sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

REBEL ROCK RESEARCH - CELTIC FROST

 



O Celtic Frost é mais do que uma banda de Metal. É uma instituição do estilo, que nunca fugindo das suas raízes do underground, influenciou centenas de bandas e arrebatou um sem-número de fãs mundo afora. Com um início basicamente baseado no que se convencionou rotular de “Black/Death Metal”, o Celtic Frost seguiu sua carreira até o final dos anos 80, retornando em 2006, experimentando, se recriando e inovando, e diga-se de passagem, nem sempre acertando... Vamos ao meu “do pior ao melhor”, baseado na minha admiração pela banda suíça, que vem desde a minha adolescência (e faz tempo!)...

José Henrique Godoy


COLD LAKE (1988)



O Frost tem algumas unanimidades, e uma delas é de que "Cold Lake" é o seu pior álbum. E esse consenso geral, não é de graça. Tom Warrior parece ter caído no conto do mainstream, trocou toda a banda, mudou temática e visual. Apesar do visual Glam Metal, o som se aproxima muito mais de um Heavy Metal do que do “Hair” Metal. Mas o grande problema ao meu ver, além é claro, de uma “mudança drástica” (ou traição, como quiser) é que, se por um lado as músicas não são de todo ruins ou fracas, por outro lado não poderia ter o nome Celtic Frost na capa. O resultado foi um dos maiores (não lembro de outro maior) fiascos da história do metal mundial! O Frost não agregou novos fãs e espantou os antigos.

INTO THE PANDEMONIUM (1987)




Lembro do lançamento deste álbum claramente. Em 1987 eu já era muito fã do “Kéltik” (aprendi a pronúncia correta muito tempo depois), e “Into The Pandemonium” seria o lançamento seguinte ao mais que clássico “To Mega Therion”. Junte-se ao que foi teito em “Therion”, o título “Into The Pandemonium”, e a expectativa dos fãs, o que era esperado era que os suíços viessem cuspindo labaredas de puro Metal Extremo. Muita calma neste momento, pois não foi bem assim... O riff de abertura de “Mexican Radio” (cover de uma banda “pós-punk” chamada Wall Of Voodoo) vem pesadíssimo, “Inner Sanctum” outro destaque pesadíssimo, bem Celtic Frost. Por outro lado, pela primeira vez Tom Warrior e asseclas começam os experimentalismos como em “Tristesses de la Lune” uma peça gótica, onde a cantora suíça Manü Moan recita um poema em francês. Se esta faixa parece estranha aos ouvidos metálicos numa primeira audição, o que falar da faixa “One in Their Pride”, totalmente eletrônica (poderia tocar dentro de carros cheios de neons luminosos). Confesso que quando consegui minha cópia em fita K7 não pude deixar de ficar decepcionado, apesar de ter gostado da maioria das faixas de “Into The Pandemonium”. Muitos reclamaram e odiaram, mas não sabiam que o próximo seria “Cold Lake”...


MONOTHEIST (2006)



Depois de 16 longos anos de hiato, Tom Warrior e Martin Ain se reconciliaram e lançaram “Monotheíst”. Um trabalho muito denso, pesadíssimo, e com o lirismo muito baseado nos escritos de Aleister Crowley. Para muitos, o álbum que salvou o legado do Celtic Frost. Nele temos faixas pesadas e rápidas, lembrando o início da banda e ao mesmo tempo algumas passagens mais góticas. Nada que os suíços não tenham feito antes, porém dessa vez com uma aura sombria e lúgubre nunca vista/ouvida antes na discografia da banda. Um trabalho único até então, mas repetido várias vezes após o seu lançamento, por diversas outras bandas e artistas de Black e Death Metal, porém sem o mesmo brilhantismo, inclusive espelhado pelo próprio Tom Gabriel, anos mais tarde, na sua banda Triptykon.


VANITY/NEMESIS (1990)



Este álbum creio que divida muito as opiniões, pois ele vem logo a seguir da derrocada do “Cold Lake”. Mas eu o coloco no pódio do Celtic Frost. Tom Gabriel Warrior ainda seguiu se achando bonitão e o cabelo ainda estava gritando no Spray, porém a sonoridade era outra. Aqui o que temos é um Thrash/Heavy Metal de muita qualidade, porém no formato das composições “WArrior/AIn”. “Heart Beneath” e “Wine In My Hand” são a abertura e dão o tom de todo o trabalho, enquanto “Wings of Solitude”, mais cadenciada, vem com vocais femininos e atmosfera gótica. “Island Earth”, mais uma bela peça Thrash Metal enquanto “Phalic Tantrum” é aquele arrasa quarteirão que o Celtic Frost costuma apresentar nos seus melhores momentos. Enfim, não dê ouvidos a quem fala mal de “Vanity/Nemesis”: escute você mesmo, e descubra um excelente álbum de Metal muito pouco comentado!


MORBID TALES (1984)



Selvagem, bruto, rápido, ameaçador... e clássico! O que falar de “Morbid Tales” que junto a “Black Metal" do Venom e o “Bathory”, primeiro álbum da banda do sueco Quorthon, forma a trindade profana, as pedras fundamentais e pilares sólidos e maiores influências para o que se convencionou chamar de “Metal Negro/Metal da Morte”? Tom Warrior e Martin Ain tiveram como parceiro Stephen Priestly, que já havia tocando com ambos no Hellhammer. Porém, reza a lenda, que Ain e Warrior tiveram que conversar com o pai de Stephen, para que ele autorizasse que o jovem filho (à época com 16 anos) pudesse viajar até Berlim para gravar o álbum. O resultando foi a evolução lógica do trabalho antes executado pelo Hellhammer, mantendo a raiva e a fúria, porém um pouco mais trabalhado. Riffs secos, solos de guitarra no estilo “qualquer nota", mas que se encaixam totalmente na proposta da banda, fora os vocais infernais e marcantes que eternizaram clássicos como “Procreation of The Wicked”, “Morbid Tales” , “Visions Of Mortality" e “ Into The Crypts of Rays”.


TO MEGA THERION (1985)



Se o pior álbum do Frost é uma unanimidade, o melhor creio que também seja outro “senso comum”, afinal de contas “To Mega Therion" não é nada menos do que uma obra prima! Gravado entre 14 e 28 de setembro de 1985, bastaram apenas duas semanas para o registro desta peça única, dentro do universo do Metal. Martin Ain havia brigado com Tom Warrior e deixou a banda, mas suas composições ficaram e foram utilizadas e creditadas a ele. A gravação do baixo ficou por conta de Dominic Steiner, e os tambores por conta do excelente Reed St. Mark que fazia sua estréia no Frost. A produção é grandiosa, orquestral e majestosamente sombria e ficou a cargo de Horst Müller e Tom Warrior. Não existem destaques, este é aquele trabalho que você tem que deixar rodar do início ao fim e aproveitar cada segundo, prestando atenção a cada detalhe. “Cyrcle of the Tyrants”, “The Usurper”, “Jewel Throne”, “Fainted Eyes”, "Dawn Of Megiddo”... E para completar a arte gráfica, uma obra chamada "Satan I", criada pelo gênio H.R. Giger, que é simplesmente uma das artes mais hereges de todos os tempos, e que até hoje choca os mais puritanos e os nem tão puritanos também. Enfim, aqui é o trabalho definitivo de Tom Warrior, e se você quer conhecer o trabalho fantástico deste baluarte suíço do Metal, comece por aqui, sem sustos. “The days have come, When the steel will rule...UH!”



















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