uma experiência única para o público brasileiro.

A turnê começa no VIP Station, em São Paulo, no dia 27 de julho; no dia seguinte, a apresentação será no Tork n’ Roll, em Curitiba. A turnê tem sequência com uma apresentação no Teatro AMRIGS, em Porto Alegre, no dia 30 de julho. Em 1º de agosto, a apresentação será no palco do Mister Rock, em Belo Horizonte, e o encerramento da turnê acontece um dia depois, no Sacadura 154, no Rio de Janeiro.

O Stryper é um nome constante nos palcos brasileiros, e retorna com a turnê do 13º álbum de estúdio, When We Were Kings. O Bride, por sua vez, voltou a tocar ao vivo após quase duas décadas de hiato, e promete um repertório diferente da última passagem deles pelo Brasil, que rolou ano passado; eles estão para lançar o disco duplo Vipers and Shadows. Pela quarta vez no Brasil, o Narnia, que até tem um disco ao vivo gravado em nosso país, apresentará seus grandes clássicos e materiais mais recentes, como músicas do disco Ghost Town (2023).

A turnê pelo Brasil é uma realização En Hakkore Records, e os ingressos para todas as apresentações já estão disponíveis no site do Clube do Ingresso.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

KILLER BE KILLED - KILLER BE KILLED (2014/2025) - RELANÇAMENTO

 


KILLER BE KILLED
KILLER BE KILLED
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2014, o álbum homônimo do KILLER BE KILLED marcou a estreia devastadora do supergrupo  formado por músicos de peso: Max Cavalera, Greg Puciato (ex-The Dillinger Escape Plan), Troy Sanders (Mastodon) e Dave Elitch (ex-The Mars Volta). O projeto nasceu da ideia de fundir diferentes vertentes do metal moderno — do thrash e groove ao hardcore e prog metal — em uma sonoridade agressiva, versátil e absolutamente contemporânea. O resultado é um disco que transpira energia, ousadia e brutalidade sem perder a coesão artística. E mais uma vez, a parceria Shinigami Records e Nuclear Blast nos proporciona acesso à trabalhos excelentes como esse.

Max (guitarra e vocal), Troy (baixo e vocal) Greg (guitarra e vocal) e Dave (bateria) mostram a que vieram: vocais alternando entre o gutural raivoso de Max, o canto melódico e rasgado de Sanders e os gritos intensos de Puciato, tudo sobre uma base instrumental poderosa e bem trabalhada. Essa combinação vocal, longe de soar forçada, é a grande sacada do álbum, permitindo que cada faixa explore múltiplas atmosferas sem perder a identidade. A guitarra crua e pesada, aliada à bateria precisa de Elitch, sustenta a cozinha com um equilíbrio feroz entre agressividade e técnica apurada. A produção, assinada por Josh Wilbur (conhecido por trabalhos com Lamb of God e Gojira), garante uma sonoridade mais limpa, mas denso, onde cada camada instrumental tem espaço para brilhar sem comprometer o impacto sonoro.

A abertura com a poderosa “Wings of Feather and Wax” já deixa clara a potência e fúria do quarteto. Músicas como “Face Down” e “Snakes of Jehovah” trazem à tona o lado mais direto e violento do grupo, com riffs instigantes e vocais que remetem tanto ao hardcore quanto ao metal extremo. Já faixas como “Melting of My Marrow” e “Curb Crusher” apontam nuances mais atmosféricas e experimentais, herdadas das experiências progressivas de Mastodon e The Dillinger Escape Plan. A produção, assinada por Josh Wilbur (conhecido por trabalhos com Lamb of God e Gojira), garante uma sonoridade mais limpa, mas denso, onde cada camada instrumental tem espaço para brilhar sem comprometer o impacto sonoro.

KILLER BE KILLED é mais do que a união de grandes nomes do metal: é a prova de que colaborações criativas podem resultar em algo novo, relevante e potente. O álbum impressiona por sua diversidade e coesão, conseguindo ser brutal e acessível ao mesmo tempo, sem cair no marasmo. É um trabalho que deixa explícito o presente do metal mais moderno, mas também honra suas raízes, oferecendo uma audição intensa e memorável. Um verdadeiro manifesto de guerra sonora — onde a única opção é matar ou ser morto.

Sergiomar Menezes




GRAVE DIGGER - CLASH OF THE GODS (2012/2025) - RELANÇAMENTO

 


GRAVE DIGGER
CLASH OF THE GODS
Shinigami Records/Napalm Records - Nacional

E mais um álbum lançado em 2012 volta ao mercado. E trata-se de uma bela volta, afinal estamos falando de CLASH OF THE GODS, 16º álbum de estúdio do GRAVE DIGGER, um dos mais respeitados representantes do heavy metal tradicional europeu. Conhecida por suas incursões líricas na história, mitologia e guerras, a banda liderada por Chris Boltendahl encontrou neste trabalho uma rica fonte de inspiração: a mitologia grega. O álbum se destaca por sua linha temática, sua força épica e sua sonoridade fiel às raízes do heavy metal, com toques de power metal e atmosferas sombrias. Em parceria com a Napalm Records, a Shinigami Records proporciona aos fãs da banda e do Heavy metal num todo esse relançamento.

O já citado Boltendahl, junto aos seus parceiros Axel Ritt (guitarra), Jens Becker (baixo) e Stefan Arnold (bateria), sem esquecer do lendário e mítico HP Katzenburg (teclados), nos entregam 13 faixas (esse relançamento conta com duas faixas bônus). A produção, a cargo do próprio Grave Digger e Jörg Umbreit, é sólida e moderna, sem abandonar a essência crua e clássica do grupo, com destaque para o trabalho de guitarras de Axel Ritt, que equilibra peso, técnica e melodias épicas. 

Desde a introdução instrumental "Charon", já se nota a ambientação densa e misteriosa, transportando o ouvinte diretamente ao mundo dos deuses, monstros e heróis da Grécia Antiga. Faixas como “God of Terror”, “Death Angel & the Grave Digger” e a própria “Clash of the Gods” apresentam riffs pesados e refrãos marcantes, enquanto as letras narram confrontos entre divindades, o medo diante da morte e os feitos heróicos das grandes figuras mitológicas. A voz rouca e poderosa de Boltendahl encaixa perfeitamente nesse cenário sombrio e grandioso, dando vida aos mitos com dramatismo e autoridade.

Um dos destaques é a faixa “Call of the Sirens”, que traz elementos mais atmosféricos e melodias sedutoras, simbolizando o canto mortal das sereias. Já “Medusa” é pesada e direta, evocando a ameaça petrificante da criatura lendária com riffs cortantes e andamento cadenciado. Entre as faixas bônus, destaque para a versão em alemão para "Home at Last" que ficou mais "dura", por assim dizer. 

CLASH OF THE GODS representa um ponto alto da fase madura da banda, mostrando que mesmo após décadas de carreira, o GRAVE DIGGER ainda era capaz de entregar álbuns conceituais com potência e respeito às tradições do gênero. Não é apenas um tributo à mitologia grega, mas uma verdadeira epopéia musical que dialoga com a grandiosidade dos temas que aborda, provando que o heavy metal continua correndo na veia de seus integrantes. Assim como na dos deuses.

Sergiomar Menezes




DORO - RAISE YOUR FIST (2012/2025) - RELANÇAMENTO



 


DORO
RAISE YOUR FIST
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2012, RAISE YOUR FIST é mais do que apenas o décimo segundo álbum de estúdio da lendária cantora alemã Doro Pesch — é uma verdadeira declaração de amor ao Heavy Metal. Considerada a “Rainha do Metal”, DORO reafirma nesse trabalho sua força, paixão e fidelidade inabalável ao heavy metal tradicional, ao mesmo tempo em que presta homenagem a seus fãs e à nação metálica global da qual é símbolo há décadas. E agora a Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast, recoloca no mercado esse ótimo trabalho da nossa eterna Metal Queen!

Acompanhada por Bas Maas (guitarra), Luca Princiotta (guitarra e teclados), Nick Douglas (baixo) e Johnny Dee (bateria), Doro nos apresenta um de seus melhores álbuns. Produzido em parceria com nomes como Andreas Bruhn (ex-The Sisters of Mercy) e Jacob Hansen (Volbeat, Amaranthe), o álbum apresenta uma sonoridade vigorosa e limpa, equilibrando agressividade e emoção, elementos que sempre marcaram a carreira da vocalista desde os tempos do Warlock. 

A  "quase" faixa-título, “Raise Your Fist in the Air”, é um hino empolgante, feito sob medida para os shows e para unir vozes em punhos cerrados — uma exaltação da união e da resistência dentro da cena metal. Entre os destaques do disco estão “Revenge”, com seu riff cortante e energia explosiva, e “Rock Till Death”, um dueto poderoso com o nosso querido e saudoso Lemmy Kilmister (que falta esse cara faz), que adiciona ainda mais peso e carisma ao álbum. “It Still Hurts”, também com Lemmy, mostra o lado mais melódico e vulnerável de Doro, revelando uma artista capaz de transitar com naturalidade entre a fúria e a doçura. Já “Engel”, cantada em alemão, oferece um momento introspectivo e quase épico, reforçando suas raízes culturais sem abrir mão da universalidade de sua música.

RAISE YOUR FIST é um disco que carrega consigo não só a essência do heavy metal oitentista como também o espírito de superação, fidelidade e amor à música. Para DORO, o metal não é uma fase ou um estilo passageiro — é um modo de vida, uma missão. Com este álbum, ela prova mais uma vez por que é uma figura tão respeitada e querida dentro do gênero: autêntica, apaixonada e eternamente devotada à causa do metal.

Sergiomar Menezes