segunda-feira, 28 de julho de 2025

BLACK SABBATH - SABOTAGE 50 ANOS (1975/2025)

 


"Ah... O riff inicial de “Hole in the Sky” Quantas foram as vezes que escutei ele. Pra mim é um dos mais importantes e melhores já criados por Tony Iommi."

Por William Ribas


28 de julho — 50 anos de “Sabotage”

O Black Sabbath já havia feito o impossível. Entre 1970 e 1973, lançou cinco álbuns que não apenas definiram o heavy metal — eles criaram, expandiram e eternizaram o gênero. A fundação estava firmada: riffs colossais, letras sombrias, atmosferas carregadas e viscerais. Qualquer banda teria afundado sob o peso de uma herança dessas. Mas em vez de repetir fórmulas, o Sabbath seguiu em frente — e, em 1975, entregou mais um CLÁSSICO.

Um disco nascido no meio do caos. Enquanto enfrentavam batalhas judiciais, traições de empresários e a exaustão física e emocional da fama, os quatro músicos reagiram da única forma que sabiam: tocando com intensidade e com ainda mais alma. E é isso que faz Sabotage ser tão especial.

Hole in the Sky já deixa isso claro logo na abertura. É um riff seco, direto, rasgando tudo em volta como uma navalha. E quando a faixa termina abruptamente, sem cerimônia, surge“Don't Star (Too Late)” com sua passagem acústica e bela para logo explodir em “Symptom of the Universe”. Cheia de energia e um desespero ímpar de Ozzy Osbourne

É uma sequência absurda.

Riffs acelerados, pesados, palhetadas que soam como tiros. Tony Iommi, mais uma vez, mostra que não escreve apenas riffs — ele escreve capítulos da história da música pesada.

Ozzy canta com o coração na garganta. Sua voz em “Megalomania” começa sombria, quase resignada, até se transformar em um grito desesperado. Ele parece à beira do colapso — e justamente essa parte emocional que torna sua performance tão mágica. Você não ouve Ozzy cantando — você sente Ozzy implodindo.

Muita gente sempre “desprezou” a voz de Ozzy. Ah, Ozzy não é um bom cantor. Pois bem, ao longo dos anos e no evento Back to the Beginning vimos como todos os vocalistas sofrem para tentar chegar perto da performance de John Michael Osbourne.


“Am I Going Insane (Radio)” parece um pedido de socorro com melodia pop. Geezer Butler, como sempre, é o pensador da banda. Suas linhas de baixo sustentam tudo com peso e classe, mas é nas letras que ele entrega um lado cruel e brilhante da condição humana. Paranoia, loucura, ego, desilusão — cada palavra é carregada de angústia.

Mesmo nas faixas mais ousadas, como a sombria e grandiosa “Supertzar” ou em “Thrill of It All”, a essência do Sabbath está lá — intacta. A escuridão, o peso, o senso de identidade. E Bill Ward... Bill toca como se estivesse controlando um animal prestes a escapar da jaula. Suas viradas em “The Writ” e “Symptom of the Universe” não são apenas marcações — são parte importantes de como ele é um dos melhores bateristas que já passaram por este mundo. Ele conduz a banda com fúria e sensibilidade, como alguém que entende que o caos e o desespero também pode ser musical.

Cinquenta anos depois, esse álbum ainda soa maravilhosamente magistral . Pode não ter os mesmos troféus que os seus antecessores, mas talvez seja o disco mais humano do Black Sabbath. Cru, apaixonado, sem filtro. Um monumento feito com sangue, suor e alma. E, acima de tudo, um lembrete eterno: mesmo quando tudo está contra você, ainda dá pra fazer história.

E que HISTÓRIA.

Parabéns pelo seu meio século.

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