terça-feira, 2 de dezembro de 2025

BIOHAZARD - DIVIDED WE FALL (2025)

 


BIOHAZARD
DIVIDED WE FALL
Black II Black Records - Importado

Em um mundo de reuniões de bandas que muitas vezes soam como ecos cansados de glórias passadas, o Biohazard chuta a porta com a força de um motim no Brooklyn. Treze anos após seu último lançamento, a formação clássica e mais celebrada da banda está de volta, e eles não vieram para brincar. Divided We Fall, o décimo álbum de estúdio, é a prova viva de que certos tipos de raiva não têm data de validade. É um soco no nariz da nostalgia e um lembrete brutal de quem ajudou a escrever as regras do crossover entre metal, hardcore e hip-hop. 

Para quem chegou agora, o Biohazard não é apenas uma banda; é uma instituição de Nova York. Nascidos nas ruas duras do Brooklyn em 1987, eles foram pioneiros em uma fusão sonora que parecia perigosa e visceralmente real. Enquanto o thrash metal olhava para a fantasia e o hardcore para a política interna, o Biohazard narrava a realidade crua de seu ambiente: violência, guerras de gangues e a luta pela sobrevivência. Álbuns como o icônico Urban Discipline (1992) e o best-seller State of the World Address (1994) não eram apenas discos, eram manifestos sonoros que venderam milhões e definiram uma era. Após um período de álbuns irregulares e um hiato que viu o co-vocalista Evan Seinfeld brilhar como ator na série "Oz", a pergunta era se homens beirando os 60 anos poderiam recapturar a fúria juvenil. Divided We Fall responde com um sonoro "sim".

Este álbum não é uma reinvenção, mas uma reafirmação. É o disco que poderia e deveria ter sucedido a era de ouro da banda. A produção é crua, suja e poderosa, soando mais autenticamente hardcore do que qualquer coisa que eles fizeram em décadas. A dupla de vocais de Billy Graziadei e Evan Seinfeld está mais afiada e confrontacional do que nunca, trocando farpas como se o tempo não tivesse passado. A guitarra de Bobby Hambel, de volta ao rebanho, despeja riffs que são puro NYHC, um cruzamento perfeito entre a velocidade do punk e o peso do thrash, enquanto a bateria de Danny Schuler é a força motriz que empurra tudo para a beira do caos. O som é um retorno direto às raízes, mas sem parecer uma cópia preguiçosa. É a banda mais velha, mais sábia, mas que ainda carrega a mesma intensidade juvenil no coração de cada riff e em cada vocal de gangue. O álbum é uma coleção de hinos curtos e furiosos, a maioria na casa dos três minutos, projetados para máxima destruição em um show ao vivo. 

A abertura, "Fuck the System", é uma declaração de intenções, um ataque movido a groove que te transporta diretamente para um mosh pit de 1992. Em seguida, "Eyes on Six" se destaca como uma das faixas mais cativantes que a banda já escreveu, um hino de rua tão autêntico que, como disse um crítico, "fede a suor e cerveja barata". "War Inside Me" é outro ponto alto, mostrando a banda em seu estado mais brutal e intransigente, com um breakdown devastador feito para quebrar o assoalho de qualquer casa de shows. Mesmo faixas como "Tear Down The Walls" mostram a habilidade de criar refrões memoráveis sem sacrificar um pingo de peso. O único pequeno deslize talvez seja "S.I.T.F.O.A.", uma faixa mais centrada no rap que não atinge o mesmo nível de excelência do resto do material, soando um pouco datada.

Divided We Fall é um retorno triunfal e uma aula de como fazer um álbum de reunião da maneira certa. Não há concessões, não há tentativas de soar "moderno". É apenas o Biohazard sendo Biohazard: pesado, violento e desafiador. É um disco feito por uma banda que não tem mais nada a provar, mas que ainda luta como se tivesse tudo a perder. Para os fãs de longa data, este é o álbum que esperavam há décadas. Para quem nunca ouviu falar da banda, é a introdução perfeita à sua brutalidade autêntica. Em um cenário musical muitas vezes polido e seguro, Divided We Fall é o som perigoso e necessário das ruas. É ótimo tê-los de volta.

Jorge Krening






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