terça-feira, 22 de abril de 2025

CANDLEMASS - BLACK STAR (EP) (2025)


CANDLEMASS
BLACK STAR
Napalm Records - Importado

O peso de cada notas tocadas por Lars Johansson e Leif Edling deveriam ser analisadas e virar curso em cada escola de música onde o aluno entre por causa do heavy metal. O sentimento, a densidade e a paixão que o guitarrista e baixista depositam em seus instrumentos há décadas fazem cada novo lançamento do Candlemass ser sempre especial e aguardado com bastante ansiedade.

Comemorando 40 anos de estrada, o grupo sueco resolveu presentear o fã com um EP “simples”, mas muito especial — duas faixas inéditas e dois covers marcam o lançamento. Além de Lars e Leif, o time é completo com “o trio mágico”: Johan Länquist (vocal), Mappe Björkman (guitarra) e Janne Lind (bateria).

A celebração começa com a faixa-título, que segue a métrica que o grupo vem mantendo nos últimos lançamentos — peso, notas sombrias, feeling e melodias marcantes. Seja nos riffs densos, seja nas linhas vocais intensas e românticas de Länquist, “Black Star” é certeira em fazer o ouvinte bater cabeça e refletir. A letra, escrita por Edling, mergulha em temas de luta existencial e sedução pela escuridão, elementos que ampliam ainda mais a aura do som.

A seguinte é uma viagem ao passado: a instrumental “Corridors of Chaos” tem andamento mais arrastado e climão épico. Aqui, os músicos brilham cada qual em seu instrumento, como numa verdadeira celebração da musicalidade da banda. O silêncio proposital dá arrepios ao ouvinte — cada nota, cada batida ou groove carrega o peso e a sujeira de quem moldou o doom metal como o conhecemos. É quase uma jam session carregada de inquietude. Um tributo à própria essência da banda, sem dizer uma única palavra.

Possivelmente, a palavra-chave deste lançamento seja justamente “tributo”: a si mesmos e aos mestres com carinho e respeito. A segunda metade do EP traz duas covers maravilhosas. “Sabbath Bloody Sabbath” — nem precisa dizer de quem, certo? É executada com total fidelidade ao original, mas com a alma do Candlemass em cada detalhe. Johan canta com tanta entrega que emociona. E sejamos sinceros: Black Sabbath e Candlemass numa mesma faixa é a combinação perfeita.

Já “Forever My Queen”, do Pentagram, é tão genial e rápida que pede replay imediato. Os suecos absorveram a essência do clássico com uma pegada única. Afinal, não é o tipo de música que o Candlemass compõe com frequência. O resultado é uma fusão entre o stoner metal cru e doom dos velhos tempos, revitalizados com a gravação e produção modernas — um verdadeiro encontro de eras que mostra o quanto o passado ainda ecoa com força no presente.

Black Star” é o ponta pé de um ano especial. Mas, também pode ser visto, e principalmente, ouvido como demonstração de respeito e reafirmação de identidade.

William Ribas




ONSLAUGHT - ORIGINS OF AGRESSION (2025)

 


ONSLAUGHT
ORIGINS OF AGRESSION
Reigning Phoenix Music - Importado

O thrash metal tem suas divisões — Série A, B, C e, às vezes, até D. Na elite, estão as bandas que definiram o gênero, que moldaram cenas inteiras. Mas muitas vezes, os verdadeiros guerreiros do underground, aqueles que realmente mantêm o jogo vivo, estão nos palcos menores, nas casas de show apertadas, onde o metal ainda é visceral, suado e 100% divertido.

É aí que entra o Onslaught. Os reis do mosh pit da Inglaterra são uma dessas instituições que sabem exatamente o que significa sangue e suor no heavy metal. Completando impressionantes 40 anos de atividade, os britânicos celebram essa trajetória com um lançamento mais do que simbólico: “Origins of Aggression” — um álbum duplo que serve como retrospectiva brutal e homenagem às suas inspirações.

O título já entrega tudo, um mergulho no passado da banda, trazendo no primeiro disco regravações de algumas das faixas dos álbuns “Power From Hell” (1985), “The Force” (1986) e “In Search of Sanity” (1989). Já o segundo disco reúne covers de bandas que ajudaram a moldar o DNA do grupo. Nomes como Motörhead, Discharge, Judas Priest, GBH, Sex Pistols, Killing Joke, UK Subs e Black Sabbath.

O disco 1 abre com a explosiva “Thermonuclear Devastation of the Planet Earth”, que termina antes mesmo do ouvinte conseguir soletrar o nome da faixa. É um soco certeiro que prepara o terreno para a sequência impiedosa de “Black Horse of Famine” e “Angel of Death”. O grande trunfo aqui é perceber como a tecnologia atual ajudou a dar nova vida a faixas que, originalmente, não tinham a produção ideal. O punch moderno realça o peso, a velocidade e a fúria que sempre estiveram ali. Regravações como “Power From Hell”, “Metal Forces” e “Let There Be Death” soam mais afiadas do que nunca. Os bumbos duplos na cara, e os riffs cortantes de Nige Rockett (fundador e eterno motor criativo da banda) deixam tudo mais agressivo — quase como se estivessem sendo tocadas pela primeira vez.

E vamos ser sinceros: é impossível errar com hinos como “Fight With The Beast” e “Thrash Till the Death”. Essas músicas são patrimônio do thrash — verdadeiras relíquias da escola inglesa.

No disco 2, o clima muda um pouco, mas o interesse permanece. Afinal, quem não gosta de ouvir como uma banda transpõe suas influências para o próprio som? E aqui não tem enrolação: o Onslaught optou por versões muito próximas das originais, respeitosas até o osso, mas com uma pegada levemente mais bruta. Pequenas mudanças em viradas ou nas guitarras aparecem aqui e ali, mas o espírito segue fiel.

Entre as 11 faixas, a mais diferente talvez seja “War Pigs”, do Black Sabbath — mais cadenciada, mais melódica, ela destoa um pouco do clima de voadora na “fuça” do restante do tracklist. Mas, ainda assim, o Onslaught entrega um cover muito interessante. Já sons como “Iron Fist”, “Wardance”, “Holidays in the Sun” e “State Violence State Control” escancaram as raízes punk e hardcore que influenciaram diretamente e fizeram do Onslaught uma verdadeira máquina de violência gratuita.

Origins of Aggression” é mais do que uma comemoração — é um trabalho onde prova que o Onslaught ainda tem muita lenha para queimar — ou melhor, muito mosh pit para devastar.

William Ribas




PERFECT PLAN - HEART OF A LION (2025)

 


PERFECT PLAN
HEART OF A LION
Shinigami Records/ Frontiers Music srl - Nacional

Plano perfeito e um coração de leão é o que podemos definir o novo disco dos suecos Perfect Plan! 

Os suecos do Perfect Plan liderados pelo vocalista Kent Hillie provaram que não estão para brincadeira com o lançamento do álbum “Heart of a Lion”. Álbum veio com aquela pegada melodic AOR com a identidade forte de Kent Hillie, álbum abre com o pé na porta com a faixa título do álbum “Heart of A lion”, aqui nessa faixa com peso e linhas melódicas bem marcadas vem ditar o que o álbum vem a ser: melódico e pesado sem ser clichê. A segunda faixa vem para apaziguar um pouco os ouvintes com a faixa “We are the Heroes” senão a melhor do álbum é um dos pontos altos do disco, Kenti Hillie mostrando seu potencial vocal de, notas e trilha de teclado de muito bom gosto (e isso persevera no álbum todo). O álbum se destaca muito bem pelas linhas de teclado muito bem distribuídas sem deixar o álbum clichê a faixa “One Touch” tem esse ponto alto no teclado, muito bem arranjado. 

O disco todo é embalado com extremo bom gosto em riffs e solos executados por Rolf Nordström e destaco aqui o solo da faixa “Danger On The Loose”, disco repleto de backing vocals e linhas vocais muito bem marcadas, afinal falar de Kent Hillie é chover no molhado!. A balada fica marcada pela faixa “My Unsung Hero” com uma pegada mais pop mas sem perder a elegância do bom e velho melodic rock e toda aquela essência forte e sentimental que a banda consegue aplicar em suas faixas. Apesar de ser um álbum classificado como melodic rock AOR ele tem um certo peso impresso principalmente pelas linhas de guitarra e bateria, algo que me marcou muito foi principalmente as linhas de bateria que parecem ter sido muito bem pensadas. O disco fecha com a “At Your Stone”, um dos pontos altos do álbum, mostrando que Perfect Plan é pesado também. 

Álbum coeso, estruturado, pesado e sentimental define esse descanso que posso considerar um dos melhores de 2025. Não sei o que tem na água da Suécia que a safra de bandas ultimamente tem vergado à excelência, mas uma coisa posso dizer que essa fonte nunca se seque! Vida longa ao Perfect Plan!

Nathália Santos




quarta-feira, 16 de abril de 2025

URIAH HEEP - THE MAGICIAN'S FAREWELL - OPINIÃO - 10/04/2025 - PORTO ALEGRE/RS

 


A DESPEDIDA DO MÁGICO?


URIAH HEEP
THE MAGICIAN'S FAREWELL
BAR OPINIÃO
10/04/2025
PORTO ALEGRE/RS
PRODUÇÃO: OPINIÃO PRODUTORA/TOP LINK MUSIC

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: José Henrique Godoy

Existem algumas situações que, por mais que sejam polêmicas ou controversas, acabam sendo a mais pura verdade. Bernie Shaw, vocalista da lendária e espetacular banda URIAH HEEP, foi cirúrgico ao afirmar durante a apresentação do grupo na capital gaúcha, que os anos 70 foram uma época onde não existiam estilos, gêneros ou subgêneros na música. O que existia era música boa e música ruim. E um dos grandes responsáveis pela parte boa da música nesse período se chama Mick Box. Não há como negar a genialidade, talento e classe que o guitarrista emprestou ao mundo da música desde os anos 70 até os dias atuais. Mas sobre isso, falo mais pra frente...

A quinta-feira, dia 10 de abril de 2025, foi esperada com ansiedade pelos fãs do grupo, ainda mais se levarmos em consideração o nome da turnê. Ainda do lado fora do opinião, conversávamos entre amigos sobre essa possibilidade, enquanto a movimentação era bastante decepcionante. No entanto, com o passar do tempo, o público foi chegando, chegando e, no momento do show, lotou o Bar Opinião, num claro sinal de reverência e até mesmo, agradecimento ao grupo, que mostrou ao longo da apresentação, que continua sendo um dos maiores nomes do Classic Rock. Performances individuais impecáveis, que fizeram com que o conjunto delas mostrasse uma banda coesa, entrosada e de total entrega no palco. E posso garantir que não houve um único presente que tenha algo a reclamar.

Pontualmente às 22h (aquela pontualidade britânica sempre faz a diferença), o quinteto formado pelos já citados Bernie Shaw e Mick Box, acompanhados pelos excelentes Phil Lanzon (teclados), Dave Rimmer (baixo) e Russel Gilbrook (bateria - um verdadeiro monstro das baquetas) adentraram ao palco e detonam logo de cara "Grazed By Heaven", excelente faixa do álbum "Living the Dream" de 2018, mostrando que não só músicas "old school" estariam presentes no set. Fica impossível não soar repetitivo, mas a simpatia e carisma dos músicos, em especial de Bernie, Mick e Phil, deixaram o show ainda mais intenso e a prova disso veio na sequência com "Save Me Tonight", presente no ótimo "Chaos & Colour", lançado pelo grupo em 2022. A interação da plateia com a banda era única, uma troca de energia que há muito tempo eu não via. "Overload", segunda faixa de "Wake the Sleeper", de 2008, e sua pegada mais puxada para o Hard/Heavy também foi muito aplaudida por todos. No entanto, "Shadows of Grief", nos trouxe à atmosfera setentista do grupo, pois a faixa presente em "Look at Yourself" de 1971, nos colocou em uma máquina do tempo, da qual, não queríamos sair... Os teclados de Phil Lanzon, que originalmente foram gravados pelo saudoso Ken Hensley, foram executados à perfeição, com um toque pessoal, enquanto o monstro chamado Russel, destruía seu kit sem piedade.


Em seguida, um dos momentos mais bonitos e emocionantes do show: "Stealin' ", registrada em "Sweet Freedom" de 1973, fez muita gente segurar aquela lágrima, enquanto tantos outros não estavam nem aí pra isso e deixaram a emoção fluir. Que momento mágico! Sabe aquelas situações que só o ROCK te proporciona? Com certeza, um dos momentos mais legais que tive a oportunidade de presenciar nesse meu quase meio século de vida. "Chaos & Colour" volta à berlinda e a hard "Hurricane" surge com sua pegada mais atual, mas sem deixar de lado a classe e categoria de quem só tem a manha sabe como fazer. A bela "The Wizard", nos transportou à 1972 e "Demons & Wizards", foi o capítulo escolhido, com toda a aura mística e especial durante sua execução. Após, Mick Box, após ser apresentado como o melhor amigo de Bernie, pega o microfone e relata um pouco do que foram os anos setenta para o grupo, com muitas loucuras, festas, festas e festas. " E em uma dessas festas, estava a "Doce Lorraine", Assim, "Sweet Lorraine", faixa de "The Magician's Birthday", também de 1972, foi executada de forma perfeita, com aquele clima de beira de estrada, perfeito pra ouvir tomando uma cerveja. 

"Free 'n' Easy", acelerada e com uma pegada mais heavy, chegou para nos remeter a "Innocent Victim" de 1977. Nesse momento, um fã presente mostrou ao grupo a capa do citado álbum (o que deixou Mick Box contente, pela sua reação), a qual, no fim do show foi devidamente autografada pelo guitarrista. Era chegado o momento de "The Magician's Birthday", outro momento envolto em magia e carisma. Mas antes disso, Bernie Shaw fala sobre o que o futuro reserva ao grupo e, para nossa alegria, não haverá encerramento de atividades, e sim, uma sensível diminuição no número de shows, bem como, deixou escapar que um novo álbum está sendo gravado. Essa diminuição se dá por conta da idade dos músicos, ams não dele que tem apenas 35 anos. Vezes dois, segundo ele próprio. Sensacional, não? O que dizer sobre a execução dessa faixa espetacular que me seus mais de dez minutos trouxe á tona a genialidade e clase de Mick Box, bem como explicitou a categoria e pegada de Russel? Nada além de "mágica"" Phil Lanzon, por sua vez, além de ser um mestre nos teclados, esbanjou simpatia e interatividade. Como se não bastasse, "Gypsy", faixa que abre "Very 'eavy, Very 'umble", álbum de estreia do grupo de 1970, veio mostrar como o Uriah Heep já era uma banda seminal em seu debut. A longa e não menos que incrível "July Morning" de "Look at Yourself", veio para encerrar a apresentação, que na verdade, se encerraria após o bis.



E o final não poderia ser outro senão com a execução perfeita de "Sunrise", outra faixa de "The Magician's Birthday", e aqui cabe um reconhecimento da minha parte: Bernie Shaw canta de forma perfeita e com personalidade faixas de todas a s fases da banda, o que não é nenhuma novidade, mas preciso deixar registrado. A faixa derradeira e esperada por muitos foi a mais que clássica "Easy Livin' ", também presente em "Demons & Wizards". Incrível que tanto para o público quanto para a banda, parecia que estávamos no início do show, tamanha a energia que existia no local. Ao término, os músicos agradecem e deixam o palco, ainda esbanjando simpatia depois de quase duas horas de entrega total no palco.

Faltaram músicas? Como disse meu amigo e companheiro de cobertura José Henrique Godoy: "bandas como o Uriah Heep poderiam fazer três, quatro setlists diferentes que ainda faltariam músicas". Impossível discordar. 

Agradecemos à Opinião Produtora e Paulo Finatto Júnior pelo credenciamento e parceria ao longo desses 10 anos de Rebel Rock! Profissionalismo e responsabilidade não se compram na esquina, mas principalmente, respeito e cordialidade não são pra qualquer um. Obrigado!

DREAM EVIL - THUNDER IN THE SKY (EP) (2025)

 


DREAM EVIL
THUNDER IN THE SKY (EP)
Century Media - Importado

Os suecos do Dream Evil é uma das bandas que mais evocam o espírito e a sonoridade tradicional e verdadeira do Heavy Metal. A banda consegue reproduzir o que todo Metalhead espera de uma banda de Heavy Metal: riffs de guitarra pesados e trabalhados, bateria forte e potente, às vezes cadenciada, as vezes em uma velocidade que beira o Thrash.

Você já deve ter ouvido música como estas um zilhão de vezes e não há nada de novo, neste novo EP do Dream Evil, chamado “Thunder In The Night”. Mas para o apreciador do metal verdadeiro e para os fãs da banda, não existe necessidade para reinventar a roda, apenas seguir a fórmula que a banda tem produzido ao longo dos seus vinte e cinco anos de existência.

A faixa título é pesada e cadenciada, trazendo um clima metálico em alta octanagem, enquanto a balada “Calm In The Storm” é lenta, trabalhada, épica e bonita. “Fight For Glory”, vem rápida e galopante, com riffs sensacionais e o vocal de Niklas Isfeldt convoca os guerreiros para a batalha, chamando o ouvinte para a briga. Melhor faixa do álbum! “Criminal” fecha os trabalhos com ares de hino metálico, e foi feita para ser tocada ao vivo.

Thunder In The Night” é mais um capítulo na discografia/carreira do Dream Evil, e numa época é tão descartável, é muito bom ouvir um trabalho feito por músicos que tem paixão e acreditam no som que fazem. Nos quinze minutos de audição de EP, a única certeza que temos é que, se depender de bandas como o Dream Evil, o Heavy Metal será eterno.

José Henrique Godoy