quinta-feira, 17 de julho de 2025

DIAMOND HEAD - LIVE AND ELECTRIC (2025)


 

DIAMOND HEAD
LIVE AND ELECTRIC - UK TOUR 2022
Shinigami Records/Silver Lining Music - Nacional

Eu nunca imaginei que perder um show do Iron Maiden pudesse ser tão prazeroso quanto foi em 2022. No mesmo dia, separados por quilômetros de distância, São Paulo recebia dois gigantes da música pesada. Dois grupos ingleses que marcaram época. O Maiden é o gigante que todos conhecemos, arrastando multidões por onde passa. Mas naquele 4 de setembro de 2022, eu queria ver Brian Tatler e seu Diamond Head.

Escolhi assistir a um dos heróis dos meus heróis.

Escutando agora o novo lançamento do Diamond Head, é como reviver exatamente a emoção daquele dia. “Live and Electric” adota um formato que, pessoalmente, não me agrada muito. Álbuns ao vivo gravados em diferentes cidades — com cada faixa vinda de um show diferente — soando como pedaços costurados que, por vezes, perdem a magia. Às vezes, parecem quase um “monstro de retalhos” tentando soar coeso. Por sorte, a mixagem aqui soa surpreendentemente unificada. Se não fosse Rasmus Bom Andersen mencionando o nome das cidades entre uma música e outra, seria fácil acreditar que tudo foi registrado em uma única apresentação. Ponto para a banda — e também para o produtor Jay Shredder.

O tracklist beira a perfeição. E quando digo beira, é porque, infelizmente, “Sucking My Love” e “Lightning to the Nations” ficaram de fora (felizmente, ambas foram tocadas no show de São Paulo). Clássicos como “The Prince”, “It’s Electric”, “Helpless” e “Am I Evil?” estão presentes — e são, claro, os grandes destaques (e todos sabemos o porquê). No entanto, confesso: a graça do material está na gangorra entre “hits” e nas faixas menos conhecidas. Músicas como “The Messenger”, “In the Heat of the Night” e “Set My Soul on Fire” têm um peso sombrio, como se nascessem em algum beco onde o heavy metal cru encontra o despojamento do hard rock. São canções que evidenciam o talento de Tatler como guitarrista — um verdadeiro riffmaker.

Rasmus é puro carisma. Além de cantar muito, ele é “virado nos 220”, e constantemente instiga o público a participar. “Death by Design” mostra bem o tamanho do frontman que a banda tem. E na sequência, “Sweet and Innocent” — uma das melhores do catálogo da banda. Essa não foi “coverizada” pelo Metallica… mas deveria! Mesmo após mais de 40 anos, a música continua hipnotizante. QUE RIFF!

“Live and Electric” fecha com “Belly of the Beast” e a clássica das clássicas, “Am I Evil?”. Com pouco menos de 60 minutos de duração, é o tipo de álbum que você facilmente deixa no repeat. O som é cru, mas bem mixado, e transmite aquela sensação quase tátil de estar presente no show. Em um mundo moderno repleto de overdubs, correções e enfeites, esse álbum prova que o simples — quando bem feito — ainda funciona de maneira ímpar. Sem dúvida, um dos melhores discos ao vivo que escutei nos últimos anos.

Um disco obrigatório — Seja a compra, seja a audição.

Parabéns à Shinigami Records, que em parceria com a Silver Lining Music, trouxe esse lançamento para o Brasil. Um registro honesto, potente e feito por uma banda que continua relevante — mesmo depois de ter inspirado um gigante.

William Ribas




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