segunda-feira, 12 de junho de 2023

A NIGHT WITH MAYHEMIC SPEED - EVIL INVADERS, FLAGELADÖR, HELLWAY TRAIN (01/06/2023) - GRAVADOR PUB - PORTO ALEGRE/RS

 


EVIL INVADERS
FLAGELADÖR
HELLWAY TRAIN
Gravador Pub - Porto Alegre/RS
01/06/2023
Nevoeiro Produções

Texto e fotos: José Henrique Godoy

A aguardada primeira visita dos belgas do Evil Invaders à Porto Alegre esteve por algumas horas em suspense, para a apreensão dos fãs gaúchos do quarteto. Acontece que na noite anterior, o show em Florianópolis havia sido cancelado, por problemas de saúde do vocalista/guitarrista Joe, que parece ter tido um mal súbito ocasionado por intoxicação alimentar. Mas graças aos Deuses do Metal Veloz, a presença do Evil Invaders , juntamente aos mineiros do Hellway Train e os cariocas do Flageladör foi confirmada ainda na manhã da data do show, pela Nevoeiro Produções.

As 19h30 pontualmente, com o palco com uma iluminação sombria, os mineiros do Hellway Train iniciam a sua performance com “Hell On Earth" e “Born to Rock Hard”, dois petardos Hard & Heavy que estarão presentes no vindouro novo trabalho da banda. Com o bom público presente já no Gravador Pub, o Hellway Train agradou e muito ao presentes, com um metal muito bem trampado, nos moldes das fases oitentistas do Accept e principalmente, o Judas Priest. Marc Hellway é um excelente frontman com um poder vocal altíssimo, lembrando em muitas vezes um jovem Rob Halford. Ele é sem dúvida o destaque no palco, muito bem escorado pela massa sonora dos seus companheiros. O guitarrista Vinicius Thram também detona em riffs e solos matadores, e excelente presença de palco. Ao final de 40 minutos, com a música “Metal Widow”, o Hellway Train finaliza a sua participação.



Após um intervalo de 20 minutos, um dos maiores destaques do underground nacional, o Flageladör toma de assalto o palco do Gravador Pub, com seu Speed/Thrash sem firulas. Armando Exekutor (vocal e guitarra), Alan Magno (baixo) e Vinicius Talamonte (bateria) subiram ao palco decididos a destruir o que/quem encontrassem pela frente. Com o som ligeiramente mais ajustado que na apresentação da Hellway Train, a trinca inicial com “Nas Minhas Veias”, “Perseguir e Exterminar” e “Máxima Voltagem" foi um convite ao “headbanging”. Sem praticamente intervalos entre as músicas, os primeiros ensaios de "rodas bangers” começaram a acontecer, enquanto a Flageladör desfilava algumas das preferidas da sua discografia, como “Missão Metal”, “Conjuração” e “Assalto da Motoserra”. “Cruzada ao lado de Satã” e “Obsecado por Sangue” finalizaram o set avassalador, afiado como a lâmina do machado do carrasco. Uma apresentação do Flageladör é uma experiência e tanto para fãs da velha escola do Metal. Que os cariocas voltem mais vezes às nossas terras.



Passavam alguns minutos das 21h30 quando a atração principal, Evil Invaders, deu inicio ao seu set. E que set!!! Após a “Intro”, Joe (vocal/guitarra), Max Mayhem (guitarras), Joeri Van De Shoot (baixo) e Senne Jacobs (bateria) despejam a velocíssima “Feed Me Violence” e “Mental Penitentiary”, ambas do álbum “Feed me Violence “ de 2017. Ali, o jogo já estava ganho para o Evil Invaders, e de goleada. O público presente cantou aos brados os refrãos dessas e de TODAS as músicas executadas. A presença de palco do quarteto é sensacional, e pra eles não fazia diferença se estavam num palco de um Pub, a entrega e a fúria era mesma como se estivessem nos palcos principais do Graspop, Hellfest, Sweden Rock Fest, ou demais festivais europeus onde costumam se apresentar com frequência.



Se o frontmam Joe ainda estava com alguma sintoma do mal que o fez cancelar a apresentação da noite anterior, posso garantir que disfarçou muito bem, pois o homem é uma máquina metálica de matar. Canta, agita, sola e despeja riff atrás de riff com violência e precisão. Imagine um cruzamento entre Blackie Lawless(W.A.S.P.) e Schimier (Destruction)! Este é a besta-fera chamada Joe do Evil Invaders! Outros destaques do set list: “In Deepest Black”, “Die For Me”, “Broken Dreams In Isolation” até chegarmos a surpresa da noite: Max Mayhem assume o centro do palco para fazer os vocais da mais que clássica “Witching Hour” do foderosíssimo Venom! Eu como fã da Satãnica Trindade vibrei neste momento, mas não estava sozinho: o Gravador Pub inteiro veio abaixo e a essa hora eram rodas e tentativas de mosh sem parar.



“Pulses of Pleasure” e “Raising Hell” dão os momentos finais a este showzaço do Evil Invaders, que ficará na memória dos fãs presentes ao Gravador Pub. Após o show, os quatro “Invasores do Mal" atenderam todos os fãs, demonstrando muita simpatia e gentileza. Enfim a noite de 01 de junho de 2023 foi uma festança metálica forjada no aço verdadeiro. Que venham mais noites como esta. Um agradecimento especial a Nevoeiro Produções pelo credenciamento e excelente produção e ao Gravador Pub.

sexta-feira, 9 de junho de 2023

EXTREME - SIX (2023)

 

EXTREME - SIX (2023)
earMusic - Nacional

Após 15 anos (!!!!) o EXTREME retorna com "SIX". E juntamente com o “Seven” do Winger, até o momento, é o grande lançamento do ano do Hard Rock mundial, e um dos melhores álbuns do ano. Não é nada fácil para uma banda se manter criativa, atualizada, porém sem perder a sua sonoridade característica. Mas o Extreme conseguiu isso com esse ótimo trabalho.

A impressão que temos, é que o Extreme nos entrega “Six” com a urgência e o clamor de quem ficou uma década e meia fora de casa e agora quer recuperar o tempo perdido junto à sua família e amigos. Tudo, e eu disse tudo, que você aprecia no som da banda está lá: riffs e mais riffs, solos, vocais elegantes e poderosos, harmonias e melodias, cozinha forte e precisa, grandes rocks e baladas emocionantes. Sim, temos tudo isso no álbum.

A abertura com “Rise”, de saída, nos faz (re)lembrar que Nuno Bittencourt é um dos maiores guitarristas em atividade, e eu o indicaria a ficar próximo do trono vazio deixado pelo Rei Eddie Van Halen (próximo, pois ninguém substitui King Eddie). "Rebel”, um Hard Rock com cara de “rockaço”, não deixa pedra sobre pedra, pesada e com destaque para grande interpretação de Gary Cherone. Falando em VH, “Banshee”, o segundo vídeo e single lançado, vem numa pegada que lembra a banda dos irmãos holandeses, especialmente a fase Dave Lee Roth. Riff poderoso e cheio de groove.

Groove esse que temos de sobra em “Save Me”, onde o batera Kevin Figueiredo e o baixista Pat Badger, junto a mais um riff fantástico de Nuno (esse portuga é repetitivo na arte de nos agradar) entregam uma performance cheia de malícia, outro ponto alto do álbum. "The Mask”, uma faixa ao mesmo tempo sombria e pulsante, enquanto “Thicker Than Blood” e “X Out” mantém o nível lá em cima, e em ambas é possível notar sintetizadores discretos na mixagem. É o Extreme flertando com a modernidade, porém sem perder a classe.

“Other Side of the Rainbow”, uma faixa mais “light”, com uma interpretação muito especial de Gary Cherone, onde  temos uma proximidade maior com o Pop. Em “Small Town Beautiful”, encontramos um dueto entre Nuno e Gary, em uma balada acústica muito agradável. Lembrou de alguma forma “More Than Words”? Sim a referência é óbvia , porém nem tanto aqui, são canções bem distintas.

Fechando o álbum , temos “Beautiful Girls” (não, não é cover do Van Halen, apesar da mesma temática literária), com uma pequena inclinação para o Ska, e “Here´s to the Losers”, a faixa que fecha “Six” com cara de hino, coro de crianças, realmente grandiosa. È muito bom ter um novo trabalho do Extreme, onde a banda se mostra revigorada, relevante e atual, sem perder a sua essência. Curte Extreme, Rock n'  Roll e música de alta qualidade? Então este é o álbum que você vai ter que ter.

José Henrique Godoy




segunda-feira, 5 de junho de 2023

PHRENESY - FEARS APOCALYPSE (2023)


PHRENESY - FEARS APOCALYPSE (2023)
Wormholedeath Records - Internacional

Existem diversas frases sobre amigos e amizades, a importância de ter alguém para conversar, tomar uma cerveja e se divertir. No Heavy Metal, ter um amigo é sinônimo de sempre ter alguém dizendo: “Escuta isso aqui”, “Se liga nessa banda” ou “Show desses caras é animal”. Tenho algumas pessoas boas que me dizem isso diariamente.

Em 2017, conheci um grande irmão chamado Victor Augusto, o qual é um ferrenho apoiador da cena de Brasília, então por diversas vezes ouvi as frases ditas acima e histórias da cena underground da nossa capital. Graças a ele, eu conheci o som, mas, também tive a sorte de resenhar e entrevistar bandas como Mofo, Flashover, Fleshpyre, Degola e outras, mas faltava o Phrenesy. Pois bem, agora não mais!

Com duas décadas de estrada nas costas, o Phrenesy pratica um incansável thrash metal rápido, sem chance para se recuperar o fôlego, é riff atrás de riff. A sirene nos primeiros segundos da faixa título, “Fears Apocalypse”, deixa claro que entraremos numa zona perigosa onde uma possível fratura de ossos ou depredação de patrimônio são mais que iminentes.Wendel Aires (vocal), Tiago Teobaldo e Fabricio Rocha (guitarras), Aluisio Lima (baixo) e Josefer Ayres (bateria) literalmente soltaram o freio na banguela, deixando o coro comer em faixas como “Bring It On”,“Fuck The Pain” e “Lost Generation”, uma trinca trituradora de tímpanos tamanha agressividade.

Sem pausas, a música “Mistakes” traz uma sonoridade quebrada que faz você sentir na espinha o instrumental marcante e os berros atordoantes. O ápice do álbum se dá nas músicas “My Hate Is Gonna Speak For Me”, “Vulturus” e “The Truth Is All There”, formidáveis, frenéticas e alucinantes, com aquelas “paradinhas” saudosistas que faz a alegria de todo thrasher old-school.

Para os fãs, a banda é o irmão brasileiro dos germânicos do Tankard. O amor pela cerveja sempre foi algo corriqueiro na vida do Phrenesy. Então, tão certo quanto dois mais dois são quatro, a glorificação do líquido sagrado dá as caras nos últimos atos “The Party Won't Stop” e “War For Beer”, duas cacetadas com ar de festividade, onde é necessário erguer os copos brindando vida longa ao grupo.

Tudo se encaixa em “Fears Apocalypse”. São 10 pedradas cativantes, com produção simples e, ao mesmo tempo, impecável. O Phrenesy deu um grande passo na carreira.

Ouça sem moderação.

William Ribas




BEHEMOTH - OPVS CONTRA NATVRAM (2023)

 

BEHEMOTH - OPVS CONTRA NATVRAM (2023)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

E eis que volta a carga, talvez a mais importante e grandiosa banda de Black metal da atualidade, o Behemoth! Depois de 4 anos de espera, esse novo álbum Opvs Contra Natvram traz a banda na sua mais esplendorosa forma, nos trazendo muito mais que pura música, uma verdadeira obra com feeling e atmosfera quase palpável. Esse clima todo fica claro já na caótica introdução "Post-God Nirvana" recheada de sons de tambores e ruídos perturbadores numa adoração poética ao Diabo, antecedendo a mais pura agressividade de "Malaria Vvulgata" já com blast beats extremos, com riff preciso, e solo arrebatador, marca registrada do Sr Nergal inclusive ao longo de todas as músicas com muita variação de andamentos, já dando a perfeita ideia de como todo o trabalho virá a soar.

A terceira faixa, "The Deathless Sun", também tem um início bem épico com alguns dos melhores trampos de guitarra já feito pelos poloneses, o refrão recheado de coros traz tamanha grandiosidade num contra ponto da bateria aqui tocada por Inferno com muitos elementos old school, lembrando aquele Behemoth lá do final dos anos 90. É o Behemoth atual buscando inspiração nele mesmo, pra quem é fã, não poderia haver melhor inspiração!

"Ov my Herculean Exile" parece um filme, intro, meio e fim... o esmero com que foi composta é apresentado aqui com uma intro toda elaborada, se encaminhando pra um andamento mais cadenciado ao longo da música mas fechando com um solo num clima de fim do mundo num blast beat com fim apoteótico. Temos a sequência começando na mesma levada rápida com "Neo-Spartacvs"  mas logo voltando a nos mostrar novamente a influência do antigo Behemoth em seus álbuns dos anos 2000. Um som mais simples, sem dezenas de notas, mas de um feeling contagiante, e mesmo assim ainda mesclando as partes agressivas, falar sobre o trabalho de guitarras matadoras ao longo de todas as músicas, soaria muito repetitivo, mas assim o é, o nível alcançado pelo líder Nergal na atualidade é sempre uma mistura certeira de feeling e técnica.

"Disinheritance" nos dá continuidade nos lembrando claramente que quem está atrás do kit de bateria é Inferno, um dos melhores bateristas do mundo! Aqui, junto com o baixista Orion, encaminham o final deste tema com paradas de baixo muito precisas. Em "Off To War!" Esses caras brincam de tocar, a letra aliada a música iniciando com trombetas de guerra nos leva ao campo de batalha em andamentos sempre variados e passagens de bateria nos contra tempos. "Once Upon A Pale Horse" inicia diferente, com um timbre mais industrial, mas logo os bumbos duplos dão uma nova roupagem em partes soberbas com rolos que tenho a impressão serem de 20 ron ton tons! Dê-lhe riff de guitarra super veloz aliado ao clássico blast beat da banda para terminar essa pedrada num solo doentio. Temos a impressão que o álbum se encaminha aqui para um final em "Thy Becoming Eternal" pois a música desfila todos os elementos que caracterizaram o Behemoth ao longo das décadas terminando tudo isso de forma grandiosa, aí sim, preparando o ouvinte para o que vem a ser a tampa do caixão com "Versus Christvs" que fecha essa obra prima com chave de ouro numa verdadeira viagem indo ao encontro de todos os elementos que são imprescindíveis dentro do Black metal num álbum que mostra a grandiosidade e o brilhantismo atual do Behemoth.

Márcio Jameson




quarta-feira, 31 de maio de 2023

DIETH - TO HELL AND BACK (2023)

 

DIETH - TO HELL AND BACK (2023)
Shinigami Records/Napalm Records - Nacional

Acredito que todos sabem os motivos que levaram à saída de David Ellefson do Megadeth, e sinceramente, cada um tem a sua opinião e o que importa aqui é a música, certo?. Desde que Dave Mustaine o demitiu, temos visto o baixista flutuando em alguns projetos, participações e se mostrando totalmente livre para novos desafios, pois bem, chegou o DIETH.

Formado por  Ellefson, Guilherme Miranda (ex-Entombed A.D.) e Michał Łysejko (ex-Decapitated), o trio faz um Death Metal que não se prende as amarras do estilo, aliás, por muitas das vezes “To Hell And Back” viaja para diversos horizontes tornando a audição inesperada e gratificante. A produção é moderna e excepcional, deixando na “na cara” os movimentos brutos, técnicos e belos do álbum, criando assim de imediato uma identidade musical — Um passe “aventureiro” em direção ao seu próprio estilo, podendo se dar ao luxo de tirar rótulos e subgêneros.

O início calmo, com melodia cativante da faixa título, logo é esquecida e ganha peso na trinca “Don't Get Mad ... Get Even!”, “Wicked Disdain” e “Free Us All” com a banda pisando no acelerador e mostrando que estão a fim de criar um legado perante aos fãs. Em “Heavy Is The Crown”, o trio encarna um Corrosion of Conformity “do mal”, carregando um som lento, groovado e explorando o peso do Death Metal nas linhas vocais de Guilherme, desenvolvendo uma mistura grandiosa.

A faixa seguinte é lindamente dolorida “Walk With Me Forever”, uma balada obscura que tem Ellefson como “ator” principal cantando sobre sua perda pessoal. A dupla explosiva “Dead Inside” e “The Mark of Cain” trazem novamente o lado pesado, com destaque para Michał Łysejko onde o kit de bateria adquire vida própria nas mãos e pés do “homi”, ambas são dignas de deixar qualquer sujeito jogado na sarjeta esperando pelo resgate.

O disco é construído muito mais por peso do que por complexidade, e o melhor exemplo está na penúltima faixa “In The Hall Of The Hanging Serpents”, com seus riffs soltos, mas cheio de distorção com um aspecto ríspido e ácido. O fechamento glorioso vem com “Severance” um “devaneio” artístico perfeito que te transporta para o início dessa jornada.

“To Hell And Back” é um renascimento para Ellefson, Guilherme e Michał, onde torço que não passe de um supergrupo de um único disco. A potência sonora e criativa do Dieth merecem longevidade.

William Ribas