sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

AS THE PALACES BURN - ZODIAC (2025)

 


AS THE PALACES BURN
ZODIAC
Independente - Nacional

É interessante e bastante recompensador acompanhar a trajetória de uma banda. Independente das características musicais adotadas por algumas, a constante busca pela evolução e crescimento profissional acaba mostrando que além de saber onde se quer chegar, essas bandas também mantém sua identidade. E esse é o caso da AS THE PALACES BURN. Já tive a oportunidade de entrevistar o vocalista Alyson Garcia e o baterista Gilson Naspolini, em ocasiões diferentes, e pude perceber o quanto tudo que envolve a banda é tratado com extrema seriedade e comprometimento por parte de seus integrantes. Obviamente que isso não adiantaria de nada se a música apresentada pela banda não fosse de qualidade, mas apenas corrobora que enquanto tantas outras reclamam da vida e da falta de oportunidades, o quarteto arregaça as mangas e mostra serviço em ZODIAC, seu mais recente trabalho, que vem para consolidar sua presença entre as principais bandas do estilo no país.

Além dos já citados Alyson e Gilson, completam a banda o guitarrista Diego Bittencourt e o baixista Thiago Tigre. Contando novamente com a produção, gravação, mixagem e masterização do renomado Adair Daufembach, que realizou o trabalho em Los Angeles, nos Estados Unidos, o quarteto catarinense nos entrega um álbum repleto de peso, sentimento e muita energia. Mantendo a linha da constante evolução, o grupo entra em uma nova fase, trazendo consigo novos elementos, mas sem deixar de lado a qualidade técnica e influências que sempre permearam sua música. Já capa, um belo trabalho de Carlos Fide, reproduz de forma correta o que o álbum proporciona: inquietude, peso, questionamento e personalidade. 

A abertura com a faixa título, "Zodiac", começa com uma dose forte de peso, com guitarras em sintonia com a linha do metal mais moderno, enquanto a cozinha composta por Thiago e Gilson, entrega um ótimo entrosamento e variações de andamento, sugerindo ao ouvinte momentos únicos. Alyson, por sua vez, mostra uma gama maior de recursos em sua voz, navegando por momentos mais intensos, "rasgados" e melódicos. Já "I and I (One Life, One Matter", é um verdadeiro soco na boca do estômago, com passagens que remetem até mesmo ao death metal(!?), ressaltando a versatilidade do quarteto. As mudanças de andamento trazem elementos que fica complicado tentar situar o ouvinte ao buscar alguma referência, mas podemos dizer que você encontra algo de Savatage, Dream Theater, Symphony X e Lamb of God durante sua execução. As linhas de guitarra, navegam pelo prog, death, thrash e metal tradicional com desenvoltura, cortesia de Diego Bittencourt, um monstro das seis cordas. "Defying the Power" vem na sequência e nos entrega uma faixa onde o flerte com o metal tradicional prevalece. Entretanto, as variações continuam ao desenrolar da composição, criando uma das melhores músicas do trabalho. A letra também merece destaque, segundo as palavras do próprio Diego: "Mais do que uma letra, "Defying the Power" é um chamado para quem não aceita viver aprisionado. É música para quem deseja se reinventar, romper barreiras e acreditar que nada pode deter a própria vontade.". Com certeza, merece uma atenção especial!

A quebradeira acompanhada por riffs bem trabalhados dá início a "United Obsoletion", que carrega consigo uma linha mais próxima do prog metal clássico, enquanto "Never Forgive, Never Forget", é mais direta e agressiva, com vocais guturais, o que apenas comprova o quão inclassificável é a sonoridade do ATPB. Se num primeiro momento, essa afirmação pode soar, estranha, ela reflete uma personalidade única, pois mostra que não existem limites dentro da arte criada pelo quarteto. "Higher" por sua vez é dona de um peso descomunal, seja nos riffs de Diego, seja na base rítmica de Thiago e Gilson. A gama de variações rítmicas apresentadas criam uma atmosfera densa e insana, prendendo o ouvinte do primeiro ao último minuto da composição. A velocidade que vai da mais intensa a mais cadenciada, é a guia principal de "In Your Grave", um momento em sintonia com o metal atual, que bandas como a já citada Lamb of God e Killswitch Engage praticam com maestria. O encerramento do álbum vem com "Infernal Dogma", uma das preferidas deste que vos escreve, pois mantém uma linha bem "metal", além de carregar mais velocidade e riffs thrash. 

A constante evolução do AS THE PALACES BURN é uma virtude que encontra embasamento numa música de qualidade e carregada de sentimento. Eu costumo dizer que a gente, de ouvido, sabe quando uma banda faz aquilo que quer sem precisar do aval do mercado ou das indústria musical. O quarteto é uma dessas bandas e ZODIAC apenas corrobora o talento e coragem de um grupo que tem um norte  e sabe como chegar lá. 

Sergiomar Menezes




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