THE TROOPS OF DOOM
12/07/2025
SESC BELENZINHO
SÃO PAULO/SP
12/07/2025
SESC BELENZINHO
SÃO PAULO/SP
Texto/fotos/vídeos: William Ribas
É interessante como a poética frase “The Calm Before the Storm” muitas vezes é a mais pura verdade. Chegando ao Sesc Belenzinho pouco antes das 20h, era uma tranquilidade que os vizinhos e bares não imaginavam — o caos sonoro que estava prestes a acontecer na zona leste de São Paulo. Entrando na Comedoria do Sesc, pensei: “Vou na barraquinha do merch” — lotado. Ok, deixo pra depois.
Foi interessante ir observando o local enchendo aos poucos. Quanto mais perto do horário, mais o local ia tomando forma para uma noite inesquecível. Antes de falar sobre o show em si, acredito que vale um detalhe principal — o Troops of Doom, em seu primeiro momento, “é a banda de Jairo ‘Tormentor’ Guedz”, o guitarrista que gravou nos anos 80 Bestial Devastation e Morbid Visions, mas, lançamento após lançamento, show após show, a banda não precisa mais desse “slogan”. Esse pensamento deve ser triturado e esquecido.
O The Troops of Doom é o The Troops of Doom!
Banda que é completada por Alex Kaffer (baixo e vocal), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria) — um rolo compressor do death metal brasileiro. O público demonstrou que a passagem de Jairo pelo Sepultura é especial, mas a “nova jornada” é o principal motivo de todos estarmos lá.
Pouco após o horário marcado, “God of Thunder”, do Kiss, começa a tocar nos PAs — era o anúncio do pandemônio chegando. Alex Kaffer lembrou:
“Amanhã é o Dia Mundial do Rock, mas, hoje, será o dia do death/thrash metal old school.”
O show começa com os quatro músicos metendo os coturnos no peito de cada fã. Um início maravilhoso com “Act I - The Devil’s Tail”, que provocou as primeiras rodas. Aliás, as rodas foram do primeiro ao último minuto da apresentação, com Kaffer instigando a cada instante para que o público continuasse. Aliás, o baixista e vocalista é um completo frontman — o cara sabe como poucos hoje em dia agitar e provocar o público.
Com dois álbuns de estúdio e três EPs lançados, o que vimos foi basicamente um best of dos últimos quatro anos. “Far from Your God”, “The Rise of Heresy”, “Dethroned Messiah”, “Dawn of Manifesto” e as “sepulturas” — “Bestial Devastation” e “Morbid Visions” — mostraram como o grupo é extremamente afiado. Jairo Guedz é um verdadeiro riffmaker, e é impossível, em certos momentos, não fixar os olhos nas palhetadas e movimentos certeiros em sua guitarra.
O som cristalino e perfeito fazia com que a troca de energia entre banda e público fosse ímpar. Braços fazendo o sinal que Dio nos ensinou, agitação e circle pits entre as ordens que ninguém ousou abandonar. Em cima do palco, a dupla implacável Vasco e Guedz são dois “animais” — riffs e solos com inquietude, com ambos não parando de se movimentar e bater cabeça.
“The Confessional” é uma das minhas favoritas da banda, e ter ela destruindo o meu pescoço foi um prazer. Ao vivo, ela ganha mais poder: o riff, seu modo arrastado, hipnótico e brutal são incríveis, com destaque para as linhas de bateria de Alexandre. Inclusive, o que esse “ser” toca não é brincadeira — o cara é uma máquina. Viradas, blast beats, batidas intrínsecas e um modo de “bater sem dó” no kit que beiram ao surreal.
Falando em algo inacreditável, o que falar de “A Queda”? Originalmente, ela conta com a participação de João Gordo, do Ratos de Porão, nos vocais. Alex Kaffer deu um lindo recado aos homens de fé das igrejas. A música, que em estúdio já é agressiva, ao vivo ganhou requintes de crueldade, tamanha destruição que provocou em todos. O grito final — “A QUEDAAAAAAA” — de Alex fez o segurança arregalar os olhos com medo e pavor. Impagável!
Dizem que clássico é clássico, e vice-versa, correto?
O encerramento foi com a música que dá nome ao grupo. “Troops of Doom” se tornou uma música atemporal. Não importa quantas vezes você tenha escutado, seja quando foi lançada com Jairo e os irmãos Cavalera, seja agora na regravação, ela arrepia como se fosse a primeira vez — obviamente que o Sesc veio abaixo nesse momento.
Um final de show apoteótico. Uma noite inesquecível de caos, com um grupo que é old school, que honra o passado, mas vive o agora.
E esse agora é brutal.
Ah, tentei mais uma vez na saída passar no 'merch', mas... LOTADO.
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