terça-feira, 2 de dezembro de 2025

MICHALE GRAVES - 29/10/2025 - ESPAÇO MARIN - PORTO ALEGRE/RS

 


MICHALE GRAVES 
29/10/2025 
ESPAÇO MARIN 
PORTO ALEGRE/RS
Produção: Nevoeiro Produções

Texto e fotos: José Henrique Godoy

Uma das bandas mais populares do Punk Rock, sem dúvida é o Misfits. Uma prova disso, é que se você andar pelas ruas das grandes cidades mundo afora, você vai uma hora ou outra esbarrar em alguém trajando uma camiseta com a estampa do Crimson Ghost, o famoso caveirão do seriado dos anos quarenta que foi adotado como a símbolo dos Misfits.

A banda que foi formada em 1977 na cidade de Lodi, Nova Jérsei, teve duas “encarnações vitoriosas”, podemos dizer. A primeira e inicial com Glenn Danzig nos vocais, e a segunda, um retorno no meio dos anos noventa, com o novato e jovem Michale Graves assumindo os vocais, e ajudando a banda a atingir patamares ainda não alcançados, como por exemplo, vídeo clipes apresentados na MTV.

Então numa noite de quarta-feira de Primavera, eis que temos aqui em Porto Alegre a apresentação do rapaz supracitado: Michale Graves chegou para dissecar o seu trabalho com os Misfits, apresentando quase todas as faixas dos ótimos e clássicos “American Psycho” (1997) e “Famous Monsters” (1999) e também alguns clássicos da fase de Glenn Danzig e também de seus trabalhos solo.

O local escolhido foi o ótimo Espaço Marin. Inicialmente o show seria realizado no tradicional Gravador Pub, mas foi alterado para o Marin, pois a capacidade lá é maior, e os ingressos se esgotaram rapidamente, quando da abertura das vendas, e a produção se viu obrigada a alterar a apresentação para um espaço maior. Lembram quando falei sobre a popularidade do Misfits?

A banda de abertura foi a ótima e veterana Rotentix, de Porto Alegre. Com sua pegada punk rock bem na linha do seminal Ramones, a banda fez muito mais que um aquecimento, mas sim um puta show. Originalmente sendo um quarteto, a banda se apresentou como um trio, pois infelizmente o baixista Felipe Bittencourt teve o falecimento de um familiar e obviamente não teve como se apresentar. Então o vocalista Douglas Wyse tomou conta das quatro cordas, e segurou muito bem.

Como manda o script Punk Rock, o Rotentix tocou uma atrás da outra sem dar espaço pra galera já numerosa pegar fôlego. Uma parte bastante emocionante foi quando o guitarrista Thiago Kamming falou sobre o passamento do familiar do baixista Felipe, e comentou também que fazia pouco tempo que seu pai falecera, e que uma das últimas coisas que ele conversou com o pai, era que o Rotentix iria abrir para um vocalista do Misfits. Muito tocante o relato. Força para o Thiago e ao Felipe. Após um set de quarenta e cinco minutos, o Rotentix finaliza sua excelente apresentação, sob aplausos de um Espaço Marin já lotado.

Pela proximidade do Halloween, o Teatro estava todo decorado com a temática de horror, que combinava muito bem com a atração principal. Às 20h em ponto, Michale Graves adentra o palco, com sua tradicional máscara de caveira e inicia a festa Horror Punk com a “American Psycho” e daí para adiante foi só curtição. É sempre sensacional a experiência de ver o quanto um artista/banda está ”afim de jogo”. Desde quando subiu ao palco, era visível a satisfação e vontade de Michale e banda de estarem ali no palco tocando aquelas músicas. E o público respondeu a altura. “Speak Of The Devil”, “Walk Among Us” , “From Hell They Come”, todas incríveis. A banda formada pelos músicos paulistas Edu (guitarra), Will (baixo – um cover de Hannibal Lecter, com direito a máscara e tudo) e Edgar (bateria) executaram todas as músicas com exatidão e maestria.



“Dig Up Her Bones”, é cantada a plenos pulmões pelos presentes, a pedido de Graves, e nem seria necessário pedir. “Last Caress”, música da fase Danzig coverizada pelo Metallica, traz a fase inicial do Misfits. Michale conta que apesar de muitos pensarem o contrário, ele tem uma ótima relação com Glenn Danzig, e que não devíamos pensar diferente, pois apesar da fama e do aspecto “Do Mal” de Glenn, ele é um cara legal e toca ”Skulls” em sua homenagem. ”Forbidden Zone”, “Descending Angels”, “Horror Business”, “Don´t Open 'Till Doomsday”... que setlist maravilhoso!!!!


Num show de simpatia, Michale Graves autografava tudo que lhe era alcançado no palco, enquanto executava as músicas, inclusive o cd “Famous Monsters” deste redator aqui. O cara é realmente fantástico. Para fechamento, uma das preferidas dos fãs, “Helena” antecede o clássico do Black Sabbath, “War Pigs”, numa óbvia e justa homenagem ao saudoso Ozzy Osbourne. Que noite memorável e que showzaço. Que tenhamos mais Michale Graves nas suas próximas tours sulamericanas. Agradecimento especial a Nevoeiro Produtora e ao Staff do Espaço Marim.

BIOHAZARD - DIVIDED WE FALL (2025)

 


BIOHAZARD
DIVIDED WE FALL
Black II Black Records - Importado

Em um mundo de reuniões de bandas que muitas vezes soam como ecos cansados de glórias passadas, o Biohazard chuta a porta com a força de um motim no Brooklyn. Treze anos após seu último lançamento, a formação clássica e mais celebrada da banda está de volta, e eles não vieram para brincar. Divided We Fall, o décimo álbum de estúdio, é a prova viva de que certos tipos de raiva não têm data de validade. É um soco no nariz da nostalgia e um lembrete brutal de quem ajudou a escrever as regras do crossover entre metal, hardcore e hip-hop. 

Para quem chegou agora, o Biohazard não é apenas uma banda; é uma instituição de Nova York. Nascidos nas ruas duras do Brooklyn em 1987, eles foram pioneiros em uma fusão sonora que parecia perigosa e visceralmente real. Enquanto o thrash metal olhava para a fantasia e o hardcore para a política interna, o Biohazard narrava a realidade crua de seu ambiente: violência, guerras de gangues e a luta pela sobrevivência. Álbuns como o icônico Urban Discipline (1992) e o best-seller State of the World Address (1994) não eram apenas discos, eram manifestos sonoros que venderam milhões e definiram uma era. Após um período de álbuns irregulares e um hiato que viu o co-vocalista Evan Seinfeld brilhar como ator na série "Oz", a pergunta era se homens beirando os 60 anos poderiam recapturar a fúria juvenil. Divided We Fall responde com um sonoro "sim".

Este álbum não é uma reinvenção, mas uma reafirmação. É o disco que poderia e deveria ter sucedido a era de ouro da banda. A produção é crua, suja e poderosa, soando mais autenticamente hardcore do que qualquer coisa que eles fizeram em décadas. A dupla de vocais de Billy Graziadei e Evan Seinfeld está mais afiada e confrontacional do que nunca, trocando farpas como se o tempo não tivesse passado. A guitarra de Bobby Hambel, de volta ao rebanho, despeja riffs que são puro NYHC, um cruzamento perfeito entre a velocidade do punk e o peso do thrash, enquanto a bateria de Danny Schuler é a força motriz que empurra tudo para a beira do caos. O som é um retorno direto às raízes, mas sem parecer uma cópia preguiçosa. É a banda mais velha, mais sábia, mas que ainda carrega a mesma intensidade juvenil no coração de cada riff e em cada vocal de gangue. O álbum é uma coleção de hinos curtos e furiosos, a maioria na casa dos três minutos, projetados para máxima destruição em um show ao vivo. 

A abertura, "Fuck the System", é uma declaração de intenções, um ataque movido a groove que te transporta diretamente para um mosh pit de 1992. Em seguida, "Eyes on Six" se destaca como uma das faixas mais cativantes que a banda já escreveu, um hino de rua tão autêntico que, como disse um crítico, "fede a suor e cerveja barata". "War Inside Me" é outro ponto alto, mostrando a banda em seu estado mais brutal e intransigente, com um breakdown devastador feito para quebrar o assoalho de qualquer casa de shows. Mesmo faixas como "Tear Down The Walls" mostram a habilidade de criar refrões memoráveis sem sacrificar um pingo de peso. O único pequeno deslize talvez seja "S.I.T.F.O.A.", uma faixa mais centrada no rap que não atinge o mesmo nível de excelência do resto do material, soando um pouco datada.

Divided We Fall é um retorno triunfal e uma aula de como fazer um álbum de reunião da maneira certa. Não há concessões, não há tentativas de soar "moderno". É apenas o Biohazard sendo Biohazard: pesado, violento e desafiador. É um disco feito por uma banda que não tem mais nada a provar, mas que ainda luta como se tivesse tudo a perder. Para os fãs de longa data, este é o álbum que esperavam há décadas. Para quem nunca ouviu falar da banda, é a introdução perfeita à sua brutalidade autêntica. Em um cenário musical muitas vezes polido e seguro, Divided We Fall é o som perigoso e necessário das ruas. É ótimo tê-los de volta.

Jorge Krening






THE DAMNNATION - EYES OF DESPAIR (2025)

 


THE DAMNNATION
EYES OF DESPAIR
Shinigami Records - Nacional

Que o Brasil é um celeiro impressionante de grandes bandas da cena underground do Heavy Metal, quase todo mundo sabe! Poderia aqui citar, uma dezena, ou provavelmente, uma centena de bandas que merecem nosso respeito e atenção, e algumas delas, merecem que nos tornemos, realmente, fãs. Em um universo tão concorrido como esse, o The Damnnation conseguiu um fã aqui desde os tempos de seu primeiro trabalho completo em 2022, mas no início desse ano, no show que fizeram no Dark Dimensions Fest, em São Paulo/SP, elas subiram o nível e passaram a ser uma banda de muito respeito para este redator que vos escreve. O poderio destrutivo do trio demonstrado por Renata Petrelli (Vocal e guitarra), Fernanda Lessa (baixo) e Leonora Mölka (bateria) fez valer a pena cada segundo daquele show que foi só o primeiro do festival que veio a seguir.

Para a gravação de “Eyes of Despair”, a formação ainda contava com Aline Dutchi (baixo) e Janaina Melo (bateria). O tempo passou e a baterista Camila Almeida assumiu as baquetas para a gravação do próximo petardo que estava prestes a ver a luz do dia. Se em seus lançamentos anteriores, o EP “Parasite” (2020) e “Ways of Perdition” (2022), a banda parecia coesa e muito brutal, em “’Eyes of Despair” o sarrafo subiu bastante e podemos sim, considera-las como um dos nomes fortes da cena atual.

São 11 faixas distribuídas em pouco mais de 34 minutos do mais puro e maléfico Thrash/Death Metal. A evolução é simplesmente inacreditável e quase não dá para acreditar que se trata da mesma banda, obviamente, apenas Renata fez parte de ambos os line-ups.
A faixa de abertura “Burning Rain” me lembrou um pouco a Nervosa nos tempos da clássica “Masked Betrayer”, porém muito mais rápida e brutal. Um cartão de visitas e tanto, e desde cara percebi o porquê do álbum ser curto: velocidade, adrenalina e muita fúria!

“Hatred Genocide” começa com um riff tão legal, que me fez pensar que nenhuma das faixas seguintes poderia ser tão boa quanto ela. Além da incrível pegada da guitarra, a levada de bateria é realmente marcante. “Matter of Time” segue uma linha mais melódica que remete a bandas como Arch Enemy por exemplo. “Battlefield” traz a participação da vocalista Opus Mortis (ex Paradise In Flames) com doses generosas de passagens mais melódicas, incrível como essa se tornou uma marca registrada do trio. Dá pra perceber que Renata e cia. beberam muito das fontes do Melodic Death Metal, e aqui, em especial.
“Stoned” é pura pancadaria, puro Death Metal, sendo um destaque absoluto para este redator. Outra que me lembra a Nervosa das antigas, é “Solitude”, repleta de Groove e um andamento marcante da bateria. Em “Evilness” com a brutal participação especial de Daniela Serafim (Invisible Control, The Renegades Of Poisonville, MonsterSide), a banda investiu em um dueto que fará qualquer headbanger que se preze imitar os desesperados urros da dupla.

Por falar em urros desesperadores, Mayara Puertas (Torture Squad) faz participação especial em duas faixas: “Another Dimensions” que traz como conhecemos bem, como um furacão que não deixa pedra sobre pedra no caminho e a surpreendente faixa de encerramento, “Already Dead Inside” onde Renata e Mayara apostam em vocais limpos, quase um dueto Andi Deris/Michael Kiske, obviamente, guardadas as devidas proporções. Balanço final do dueto: sonzeira sim! E muita!!

Ainda tem a faixa “Tempus Fugit” composta pela ex-baixista Aline Dutchi. O mais legal dela que ela tem uma veia meio punk, outra faixa diferente do trabalho, que foge do Death/Thrash que é a marca do The Damnnation. Para os fãs mais ferverosos, a banda disponibilizou em suas mídias digitais, um cover do Metallica, a clássica “For Whom the Bell Tolls”. O resultado: mais uma faixa em que a banda procurou inovar e inseriu várias passagens sinfônicas na faixa, o que poderá fazer com que os fãs mais fervorosos da banda original, torçam o nariz. Eu, particularmente, preferia que a banda procurasse se manter mais fiel ao original, mas dizer que o cover ficou ruim, é um tremendo exagero.

A capa também merece destaque, daquelas que se você for a uma loja física e vê-la exposta na prateleira, você, inevitavelmente, irá querer admirar e sua curiosidade sobre o conteúdo aumentará exponencialmente.

Que o The Damnnation já é uma realidade na cena Metal, isso nós já sabemos. O que espero é que as meninas consigam de verdade, alcançar vôos maiores e turnês ao redor do mundo, já que talento e boa música, elas têm de sobra. Que o sucessor de “Eyes of Despair” não demore muito, por favor...

Mauro Antunes




ELECTRIC BOYS - SHADY SIDE OF TOWN (EP) (2025)

 


ELECTRIC BOYS
SHADY SIDE OF TOWN 
Mighty Music/Target Group - Importado

O Eletric Boys é uma das melhores e mais conhecidas bandas da cena sueca do Hard Rock. Formada em 1987, teve um sucesso relativo ao final dos anos 80 e inicio dos anos 90, principalmente com seu álbum de estreia, o aclamado e excelente “Funk-O-Metal Carped Ride” (1989) tendo as músicas como “Psychedelic Eyes” e “All Lips N`Hips” sendo bastante veiculadas na saudosa MTV.

O lance do Eletric Boys sempre foi uma fusão do Hard Rock setentista à melhor maneira do Aerosmith e Led Zeppelin, porém mesclando influências do Funk, Black Music e o pop Psicodélico dos anos 1960. E neste novo trabalho, um EP de quatro músicas, a banda não foge a sua fórmula consagrada e acerta em cheio!

A abertura com “Head Honcho”, uma tradicional faixa Hard Rock com riff pegajoso e a voz característica do líder Coony Bloom despejam dos auto falantes uma faixa realmente pulsante e forte. Em seguida, vem a melhor faixa na minha opinião e com um título interessante: “Grand Explosivos”. Riff inicial, um Hard Rock empolgante, e para em seguida entrar um clima “western/latino/s” que poderia fazer parte da trilha sonora de um filme do Tarantino. Ótima faixa!

“Looking For Vajayay” apresenta o seu ritmo mais funkeado, numa linha meio Lenny Kravitz, com ótimo refrão e aquele clima de deixar rolar no som do carro e ir curtir a noite. “Keep It Dark” e sua aura setentista lembrando algo do Free fecha o álbum em alto estilo. Sabe qual é o grande problema deste novo trabalho do Eletric Boys? É que após quatro faixas ele termina. Mas sem problemas, coloque pra rodar de novo! Creio que este trabalho não será lançado no Brasil, mas vale a pena ir atrás!

José Henrique Godoy




segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

GLENN HUGHES - THE CHOSEN YEARS - 18/11/2025 - TORK N' ROLL - CURITIBA/PR


GLENN HUGHES - THE CHOSEN YEARS
Abertura: MARENNA
18/11/2025
TORK N' ROLL
CURITIBA/PR
Produção: ABSTRATTI PRODUTORA

Texto: Jay Frost
Fotos: Simone Mueler

A noite de 18 de novembro, marcou a despedida de uma verdadeira lenda do rock dos palcos curitibanos. Glenn Hughes, a eterna "Voz do Rock", trouxe sua turnê de despedida, "The Chosen Years", para uma apresentação inesquecível no Tork n' Roll. A casa, repleta de fãs de todas as idades, testemunhou uma performance carregada de energia, nostalgia e, acima de tudo, muito rock and roll.

Aquecimento com Talento Nacional
A noite começou com a banda gaúcha Marenna, que teve a responsabilidade de aquecer o público para a atração principal. E eles não decepcionaram. Com um som que mescla o hard rock e o AOR, o grupo liderado pelo vocalista Rod Marenna apresentou um set coeso e cheio de energia, focado em seu mais recente álbum, "Voyager" (2022). A banda demonstrou profissionalismo e carisma, provando ser uma excelente escolha para abrir a noite e deixando o público no clima perfeito para o que viria a seguir.

Uma Aula de História do Rock
Pontualmente às 21h, as luzes se apagaram e a introdução anunciava a entrada de Glenn Hughes e sua banda. Acompanhado por Soren Andersen (guitarra) e Ash Sheehan (bateria), Hughes subiu ao palco com a vitalidade de um garoto, apesar de seus mais de 70 anos. O show foi uma verdadeira viagem pela rica e diversa carreira do músico, abrangendo seus trabalhos com o Trapeze, Deep Purple, Black Country Communion e sua carreira solo.

O setlist foi um presente para os fãs, mesclando clássicos absolutos com algumas surpresas. A abertura com "Soul Mover" já deu o tom da noite, seguida por "Muscle and Blood", da parceria com Pat Thrall. O público cantou junto com hinos do Deep Purple como "Mistreated" e o encerramento apoteótico com "Burn". Momentos de destaque também incluíram as canções do Trapeze, "Way Back to the Bone" e "Medusa", que mostraram a versatilidade de Hughes como baixista e vocalista. Entre uma música e outra, Hughes fez questão de compartilhar detalhes do seu tempo de criança e adolescência, e como a música o influenciou em todos as fases da sua vida.


Uma curiosidade da noite foi a ausência de diversos outros mega clássicos do Deep Purple. No entanto, a entrega e a paixão de Hughes no palco compensaram qualquer mudança no repertório. Sua voz, potente e cheia de alma, continua impecável, emocionando e arrepiando a todos os presentes.

O Legado da "Voz do Rock"
Ao final da apresentação, a sensação era unânime: a de ter presenciado um momento histórico. Glenn Hughes se despediu de Curitiba em grande estilo, reafirmando seu lugar no panteão dos grandes nomes do rock. Mais do que um show, foi uma celebração da música e da carreira de um artista que se entregou por completo à sua arte. Uma noite para ficar na memória de todos que estiveram no Tork n' Roll.

Observação: Três músicas que estavam no setlist impresso não foram tocadas: "Stay Free" (Black Country Communion), "Coast to Coast" (Trapeze) e "Black Country" (Black Country Communion). O show começou às 21h e teve duração aproximada de 1h30min. Foi uma apresentação mais enxuta em comparação com outros shows da turnê.



GLENN HUGHES - THE CHOSEN YEARS - 11/11/2025 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 


GLENN HUGHES - THE CHOSEN YEARS
Abertura: MARENNA
11/11/2025
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE/RS
Produção: ABSTRATTI PRODUTORA

Texto e fotos: Sergiomar Menezes (Marenna)
                        José Henrique Godoy (Glenn Hughes)

Glenn Hughes, The Voice Of Rock... Esta alcunha o senhor Hughes já carrega a décadas. Porém na noite do dia 11 de novembro, tivemos mais uma vez mais um testemunho coletivo de que o senhor Hughes está melhor do que nunca.  Esta é a quinta passagem dele pela capital gaúcha, e eu estive presente em todas as anteriores, e posso garantir que o que presenciei hoje no palco do Bar Opinião beirou a perfeição.

Para a abertura, a escolha não poderia ter sido melhor: Marenna. Uma das bandas mais legais pra assistir ao vivo e que vem numa crescente em sua carreira, tendo excursionado pela Europa recentemente, comemorando seus 10 anos de carreira e que ano que vem, se apresentará no Bangers Open Air.

Pontualmente às 19h40, como agendado, o quinteto gaúcho formado por Rod Marenna (vocal), Edu Lersch (guitarra) Bife (baixo), Luks Diesel (teclados) e Arthur Schavinski (bateria) adentram o palco mostrando desenvoltura, entrosamento e coesão que só a experiência e a estrada entregam a uma banda. Desdea intro, passando pelas ótimas "Voyager", "Never Surrender", a "aquela que deu inicio a tudo isso, onde tudo começou" (palavras do próprio Rod), "You Need to Believe", com uma melodia que nos remete aos saudosos anos 80, o grupo mostra uma dinâmica bem trabalhada no palco, com destaque para o guitarrista Edu Lersch, com seu jeitão "guitar hero", circulando com facilidade por todo o palco. A cozinha composta por Bife e Arthur é uma das melhores do país, pois sabem como poucos dosar peso, técnica e melodia sem soar repetivivos. Luks e suas linhas de teclado reforçam a clássico do músico que também é um excelente compositor. Já Rod Marenna, apenas confirma aquilo que todos já sabem: além de ser o melhor vocalista do estilo em atividade no país, se mostrou bastante emocionado ao dividir o palco com o mestre Glenn Hughes.

Ainda tivemos mais algumas faixas que culminaram com o grande final que veio com "Had Enough", uma música que já se tornou clássica para os fãs. Uma banda que finalmente está recebendo o reconhecimento merecido. E, acredito, está apenas começando...


Um rápido intervalo para ajustes no palco e em seguida, o mestre Glenn Hughes surge no palco. O nome da tour é “ The Chosen Years”, e como o nome sugere, abrange toda a carreira de quase seis décadas de Glenn. Junto a ele estão os parceiros de tour Soren Andersen (guitarra) e Ash Sheeham (bateria). E as 21h em ponto, iniciam o show com a poderosa faixa “Soul Mover”, faixa título do álbum de 2005. Na sequência vem “Muscle and Blood” do álbum de 1982, do projeto Hughes And Thrall. O som estava perfeitamente  equalizado, o peso e o groove do baixo de Gleen, eram um soco no peito. Sua voz incrível, poderosa e funkeada deixa tudo sempre cada vez melhor.

“Voices in My Head” vem a seguir, uma ótima faixa do recém lançado “Chosen”. Mas é com a próxima que o público delira: “One Last Soul”, uma das melhores faixas do Black Country Communion. Antes dela, Glenn conversa com o público e revela que os equipamentos da banda, guitarras, baixos e tudo mais tiveram problema no translado dos  Estados Unidos para o Brasil, e não chegaram a tempo!! Sendo assim, a solução foi a produção buscar junto à músicos amigos de Porto Alegre, instrumentos das marcas e modelos utilizados por Glenn e banda. Felizmente tudo correu bem, e Glenn aproveita para fazer uma agradecimento cheio de emoção para, como ele disse: “Meus amigos músicos de Porto Alegre”.



“Cant Stop The Flood” e “First Step Of Love” (outra faixo do Hughes & Thrall) dão sequência ao espetáculo, e a seguir vem um dos pontos altos do show: Glenn conta que  a sua primeira banda, o Trapeze, foi seu primeiro amor e foi formado com seus amigos Mel Galey (guitarra) e Dave Holland (bateria) (que mais tarde ficariam famosos no Whitesnake e Judas Priest respectivamente).  Sempre sorridente , Hughes conta que a próxima faixa é uma faixa do Trapeze e que ele a escreveu por sugestão da sua avó, pois uma noite ele chegou em casa e contou a ela que tinha encontrado a mulher mais linda que já havia visto. E ele diz que a avó dele disse: “Porque você não faz uma música pra ela?" Glenn imita uma voz de senhorinha... Então é executada a poderosa e funkeada “Way Back To The Bone”. Esta contou com um show a parte do baterista Ash Sheeham. O cara é um lenhador, bate muito forte e com muita técnica.

A faixa seguinte é outro clássico do Trapeze, “Medusa”, e Glenn nos fala que escreveu na cozinha da avó. Agradece e diz amar a vó, e assim como diz amar também Porto Alegre. Antes de apresentar a faixa seguinte, Glenn diz não ter irmãos de sangue, porém muitos irmãos que a vida lhe deu, e um deles foi o mestre supremo Tony Iommi. “Grace/Dopamine” é a faixa escolhida composta pelos dois, do álbum “Fused” (2006), e como não poderia deixar de ser, tem aquela atmosfera Sabbathica.

A ótima faixa título de  “Chosen”, é a próxima, e ao vivo fica tão boa como em estúdio.  Então, vem o momento em que Hughes anuncia que a próxima música foi recolocada no seu setlist especialmente para a tour no Brasil: a super clássica “Mistreated” do Deep Purple  é executada, com o público presente cantando a plenos pulmões, surpreendendo o próprio Hughes, que era só sorrisos. “Stay Free” finaliza o show antes do bis.



E que Encore foi essa..?! Glenn retorna ao palco com um violão, nos conta sobre a próxima faixa, que também foi escrita na época do Trapeze novamente na cozinha da avó dele. Fiquei pensando realmente o que teria na cozinha da vovó Hughes, para tanta inspiração... A belíssima “Coast to Coast” nos é oferecida de forma acústica, para nos deixar em êxtase.  A paulada “Black Country” do primeiro álbum do Black Country Communion segue o desfile de clássicos com mais um show de vocalização de Hughes. Lembrando que ele já está com 74 anos, e os agudos são atingidos com perfeição. Como não poderia deixar de ser, “Burn” do clássico álbum de mesmo nome do Deep Purple fecha a noitada, com o Bar Opinião com quase sua capacidade tomada cantando como se não houvesse amanhã.

Ao final desta, Gleen Hughes apresenta a banda, os músicos se retiram ficando apenas Gleen no palco. Uma vez mais ele agradece ao público presente e relembra e agradece mais uma vez a generosidade dos músicos portoalegrenses por suprirem a banda com instrumentos para que o show corresse dentro dos conformes. A resposta foi com o público gritando o nome de Glenn. Visivelmente emocionado, ele diz que nunca irá esquecer esta noite em Porto Alegre e se retira do palco, sob gritos e aplausos. E nós nunca iremos esquecer você, Glenn. Que tenhamos mais algumas visitas suas. Agradecemos pelo credenciamento à Abstratti Produtora e ao staff do Opinião, pela gentileza de sempre!