ALICE COOPER
THE REVENGE OF ALICE COOPER
earMusic - Internacional
THE REVENGE OF ALICE COOPER
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Os “jovens há mais tempo”, “ Os vovôs garotos”, os “tios da Sukita’, costumam falar coisas do tipo: “na minha época que era bom, que tempo bom que não volta mais...”. Totalmente compreensível, mas tenho que, no caso deste lançamento que vou tentar detalhar o melhor possível nos parágrafos abaixo, discordar de tal clássica citação. Como diz uma música do nosso baluarte do Rock Nacional, o Made In Brasil: “Os Bons Tempos Voltaram!”
Aos que já acompanham meus textos aqui no Rebel Rock, já devem ter identificado que sou um Coopermaníaco. E sendo eu, esta criatura tendenciosa e sócio-atleta do time do Sr. Alice Cooper, tentarei não ser muito parcial, porém adianto que será impossível, tendo em mãos o pacote que se apresenta com o novíssimo “The Revenge Of Alice Cooper”.
E qual o maior motivo para a euforia e ansiedade para o lançamento deste novo álbum do Alice?Simples: Porque aqui está de volta o Alice Cooper original! A banda Alice Cooper Group! Alice Cooper, Michael Bruce (guitarras), Dennis Dunnaway (baixo), Neal Smith (bateria) e Glen Buxton (guitarrista, falecido em 1997 – sim, mas ele está aqui e logo explicarei).
“O álbum de retorno que o mundo mais temia!” diz uma frase nos marketings de lançamento de “The Revenge of...” Poderíamos acrescentar talvez, “que o mundo mais queria/precisava!”. Caso você esteve fora deste plano nos últimos sessenta anos, a banda Alice Cooper original foi uma das maiores, que mais venderam LPs, lotaram shows (inclusive a primeira grande banda a fazer uma tour no Brasil, em 1974) entre 1968/1974, e que foram os pais do chamado “Shock Rock” (desculpe Ney Matogrosso, não foi você não). Em 1974, Alice Cooper foi para uma carreira solo de enorme sucesso, que dura até hoje, e os demais tentaram projetos também, sem muito sucesso. A separação foi realmente amigável, apenas divergiram de ideias. Alice queria ainda mais teatro nos shows, enquanto o restante queria voltar ao Rock pesado básico.
Então, vamos adentrar no que realmente interessa, o que temos em “ The Revenge o Alice Cooper”? O Som clássico que esses cinco malucos geniais apresentaram ao universo lá no inicio dos anos 1970. Conduzidos pela batuta do genial produtor Bob Ezrin, que estava lá nos anos iniciais e também moldou o som do ACG, a produção é, como de praxe, impecável. A abertura é com a já conhecida “Black Mamba . Sinuosa, sinistra, e um clima que remete a clássica “Black Widow”, é uma grande abertura. Cheia de groove, temos nada mais, nada menos que Robby Krieger, guitarrista do The Doors fazendo uma participação mais que especial. A letra é tipicamente Alice, e como o título entrega, fala de uma espécie de animalzinho que é o preferido do senhor Cooper.
“Wild Ones” é a segunda, também divulgada como single, é maravilhosa, rápida e com excelente letra, é (eu acho) a minha preferida (por enquanto). “Up All Night” tem intro de batera, também com muito groove, e mostra o grande baterista que é Neal Smith... Um cara que deveria ser muito mais lembrado como monstro das baquetas que sempre foi. “Kill The Flies” poderia estar no álbum “Killer” (1971), rockeira e sinistra. “One Night Stands” é uma faixa guiada pelo baixo poderoso de Dennis Dunnaway, tem um clima meio “Desperado”, faixa também do já citado “Killer”. “Blood On The Sun” entrega a influência enorme que The Beatles teve sobre Alice Cooper e seus amigos.
No entusiasmo da reunião, não podemos esquecer que temos um quinto elemento, calçando os sapatos de Glenn Buxton: o guitarrista Gyasi Hues, de Nashville, e o cara é puro Glam Rock. Procure as imagens dele na internet e vão entender o que falo. Mas ele não é só imagem não. Seus solos são excelentes e totalmente encaixados na vibe do ACG. “Crap That Gets in the Way of Your Dreams” tem solos de Gyasi no início que comprovam o que falo. “Famous Face”, a faixa que todo o Hard Rocker deveria ouvir e se inspirar. “Money Screams” é quase uma homenagem ao clássico “Billion Dollar Babies”, o álbum e nos remete a “Ekected”, “No More Mr. Nice Guy” e a própria faixa título, inclusive com a citação “BIllion Dollar Babies” sendo feita, enquanto rola o “fade-out”. “What a Syd” e seu clima de trilha sonora de filmes do 007, por óbvio, nos relembram algumas faixas criadas no passado por Alice, como “The Man of Golden Gun”, que quase entrou no filme de mesmo nome, em 1974, e que faz parte do track list de “Muscle Of Love”, do mesmo ano, e que, até hoje, foi o último álbum do Alice Cooper Group.
“Intergalactic Vagabond Blues”, uma ode ao Rockabilly e o rock n roll dos anos 1950. “What Happened to You” é um dos maiores destaques do trabalho, Simplesmente pela presença do “fantasma” de Glenn Buxton. Partes de guitarra gravada por ele e nunca utilizadas fazem parte desta ótima faixa, que se torna clássica para os fãs, exatamente pela ilustre “presença” de Glenn. “It Ain´t Done Wrong” é o cover do álbum, faixa grava pelos Yardbyrds, e justifica-se no álbum como uma homenagem a uma outra banda que muito influenciou o ACG. “See You on The Other Side” tem o título auto explicativo, uma balada emocional, uma declaração de amizade eterna ao falecido amigo e parceiro, Glenn BUxton, e a certeza que todos se encontrarão e seguirão tocando rock n' roll “lá no outro lado”, seja ele qual lado for... Em uma semana que perdemos Ozzy Osbourne, realmente muito emotiva, acabou caindo algo aqui no meu olho...
Enfim, pode parecer exagero de fã, mas aqui temos o disco do ano! O Alice Cooper Group está de volta. Será que teremos tour ou shows? Tendo em vista avançada idade dos integrantes, todos entre 75 e 78 anos, não há uma certeza, exceto por Alice, que ainda segue em tour, em ótima forma mundo afora. Mas caso não ocorra, o trabalho de reunião está feito e ele é grandioso! Após 51 anos, os fãs mereciam, o Alice Cooper Group merecia, e o mundo merecia! Num mundo tão cheio de “não pode isso/é feio aquilo”, precisamos do Alice Cooper Group para dar um choque de realidade! E sim, Glenn Buxton também merecia!
Obrigado ALICE COOPER GROUP!
José Henrique Godoy
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